Durante os anos que se seguiram, meus únicos amigos verdadeiros ali eram Jane e Alec. Eu já deveria ter cinqüenta anos contando com meus anos como humana, mas era eu que prestava os serviços principais dos Volturi.

Se os prisioneiros conseguiam escapar por assim dizer de Jane e Alec, eu ia atrás e terminava. Caius era o meu principal aliado e me apoiava nas minhas decisões, quando eu resolvia fazer justiça, eu sabia que ele tinha uma quedinha por mim e vivia tentando trair Athenodora.

Uma estúpida vampira, que era tratada como a rainha Elizabeth pelos outros, mas eu não me importava em humilhá-la, fingindo me render aos encantos de algumas da suas cantadas idiotas de Caius.

Mas eu apenas o ignorava jamais iria me rebaixar ao nível de um homem sujo como ele.

Andei pelo castelo, sentindo os olhares em mim. Alguns eram de pura inveja, outras de fascínio e outros de vampiros fracos e que sabiam que jamais chegariam ao meu posto.

Haveria uma audiência na sala de Aro em poucas horas, uma reunião onde iríamos discutir quais seriam as ‘‘aquisições’’, e o erro que eles cometeram. Sinceramente, não era nada, mas sempre que Aro encontrava vampiros tão talentosos em bom número, eu sabia que iria haver uma dessas chatices.

Não tive trabalho algum em abrir a porta do grande salão com o poder da minha mente, era o meu tipo de entrada triunfal favorita.

- Bella! – Aro abriu um sorriso satisfeito a me ver.

- Olá Aro. – sorri de forma educada, ele segurou a palma da minha mão por alguns segundos, como sempre fazia.

Um dos meus poderes favoritos é o fato que Aro jamais vai poder ler minha mente. Eu valorizava mais do que nunca a minha privacidade e o direito de escolha.

- Posso saber o que perdi? – perguntei assim que Aro terminou de segurar a minha mão.

- Fico feliz em saber disso, querida. – ele me elogiou. – É lamentável, o que fazem esses vampiros desobedientes!

- Tem toda razão... – fingi um sorriso. – Mas qual é o crime, pelo que estão sendo acusados?

Seu maxilar travou e pronunciou o nome como se estivesse soletrando, toda a repulsa naquela frase me contagiou também.

- Crianças. Imortais.

- Pensei que havíamos eliminado todas essas pestes! – falei após longos de minutos de silêncio, sorrindo cruelmente.

- Nem todas, filha. – e eu lancei meu pior olhar a ele, eu jamais seria filha de Aro.

Porém, algo me chamou a atenção... Ele trocava olhares cúmplices com Caius e Demetri. Estavam mancomunados?

- Cullens. – ele pronunciou o sobrenome, com imenso ódio, há cerca de três meses atrás, Aro havia ficado obcecado em ter dois membros daquele clã nojento (eles se alimentavam de animais, eca!), mas fora rejeitado. Nunca questionei nenhuma das suas novas ‘‘aquisições’’, mas ele costumava sempre usar Demetri... Mas eu?

- E o que eles têm haver com os monstrinhos? – era esse o apelido que eu e mais toda guarda usávamos para distinguir as crianças imortais...

Eram lindos, porém incapazes de guardar nosso segredo, haviam sido paralisados para sempre na idade, por isso, em um dos seus ataques de fúria poderiam matar uma aldeia inteira.

- Há cerca de doze anos atrás, a companheira de Edward, adotou um deles escondido de todos. – ele esboçou uma reação natural se lembrando provavelmente de como havia punido Tanya, mas eu apenas ignorei todas aquelas lembranças, eram cruéis demais para mim. – Deliberamos, é claro para separar os culpados dos inocentes...

Leia-se: Separar os úteis com os desnecessários.

- Porém estávamos nos sentido piedosos naquele dia... E poupamos aqueles com a qual a verdade pertencia. – seu sorriso agora era um misto de ódio e decepção, um bom número de vampiros com talento. Perdê-los com certeza não deveria ter sido uma experiência satisfatória para Aro.

- Entretanto... – Caius me lançou um olhar de cobiça. – Achamos que é a hora de uma devida punição.

- Severa. Mas justa. – Marcus falara tedioso... Como sempre.

Mas eu sabia qual era o tipo de ‘‘punição’’ severa e de como ele se vangloriava por sua justiça... Era a leia da sobrevivência vampiresca, apenas os fortes iriam sobreviver, e eu não era fraca.

- E qual será minha recompensa? – perguntei de forma direta.

- Tenho que admitir que seja uma ótima negociadora, mas já sabe, qual é o nosso sistema...

- Sim, uma quantia que esteja à altura do seu trabalho... Que é como sempre impecável. – Caius respondeu sorrindo como sempre. Idiota!

- E você quer que...

- Seja discreta como sempre. - disse Aro balançando a cabeça com desgosto. – Sabe que o que queremos é apenas a punição para os culpados, não é mesmo, Bella?

- Claro, apenas a punição. – menti... Eu estava enojada por ter concordado com pessoas tão sujas como Aro, mas eu era um deles.

Eu era um monstro.