Turnabout Land escrita por Kotomi


Capítulo 5
Capítulo 5




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Eu estava nervoso naquela manhã. Maya, eu e Deagá já estávamos na sala de espera do tribunal fazia algum tempo, esperando pelo início do julgamento. E, por mais que eu odiasse admitir, ainda não fazia a menor idéia do que havia ocorrido naquele tópico dois dias atrás. Quem era a misteriosa figura que atirou no GBcrazy pelas costas do Deagá? O que significava aquele distintivo azul? E o que o tal bot Abra havia visto? Eu não sabia nem por onde começar a imaginar as respostas para essas perguntas. Respondê-las, por mais que eu odiasse admitir, era minha única chance de inocentar Deagá. Mas como?!

 

- Sr. Wright! – disse Deagá, finalmente quebrando o silencio – Eu... Eu estava me sentindo um pouco nervoso hoje no Centro de Detenção.

 

Ótimo. Não bastasse tudo, meu cliente ainda fazia o favor me lembrar de ficar nevoso!

 

- Mas agora estou um pouco melhor – ele continuou – Hoje eles vão me atacar como um bando de Salamences enfurecidos, eu tenho certeza... Mas você será como um Bastiodon usando Iron Defense para me proteger, certo? Então está tudo bem!

 

- Huh, é, seja lá o que isso signifique...

 

- Nick! – disse Maya, irritada, me encarando – Ele quis dizer que confia nas suas habilidades de advogado! Você poderia ao menos soar um pouco mais confiante!ç

 

– Não se preocupe, Deagá! - eu disse, coçando a parte de trás do meu pescoço e com um sorriso incrivelmente falso - Eu usarei um monte de Iron Defenses para te proteger de qualquer ataque! – eu disse, firme e forte, apesar de não ter idéia do que falava. Todos esses anos como advogado me deixaram um expert nisso.

 

- Eu já me sinto inocente! – disse meu cliente, com um gigantesco sorriso.

 

- Viu, Nick? Não custa nada ser confiante! – disse Maya, quase que rindo da minha cara.

 

Ela não imaginava a coragem que era necessária para eu falar uma baboseira daquelas... Sem falar dos neurônios que eu precisava queimar para entender esse “pokemonês”. Nós imediatamente nos dirigimos ao tribunal propriamente dito; era hora de começar o julgamento!

 

- Este tribunal agora está em sessão para o julgamento do Sr. Deagá! – anunciou o Juiz, por trás de sua grossa barba branca e com sua brilhante careca

 

- A defesa está preparada, Meritíssimo.

 

- A promotoria já esteve preparada por um bom tempo, Meritíssimo. – disse Edgeworth.

 

Mesmo após todo esse tempo sem nos encontrarmos, Edgeworth ainda era o mesmo. Aquele mesmo paletó vinho, que me assombrou durante meus primeiros casos, combinado com seu assustador – e, principalmente, confiante – sorriso. Edgeworth era provavelmente o mais hábil promotor que eu enfrentei, além de ser a coisa mais próxima que eu tinha de um “rival”.

 

- Isso certamente não tem nada a ver com a falta de provas encontradas na cena do crime, correto? – perguntou o Juiz.

 

- Falta de provas? – retrucou Edgeworth, com seus braços abertos e balançando a cabeça – Quem precisa de um mar de provas quando já temos uma evidência e uma testemunha decisivas?

 

Evidência e testemunha decisivas? Por que não encontrei nada disso na minha investigação?! O julgamento mal começara e eu já estava suando frio, me sentindo impotente perante aos ataques de Edgeworth... Sendo que eles ainda sequer haviam começado!

 

- Excelente trabalho, Sr. Edgeworth – disse o Juiz, alegre – Quanto mais rápido acabarmos aqui, melhor!

 

- Será um prazer, Meritíssimo. – respondeu Edgeworth, curvando-se para ele - Para começar, a promotoria convoca sua primeira testemunha: Detetive Gumshoe, responsável pela investigação inicial deste caso!

