Eu odeio dias de chuva!

Sabe aquele dia horrível, em que tudo dá errado? Pois é, eu to vivendo esse dia hoje. Meu chefe me demitiu por causa daquela loura chata que fingia ser minha amiga, mas quando teve a primeira oportunidade roubou com o meu cargo de paramédica-assistente.

Ai que ódio daquela barbie!

Tá, mas minha história triste não acaba por aí...

Saí correndo do hospital pra tentar falar com meu professor/orientador sobre a minha tese de mestrado que será defendida na semana que vem (e eu não faço a menor idéia de como vou arrumar tempo pra digitar 50 páginas em apenas seis dias!). Mas, tudo bem. Não fosse pelo simples fato do meu querido professor ter viajado pra Europa (porque ele é chato e ganhou uma bolsa de pós-doc pra estudar na Áustra!). Agora, estou sem orientador pra terminar meu trabalho!

Mas que DROGA!

O dia poderia piorar? Foi isso que me perguntei...

Por que é que a gente tem sempre que se perguntar coisas inúteis quando tá na cara a resposta: é claro que podia!

Sabe quando o céu fica preto do nada e começa a chover aos montes no cabelo que você acabou de fazer chapinha? Pois é, aconteceu comigo! Ódio! Ai que raiva, agora meu cabelo tá uma droga completa, assim como todo o resto da minha vida...

E pra completar é justamente naquele maldito dia em que você esqueceu de colocar a droga do guarda-chuva novo dentro da bolsa. E por falar em bolsa... bolsa... Ai meu Deus! Minha bolsa tá toda molhada! Que droga! Meu pen drive com mais de 80 páginas de tese foi literalmente por água abaixo!

Inferno!

Será que a droga do meu dia ainda pode piorar?

Pra que que você foi perguntar isso, dona Sakura? É claro que pode...

Ahhhhh que raiva! Moço! Olha por onde passa com essa PORCARIA!

Ah to toda encharcada! É, um moço que ironicamente não me viu perto do sinal passou com tudo numa poça d'água e o resultado é um vestido de 8.668,50 ienes* totalmente destruído.

Sério, se isso piorar eu me mato!

Ah Sakura, cala essa droga de boca! Sim gente, eu to falando comigo mesma, será que dá pra entender, eu não to legal!

É como se eu tivesse sido escolhida a dedo para sofrer naquele dia, como se alguém lá no céu olhasse pra baixo e dissesse bem sarcástico: é isso aí, vamos detonar essa testuda de cabelo rosa!

Pois é, eu fui a escolhida, porque só isso explica meu azar!

Eu toh um lixo, minha chapinha foi embora, meu pen drive com a minha tese vai precisar mais de secador do que o meu cabelo (que eu já disse que ta uma droga!), minhas roupas estão toda molhada, toh toda suja de lama, e ainda por cima falando sozinha... ( to parecendo fugitiva de manicômio).

Ah... finalmente um pouquinho de sorte!

E essa frase eu tive que gritar bem alto, eu não queria chamar atenção de ninguém, mas acho que a essa altura era inevitável, é só olhar meu estado deplorável... Mas, acho que alguém lah de cima intercedeu por mim...

Um guarda-chuva!

Ah encontrei lah no fundinho da bolsa (sabe, naquele lugar super estratégico que a gente guarda de tudo que não se pode perder, mas que acaba se perdendo, dinheiro, documento, identidade, camisinha, guarda-chuva...

Ah tirei com dificuldade aquela coisa velha e caquética do fundo da bolsa, imaginando que fosse me adiantar a vida.

Que nada!

A droga tava tão velha que quase se desfez na minha mão. Sabe quando aquelas partes de metal ficam todas tortas e se desprendem do tecido? Aham! É isso aí, meu guarda-chuva vermelho tava assim mesmo!

Bom, eu até que tentei usar, mas quem disse que consegui. Aquele treco parecia até uma arma voando contra a direção do vento, ameaçando matar o primeiro que passasse na minha frente. Juro que não era eu que tava fazendo aquilo (ta talvez fosse!). Mas o treco ficou louco, parecia ter vida própria, voando de um lado pro outro, me carregando ao longo da rua (que por sinal eu nem sabia qual era...).

Quando eu pensei que meu pesadelo estava pra acabar, porque afinal eu tava só a uns sei lá, 15 minutos de casa, tombei em alguma coisa que juro que apareceu do nada, como se tivesse brotado do chão!

Caí no chão tão feio, que ainda sinto meu bumbum doer! (ah todo mundo sabe que cair de bun*& na chão é o pior tombo que se pode tomar!)

Mas voltando, quando eu levantei minha cabeça pra olhar o imbecil que tinha entrado do nada na minha frente me fazendo cair, fiquei surpresa. – Itachi...?

Ta era ele.

Tinha que ser ele?

ELE?

Ah meu Deus! O carinha mais gatinho do universo. Meu vizinho recém-chegado, com quem nunca consegui conversar. Tah porque ele não gosta muito de falar e eu também não tenho muito tempo pra ficar do lado de fora de casa esperando ele chegar às 20h quando ele volta do trabalho, ou às 8:35 quando ele sai pra ir pra faculdade de Direito, onde faz mestrado também. (ta como eu sei disso, ah gente fala sério, já disse que ele é o maior gatinho?)

Então meu inferno estava completo, com o demônio bem ali na minha frente, me encarando com aquela expressão de nada, mas que eu sabia que ele devia tá me achando a pessoa mais anormal do mundo (quem não acharia?).

Agora é a hora em que eu arregalo os olhos, porque não acreditei no que tava vendo. – Vem... – Ele estendeu a mão (e que mão!) na minha direção. – Deixa que eu te ajudo.

Nessa hora eu esqueci tudo...

Mestrado em colapso,

emprego perdido,

chapinha detonada,

vestido destruído,

bolsa encharcada...

Sinceramente, quem é que em perfeitas condições mentais (não que seja o meu caso hoje, mas...) ia ficar perdendo tempo com aquelas bobagens pequenas, quando se tem um gatinho como ele segurando sua mão pra te levar de carona no guarda-chuva até a porta de casa?

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Pensando bem... Dias de chuva podem sim ser muito, muito interessantes!