The Only Exception escrita por Andy


Capítulo 1
O incidente


Notas iniciais do capítulo

Enquanto estiver lendo este capítulo, se encontrar alguma palavra japonesa, procure por sua tradução nas notas finais do capítulo.



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 Eu não sei o que aconteceu. Até agora, apesar de estar quase me matando de tanto pensar, não cheguei a conclusão nenhuma. O que foi aquilo? Por que nada aconteceu esta tarde? Não consigo entender!

  Meu nome é Souma Kyo, e hoje me aconteceu algo muito, muito estranho. Quero dizer, não que minha vida não seja completamente estranha desde que eu nasci nessa estúpida família, mas o que aconteceu hoje à tarde foi ainda mais estranho... Porque nada de estranho aconteceu! Acho que não estou explicando direito, não é? Certo, vamos começar do começo...

  A família Souma (à qual eu infelizmente pertenço) carrega consigo uma maldição: a cada geração, 12 crianças “especiais” nascem. Elas, quando abraçadas por uma pessoa do sexo oposto e que não seja um dos 12 ou o deus (o líder da Família), se transformam em um animal, correspondente a seu signo do Zodíaco. Legal, né? Não, não é nem um pouco divertido, como qualquer pessoa que não seja um dos 12 poderia pensar!

  Bom, eu sou o gato da história. O odiado, o desprezado, aquele que é obrigado a se transformar num monstro medonho e tudo o mais. E é tudo culpa do rato, Yuki! Melhor explicar direito essa parte também, né? Segundo a lenda, Kami-sama iria dar uma festa e todos os animais foram convidados; mas eles não podiam se atrasar, de jeito nenhum! Então, o rato, aquele maldito trapaceiro, disse ao gato que a festa seria no outro dia, e o gato, inocente, acreditou nele. Assim, todos os animais chegaram ao local da festa – inclusive o rato, que ainda subiu nas costas do boi e chegou antes de todo mundo – menos o gato, que ficou em casa, sonhando com a festa, que para ele nunca aconteceria. Kami-sama ficou bravo com ele, e por isso ele foi excluído do Juunishii. E é por esse motivo que eu vou me vingar do Yuki, aquele maldito rato!

  Ano passado, uma colega de classe do Yuki (e agora minha também) veio morar aqui em casa, o que trouxe grandes mudanças... Pelo menos agora temos comida de verdade aqui, o que já é um grande avanço! O nome dela é Honda Tohru. Ela tinha perdido a mãe e estava vivendo numa barraca em nossas terras ou algo assim, eu não sei direito o começo da história. O que importa, é que Tohru é a única pessoa que não é da família e que conhece nosso segredo. Mas ela sabe guardá-lo direitinho, e todos gostam dela, então está tudo bem... Por enquanto.

  Certo, agora que vocês sabem disso tudo eu posso contar o porquê de hoje estar sendo um dia muito estranho...

  O dia começou normalmente. Eu acordei tarde e, quando fui correndo para a cozinha tomar o café-da-manhã, descobri que o Yuki tinha acabado com todo o leite! Claro que eu não deixei isso assim, né? Nós começamos a lutar ali mesmo, no meio da cozinha. Só que a Tohru resolveu se intrometer para tentar nos apartar (como se ela conseguisse fazer isso...), e nós dois acabamos transformados. Óbvio que eu tentei pegar ele mesmo assim, afinal agora eu estava em vantagem. Mas ele conseguiu fugir.

  Depois dessa confusão toda, eu acabei sem café (mais uma vez, culpa do Yuki!) e ainda por cima nós três nos atrasamos, perdemos o trem e tivemos que correr até a escola. Quando chegamos lá, fomos direto para a sala de aula, e o professor já tinha começado, então tivemos que esperar para poder entrar no segundo horário. Nesse meio tempo, eu e o ratinho enjoado ficamos discutindo de quem era a culpa e a Tohru, tentando fazer a gente parar de brigar.

