O Humano escrita por AelitaLear


Capítulo 15
Capítulo 15- Desinformada


Notas iniciais do capítulo

Oiie gente! Quero agradecer muito a Deus, a todos que leem, a todos os lindos reviews e as maravilhosas recomendações!
Todos vcs são mais do que especial para mim!
Hj tem cap novo aqui e no Hospedeiros.com LOL

Esse Cap eu acho muiiito tchutchuco sabe?? Queria dar uma voltinha nesse campo de milho tbm rsrrs



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Eu estava imundo, sujo dos pés a cabeça de poeira marrom. Estava cansado e suado, chateado por Doc ainda não conseguir separar corpo e alma, e a tortura continuar. Isso era o que me deixava mais infeliz.

Foi no campo, perto do refeitório, que eu vi Peg. Ela estava com Jamie e corri para perto deles.

- Aí estão vocês. – Eu disse ao vê-los, aliviado.

Quando os alcancei, peguei Peg pelo cotovelo e fui apressado a levando para frente.

- Vamos nos enfiar aqui por um minuto.

Eu a empurrei para o túnel escuro e apertado que levava ao campo leste, apenas para ficar na escuridão. Após meio minuto, vozes passaram por nós, principalmente a de Jared e Kyle.

- ...não sei por que nós o deixamos continuar fazendo isso. Acabou, pronto. - Jared ia dizendo sobre a tortura.

- Ele realmente achou que tinha conseguido dessa vez, ele estava tão certo... ah bem, isso vai valer a pena se algum dia ele descobrir. - Kyle discordou, ele sempre discordava, sádico.

- Se. -  Jared disse. - Que bom que nós encontramos aquele conhaque. Doc vai secar a garrafa até o final da noite no ritmo que está indo.

- Ele vai desmaiar logo, logo. - Kyle disse, sua voz demoníaca sumindo. - Eu gostaria que Sharon...

Esperei até que as vozes fossem completamente para soltar o braço de Peg, e respirar aliviado.

- Jared prometeu. - Jamie murmurou para mim.

- É, mas Kyle não. – Respondi lembrando-o.

Caminhamos de volta para a luz, Peg veio atrás. Olhei para as mãos dela, ela carregava um saco de louças, deveria estar lavando antes de eu chegar.

- Nada de louças agora. – Eu a adverti. - Vamos dá-los a chance de se limpar e sair de vista.

Só agora eu reparei como estava o rosto de Peg, novamente destruído e machucado. Jared era um covarde mesmo, apesar de que eu também já fui. Soltei um som raivoso da boca. Ergui a mão para colocar no queixo dela, mas ela se afastou.

- Isso me deixa doente. – Eu disse com nojo. - E pior, se eu não tivesse ficado para trás eu podia ter feito isso.

Lembrei-me que, se eu não tivesse conhecido bem Peg, voltaria com a mesma raiva de Kyle.

- Não é nada Ian. – Peg tentava amenizar a situação.

- Eu não concordo com isso. – Murmurei, depois me virei para Jamie. -  Você não devia estar na escola? É melhor que as coisas voltem ao normal o mais rápido possível.

- Sharon vai estar um pesadelo hoje. – Jamie resmungou, imaginei o demônio no corpo de Sharon.

- Sacrifique-se pelo grupo garoto. Eu não te invejo. – Sorri.

- Fique de olho na Peg. – Jamie mandou.

- Pode deixar.

Jamie foi se virando para nos olhar até desaparecer por outro túnel. Ele parecia um homenzinho protegendo a garota.

- Aqui, me dá isso. – Eu disse puxando a louça antes que ela pudesse responder.

- Elas não estão pesadas.

- Eu me sinto idiota aqui com as mãos vazias enquanto você carrega isso. – Sorri de novo. - Renda-se ao cavalheirismo. Vamos, vamos relaxar em algum lugar fora do caminho até a barra estar limpa.

Caminhei até a caverna com o campo de milho, andamos dentro dele até eu achar um lugar bom, longe e escondido o bastante. Parei, coloquei o saco no chão e sentei.

- É, isso é mesmo fora do caminho. – Ela disse enquanto sentava no chão ao meu lado. - Mas nós não devíamos estar trabalhando?

- Você trabalha demais Peg. Você é a única que nunca tira uma folga.

- Assim eu tenho o que fazer.

- Todo mundo está tirando o dia de folga hoje, então você também devia.

Ela olhou para mim com curiosidade.

- Você parece como alguém que trabalhou.

Epa, garota esperta.

- Mas, eu estou descansando agora. – Estreitei os olhos.

