Acordei no outro dia, sozinha na cama. Levantei-me e fui à casa de banho e depois fui de seguida para baixo. Já era tarde. Era meio-dia e meio. Bebi um copo de leite e fui para a sala. Estavam todos lá, menos as crianças que estavam a brincar no quarto. Sentei-me ao lado do Jasper e aconcheguei-me nele.

- Como estás? – Sussurrou ao meu ouvido.

- Bem. – Disse sorrindo.

- Dormiste bem? – Perguntou.

- Dormi! – Respondi, dando-lhe um beijo na bochecha.

- E o bebé? – Perguntou ele com os olhos a brilhar.

- Está óptimo. Não te preocupes tanto. Está tudo bem. – Disse para o descansar. – Como é que elas estão? – Perguntei, eu agora preocupada.

- Acordaram bem-dispostas e quiseram logo ir brincar. Acho que estão bem. Já vieram perguntar várias vezes por ti. – Disse ele sorrindo bobo.

- Vou vê-las! – Disse levantando-me do sofá. Fui em direcção ao quarto onde eles brincavam. Eles estavam os quatro na mesa onde pintavam e estavam a desenhar os três. A Liv estava no colo do Ray e estava a desenhar com ele.

- Ray, podemos desenhar, aqui, uma borboleta? – Perguntou ela apontando para a folha.

- Podemos. – Disse ele sorrindo para ela. – Queres desenhar tu? – Perguntou.

- Não, vai ficar feio. Desenha tu. – Disse ela.

- Não vai nada, vá desenha. – Disse ele dando-lhe um lápis laranja. Ela pegou nele e começou a desenhar. Quando ela acabou olhou para o Ray. – Está muito bonita, Liv. Vês, não ficou feia. – Disse ele. Sorri com a cena. Adorava que eles se dessem assim tão bem. Decidi entrar no quarto.

- Bom dia, queridos! – Disse sorrindo.

- Bom dia! – Disseram eles.

- Mamã! Mamã! Anda ver a borboleta que eu desenhei! – Disse a Liv entusiasmada.

- Deixa ver. – Pedi. O Ray passou-me a folha com o desenho. – Está linda, princesinha. – Ela deu-me um sorriso maravilhoso e depois continuou a desenhar com o Ray. Fui ter com a Amber e a Amy. – O que é que as meninas estão a fazer? – Perguntei, baixando-me para ficar da altura delas.

- A desenhar, mamã! – Disse a Amber sorrindo. A Amy não respondeu nada. Olhei para ela e vi que a folha dela ainda estava em branco e ela estava tristinha. Peguei nela ao colo e ela abraçou-me com força. Ela estava com medo de algo. Afastei-me um pouco da mesa e fui para um sofá que existia na divisão. Sentei-me com ela ao colo.

- O que se passa, querida? – Perguntei acariciando-lhe a bochecha. Ela olhou para mim com os olhos a brilhar. Ela estava prestes a chorar. – O que foi? Podes dizer. – Encorajei-a.

- Tenho medo que aquela mulher volte. – Disse ela começando a chorar. – Tenho medo que ela volte e magoe alguém. Não quero que ela volte a magoar ninguém. – Disse ela entre soluços.

- Querida, vamos tentar de tudo para que ela não volte a magoar ninguém. Não é preciso teres medo, ninguém mais vai ser magoado por ela.

- Mas já foi a Amber e a Liv… E se ela magoar o Ray? – Perguntou ela desesperada. Coitadinha. Ela tinha tanto medo que a Maria magoasse o irmão.

- Vamos fazer de tudo para que isso não aconteça. Estás em segurança. Está bem? Não é preciso teres medo.

- Está bem. – Disse ela fungando. – Podes levar-me à mamã? – Perguntou ela limpando as lágrimas.

- Posso, querida. – Disse levantando-me com ela ao colo. Saí do quarto e fui em direcção à sala, onde estava a Rose. Ela estava sentada num sofá a falar com a Bella. Fui até ela. Ela viu-me com a Amy no colo e olhou-me com preocupação.

- O que se passa? – Perguntou ela preocupada.

- Ela está com medo que a Maria magoe mais alguém. – Disse à Rose. Passei a Amy à Rose e a Rose aconchegou-a no seu colo. A Amy abraçou-a com força e depositou a cabeça no ombro da Rose.

- Querida, não precisas de ter medo. A mãe e o pai não vão deixar que ela volte a magoar ninguém muito menos a ti e ao Ray. – Disse a Rose acariciando a sua bochecha. A Amy abraçou com mais força a Rose. A Rose sentou-se no sofá com a Amy ao colo. Sentei-me ao lado delas e continuámos a falar.

