Turnabout Land escrita por Kotomi


Capítulo 12
Capítulo 12




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O tribunal estava em silêncio absoluto. Após meu grito de protesto, todos aguardavam ansiosamente para ouvir o que eu tinha a dizer. O suspense aumentava a cada segundo. E, apesar de todo o meu nervosismo (meu cliente estava perdido!), eu me identificava bastante com todos que impacientemente aguardava pelo que eu diria em seguida: eu também não fazia a menor idéia do meu próximo passo.

- Sr. Wright, nós estamos aguardando. – disse o Juiz, já impaciente.

Eu sabia que tinha de dizer algo – e rápido. Mas  minha mente estava em outro tempo; ela vagava por tudo que já havia acontecido naquele caso e procurava por alguma coisa, qualquer coisa, que justificasse como Abra viu o crime. Eu precisava achar essa “coisa” logo. Era minha única chance!

- Se me permite, Meritíssimo, acredito ter uma explicação para o comportamento da defesa. – disse Edgeworth, com um sorriso sinistro. O que quer que ele fosse dizer depois certamente seria prejudicial para mim.

- E qual seria essa explicação, Sr. Edgeworth? – o juiz perguntou curioso.

- Aquele protesto foi apenas um grande blefe da defesa para ganhar alguns minutos. – ele disse, de braços abertos e mantendo um sorriso ao mesmo tempo triunfante e, ao menos para mim, aterrorizante – Não é, Wright?

Droga! Todos esses casos em que eu e Edgeworth trabalhamos “juntos” fizeram com que ele entendesse todas as minhas “táticas” de defesa. Além disso, julgando pelo olhar do juiz, se ficasse óbvio que eu estava apenas blefando, seria o fim deste julgamento. Para inocentar Deagá, eu tinha apenas uma opção: seguir em frente, seja lá para onde isso me levasse. Eu teria de pensar em algo depois!

- Mas é claro que eu não estou blefando, Edgeworth! – eu respondi, espalmando minha mesa.

- Ah, é mesmo? – o promotor respondeu, de braços cruzados – Se importa de nos explicar, então, para que foi aquele protesto, Wright? Você ainda não nos deu um só motivo para aquilo.

- Sr. Wright, devo dizer que o Sr. Edgeworth tem razão. – interveio o Juiz, com um olhar pavorosamente sério – Caso não levante algum argumento que torne Abra uma testemunha válida ou de alguma outra forma mude este caso, receio que não há opção se não declarar seu cliente culpado!

Eu estava perdido. Eu não sabia para onde correr. Deagá... Eu acreditava na inocência dele. Mas como provar isso?! Lutar contra impressões digitais na arma do crime já era difícil, mas ter de enfrentar uma testemunha como Abra... Isso era ainda pior! E, ainda assim, várias falas do bot apareciam como flashes em minha mente. “e tb tenho os programas necessarios para entender os dados que esses programas enviam. com a camera e o microfone, eu sou capaz de ouvir e ver!” E quando eu perguntei a ele sobre o alcance da câmera e do microfone... “os mesmos de um ouvido e olho humanos iirc” Essa foi a resposta dele.

Eu não podia deixar de pensar que havia algo de muito estranho nessas falas do bot. Algo tão estranho que nem eu próprio conseguia identificar... Eu tinha de enrolar esse julgamento! Eu tinha de descobrir algo nessas frases que Abra dissera! E, para isso, só havia uma saída.

- Eu protestei por um motivo muito simples, Meritíssimo. Há um grande problema do no argumento da promotoria! – eu disse, enchendo minha voz de confiança. Eu gostaria apenas de saber que problema era esse.

- E eu estou ansioso para descobrir que problema é esse, Wright. – Edgeworth respondeu – Sinta-se à vontade para explicá-lo.

