É, eu e Near realmente caprichamos. Até L comeu o macarrão e tinha dito que adorou, embora eu saiba que era só pra agradar, ele estava mesmo era de olhos no bolo. Depois que acabamos, Close e Near saíram pela porta da garagem e deram um pouco mais de privacidade pra nós, e também criaram a deles. Cada casal no seu canto. Mas confesso que agora eu estava mesmo muito nervosa. O jantar tinha sido perfeito, e acho que minha irmã e Nate iam se reconciliar, mas eu não tinha certeza ainda sobre o meu caso, e isso me incomodava profundamente.

"It's hard to believe this storm will ever blow away".

Servi os bolos e nós comemos, totalmente quietos na mesa. Não havia nada a ser dito. Na verdade, até tinha, mas não ali, naquele momento.

Lawliet terminou de comer seu pedaço, e me estendeu a mão. Peguei meu último pedaço e peguei em sua mão, sendo levantada com facilidade por ele. Nós saímos rua afora. Andando meio que sem rumo, apenas olhando para o céu.

A lua ainda aparecia, mas o céu já estava metade coberto por algumas nuvens que não deixavam as estrelas brilharem. Me perguntei se o tempo agia junto com os meus sentimentos.

Nublados.

- Você vai ficar mesmo quieta? - L me perguntou quando dobramos a primeira esquina.

- O que quer que eu diga? - Encarei com inocência, realmente me perguntando se devia dizer alguma coisa, ou ficar quieta, para não piorar nada.

- Não sei, qualquer coisa. Me diga que a lua está bonita.

- A lua está bonita, Lawliet.

Eu parei, sentindo minhas pernas fraquejarem um pouco, e me sentei no banco da pracinha perto de casa, ali eu encontrei um pouco de conforto, era bonito, embora estivesse obscuro, mas eu gostava do escuro, me consolava. Coloquei as pernas pra cima e abracei os joelhos. L sentou do meu lado, e me encarou por longos segundos. Aquilo ia durar para sempre?

Ouvi um trovão e olhei para cima. Algumas gotas atingiram meu rosto, e a chuva ia ficando cada vez mais dura, mais grossa, machucando.

- Vai ficar mesmo quieta? - Ele insinuou.

Perdi a pouca paciência que me restava.

- O que quer que eu diga Lawliet? Que eu fui errada em deixar que um estranho completo me beijasse, mesmo que no momento em que ele me beijou eu só tivesse uma pessoa na minha mente? E esse alguém fosse você? Quer que eu assuma a culpa por te amar tanto? Eu assumo, não há problema nenhum.

Eu estava exaltada, gritando por entre os pingos da chuva que iam se acumulando e tentava alcançar a potência de trovões, pra ver se algo mudaria. Eu não tinha esperanças, porque os olhos dele não estavam brilhando. Mas eu ainda não tinha terminado.

- Quer o que de mim, L? Quer que eu me expresse e diga que me arrependi por tudo que aconteceu? Eu estou dizendo. Você disse que conversou com Kasoishi e ainda me testa dessa maneira? Não sou um dos seus casos, nenhum dos seus problemas de matemática, eu queria ser o amor da sua vida, mas já que não posso ser.. eu.. eu não sei mais o que falar.

Minhas lágrimas se misturavam com os pingos de chuva que escorriam do meu cabelo encharcado. Ele se levantou do banco e veio até mim.

- Fique quieta, você está dizendo coisas sem sentido.

Ele deu um sorrisinho encantador torto que fez meu corpo estremecer.

- Eu te amo Ellie, não duvido de você quando você me conta as coisas, e nunca vou te deixar, você entende?

Me preparei para falar quando fui calada por seu dedo indicador. Ele fez sinal de silêncio e veio se aproximando de mim devagar. Ele selou meus lábios mais uma vez no meio da chuva naquela noite de terça feira em que eu me encontrava mais confusa que nunca.

- Ué, não desconfia mais de mim?

- Nunca desconfiei.

- AAAH NÃO - Fiz cara de desdém.

- Não mesmo, meu medo é Kasoishi, mas com você não tenho falta de confiança, só um ciúme extremo daquilo que é MEU. E também tenho que ter cuidado com você, você é muito preciosa para ter que ser vítima dessas pessoas, ou desses casos, essas coisas, aah.. que droga. Você entendeu.

- Sim eu entendi. - Corei e olhei para baixo, tentando esconder minha timidez.

- Você é meu cristal Ellie - Ele olhou para baixo analisando o colar que tinha me dado - Não quero perder você nunca.

Ele se aproximou de novo de mim, me abraçando pelos quadris e me levantando no meio da noite chuvosa e escura, me girando no asfalto molhado que brilhava. Eu ficaria ali para sempre.

Juro, sempre.