Lives escrita por Rella


Capítulo 30
Capítulo 29




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Capítulo 29

Escovou os dentes e vestiu o terno. Sentia-se exultante. A campanhia tocou. Atendeu.

- Dr. Murray?

- Sim, sou eu mesmo.

Murray estava ansioso para sair.

- Ótimo. – Respondeu ao abrir uma pasta e exibir uns documentos. – Preciso que assine esses papéis.

- E quem é o senhor? – Perguntou Murray, desconfiado.

Ele tirou da carteira um distintivo, exibiu-o.

- Oficial de Justiça do Departamento Policial de Los Angeles.



- Por Deus, Ben, pare com essa desconfiança! Chega de falar de Joseph Peterson! – Berrou Meg, nervosa. – Há anos que ouço essa mesma conversa. Sra. Shelton já está presa... você não desconfiava dela?

Ben Peterson permanecia mudo e pensativo. Meg não parava de falar:

- Sua sobrinha está sendo acusada por negligência médica e possível tentativa de homicídio a Michael Jackson e você ainda está pensando em seu irmão que bateu as botas há anos? Chega! Basta!


Ben Peterson saltou do sofá.

- Está decidido. Vamos para Los Angeles!

- O quê?

- Deixarei os negócios sobre os cuidados de alguém da empresa. Temos que dar um basta em tudo isso...




Já se fazia um tempo em que Sarah desconfiava daqueles carros de vidro fumê, suspeitos, atrás dela. Mas estava tão cheia dos problemas atuais que esse passou para lista de não prioridade, de segunda ou esquecida opção.

Foi afastada do hospital, e só tinha liberdade para visitas. Sarah seria capaz de seguir de olhos fechados para o quarto de Jackson, de tão assídua que era. Procurava, ou tentava ir quando a família não estava. Eles pareciam odiá-la. Dr. Willian se encarregou do lugar de Sarah. Não achou mal, até gostou, ele era um grande profissional. Michael está em boas mãos.
E numa dessas visitas seu horário colidiu com o da família. Pensou que seria morta só pelo olhar cortante de Joseph Jackson. Quando foram embora, Joseph ralhou ao passar rente a ela:

- Médica... – Desdenhou. – Não deve passar de uma vagabunda atrás de um trouxa que lhe sustente. Médica! Uma piada!

Um mar de cabeças se voltou para a cena constrangedora. Ele agarrou violento o braço de Peterson, empinou o nariz e encarou-a.

- Se meu filho morrer por causa de uma inútil feito você, saiba que não desistirei para que a justiça seja feita!


Katherine puxou Joseph.

- Joe, deixe-a em paz, isso não nos ajudará em nada!

Antes de se virar, Joe cuspiu no rosto de Sarah Peterson. Ela não pôde reagir.


Duas semanas depois

Naquele sol tímido da manhã, Sarah resolveu sair do presídio de seu apartamento. Fazia tempo em que não ia ao jardim do condomínio respirar, sentir-se liberta, e ver as crianças se divertindo no parquinho.

Mesmo sentada no banquinho de madeira, tinha a impressão que todos a olhavam torto. Parecia ser julgada antes do grande dia. O coração apertado. Medo. Angústia. Sentimentos. Virou-se, pensativa, e os olhos se levantaram ao vê-lo.

- Matthew! – Chamou, acenando.

Matthew parou no meio do trajeto e Sarah correu até ele. Nunca pensou que faria isso novamente, mas abraçou-o tenazmente. E aos poucos as lágrimas subiram e caíram dos olhos.

- Precisava ver como estava. – Disse Matthew, tentando conter o choro de Sarah. – Se acalme.

- Estou perdida.

- Não, não está. Sei que é inocente, e isso ainda virá à tona.

Ele deslizou os polegares rente aos olhos de Peterson limpando os vestígios de suas lágrimas. Sorriu ternamente.

- Estou com você.


Sarah se acalmou. Ficou surpresa consigo mesmo.

- Obrigada, Matthew.

- Podemos subir para conversar? Tenho algo muito importante para lhe falar.

- Claro.



- Aqui estou. Vamos, fale logo o que quer!

- Eu já disse.

Sra. Burton olhou de soslaio para o policial plantado na porta. Não queria que ouvissem sua conversa.

- Já encontrei o melhor advogado para seu caso. Sairá daqui antes que imagina. Tudo resolvido. Agora posso ir?

- Hum – Pensou Shelton, com olheiras enormes contornado os olhos. –, por enquanto sim, mas já sabe, se o caso render pro meu lado...

- Ok, ok, eu já entendi! Eu vou te ajudar. Não se preocupe!

Burton fez menção de se levantar. Shelton agarrou sua mão.

- Não era disso que estava falando... mas a sua idéia não é nada ruim.

Burton aproximou o rosto de Shelton.

- Você nem ouse abrir essa sua boca imunda para o meu lado.



- Sarah, eu fui um imbecil!

Que bom que ele caiu na realidade.

- Primeiro eu quero lhe pedir desculpas por aquele dia, eu não deveria ter dito que estávamos juntos.

