Olhos de Sangue escrita por valeriac


Capítulo 21
Passado e Presente




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        Eu ainda estou no quarto onde eu havia acordado. Por falar nisso, esse cômodo é na casa de Derick... Onde também irá ocorrer a festa. Bom... Espaço é o que menos falta aqui. Eu devo estar esperando há alguns minutos, enquanto isso, eu não podia deixar de ouvir os barulhos vindos do andar de baixo, onde a festa já devia estar no seu auge, mas nada fazia com que eu espantasse meus pensamentos. Onde estava Mitchell? -Naquele momento, esse era o único pensamento que eu tinha.

          Devia fazer umas três horas, desde que vi Mitchell, na conversa que tivemos, onde ele havia me convidado para vir a festa sendo sua acompanhante, ele ainda acrescentara mais algumas coisas, alguns assuntos que só serviram para deixar-me mais apreensiva.

 

     Três horas atrás:

 

          -Fico feliz por ter aceitado meu convite. – Ele agradeceu, lançando-me um sorriso.

          -Bom... Eu não tenho motivos para não aceitar, certo? – Perguntei, desviando meu olhar para frente, onde eu, nervosa, encarava o nada. Ele assentiu. – Bom, onde é esse lugar? Eu não consigo reconhecê-lo.

          -Estamos na casa de Derick. Esse é o quarto dele, o único quarto que tinha condições apropriadas para abrigar uma recém vampira. – Ele murmurou. –Mas a ideia de você ficar no quarto dele não me agrada nenhum pouco. – Ele concluiu.

          -Pare de besteiras! – Falei e ele riu. Em seguida, ele voltou o olhar para a pintura que se encontrava encima da cama, aquela a qual eu havia visto antes.

          -Bom, pelo menos vejo que meu irmão está voltando a ser como era... – Ele murmurou, dando um pequeno sorriso, que se tornara quase imperceptível.

          -Como assim?- Perguntei, olhando para ele.

          -Veja. – Ele apontou para o quatro e eu desviei minha atenção para o objeto.

          -Eu já havia visto. – Falei. – Uma bela moça.

          -Sim. Era realmente uma bela moça.

          -Era? – Perguntei, agora olhando para ele, o mesmo também desviou sua atenção para mim.

          -Mai. Essa era Melissa Moore, o primeiro e único amor de Derick. – Mitchell murmurou.

          Eu não posso esconder minha surpresa quanto a isso. Era difícil acreditar que Derick tenha tido um amor desse jeito, aquele brincalhão, eu não imagino ele levando a sério um relacionamento desses. Agora eu consigo saber o porquê dele ter ajudado tanto eu e Mitchell, ele, talvez, não quisesse que o mesmo ocorresse com o irmão. Bom, eu sou muito grata a Derick por isso.

          -O que aconteceu com ela? – Perguntei mesmo sabendo que algo bom não deve ter sido.

          -E-ela era uma olho de sangue... Legitima. – Ele Murmurou

          Ah sim. Tudo bem, ela era uma legitima. Cara, isso já era coincidência de mais.

          -Eu pensei que eu tivesse sido a última. – Balbuciei.

          -De fato você foi. Mas, Mai, isso aconteceu há muito tempo, mas mesmo assim Derick demorou a esquecer.

          -Ela deve ter passado por tudo o que eu passei, não? – Perguntei.

          -Sim, mas ela não conseguiu manter-se viva...

          -E Derick culpa-se até hoje pela morte da pessoa amada. – Completei.

          -Sim. Desde que isso aconteceu, ele se dedicou a estudar os olhos de sangue. – Mitchell voltou sua atenção para a pintura. – Acho que isso amenizava sua culpa, apesar de que não tenha sido dele.

          -O que realmente aconteceu?

          -Como você, ela era a única legitima na sua família. O problema era que em sua família havia nobres e alguns... Bom... Não era o tipo de parente que cumpria com suas obrigações. Ela era perseguida não só por nobres ou outros seres, mas também por seus próprios familiares...

          Não consegui pronunciar-me. Eu cheguei a pensar que nada podia comparar-se ou até mesmo ser pior do que eu estava passando, e agora eu descubro isso. Eu não era a única legitima que existiu, deviam ter existido várias e suas vidas não devem ter sido um mar de rosas. Mitchell percebeu que eu encontrava-me perplexa com tal “descoberta”.

          -Mai, você está bem? – Ele perguntou, aproximando-se de mim.

          -Sim. Por favor, continue. – Murmurei.

          -Tem certeza? – Ele perguntou, deixando transparecer sua preocupação no tom de sua voz.

          -Sim. Não se preocupe. – Respondi, tentando demonstrar bem-estar.

          Ele pareceu estar em dúvida em continuar a história, mas ele pareceu entender que saber isso, era muito importante pra mim, porque ele suspirou e continuou:

          -Bom, a situação de Melissa não era das melhores. Na época, se não me engano, ela devia ter uns vinte e um anos. Um ano mais velha que Derick. Mas eles haviam se conhecido quando ela acabara de fazer dezenove. Para ser mais especifico, eles se conheceram na festa de aniversário dela, onde ela descobriu-se uma legitima...