- Jamie não me diz o que está acontecendo.

- Não, e nem eu irei. – Suspirei. - Não é nada que você queria saber.

Eu olhei para o chão, para disfarçar minha expressão de tristeza, depois de um momento, continuei.

- Não é muito justo, já que eu não respondi sua pergunta, mas tudo bem se eu fizer uma?

- Vá em frente.

Não falei exatamente, não sabia o que eu ia dizer, eu queria perguntar sobre a Melanie, perguntar se ela ainda estava lá. Jeb encheu minha cabeça disso e queria saber se era verdade. Eu olhava para baixo, para as minhas sujas mãos.

- Eu sei que você não é mentirosa. Eu sei disso agora. Eu acreditarei em você, independente da resposta.

Ela esperou enquanto eu procurava as palavras.

- Eu não engoli a história de Jeb antes, mas ele e Doc estão bem convencidos... Peg? – Perguntei olhando para ela. - Ela ainda está aí com você? A garota cujo corpo você usa?

- Sim. – Ela disse certa e verdadeiramente. - Melanie ainda está aqui.

- Como é isso? Para ela? Para você?

- É... frustrante, para nós duas. No início eu daria tudo para ela desaparecer como ela devia. Mas agora... eu me acostumei com ela. – Ela sorriu. - Às vezes é bom ter companhia. É mais difícil para ela. Ela é como uma prisioneira de muitas formas. Presa em minha cabeça. Mas ela prefere o cativeiro do que desaparecer.

- Eu não sabia que havia essa escolha. – Isso era um tanto... esperançoso?

- E não havia no início. Até que os humanos descobriram o que estava acontecendo não havia resistência. Essa é a chave, parece. Saber o que vai acontecer. Os humanos que foram pegos de surpresa não lutaram.

- Então se eu fosse pego…

Se eu fosse pego eu ficaria lá, eu ficaria vivo, preso, mas vivo! Se eu fosse pego, não morreria.

- Eu duvido que você desaparecesse. As coisas mudaram no entanto. Quando eles pegam um humano adulto eles não os oferece como hospedeiros agora. Muitos problemas. – Ela deu um meio sorriso. - Problemas como eu. Ficando mole, simpatizando com o hospedeiro, me perdendo...

Fiquei pensando sobre o que ela tinha me dito, se eu fosse pego eu não seria hospedado. Mas se eu fosse pego e não fosse hospedado, o que aconteceria comigo então?

- O que eles fariam comigo então se eles me pegassem agora? – Finalmente perguntei.

- Eles ainda fariam a inserção eu acho. Para tentar pegar informações. Provavelmente colocariam um Buscador dentro de você.

Estremeci com a idéia de ter um Buscador dentro de mim.

- Mas não te manteriam como hospedeiro. Encontrando a informação ou não você seria... descartado.

Então eu seria morto, bem, não seria tão ruim. Ou seria? Pelo menos o Buscador não ia ficar para sempre. Não, isso não era legal, eu não ia querer morrer dessa forma.

Eu estava horrorizado, eles me tratariam como se eu fosse um carro que não funciona mais. Mas o que aconteceria com Peg, se ela fosse pega agora?

- E se eles pegarem você? – Perguntei

- Se eles perceberem quem eu sou... se alguém ainda estiver procurando por mim... Eles me tirariam daqui e me colocariam em outro corpo. Alguém jovem, maleável. Eles esperariam com isso que eu pudesse ser eu mesma novamente. Talvez me mandassem para outro planeta, me afastar das más influências.

- Você seria você mesma novamente?

Ela me olhou nos olhos.

- Eu sou eu mesma. Eu não me perdi para Melanie. Eu me sentiria exatamente como me sinto agora, mesmo como Flor ou Urso.

- Eles não te descartariam?

- Não a uma alma. Nós não temos pena de morte, ou nenhum tipo de pena. Seja lá o que eles fizessem seria para me salvar. Eu costumava pensar que eles realmente não precisavam de punição, mas agora eu tenho a mim mesma como prova contra essa teoria. Eles provavelmente estariam certos em me descartar. Eu sou uma traidora, certo?

Pressionei os lábios. Isso não era verdade, jamais ela seria uma traidora, era especial demais para isso.

- Eu diria mais uma expatriada. Você não está contra eles, você só deixou a sociedade deles.

Ficamos quietos novamente. Ela se sentia culpada por causa disso, mas eu não achava que ela era culpada, de maneira alguma. Quebrei o silêncio.

- Quando Doc estiver sóbrio, ele vai dar uma olhada no seu rosto.