Eu já estava exausto da expressão confiante do promotor. Já fazia um bocado de tempo que Edgeworth exalava uma aura de confiança por todo o tribunal. Eu sentia seus efeitos cada vez mais: a cada segundo, eu me sentia mais e mais desesperado com aquele caso. Eu fazia um esforço sobre-humano para não gaguejar, tremer nem suar. Minha única vontade era sair correndo daquele tribunal como um advogado apavorado com medo de promotores. Mas eu não podia apenas abandonar Deagá; ele confiará em mim e, portanto, eu iria provar sua inocência de alguma maneira.

É uma pena que eu não tivesse a menor idéia de como fazer isso.

- O problema é muito simples! – eu anunciei.

- Então acho que você já pode parar de enrolar e explicá-lo duma vez, Wright. – Edgeworth retrucou – Acho que todos nós já esperamos o bastante.

Naquele momento, não resisti: comecei a tremer. Eu sabia que, se Deagá realmente fosse inocente, haveria uma falha fatal na argumentação de Edgeworth. E essa falha poderia ser apenas aquilo em que eu estava pensando esse tempo todo. Era uma idéia tão bizarra que eu próprio chegava a duvidar dela... Mas era minha única esperança. Se Deagá fosse inocente, então essa idéia inacreditável seria a verdade. Eu precisava apenas descobrir como prová-la. E rápido, pois meu tempo já havia se esgotado.

- O problema é extremamente simples. – eu respondi.

Eu não tinha a menor confiança no que eu iria dizer em seguida. Mas não é como se eu tivesse alguma escolha àquele ponto do julgamento... Eu estufei meu peito. Apontei para Edgeworth com um olhar que ao menos eu esperava ser destruidor. Mesmo que eu não tivesse a menor confiança, eu ainda podia fazer de conta que acreditava em minhas próprias palavras, não?

- Abra... Ele “VIU” o crime! – eu anunciei, gritando

- OBJECTION! – Edgeworth protestou.

Aquele olhar... Como ele me assustava! Enquanto Edgeworth balançava seu dedo indicador direito ao lado de sua testa, eu sentia o fim cada vez mais próximo de mim. Ele iria destruir o que eu acabei de dizer, é claro. E eu não fazia a menor idéia de como contra-atacar o que ele iria dizer!

- Wright, eu preciso mesmo repetir que a câmera de segurança estava quebrada? É impossível que Abra tenha visto qualquer coisa através dela! – o promotor então espalmou sua mesa. Era hora dele desferir o “golpe final”. – Se você não provar que havia algum outro lugar de onde Abra poderia ter visto o crime, então está tudo acabado, Wright!

Eu me desmontei ao ouvir aquilo. Meus braços e pernas tremiam incansavelmente. Meu paletó foi inundado por uma enchente de suor frio. E eu não conseguia articular uma resposta para Edgeworth pelo simples fato de que as palavras se recusavam a sair da minha boca. Seria esse o fim de tudo? Essa era a “verdade” por trás do assassinato de GBcrazy?

- Nick, você faz alguma idéia de qual seria esse outro lugar? – Maya perguntou. Ela estava tão preocupada quanto eu.

- Mas é claro que não, Maya! Nós investigamos a cena do crime ontem e não havia nada lá. Nós nem ao menos vimos a câmera!

- Mas, Nick! Se é assim... Então é impossível que Abra tenha visto o crime! Vamos, Nick! Que nem minha irmã diz, pense por um ângulo diferente! Você tem que descobrir algo!

- Mas não há nenhum outro ângulo, Maya! – eu retruquei, em pânico – É que nem você disse, não havia mais nada naquele tópico. É... É impossível... – e então, meus pensamentos começaram a fluir à frente de minhas palavras. Talvez eu ainda tivesse uma chance! – Que ele tenha visto o crime...

- Sinto ter de interromper sua discussão, Sr. Wright – o Juiz disse – Mas se não tem mais nada a dizer, acredito que já é hora de terminar este ju...

