Brown Eyes escrita por Molko


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Considerem que a data da fic é na madrugada de 20/07 para 21/07

Essa fic é, na verdade, um presente de Dia do Amigo para a Potato. A minha batatinha que eu tanto amo. k3

Apesar da distância que nos separa, batatinha, saiba que eu te amo muuuuito. E esse presente não é atrasado, acredite. Você entenderá com o decorrer da fic, okay?

Pode sempre contar comigo, my little girl. ♥

Daquela louca que te irrita no msn: Jullie.



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Brown Eyes

Em seus olhos castanhos,

Eu fui embora.

(Brown Eyes – Lady Gaga)

Então, eu me sentei num banco qualquer daquela estação de metrô e aguardei. Naquela comum noite de terça-feira eu estava lá, aguardando.

Aguardando algo que eu não sabia se voltaria, de fato.

Pelo menos, se voltaria para mim.

Na minha cabeça, eu sentia uma mistura de sentimentos – Aliás, sentia o resultado de uma mistura de dor, com nervosismo, com saudade... Com carinho.

Por isso eu esperava. Esperava pois, um fiozinho de carinho, ainda estava guardado no meu coração. E esse fio de carinho se transformava  em esperança.

Dia vinte de julho. Dia dos amigos. Era uma boa data para eu estar ali, uma boa desculpa para estar ali.

É, acho que tudo daria certo.

Onze horas da noite. A estação de metrô já estava esvaziando, ganhando aquele comum e sinistro eco que ganha nos filmes – Uma espécie de ar obscuro, e frio. Podia sentir até mesmo aquela sensação de estar sendo observada pelas paredes ou por algum ser invisível – Mas eu não senti medo. Eu sabia muito bem o que buscaria lá.

Sabia muito bem o que eu teria de enfrentar – E não seriam paredes observadoras.

-x-

Em seus olhos castanhos,

Eu não pude ficar.

E o tempo passa...

Depois de alguns instantes, uma brisa fria entrou pelas escadarias de acesso do metrô, correu meus braços e me fez encolher de frio – Ainda sim, eu guardei a foto em meu peito, envolvendo-a como se ela precisasse de calor para continuar com cor. Com a “vida” que havia dentro dela.

Pois é, aquela foto tinha vida.

Aliás, eu depositava toda a minha vida. Não sei como eu arrancava um pedacinho de mim, de minha alma, todos os dias, e deixava naquela foto – E toda vez que eu fazia isso eu sentia uma pontada de dor, uma pontada de vazio. Mas eu, ainda sim, ficava feliz.

Uma felicidade entristecida.

Que é o equivalente à Saudade.

Aquela foto me mantinha, mas ao mesmo tempo me torturava. Ela era meu fio de esperança, mas, ao mesmo tempo, minha lâmina favorita para tortura. É, era assim.

Como sabem, abraçada à foto, eu permaneci, esperando.

-x-

Você a verá partir,

Então ligue a música.

Meia noite. E eu ainda estava lá. Com ainda mais frio, mas, agora, eu não só tinha a foto em mãos como tinha um pacote sobre meu colo – E eu pousei a foto ali, tamborilando meus dedos por conta da baixa temperatura e até mesmo de nervosismo.

Sim, nervosismo. Pelo encontro.

Agora, eu era capaz de sentir uma pontada de culpa, uma pontada de medo.

Vamos, distraia-se! – Pensava comigo mesma.

Como se não bastasse, eu comecei a assobiar. Era uma música velha – Para mim. E era uma música que fazia questão de me torturar. Pois era a música que reforçava ainda mais o sentimento depositado na foto.

Era uma saudade medrosa.

Que era equivalente à mágoa.

-x-

E se pergunte o que deu errado.

O que deu errado?

Meia noite e meia. A hora mais esperada estava se aproximando – E eu sentia meu coração apertar com isso. Eu sentia que meu sono entrava em paradoxo; Quanto mais tarde, menos sono eu sentia. Mas, ao mesmo tempo, eu queria sentí-lo; Eu queria simplesmente adormecer e não precisar passar por tudo isso.

Mas daí eu acordaria, e nada mudaria por si só.

Então, isso se tornou num sonho frustrado, num sonho amiúde.

Que era equivalente à insatisfação consigo mesmo.

-x-

Se tudo,

Fosse tudo.

Mas tudo acabou.

Uma hora da manhã. E eu já podia sentir e ouvir o metrô chegando – O metrô. Meu coração pulou do peito, esquecendo por um mero instante, todo o frio que estava passsando. Me agarrei ao pacote e à foto, e pude sentir meus pés se impulsionarem no objetivo de levantar meu débil e gelado corpo – Mas não o fiz.