          -Ah... Já consigo ver as coisas que nós duas temos em comum... – Murmurei. Ele pareceu ignorar meu pequeno comentário e então voltou a falar:

          -Acho que ela estranhara o fato de ter uma festa de aniversário, porque ela nunca chegara a ter uma quando menor, mas o que ela podia fazer? Não podia simplesmente recusar uma festa organizada por nobres.

          -A festa era uma armadilha, suponho. - Falei.

          -Sim. Nesse dia, Melissa foi fadada a ser perseguida por nobres... Até sua morte. – Mitchell murmurou.

          -Você fala de um modo tão diferente dessa... Melissa. – Balbuciei – Parece até que...

          -Não pense besteiras, Mai. – Mitchell me encarou. - O fato é que, eu não sei se eu conseguiria ter continuado vivo se você tivesse... Acabado do jeito de Melissa. – Ele murmurou e abaixou o olhar.

          -Eu não deixaria você livrar-se de mim, assim tão fácil. – Falei, dando um pequeno sorriso de lado.

          -Nossa. Devia ter pensado nisso antes... Agora temos a eternidade. – Ele falou rindo, com uma pontada de sarcasmo no tom de sua voz. Eu o fuzilei com o olhar e o mesmo calou-se.

          -Pode continuar agora, Mitchell. – Falei.

          -Sim. Quando, na festa de Melissa, foi anunciado seu fardo, sua “caça” foi decretada. Bom, resumindo, Derick a ajudou a fugir, mas isso teve conseqüências. Quando o conselho descobriu que um vampiro nobre havia ajudado na fuga de uma legitima que ameaçava a soberania deles, tipo, eles “piraram”.

          Não consegui me controlar quando Mitchell falou a reação do conselho, soltei uma pequena risada, apesar de que não era uma das melhores horas para se rir. Mas Mitchell acabou acompanhando-me no riso, assim não me senti tão culpada.

          -Bom, e no que essa... Hã... “Piração” resultou? – Perguntei, já contendo o riso.

          -Eles... Decretaram a morte de Derick por traição. –Mitchell murmurou. Parecia que a cada palavra que ele pronunciava, que a cada fato que ele narrava, as lembranças voltavam com tudo em sua mente. – O que aconteceu depois foi que os dois já se encontravam apaixonados, e assim fugiram. No auge disso tudo, já haviam passado três anos, e como eu disse antes, ela estava um ano mais velha que Derick...

          -Ela ficaria cada vez mais velha que ele, e em algum momento, os dois não poderiam continuar juntos... – Balbuciei, encarando o chão.

          -Exato. – Mitchell murmurou. – Então, a única solução era Derick transformá-la em vampira...

          -Mas eu não entendi qual o problema dessa história. – Perguntei, voltando o olhar para Mitchell. – Você me transformou e tudo está bem, agora.

          -Mai, o processo de transformação era... Era não... É muito arriscado. Sinceramente, eu não... Não sei como você conseguiu aguentar. Por isso eu relutara quanto á esse processo, mas você estava fazendo de tudo para que eu não... Morresse.

          -E eu faria tudo de novo para te salvar. – Murmurei, encarando-o. – Mas, o que deu errado com eles?

          -Eu nunca descobri de fato. Eu tenho minhas suposições, mas eu acho que ninguém nunca saberá o que ocorreu realmente naquela noite, além de Derick e Melissa. – Ele falou, olhando para a pintura.

          -Naquela noite? –Perguntei, fazendo-o voltar o olhar para mim.

          -Sim. Noite do dia 30 de junho, o esperado dia da transformação de Melissa e de seu casamento com seu amado. – Ele falou.

          -Casamento? Se, ocorreu no dia do casamento, você não devia lembrar? – Perguntei – Tipo, você deveria estar presente na cerimônia, não é?

          -De fato eu estava, mas eu não lembro-me de quase nada. Quando eu tento recordar de algo, só aparecem imagens borradas e sem sentindo na minha mente. Eu ainda estava na fase de recém-vampiro.

           -Nenhuma outra pessoa ou vampiro que estava presente no dia, não se lembra de nada?

           -Mai, era uma cerimônia de casamento simples entre... Dois traidores, digamos assim. Não haviam muitos convidados e mesmo assim não consigo me recordar quem estava presente. A única coisa que me lembro da ocasião, foi o alvoroço repentino das pessoas que ali se encontravam e a fuga de duas pessoas ao longe.

           -Você acha que o que causou o alvoroço fora a chegada dos nobres? E assim, o casal que fugira era Derick e Melissa? – Perguntei.

           -Essa é uma das minhas suposições. – Mitchell deu um longo suspiro. – O que ocorreu depois? Eu não sei. Ninguém sabia. Mas boa coisa, com certeza não fora.