- HOLD IT!

Toda a corte se espantou. Aqueles olhares surpresos, aqueles rostos boquiabertos... Quantas vezes eu já não tinha visto isso? Eu tinha certeza de que eles pensavam algo como “Mas aquele advogado idiota ainda não desistiu? É óbvio que o cliente dele é culpado” mas eu não podia desistir agora. Eu finalmente havia percebido qual era a “verdade” por trás daquele caso. E eu havia percebido como prová-la. Era hora de virar a mesa!

- Meritíssimo, se me permite. – eu disse – Ainda há mais alguma coisa que eu gostaria de dizer.

- Mais alguma coisa? Vá em frente, Sr. Wright. – o juiz respondeu, e então me encarou seriamente – Mas saiba que esta é sua última chance.

- Eu gostaria de dizer que eu estava enganado agora há pouco. – eu expliquei – Abra não viu o crime... Ao menos não literalmente.

- Admitindo sua derrota, Wright? Essa é uma ótima novidade. – disse Edgeworth, confiante.

- Agora, eu gostaria de fazer apenas duas perguntas para a promotoria. Primeiro, por que a testemunha não poderia ver o crime mesmo.

- Me poupe, Wright. – o promotor respondeu, irritado – Eu já repeti isso várias vezes aqui. A câmera estava quebrada e não estava gravando imagens na noite do crime. Portanto, é impossível que Abra tenha usado-a para testemunhar o crime. E não havia mais nada que ele pudesse usar para tal na cena do crime.

- Exatamente. – eu respondi.

- Você... concorda?! – Edgeworth parecia, pela primeira vez em algum tempo, incerto quanto ao rumo do julgamento. Ele percebera que eu tinha uma carta na manga.

- Agora, para a segunda pergunta: A câmera não estava gravando imagens. Mas e os sons? – eu perguntei, com meus dois braços em minha cintura e um olhar penetrante.

Edgeworth não pode se conter. Ele se jogou para trás, com seus dentes rangendo e um olhar completamente perdido. Ele sabia que eu estava prestes a virar esse caso de ponta-cabeça, e que ninguém poderia me impedir nessa tarefa!

- Nossa equipe de investigações não deu muita importância para isso. – ele respondeu – Mas eu acredito que câmera estava sim gravando sons.

- Já entendeu o que eu quero dizer, Edgeworth? – eu perguntei, confiante.

- Mas, Wright! Assim a testemunha poderia apenas escutar o crime, não vê-lo. Ele ainda esta mentindo no banco de testemunhas! – o promotor respondeu, batendo em sua mesa.

- E eu lhe agradeço por ter feito metade do meu trabalho, Edgeworth. – eu respondi, fazendo um “sim” com a cabeça – Abra poderia apenas ter escutado o crime.

- Mas Sr. Wright... Então o senhor está concordando que a testemunha que era sua única chance estava mentindo?! – o juiz perguntou, pasmado.

- Mentindo? – eu retruquei, fazendo um “não” com a cabeça – Antes que cheguemos a essa conclusão, eu gostaria de fazer uma pergunta à testemunha. Abra, se você realmente “viu” o crime, poderia por favor descrever a IMAGEM que viu? Por favor, nos conte sobre todos os dados VISUAIS da cena do crime, como objetos, as expressões de Deagá e GBcrazy e o que mais achar relevante.

- mas como eh q vc quer q eu faça isso? :/~ - o notebook respondeu – eu vi o crime. Isso quer dizer q eu tenho apenas dados sonoros sobre ele. eu naum ouvi nada.

- Está mais claro agora, Edgeworth? Já conseguiu ver o que eu queria dizer? – eu perguntei, confiante.

Mas o promotor não respondeu. Ele estava jogado sobre sua mesa. Seus dentes rangiam ainda mais. Seu punho, apoiado na mesa, tremia; acho que ele estava fazendo um esforço enorme para não socá-la. Edgeworth sabia que sua lógica de “Abra não é uma testemunha válida” acabara de desaparecer por completo.