Contrariando todo o meu metabolismo, eu permaneci sentada.

Porque?

Porque?

Eu não sei.

Acho que era tudo que eu senti, junto, de uma vez só – Formando uma mistureba tão forte e pesada que eu mal pude me levantar.

O que é equivalente às lembranças.

Lembranças de um passado errôneo, entristecido, inseguro...

Um passado cheio de segredos.

Um passado não declarado.

Ou, se preferir,

Um amor, anteriormente adormecido, que agora acordava.

-x-

Tudo

Poderia ser tudo

Se apenas fôssemos mais velhos

Aos poucos, os passageiros foram descendo – Um a um. Apesar de ser um pouco – ok, muito – tarde, havia um número considerável de pessoas naquele metrô.

Eu me torturava, meu estômago parecia borbulhar e meus dedos tamborilavam ainda mais – E eu sentia que tudo ia tremer, derreter. Que um meteoro ia cair em minha cabeça e tudo ia acabar. Tudo, tudo.

Mas não acabou. Eu ainda estava ali. Inteira.

E precisava esperar.

Um, dois, três... Treze. Depois de treze pessoas cinzas e com caras das mais formas variadas de expressar o cansaço, ela apareceu. Radiante, colorida, bela.

Mesmo com aquela roupa preta e branca, ela era mais colorida do que qualquer um ali.

De altura mediana, ela vestia uma camisa branca com os dizeres “The Love has no Limits”, uma calça jeans preta, os velhos e comuns All Stars, uma maquiagem escura – Mas não tão pesada. O Headphone sobre os cabelos escuros dava-lhe um ar ainda mais desleixado, mas, ao mesmo tempo, os livros protetosamente seguros contra seu peito dava-lhe um ar intelectual. Desleixada, mas, inteligente. Monocromática, mas, colorida. Sorridente, mesmo que sem sorriso.

Ela era meu pequeno e doce paradigma.

Ah, esqueci de citar um detalhe importante:

Seus olhos.

Seus olhos castanhos.

-x-

Acho que essa é só uma canção boba sobre você,

E como em perdi você,

E os seus olhos castanhos.

- Sarinha? – Chamei, num tom meio inseguro, trêmulo, ainda sem me levantar do banco.

Por favor, não olhe pra mim.

Ela virou para a minha direção, ainda com a sua face meio desinteressada, perdida na música. Eu pude então encarar aqueles olhos tão lindos. Aqueles olhos castanhos – Mas não era um castanho comum, era... Um castanho destacado, era... Marrom-canela - Como eu sempre dizia a ela, mas, a garota nunca acreditava.

Minhas pernas bambearam.

Por favor, não sorria.

Ela sorriu. Seu sorriso lindo e aberto que eu não me canso de admirar. E seus olhos pareceram ganhar aquele tom tão conhecido por mim – Aquele tom de brilho que parecia sorver a minha alma para dentro. E eu me perdia, me entorpecia. Boba, imbecil.

Por favor, não use sua voz. Você já me enlouquece em silêncio.

- Léo! Elleonora! – Ela correu até a minha direção, e eu não pude fazer nada se não levantar e abrir os braços; Sem soltar o pacote, é claro. Ela veio até mim, e pulou sobre meu corpo - não sem antes largar os livros no banco - como um coelho, ou carrapato, ou qualquer coisa que pula.

Mais uma vez, eu me perdi em suas simples – mas plurisignificativas – ações.

Eu me perdi em sua essência.

-x-

Em seus olhos castanhos,

Eu me sentia fraca.

Por conta dos olhos castanhos,

E você nunca saberá.

- Léo, Léo! Onde você estava? Passaram-se anos, Léo! – Ela se agarrava a mim, e eu, meio constrangida, retribuia-lhe ao abraço, tentando conter meu coração que batia e fazia barulho como uma turbina.

Era incrível.

Era incrível como eu me sentia pequena perto dela, mesmo devendo alguns centímetros consideráveis acima de sua cabeça – Eu me sentia uma criatura minúscula e desprotegida ante aquele raio de sol na madrugada que era a minha Sarinha.

Ela me encarou, aguardando uma resposta. E, novamente, eu me perdi em seus olhos castanho-esperança. Eu senti vontade de falar, mas não falar o que ela queria ouvir.

Eu queria falar tudo que estava entalado aqui dentro – Tudo que meu coração queria dizer quando via aqueles olhos castanhos.