 

O detetive apressou-se, muito ansioso, ao banco das testemunhas. Gumshoe confiava muito em Edgeworth e adorava trabalhar ao lado dele. Curiosamente, os casos em que trabalhavam juntos também eram os casos em que Edgeworth parecia ficar mais desesperado.

 

- Testemunha, por favor, nos diga seu nome e profissão. – disse o promotor.

 

- Meu nome é Dick Gumshoe. Eu sou um detetive no departamento de polícia local e também o encarregado de investigar este caso.

 

- Deponha para este tribunal sobre a condição da cena do crime quando você a encontrou.

 

Agora sim o julgamento de verdade começaria. Gumshoe, e depois provavelmente Shinji, viriam ao banco de testemunhas dizer tudo o que viram. Claro, se o que eles viram for a verdade, então Deagá é culpado. Eis o meu trabalho: descobrir as mentiras, as contradições nos depoimentos deles para provar a inocência do meu cliente!

 

- Nós recebemos uma chamada no distrito ontem, por volta das dez da manhã. Ela falava de um... ASSASSINATO! – ele anunciou - Na Comunidade PokéLand! Como um detetive, eu me apressei para o local do crime; não podíamos dar ao assassino tempo para fugir.

 

- HOLD IT! – eu interrompi - Esse é o único motivo?

 

- Ah, eu também queria v... – respondeu o Detetive

 

- OBJECTION! – interveio Edgeworth – Se este Detetive também desejava realizar seus sonhos infantis de encontrar treinadores Pokémon é irrelevante para este caso. Tudo o que importa é a condição da cena do crime.

 

- Sr. Wright – disse o Juiz – Receio que tenha de concordar com o Sr. Edgeworth. A testemunha continuará a depor sobre a cena do crime!

 

- Um rapaz narigudo nos levou até a cena do crime. – continuou o detetive – Lá, encontramos o corpo da vítima, GBcrazy , já morto.

 

- HOLD IT! – eu interrompi, novamente. Desta vez, tinha certeza de que minha pergunta seria relevante – Qual foi a causa da morte?

 

- Está tudo aqui, neste laudo da perícia - ele respondeu - A vítima morreu entre as 11:00 e 11:30 horas da noite de anteontem. A causa foi a perda de sangue devido a um tiro muito próximo do coração.

 

- A corte aceita este laudo como evidência – anunciou o Juiz – Detetive, continue seu depoimento.

 

- Além da vítima, o próprio réu, Deagá, estava na cena do crime, inconsciente.

 

- HOLD IT! Como ele pode ser o assassino se ele estava inconsciente? – eu questionei.

 

- O tópico que foi a cena do crime estava trancado, Sr. Wright – respondeu o Detetive – Até aquele rapaz, Shinji, abri-lo para nós, quer dizer. Tópicos trancados são trancados mesmo; nem ar sai deles! Após ficar 12 horas num ambiente desses, é natural que o réu tenha ficado inconsciente.

 

Lá se ia minha única chance. Agora, além de culpado, Deagá parecia um assassino idiota que, ao invés de fugir da cena do crime, se trancava nela.

 

- Além dos dois corpos nós também achamos a arma do crime no local. – disse o detetive, exibindo um revólver para a corte. Era o mesmo que eu e Maya havíamos achado no dia anterior.

 

- Hmm, esse revólver não é um pouquinho grande? – o Juiz perguntou.

 

- Precisamente, Meritíssimo. – concordou Edgeworth. Eu podia sentir o pavor tomando conta de mim. – É um revólver de calibre .45, extremamente letal. Na verdade, ele é perigoso até mesmo para um atirador; se ele não souber como usar o revólver corretamente, o recuo da arma é capaz até mesmo de deslocar seu ombro.

 

- Isso torna o réu um assassino muito cruel, usando uma arma desse poder de fogo!

 

- OBJECTION! – eu protestei – Meu cliente dificilmente poderia atirar com uma arma dessas!

