Sanguessuga escrita por Franiquito


Capítulo 1
Parte Um


Notas iniciais do capítulo

Achei que ficaria muito comprido se colocasse em um só capítulo, portanto dividi em duas partes a entrevista.
Muita coisa será revelada sobre a banda aqui, por isso achei bem interessante escrever uma entrevista com eles.
Espero que gostem. Boa leitura!



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Eu adoro dar entrevistas. Quero dizer, não exatamente dar a entrevista em si, porque eu ainda me atrapalho um pouco com as palavras apesar de ser a líder da banda. Mas tinha algo de mágico na simplicidade daquela situação em particular: éramos os cinco membros da banda e o entrevistador, todos sentados em círculo numa mesinha da praça de alimentação, o mp4 repousado no centro da mesa para gravar a conversa.

Nós, a Burial Applicant, faríamos um show naquela noite no evento de cultura japonesa. Até lá estávamos nos divertindo pelo lugar a tarde inteira, tirando uma foto aqui ou ali, dando alguns autógrafos e até mesmo entrevistas. Éramos uma banda razoavelmente conhecida no meio otaku considerando a trajetória ainda curta.

- Podemos começar? – perguntou o entrevistador. Ele era mais novo que todos nós e participava de um site direcionado à música nipônica.

Nós cinco concordamos, assentindo para que o rapaz prosseguisse. Ele iniciou a gravação.

- Olá a todos que me ouvem! Eu sou o Felipe e estou aqui com a Burial Applicant, banda cover de The GazettE! Boa tarde – ele se dirigiu à nós.

- Boa tarde – respondemos em uníssono.

- Para começar, vocês podiam se apresentar individualmente.

Haru tomou a dianteira com um sorriso presunçoso, como era de se esperar.

- Eu sou Haru, vocalista, 22 anos, solteiro.

Típico. Todos rimos. Kenji foi o próximo.

- Kenji, baixista. Também estou solteiro! – mais risos – Precisa dizer a idade?

- Só se você quiser – respondeu Felipe.

Kenji deu de ombros e respondeu – 23 anos. Mas não tenho preconceitos com idade, hein!

Nós rimos mais uma vez. Haru e Kenji eram os palhaços do grupo, formavam uma dupla e tanto – e adoravam tirar o meu tempo.

- Hiroshi. Toco guitarra base e violão. Prefiro não comentar a idade.

Gargalhamos e Haru explicou:

- Basta saber que ele é o mais velho da banda!

- Que coincidência! – Felipe pareceu incrivelmente surpreso – Aoi também é o mais velho do The GazettE, não?

- É sim – Hiroshi respondeu com amabilidade.

- E quem é o mais novo? Haru? – o entrevistador não se conteve. Eu não achei graça.

- Não, não, é a nossa menina aqui – Haru, sentado ao meu lado, segurou minha mão.

- Olá a todos, eu sou a Keiko, guitarrista e líder desses pivetes.

- Nossa carrasca! – dramatizou Haru.

- Preciso ter pulso firme para manter vocês na linha! – me defendi – Ainda falta o Dai-chan se apresentar.

O jovem de cabelos pretos sorriu timidamente.

- Bateria, Daisuke.

- Ok, todos devidamente apresentados. Vamos falar da banda! – o entrevistador estava animado e quase quicava na cadeira – Há quanto tempo estão juntos?

- Dois anos – respondi.

- Uau, é realmente incrível a popularidade que vocês alcançaram em apenas dois anos!

- Nem me fale, passou tudo tão rápido – eu falei – Nós não fazíamos ideia de onde isso ia parar!

- Eu confesso que não nos dava seis meses no início – disse Kenji com simplicidade.

- Por quê? – quis saber Felipe.

- Ah, era tudo sempre uma pilha de nervos! Haru e Keiko estavam sempre discutindo por tudo. Aliás, Keiko não podia errar uma nota no meio do ensaio que já dava chilique. E Daisuke era a mesma coisa. Era bem complicado no início.

- Até que todos entraram em sintonia – finalizou Hiroshi.