- Abra não estava mentindo esse tempo todo. – eu anunciei, e então apontei para Edgeworth – Ele estava apenas confuso! Ele não viu o crime; ele OUVIU o crime!

A corte se tornou um caos por alguns minutos. Todos começaram a discutir entre si sobre a inesperada mudança de rumo que esse caso tomou... De novo.

- Ordem! Ordem! – o Juiz gritou, batendo seu martelo – Sr. Wright, eu estou muito impressionado. Eu não esperava todo esse desenvolvimento de sua parte!

- Ah, apenas fazendo meu trabalho... – eu respondi, com uma mão em meu pescoço e um sorriso envergonhado.

- Pois bem, vamos logo ao que interessa! – anunciou o Juiz – Testemunha, conte-nos o que escutou sobre o crime!

- ah, eu escutei primeiro as vozes da Creuza e do DH, mas acho que isso eh obvio. – Abra respondeu – e, eh claro, o tiro. mas houve algo mais... algo mto importante.

- E o que exatamente seria isso? – Edgeworth perguntou

- uma 3ª voz.

Novamente, a corte se tornou um caos. Todos estavam assombrados com a revelação de que havia mais alguém na cena do crime, ou ao menos de que havia a chance de haver alguém lá. Quer dizer, todos exceto eu. Era isso que eu queria ouvir desde o início do julgamento.

- Mas... Isso é impossível!! – Edgeworth retrucou.

- ah, prova q eh entaum. =/

- Uma terceira pessoa na cena do crime... Isso é algo realmente inesperado! – o Juiz disse, completamente surpreso.

- Mas as impressões digitais do réu ainda estão na arma do crime! Ele é o único que pode ter atirado! – o promotor retrucou.

- OBJECTION! – eu protestei – Nós não poderemos saber até descobrirmos o que essa terceira pessoa fazia na cena do crime! Abra, você ouviu mais alguma coisa?

- naum. eu fui embora logo depois de ouvir o tiro pq fiquei com medo... eu escutei a 3ª voz por mto pouco tempo, mas tenho certeza de q era uma 3ª pessoa.

- Se ele está tão certo, eu não tenho escolha. – anunciou o Juiz – O simples fato de haver uma terceira pessoa na cena do crime muda tudo. Eu exijo que tanto a defesa quanto a promotoria descubram o que essa pessoa fazia na cena do crime!

- Então... O julgamento continuará amanhã, Meritíssimo? – Edgeworth perguntou.

- Sim, Sr. Edgeworth. Aliás, houve um detalhe deste caso que me deixou muito curioso... – o Juiz disse, pensativo.

- E o que seria isso, Meritíssimo? – eu perguntei.

- Aqui diz que a vítima e o réu eram amigos... Isso desencoraja o assassinato. Mas a promotoria não tentou provar um motivo para o assassinato.

- Receio que a investigação não tenha descoberto nenhum motivo até agora, Meritíssimo. Eu acreditava que provar que apenas o réu estava na cena do crime seria o suficiente, mas vejo que não é o caso. Peço desculpas por minha negligência. – ele disse, curvando-se para o Juiz.

- Nesse caso, também quero que a promotoria apresente um motivo para o assassinato na sessão de amanhã. Corte dispensada! – ele anunciou, e bateu eu martelo uma última vez.

Finalmente, o pesadelo havia acabado. Eu consegui salvar Deagá... Ao menos por enquanto. Mas havia muitas perguntas para eu resolver durante minha investigação. Quem seria aquela terceira pessoa? Por que ele ou ela mataria GBcrazy?


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Notas finais do capítulo

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Depois do cap 13 xD nao vou trazer mais rapidamente pq depois do 13 o DH nao me passou xD sendo que ele soh digitou ateh o 16



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