 

- Você tem certeza? – retrucou Edgeworth, com um olhar maligno, enquanto balançava seu dedo indicador direito ao lado se sua testa – Wright, você poderia nos dizer onde seu cliente nasceu e viveu até um presente recente?

 

Eu não fazia a menor idéia. Afinal, para que eu perguntaria uma coisa dessas a meu cliente quando eu tinha perguntas mais importantes a fazer, como “O que você  viu no dia do crime?”. Ainda assim, aquele jeito selvagem dele me deu ao menos uma idéia de onde ele poderia ter nascido.

 

- Ele... É da Floresta de Viridian, não é? – eu respondi (perguntei?), hesitante.

 

- Quase. Ele nasceu, e viveu, no mato, rodeado de animais selvagens. Aprender a usar uma arma de fogo como essa não seria apenas possível para ele. Seria uma necessidade, para se defender dessas feras!

 

Eu comecei a suar frio. Edgeworth parecia ter toda a razão do mundo, o que era péssimo para mim.

 

- Mas... Huh... Erm... Você ainda não provou que foi meu cliente quem usou essa arma!

 

- Esse era meu próximo passo, Wright – retrucou Edgeworth, apontando seu dedo indicado para mim, com seu braço direito levemente esticado – Detetive, deponha sobre a arma do crime.

 

- Sim, senhor! – disse Gumshoe, animado. Eu estava ferrado. Demais. – Nós achamos dois detalhes interessantes na arma. Primeiro, ela continha um número de identificação, 0056. Infelizmente, esse número foge dos padrões convencionais e, portanto, não pudemos descobrir a quem ela pertence.

 

- Então você não tem como provar que meu cliente é o assassino! – eu o interrompi.

 

- EI, mais devagar, amigo! – retrucou o detetive, sorrindo – Nós podemos não saber quem é o dono dela, mas temos certeza de quem a usou para atirar na vítima.

 

- C... – as palavras se recusavam a sair da minha boca. Eu estava desesperado – COMO?!

 

- As impressões digitais do réu estão no revólver. Por toda a parte, diga-se de passagem! E esta belezinha foi encontrada bem próxima de Deagá quando chegamos à cena do crime.

 

- O QUÊ?! – eu gritei, em desespero. Meus olhos se esbugalharam, meu queixo caiu. Eu estava oficialmente em pânico.

 

- Essa certamente é uma prova muito incriminadora! – disse o juiz, espantado. Parecia que nem ele próprio era capaz de acreditar em como tudo apontava para Deagá como culpado – Praticamente não resta dúvida de que Deagá é culpado por este assassinato.

 

- Ora, ora, Meritíssimo – disse Edgeworth, balançando sua cabeça – Não tenhamos pressa. Eu disse que, além de uma evidência decisiva, tinha uma testemunha decisiva. Ela será a última peça para fecharmos este caso. Detetive Gumshoe, obrigado por seu depoimento.

 

- Foi um prazer, senhor! – respondeu o Detetive, orgulhoso por ter ajudado, enquanto descia do banco de testemunhas.

 

- Agora, a Promotoria chama Ikari Shinji, o descobridor da cena do crime, para o banco de testemunhas! – anunciou Edgeworth.

 

Meu paletó azul, que estava tão limpinho naquela manhã, já estava todo sujo de suor. Suor frio, de pavor. Eu não contava com as impressões digitais de Deagá serem encontradas na arma do crime, mas elas foram. Eu já me sentia como uma formiguinha indefesa esmagada por múltiplas pisadas de Edgeworth... E tudo ficaria ainda pior com o depoimento de Shinji, eu tenho certeza. Está certo que ele me disse não ter visto nada... Mas Edgeworth o rotulou como uma “testemunha decisiva”. Algo que Shinji viu seria a base de toda a argumentação de Edgeworth. E, se eu não pudesse provar que esse “algo” estivesse errado... Então seria o fim!


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