- É – Kenji assentiu – As coisas melhoraram conforme fomos nos conhecendo musicalmente... Fomos convivendo e relaxando... Era tudo muito tenso antes.

- Eu queria que tudo desse certo logo de cara – eu confessei – Se algo não dava certo, eu achava que nada daria certo.

- Chilique – Haru disse e eu sabia que era só para me provocar.

- Eu sou muito exigente comigo mesma e com a banda, só isso.

- O que reforça a ideia de carrasca – Haru disse para Felipe – Você não está se ajudando, Keiko-chan...

Os meninos riram.

- Era dessas brigas que você falava, Kenji? – perguntou Felipe ainda rindo.

- Oh, não! Não, não, as brigas de antigamente eram violentas, pra valer, porque eles discordavam de tudo. Isso que você está vendo aqui é diário e completamente normal. É como eles dizem “eu te amo” um pro outro.

- Hmmm, então tem coisa por debaixo dos panos?

- Não há nada por debaixo dos panos – eu me sobressaltei com a insinuação.

- Mas vocês dois têm consciência de que alimentam a imaginação dos fãs com os fanservices, não?

- É para isso que serve fanservice – eu concordei com suavidade – Mas o que acontece no palco, fica no palco.

- Não por minha vontade, que fique bem claro – Haru interveio. Ele sempre adorou gritar aos quatro ventos que só não tínhamos um caso porque eu não queria. Fazia parte do fanservice, de certa forma.

- Mas não é por isso que discutimos de verdade, como Kenji falou – eu desviei o assunto para o lado que realmente interessava – Haru e eu sempre fomos os que mais debatemos sobre repertório, visual, fanservice... Essas coisas em geral. As nossas opiniões sempre entram em conflito.

- E qual lado vence? – o entrevistador provocou mais uma vez. Acho que ele queria arrancar um pedido de casamento a todo custo. Mas eu não ia cair naquela.

- Nós sempre entramos em um acordo – respondi ainda mais amável.

- Já que falamos em repertório, como escolhem o de vocês?

- Bom – eu comecei –, sempre temos como primeira opção músicas que foram singles, pois são mais conhecidas do público. Em segundo lugar temos que gostar das músicas que vamos tocar. E é exatamente por isso que não tocamos Before I Decay – olhei significativamente para Haru, que apenas sorriu satisfeito.

- Eu detesto Before I Decay.

- E por fim vemos se a música é viável para nós... – continuei – Existem músicas que simplesmente não conseguimos tocar porque não acertamos as notas, ou os tempos...

- Como violonista da banda, posso exemplificar isso – disse Hiroshi em sua voz calma – Eu toco guitarra e violão sem problemas, mas também não sou ninja! – ele sorriu seu sorriso adorável – Às vezes não dá tempo de fazer as duas coisas na mesma música, ou o resultado não é suficientemente satisfatório. Nesses casos, descartamos a música.

- Lembram o trabalho que foi Reila no início? – eu me dirigi aos outros membros e todos assentiram prontamente. Não eram boas lembranças... – Quase enlouquecemos por causa daquele piano maldito!

- Mas o cover ficou legal sem o piano – Felipe disse.

- É, ficou – eu concordei –, mas até chegarmos naquele resultado foi um longo caminho de experimentação...

- Vocês se inspiram nos integrantes originais para suas performances?

Eu parei para pensar um pouco na resposta. Era uma questão interessante e eu nunca tinha olhado a situação por aquele ângulo, na verdade.

- Não... Não é minha intenção ser a versão feminina do Uruha. Eu só me inspiro na parte musical, obviamente. Ele é um grande guitarrista e admiro muito isso.

- Eu admiro o Ruki e a presença de palco que ele tem. Portanto sim, me inspiro nele – Haru disse bastante sério.

- Eu concordo com a Keiko – disse o baixista loiro – E acho que os outros também.

Hiroshi e Daisuke concordaram, de fato.

- Bem, então essa é a Burial Applicant, eu sou o Felipe e vocês ouvirão mais na segunda parte da entrevista, onde falaremos sobre o show de hoje à noite. Tchau!


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