Passámos o resto do dia em casa da Esme. Ela continuava tão abatida. Nunca tinha visto a Esme tão triste. Eu fui falar com ela outra vez para a acalmar mas não deu muito resultado.

Fomos para casa ao fim da tarde. Quando cheguei a casa, fui dar banho à Liv e depois ajudei a Amber, mas ela já se desenrascava sozinha. Quando já tinham as duas o pijama vestido, fui ajudar o Jasper a fazer o jantar. Depois de jantar, fui logo dormir. Estava cansada.

Acordei na manhã seguinte muito enjoada. Levantei-me da cama e corri para a casa de banho. Vomitei o que tinha no estômago. Quando vi que não ia vomitar mais, limpei a boca, despejei o autoclismo e fui para o quarto. Reparei que ainda era muito cedo. Eram quatro da manhã. Deitei-me outra vez, mas continua a sentir-me enjoada e estava tonta, não conseguia adormecer. Aconcheguei-me ao Jasper que estava a dormir profundamente e fechei os olhos. Não conseguia adormecer mas pelo menos estava a descansar. Passadas umas horas acabei por conseguir dormir um sono pouco profundo mas acordei quando o Jasper se levantou da cama. Abri os olhos.

- Bom dia. – Disse ensonada.

- Bom dia. – Disse ele voltando-se a deitar ao meu lado. Aconcheguei-me nele. – Como te sentes? – Perguntou.

- Agora bem, mas às quatro da manhã acordei super enjoada e vomitei. – Expliquei.

- Porque não me acordaste? – Perguntou já preocupado.

- Não valia a pena. Foi apenas um enjoo normal. – Disse sorrindo um pouco para o tranquilizar.

- Mas eu fico preocupado. – Disse ele beijando a ponta do meu nariz.

- Está tudo bem, fica descansado. – Disse acariciando a sua bochecha. Ficámos em silêncio aconchegados um no outro.

- Ansiosa para o casamento? – Perguntou ele sorrindo.

- Um pouco. – Disse sorrindo. Um pouco era um eufemismo. Eu estava muito ansiosa para o casamento. Faltava pouco tempo. Apenas duas semanas. Ainda tinha que ir à loja de vestidos ver se o vestido ainda me servia.

- Eu sei que estás muito ansiosa, Alice. Não disfarces. – Disse ele rindo.

- Pronto, está bem, eu estou muito ansiosa mas é normal. Vou me casar com o homem da minha vida. Vai ser um dia importante.

- Pois vai. – Disse ele beijando-me. – Vou preparar o pequeno-almoço. Estou com fome e elas devem estar a acordar.

- Ok, vou só à casa de banho, já vou ter contigo.

- Está bem.

Ele levantou-se e saiu do quarto. Eu ainda fui à casa de banho e demorei-me um pouco. Depois voltei ao quarto para vestir um casaco, porque estava com um pouco de frio e depois fui para a cozinha. Estava meio tonta. Quando me fui aproximando da cozinha, começou a cheirar bem. O Jasper estava a fazer panquecas. Ele sabia que nós as três adorávamos panquecas. Entrei na cozinha e abracei-o por trás.

- Que cheirinho! – Disse sorrindo.

- Que bom que a madame gosta. – Disse ele rindo. – Não é melhor acordar as princesinhas antes que as panquecas fiquem frias?

- Sim, elas também devem querer comer. Vou acordá-las. – Disse. Voltei a sair da cozinha e fui até ao quarto da Liv. Ela já estava acordada. Ela era sempre assim. Acordava e ficava a brincar no berço até alguém a vir buscar. Nunca fazia barulho. Abri os estores e fui pegar-lhe ao colo.

- Bom dia, princesinha. – Disse beijando a sua bochecha rechonchuda.

- Bom dia, mamã. – Disse ela sorrindo. – Panquecas? – Perguntou ela.

- Sim, o papá está a fazer panquecas. Vamos acordar a mana para irmos comer? – Perguntei-lhe. Ela afirmou com a cabeça. Fomos até ao quarto da Amber e acordámo-la. Mal ela ouviu que o pai estava a fazer panquecas, levantou-se logo. Fomos as três até à cozinha e comemos. Quando acabámos de comer, decidi dizer-lhes que iam ter um irmão ou uma irmã. Elas ainda não sabiam.

- A mãe e o pai têm uma novidade para vos dar. – Comecei. Olhei para o Jasper e vi que ele sabia o que eu ia dizer.

- O que é? – Perguntou a Amber curiosa.

- A mãe está grávida. – Disse sorrindo.

- Sério? Vou ter mais um maninho? – Perguntou a Amber aos saltinhos de entusiasmo.

- Sim, vais. – Disse sorrindo. Olhei para a Liv e ela estava confusa.