-x-

Alguns tem olhos castanhos,

Mas uma cara triste,

Eu sabia que isso estava errado.

Então eu falei.

- Feliz dia do amigo, Sarinha. – Sorri, aliás, copiei seu sorriso – Já que não me lembrava mais de como sorrir, de como respirar... Não me lembrava de nada. Não mais que de repente, eu fui pega pela Burricite Aguda do Amor. – E-e-eu trouxe uma coisa pra você... – Sussurrei, tão tímida quanto uma criança, mas tão sincera quanto um adulto... Tão paradigma, como a adolescente que sou.

Ela se soltou, encarando-me, agora, com um ar sapeca – Parecendo uma criança.

- Owwwwwwwwnnnnn, Léo! Não precisava! - Ela ronronou, com sua voz adocicada, mas exaltada. Eu me senti tonta, de repente.

- Tá aqui. – E eu entreguei o pacote, meio trêmula, meio suada; Aliás, dava para notar o suor das minhas mãos, mesmo com as luvas de ciclismo que eu usava. – Mas abre em casa, okay? Por mim.

Ela fez bico, meio pensativa, meio não sei. – Ahh, tudo bem, Léo. – Pausa. - Escute, errm.. - Olhou de esguelha no relógio de pulso. – Aaaahh, Léo, nem é mais dia 20! Eu não posso mais te desejar o dia do amigo... – Ela fez um muxoxo, visivelmente frustrada.

Mais uma vez, eu senti uma pontada em meus nervos com aqueles olhinhos castanhos suavemente entristecidos.

E me veio um estalo.

- Quem disse isso? – Ergui uma sobrancelha.

- Hãm?

- Assim como o mundo tem suas datas importantes, nós também temos as nossas, não é mesmo? – Supus, mas não a deixei afirmar em retorno. – E não há uma lei dizendo que não podemos escolher nossas próprias datas importantes!

- O que quer dizer com isso, Léo? – Disse ela, aliás, aquilo já virava um bordão e uma piada interna nossa – Eu era tão louca que as pessoas não eram capazes de me compreender, nem a Sarinha!

- Quero dizer que hoje, dia vinte um de julho, será o nosso dia do amigo! Meu, seu e de mais ninguém! – Eu conclui, com um sorriso.

Ela pulou, de repente compreendendo. De novo, ela sorriu, e, de novo, eu me perdi.

- OOOOOWWWWWWWWWWWNNN, Léo! Que fofo! – E ela me abraçou, esquecendo o presente, esquecendo a hora, esquecendo até mesmo que estávamos numa estação de metrô.

-x-

Então, baby, ligue o som

E toque aquela música.

Ela apenas me fitou com seus olhos castanhos-canela e sorriu, com o sorriso mais colorido que já vi em toda a minha vida. – Então, Feliz dia do Amigo, Léo. – Murmurou, com um tom terno, suave.

Um tom amigo.

E um sentimento novo se formou.

Algo parecido com ternura fulgaz. Com o desejo de morrer, de congelar tudo, de se sacrificar em nome daquela criaturinha. Em nome do meu pequeno paradigma. Um sentimento em nome dela.

Que é o equivalente ao amor. Apenas amor.

Eu não me importei no que eu queria dizer de verdade, eu não me importei com a dor de não ser correspondida, ao menos me importei com o desejo que brotava de mim.

A única coisa que eu me importava era que aquela madrugada era única e exclusivamente nossa. Eu me importava apenas que ela estava comigo, e apenas comigo.

E eu ali, perdida, em seus olhos castanhos.

- Feliz dia do amigo, Sarinha.

Tudo, foi tudo,

Mas baby, esse é o último show.

Tudo

Poderia ser tudo.

Mas é hora de dizer adeus, então

Tome suas últimas doses e dê sua última gorjeta.

Invista nos sussurros, sem truques.

E eu a amava. Esqueça o “mais que amigas”, esqueça o “apenas amigas”, esqueça o “como irmãs.”

Eu apenas a amava.

E amor, eu não estou surpresa por ter me perdido

Nos seus olhos castanhos.

E você, já fez seu próprio dia do amigo?


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei, essa fic é muito "Owwwwwwwwwnnnn", mas, mesmo assim, eu gostei dela. (;

Espero que vocês, Leitores, tenham gostado. Em especial, a pessoinha que eu citei lá em cima. k3

Espero que tenham entendido o propósito da fic.

Aguardo reviews, okay?

Beijo grande!

Jullie Zoddy.



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