           

 

          Primeiramente, saber dessa história não era o tipo de coisa que me deixava apreensiva, no mínimo me deixava meio pensativa, apesar de que não deixava de ser um fato relacionado com algo que eu sou, ou pelo menos, que eu era. Mas o fato é que, depois que Mitchell deixou-me no quarto para que eu pudesse me arrumar, eu me toquei que hoje é dia trinta de junho. Sim. O dia que acontecera o casamento entre Derick e Melissa, aliás, era o dia que deveria ter acontecido o casamento. Isso não podia ser uma mera coincidência. Logo hoje, é a cerimônia de substituição, sendo que ontem houve a derrota do líder dos classe A, e também hoje Mitchell resolveu contar-me essa história. Não consigo esconder a apreensão que estou sentindo por causa disso. Não, eu não sou idiota ou nada relacionado. Eu só não quero ser pega de surpresa como sempre acontecia. Uma batida na porta tirou-me de meus pensamentos.

           -Pode entrar. – Pronunciei. O tom de minha voz soou abafado.

           Mitchell entrou no quarto e... Puxa! Ele estava o maior... Hã... Gato. -Bom, eu estava preocupada com o que mesmo?- Eu tenho que admitir que, ele estava muito elegante com seu terno preto, sua camisa branca com uma gravata preta por cima e sua calça social também preta. Seus cabelos estavam levemente molhados, deixando-os um pouco bagunçados. Seus olhos, azuis, pareciam brilhar mais que o normal. Ele trazia em suas mãos uma rosa vermelha.

            -Vejo que já está pronta. – Mitchell pronunciou-se, aproximando-se de mim.

            -Sim. Há algum tempo, para ser sincera. – Respondi, ainda “dopada” com a beleza que ele irradiava.

            -Desculpe-me o atraso. – Ele falou e deu uma pequena pausa, olhando para mim. – Você está linda. – Ele concluiu, aproximando-se e dando-me a rosa.

            -Obrigada... Pelo elogio e pela rosa. – Agradeci, sentindo que eu já ficava ruborizada.

            Eu não sei se eu estou bonita, até porque seria estranho eu mesma dizer isso, ia parecer meio duvidoso tal comentário. Eu usava um vestido preto com um decote em v, a vestimenta não é muito longa nem muito curta, um tamanho médio. Eu calçava um sapato de salto alto também preto. E para finalizar eu usava o colar de diamantes que Mitchell havia me presenteado

         -Vamos? – Ele falou, estendo seu braço para mim.

         -Mitchell, antes eu quero perguntar uma coisa, pode ser? – Perguntei, encarando-o.

         -Sim, claro. – Ele assentiu.

         -Bom, voltando o assunto de hoje mais cedo. – Comecei. – A história de Derick e Melissa. Então, acho que você deve ter percebido que hoje é dia trinta de junho...

         -Eu imaginava que você perceberia. – Mitchell falou, dando um pequeno sorriso de lado. – Mas, não se preocupe com isso.

         -Eu... Apenas achei coincidência demais...

         -De fato. Porque não é uma coincidência. – Ele olhou pela janela, a paisagem. –A escolha da data foi proposital. Derick a escolheu, como uma forma de homenagem.

         -Como assim? – Perguntei, fazendo-o voltar o olhar para mim.

         -Hoje, com a posse de Derick. Aquelas leis idiotas de relacionamento entre classe A e olhos de sangue, vão ser suspensas. Porque além de não existir mais... Legitimas, ainda existem muitos meios-olhos de sangue.

         -Entendo. Agora os classe A poderão ter mais dignidade... Sem ofensa, claro.

         -Não se preocupe... Mai. Apesar de que eu seja um nobre, eu devo admitir que os classe A, são, ou melhor, eram vampiros sem escrúpulos, apenas sanguessugas querendo chegar ao poder.

         Abaixei o olhar. Eu admirava Mitchell por conseguir separar as coisas, seu senso de justiça era admirável. Eu sei o quanto fora e o quanto é difícil falar isso da própria... Digamos... Família, ninguém escolhe seus parentes. – E melissa sabia bem disso.

         -Mai. Vamos. Estamos perdendo a festa. - Mitchell falou, fazendo com que eu o encarasse e o mesmo lançou-me um sorriso. Eu assenti e retribui o sorriso, assim nós dois saímos em direção a festa.


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Notas finais do capítulo

Reviews?!

Gente, eu acho que devo postar o capitulo somente sábado, desculpem. Minhas provas começaram e eu não estou tendo tempo para definitvamente nada! Minha época de antisocialismo chegou. Mas não se preocupem, sábado eu postarei sem dúvidas!

Eu não vou abandonar a fic, só para lembrar.
Seria muito anti-ético de minha parte, fazer tal coisa, não?

Agradeço os reviews >.

Espero que continuem lendo =D

Abraço õ/



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