- Não deveria mesmo. Mas deixe isso pra lá.

- Estou perdoado?

Sarah pensou.

- Acho que sim.

Matthew sorriu.

- Eu não vou mais te perturbar. Se for para voltarmos, isso ocorrerá naturalmente.

- Obrigada, Matthew.

Isso não acontecerá!

Silêncio.

- Hum, onde está Susie?

- Oh, Susie está trabalhan...

O telefone chamou.

- Espere um minuto, por favor. – Atendeu. – Sim?

Quando a ligação encerrou Sarah não pensou em outra coisa.

- Preciso ir!


Quando Sarah entrou no quarto do astro, encontrou três pessoas ali, ao lado da figura comatosa na cama: Dr. Willian, Dr. Wallace e um advogado chamado Brian Oxman.

- O que está acontecendo aqui? – Inquiriu Sarah, perplexa. – Algum problema com o estado de...

Wallace interrompeu:

- Não, doutora. Só achamos conveniente avisá-la sobre a decisão do hospital quanto a Jackson, já que está tão a par do caso dele.

Sarah perguntou, hesitante:

- E qual foi à decisão?

- Na reunião do comitê de ética do hospital esta amanhã – Começou Wallace. -, ficou decidido que a condição de Michael Jackson é irremediável. E resolvemos remover...

- Não! – Protestou Sarah. – Não podem fazer isso! Eu sei que ele tem uma chance de acordar! Não devem deixá-lo morrer!

Brian Oxman interveio:
- Infelizmente a decisão não lhe cabe, doutora. E pelo que sei está afastada da medicina até que sua situação judicial se resolva.
- Se está insinuando algo...

Peterson tendia a perder o controle.

- Não estou insinuando nada. – Falou Oxman.

Ela fitou-o, com um ar de desafio.

- Quem é você?

- Sou Brian Oxman, advogado da família Jackson. – Ele tirou do bolso um documento e entregou-o a Sarah. – Aqui estão as instruções de natureza médica de Jackson. Determinam expressamente que se ele sofrer um trauma que ameace a vida não deve ser mantido por aparelhos.

- Mas venho monitorando sua condição! – Suplicou Sarah. – Ele se mantém estabilizado há dias. Michael pode sair do coma a qualquer momento.

- Pode garantir isso? – Perguntou Dr. Wallace, atento.

- Não, mas...

Oxman continuou:

- Então teremos que seguir as ordens.

Sarah olhou para Michael.

- Temos que esperar mais um pouco.

O advogado disse, insinuante:

- Sei que beneficiam o hospital mantendo os pacientes por tanto tempo quanto possível, mas a própria família está de acordo com a decisão. Devem tirar o respirador.

- Só mais um ou dois dias... – Insistiu ela, desesperada. – Tenho certeza...

- Não! – Interrompeu Oxman, firme. – Hoje.

Dr. Willian virou-se para Sarah.

- Sinto muito, mas receio que não temos alternativa.

- Obrigado, doutor, deixarei tudo aos seus cuidados. Comunicarei à família que o assunto será resolvido imediatamente, a fim que providenciem o funeral. – O advogado virou-se para Wallace. – Obrigado por sua cooperação. Bom dia.

O observaram se afastar do quarto. Logo Wallace também se foi.

- Não podemos fazer isso com Michael! – Exclamou Sarah.

O Dr. Willian limpou a garganta.
- Sarah...

- E se tirarmos daqui e escondermos em outro quarto? Deve haver alguma coisa em que não pensamos. Alguma coisa...

- Não é um pedido. É uma ordem. Eu mesmo farei isso.

- Não! – Gritou Sarah. – Eu... eu farei.

- Ok. Só não deixem que saibam de nada.

- Está bem. Se puder... eu gostaria de ficar um pouco a sós com ele, por favor.

Willian assentiu e lhe afagou o braço.

- Sinto muito.

- Sei disso.


Olhou para o respirador que o mantinha vivo e para os tubos que alimentavam seu corpo. Parecia ser muito simples, seria muito simples desligar o respirador. Mas ele tinha uma vida, cultivava sonhos e tornava de outros realidade. Era amado e amava. Ele havia deixado um rastro de amor e esperança pelo mundo. Não poderia terminar assim.

Sarah se lembrou em como tudo começou:

Era uma manhã de verão em Gary, Indiana...

Dali nascera um Rei. Ele tinha muito por que viver.

Sarah permanecia imóvel, as lágrimas turvando a vista.

- Mas que droga! Você está desistindo! – Ela soluçava agora. – O que houve com tudo aquilo...? Conosco? Reaja! Está me ouvindo? Abra os olhos!

Não havia reação.

- Sinto muito... mas muito mesmo.

Ela acariciou-lhe o rosto.

- E-eu... eu o amo, Michael. Nunca pensei que diria isso novamente para um homem... Mas é o que sinto!

Houve uma longa pausa e ao se empertigar, lentamente, descobriu que fitava olhos abertos.

- Michael! Michael!

Ele piscou e fechou os olhos. Sarah apertou sua mão, emocionada.


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