Alcancei seu rosto colocando minha mão sobre o queixo dela, dessa vez ela não se afastou. Eu não entendia por que ela fugia de mim, será que ainda era medo? Virei a cabeça dela de lado para poder examinar seu ferimento.

- Não é sério. Eu tenho certeza que parece pior do que é.

-Tomara, por que parece horrível. – Suspirei e espreguicei. - Acho que nos escondemos por tempo suficiente para Kyle se limpar e estar inconsciente agora. Quer ajuda com a louça?

Eu não deixei ela lavar louça no riacho como sempre fazia, era muito visível. Insisti para que fossemos até o fundo da sala de banho escuro, lá ela poderia ficar invisível.

Enquanto ela lavava as louças, eu me limpava da terra. Depois que acabei, a ajudei com as últimas vasilhas. Quando terminamos, eu a acompanhei até a cozinha, que já estava meio cheia para o almoço.

Hoje teríamos um banquete bem melhor, fatias de pão, queijo cheddar e presunto. Eu adorava queijo Cheddar, era irresistível.

Todos ainda estavam tristes por causa de não conseguirem tirar as almas daqueles corpos.

Jamie estava num canto com dois sanduiches, esperando Peg. Observei com curiosidade e depois fui pegar a minha comida.

Era engraçado a forma que Jamie a aceitava. Era como se os dois ainda fossem irmãos, e Peg o amava muito, sem dúvidas.

Voltei rápido e me sentei com eles, comemos em silêncio. Não tinha muito assunto para nós conversarmos. Comi até gemer de dor, estava preste a ter um colapso, quase dormindo.

- Volta para a escola garoto. – Eu disse para Jamie.

- Talvez eu devesse assumir...

- Vai para a escola. – Peg disse.

- Nos veremos mais tarde, ok? Não se preocupe sobre… bem, com nada. – Jamie olhou para ela preocupado.

- Claro. – Era uma mentira, ela tinha medo do que estava por vir.

Depois que Jamie foi embora, ela se virou para mim.

- Descanse. Eu ficarei bem, eu vou para algum lugar bem escondido. No meio do campo de milho ou algo assim.

- Onde você dormiu noite passada? – Perguntei.

- Por quê?

- Eu posso dormir lá agora, e você pode ficar escondida do meu lado.

Nós estávamos murmurando, quase suspirando. Ninguém prestava atenção. Eu tentava falar o mais perto possível.

- Você não pode me vigiar todo segundo.

- Quer apostar? – Levantei a sobrancelha.

Ela deu de ombros, desistindo.

- Eu estava... eu voltei para o buraco. Onde eu fiquei no início.

Não gostei nenhum pouco, não queria ver Peg sofrer, ela é tão importante para mim. Levantei e liderei o caminho até o armazém. Apesar de não ser o melhor, era único lugar que eu poderia pensar em ser seguro, no mesmo lugar que ela já tinha se sentido segura antes.

A praça principal estava ocupada, muitas pessoas se movendo, só que olhando para o chão. Fomos para o corredor escuro, ela tentou discutir comigo.

- Ian, qual o propósito disso? Não irá magoar Jamie ainda mais se eu continuar viva? No final das contas será melhor para ele se...

- Não pense assim Peg. Nós não somos animais. Sua morte não é inevitável.

- Eu não acho que você seja um animal. – Disse baixinho, gostei disso.

- Obrigado. Eu não disse isso como uma acusação, mas... Eu não te culparia se pensasse.

Essa foi o fim da nossa conversa, eu continuava culpado pelo que eu fiz a ela. Bem que eu queria conhecê-la bem antes, conhecê-la e entender que Peg é bem mais do que especial. Vimos uma luz azul vindo da próxima curva.

Isso não era nada bom, era para estar tudo escuro, tudo num perfeito escuro. Mas alguém estava lá, escondido, esperando o momento certo para dar o bote.

Desconfiava que fosse Jared. Kyle era muito burro para pensar nesse lugar. Jared era astuto.

- Shhh, espere aqui. – Suspirei.

Pressionei seu braço de leve e fui na frente para ver se era mesmo Jared. E era.

- Jared? – Fingi uma surpresa.

- Eu sei que a coisa está com você. - Jared respondeu. - Apareça, de onde quer que você esteja. - Ele chamou alto, sua voz cheia de zombaria.


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Notas finais do capítulo

Oiie de novo! Cap que vem o Ian fala a famosa frase: '' O nome dela é Peg, não coisa ou troço. (...) "
Até mais^^