- O que é isso? – Perguntou ela, confusa. Ri-me e peguei nela ao colo.

- Vais ter um maninho ou uma maninha.

- E onde ele está? – Perguntou ela ainda visivelmente confusa.

- Aqui, na minha barriga. – Disse, acariciando a minha barriga.

- Ahh, é como a tia Bewa? – Perguntou ela.

- Sim, querida, é como a tia Bella. – Disse sorrindo. Ela também sorriu para mim e depois metia-a no chão e ela e a Amber foram brincar. Ajudei o Jasper a arrumar a cozinha. Fiquei pensativa. Queria saber como é que eles tinham encontrado a Liv. Quando ela chegou, nunca mais falámos do assunto, eu nem me lembrei e o Jasper nem sequer o mencionou. Queria saber como é que a Maria tinha escapado.

- Jasper. – Chamei. Ele virou-se para mim e sorriu. – Posso perguntar uma coisa?

- Claro que podes. – Respondeu ele com aquele sorriso que eu amava.

- Como é que encontraram a Liv? Onde é que ela estava? O que aconteceu com a Maria? Jasper, depois que apareceste com a Liv, não falaste mais do assunto, eu quero saber o que se passou, por mais duro que possa ser.

- Tens a certeza que queres mesmo saber? – Perguntou o Jasper.

- Sim, tenho. – Disse convicta. Sentei-me na cadeira e fiz sinal para ele começar com a conversa.

- Quando eu estava com a Maria, eu cheguei a viver com ela. Nós vivíamos numa casa, afastada de tudo, no meio da floresta porque ela não queria que eu mantivesse contacto com mais ninguém, sem ser ela. Ela queria que eu apenas a tivesse a ela. Nunca soube porquê, acho que ela tinha medo que eu a deixasse. Ao inicio das buscas, eu não me lembrei da casa, simplesmente não me lembrei. É um local que não me traz boas recordações. Procurámos e quando a Rose ligou para o Emmet a dizer que a Maria ligou para casa dos meus pais e esteve a falar contigo, eu lembrei-me de um sítio em que ela poderia estar. Era essa casa. É um sítio perfeito, não tens vizinhos para estranhar o comportamento dela, nem os barulhos. Contei-lhes isso e todos concordaram em ir lá confirmar a ver se ela não estava lá. Demorámos um bocado a chegar lá porque eu não me lembrava muito bem dos caminhos, são caminhos de terra batida e no meio da floresta. Quando chegámos lá, avistámos a casa, só que já não havia ninguém dentro de casa, ela estava vazia. Fomos dar uma volta pelas redondezas para ver se encontrávamos alguma coisa, até que o Carlisle ouve um bebé a chorar. Era a Liv. Procurámo-la durante uns minutos. Quando a encontrámos ela estava apavorada e a chorar. A Maria tinha-a deixado ali sozinha apenas com a roupa que tinha. Estava frio. A Liv estava a chorar e a tremer quando eu peguei nela. Ela estava com tanto medo. Depois voltámos para o carro e decidimos levá-la para o hospital para ver se não tinha nada. E o resto tu sabes. – Quando ele acabou de contar a história toda, eu já estava a chorar. Eu não queria, eu queria ser forte e ouvir tudo o que ele tinha para dizer e não chorar. Mas não consegui. Imaginar a Liv sozinha na floresta, a tremer de frio e a chorar fez com que houvesse um aperto no meu coração. Fez sentir-me aflita e em desespero. A Maria era capaz de largar um bebé no meio da floresta. Ela não tinha noção do que fazia, ela continuava maluca. Senti os braços do Jasper a envolverem-me num abraço. Aconcheguei-me nele. – Não queria que ficasses assim, por isso, é que não te contei. – Explicou ele. Controlei o choro e limpei as lágrimas.

- Eu estou bem. – Disse debilmente. – Obrigada, por me contares. Eu queria saber o que realmente lhe aconteceu.

- Não estás, Alice, estás nervosa. Eu queria poupar-te este sofrimento todo. Não queria que ficasses assim. Acalma-te. – Pediu ele. Aconcheguei-me mais nele e passado uns minutos já estava mais calma. Depois de já estar mais calma, fomos ter com as nossas princesinhas, elas estavam na sala a pintar, as duas. Ficámos o resto da manhã, assim, todos juntos na sala e depois de almoço fomos um pouco ao parque. Não gostava que elas saíssem agora, com isto tudo da Maria. Tinha medo por elas mas elas pediram tanto que eu não consegui resistir. Quando elas ficaram cansadas, voltámos para casa. Dei banho à Liv e ajudei a Amber, jantámos e fomos todos para a cama cedo. Amanhã, já era dia de trabalho e de escola, tínhamos que acordar cedo.