Fui para a escola com sono. Não sabia porque. Talvez o sonho tenha sido mais real do que eu pensava. Mas foi só um sonho.

Quando cheguei, vi Alex conversando com Cléo.

Infelizmente, Cléo me viu ali. Olhando. Imediatamente, virei meu rosto e fui procurar Jéssica e Lucy.

-- Melayne! -- disse Cléo. Como ela sabia meu nome?

Eu me virei. Ela fez sinal para que eu me aproximasse. Ela estava com um sorriso no rosto. Mas era tão falso.

Fingi que não notei. Me aproximei, como ela havia pedido.

-- Você já deve saber quem sou, porque, nessa escola todo mundo me conhece. -- ela disse. Sua voz era gentil, mas havia uma pontada de crueldade. -- Mas, se você não me conhecer, sou Cléo.

Não sabia ao certo se ela estava sendo gentil comigo para impressionar Alex.

-- Eu conheço você. E também conheço Alex. -- eu disse, e sabia como desmascará-la. -- Mas não sabia que você me conhecia. Foi Alex que te contou.

-- Mel... -- ela franziu o rosto. -- É claro que eu te conheço. Alex me disse que não podia me levar para casa porque ele estava ajudando você. Eu entendi que você estava com a perna machucada. E, sabe, eu entendo.

Dei um passo para trás. Era isso que eu andava fazendo, ultimamente. E, desde quando ela me chama de "Mel"? Nós nem somos amigas.

-- Você entende? -- eu disse.

-- Claro! Olha, não acho que seja um problema meu namorado ajudar quem está com problemas.

Eu olhei para Alex. Como assim "namorado"? Então, foi isso que ele quis dizer quando falou que Cléo era ciumenta. Agora fazia sentido. Aquela voz que dizia para me afastar de Alex não era imaginação. Seria muita coincidência.

Alex olhava para mim. Sua expressão era a de quem queria dar explicaçãoes. Mas ele não precisava. Eu entendia. Ele não era era proibido de ficar com uma garota. Ele podia ficar com quem quisesse. Eu não o empedia de nada. Eu podia ficar sozinha. Não precisava da ajuda de u garoto para viver. Eu tinha que ser independente. Ele tinha que entender isso.

Cléo sorria maliciosamente, ao ver minha expressão. Mas, quando viu a de Alex, sei sorriso se transformou em raiva.

-- Espero que nós possamos nos dar bem. Principalmente agora, que você já se da bem com Alex. -- ela dizia.

Por fora, ela parecia uma boa amiga. Mas por dentro, ela era a pior pessoa com que alguém poderia fazer amizade. Não sei como, mas eu podia sentir. Podia ver a maldade em seu rosto. Em seus ohos. E Alex não sabia. Mas, se eu contasse, ele não iria acreditar. Ele ia achar que eu é que sou ciumenta.

Talvez eu até tenha certeza do que Cléo é. Mas eu precisava de provas. Precisava tirar aquela máscara de anjinho de seu rosto. E deixar sua verdadeira face aparecer.

-- Mel... -- Alex disse, sem saber como explicar o que eu acabara de ouvir.

-- Não precisa explicar nada. Eu já entendi. E eu não ligo. Por que eu deveria ligar? Me diga.

-- Alex, não precisa explicar nada. -- pela primeira vez, eu concordei com Cléo. -- Ela disse que já entendeu.

Alex continuou imóvel. Parecia uma estátua. Sem vida.

-- Alex! -- ela gritou. Ele se virou, assustado.

-- Por que fez isso? -- ele perguntou.

-- Você estava em outro mundo. Isso não é legal. Você nunca fez isso!

Virei-me e fui embora. Não queria mais ficar naquele lugar. Se Alex pensa que eu preciso dele para viver, está muito enganado. Mesmo ele estando com Cléo.

Mas, e se Cléo fosse realmente má? Aleguém precisava protege-lo. E esse alguém teria de ser eu. Quem mais sabia da verdadeira Cléo?

Eu não sabia o que fazer. Se eu contasse a Alex quem é Cléo, ele não acreditaria. Se eu ficasse o protegendo, ele teria provas de que eu preciso dele para viver. O que é mentira. E se eu não fizesse nada, ele ficaria em risco.

Não podia deixá-lo em risco. Eu presisava desmascarar Cléo. Assim, Alex acreditaria em mim. O único problema é que eu não sabia como fazer isso. Não sou muito boa em planos.

-- Mel! -- era a voz de Alex. -- Não precisa ficar brava.

-- Quem disse que eu estou brava?

-- Bom, eu...-- ele parecia em dúvida.

-- Pois fique sabendo que eu não estou. Por que eu estaria? Acha que estou com ciume?

-- Não! Eu não acho isso. -- ele disse, tentando se desculpar. -- Mas, você pareceu ficar brava com Cléo.

-- E por que eu ficaria brava com Cléo? -- eu disse, mais alto do que o normal. -- Você pode ficar com quem quiser. Eu não vou ligar! Como eu disse, por que eu ligaria? Ainda não me respondeu.

Ele ficou sem fala. Era a primeira vez que eu deixara um garoto sem ter o que dizer.

-- Tem razão. -- ele disse, finalmente. -- Você não precisa ligar. Desculpe. Não queria te deixar triste. Eu só pensei que...

-- Alex! -- Cléo o interrompeu. -- Vem!

Ele obedeceu. Cléo não tinha o direito de ficar arrastando ele para todo lugar. Mas, como eu mesma havia dito, eu não ligo. Mas era cada vez mais difícil admitir isso.

Continuando, eu precisava de um plano. Um plano para mostrar á Alex quem é a verdadeira Cléo. E ela não é aquela garota boazinha. Ela é qualquer coisa que seja o oposto disso.

Mas eu não sei fazer planos. Mas eu precisava ajudar Alex.

Olhei para trás. Não havia mais ninguém no pátio. Só então descobri que o sinal já tinha tocado.

Subi correndo as escadas. Por sorte, a professora não tinha chegado.

-- Oi Mel! -- disse Lucy.

Sentei no meu lugar. Alex sentou ao meu lado. Tinha me esquecido completamente que o lugar dele era bem do lado do meu.

Olhei para Cléo, que estava do outro lado da sala. Ela me olhava, com raiva.

"Vai se dar mal" disse aquela mesma voz, que eu sempre ouvia. E que era igual a de Cléo.

Eu precisava fazer um plano. E rápido.

Mas como fazer um plano? Eu precisava de ajuda. E já sabia a quem pedir ajuda.