  Até aí, tudo normal. Nós entramos no segundo tempo e assistimos às aulas. Na hora do almoço, fui comer sozinho no terraço do prédio 1... Mas foi aí que aconteceu! Eu estava voltando para a classe pelo mesmo caminho de sempre, quando reparei que o corredor estava abarrotado de gente. Que ótimo. Eu ia me atrasar de novo, de um jeito ou de outro, porque ia demorar para eu conseguir atravessar aquela multidão, porém ia demorar ainda mais se eu desse a volta e tentasse outro caminho. Então fui por ali mesmo.

  Descobri o porquê de ter tanta gente ali hoje. Parece que tinha acontecido uma briga e alguém tinha se machucado. Eu tentava abrir caminho por entre o povo, empurrando todo mundo porque já estava irritado. De repente, vi uma menina vindo correndo– talvez fosse amiga de quem se machucou, porque ela parecia desesperada. Na pressa, ela tropeçou (nos próprios pés, provavelmente, já que ali não tinha absolutamente nada em que tropeçar), e vinha direto na minha direção. Essa não!

  Eu queria sair dali, desviar ou qualquer coisa assim, mas não havia saída: de um lado, a multidão que tomava conta do corredor; do outro, a parede. Não podia fazer nada, apenas esperar que acontecesse. Vi a cena toda como se passasse em câmera lenta: a garota tropeçando, vindo em minha direção... Ela iria esbarrar em mim e então eu iria me transformar ali, no meio do corredor abarrotado, e logo em seguida começariam os gritos de horror dos outros alunos. Então Hatori teria que apagar a memória de todos, e Akito iria mandar me trancar num quarto até o dia em que eu morresse, assim como fizeram com o avô do meu mestre. Claro que, se tivesse sido o Yuki, o protegidinho, teria sido diferente: Hatori apagaria a memória de todos, e ele seria perdoado. Afinal, já aconteceu antes. E não o prenderam num quarto para o resto da vida (embora, para ser justo, não posso dizer que ele saiu impune, mas ainda assim...). Mas como era eu – o gato – quem estava ali, prestes a revelar o segredo sacrossanto de nossa família, Akito não perdoaria, de forma alguma.

  Fechei meus olhos, esperando o impacto e, logo em seguida, os gritos. Contudo, nada aconteceu. Bom, a garota esbarrou em mim, mas não ouvi grito algum e não me senti transformar. O que acontecera?

  Abri os olhos devagar, imaginando que talvez ela não tivesse realmente esbarrado em mim – pelo menos, não com impacto suficiente para me transformar –, mas lá estava ela, bem à minha frente. Ainda estava com a cabeça baixa, recuperando-se do choque. E então olhou para mim. Seus olhos eram verdes, muito verdes e com um leve tom azulado. Eram meio estranhos, mas lindos; definitivamente não eram olhos comuns. Ela corou um pouco e desculpou-se, a voz doce, meio angelical:

  – Desculpe-me, eu tropecei... Você está bem?

  Não tenho muita certeza do que respondi – acho que disse que estava bem. Tomara que eu tenha dito que estava bem! Eu não conseguia pensar com clareza, e não só porque ainda estava perplexo por nada ter acontecido, mas também porque ela ainda me olhava com aqueles olhos... Ela sorriu.

  – A gente se vê! – e saiu correndo para sua próxima aula.

  Não percebi, mas o corredor se esvaziara nesse meio tempo. Apressei-me em correr também: ia me atrasar de novo. Minha cabeça girava, e meus pensamentos estavam confusos. Quem era ela?


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Notas finais do capítulo

Traduções:

*Kami-sama: "kami" significa literalmente "deus"; "-sama" é um sufixo de tratamento que indica profundo respeito.

*Junishii: é o calendário do Zodíaco, no qual cada ano corresponde a um dos doze animais da lenda.

Yoo, caros leitores! E então, gostaram do capítulo? Sei que está muito pequeno, mas este é só o primeiro, o tamanho dos capítulos vai aumentando aos poucos. No outro site em que a postei, esta fanfic foi aprovada; mas não sei se está de acordo com o que os leitores aqui do Nyah! gostam... Por favor, comentem dando suas opiniões, para eu saber se está bom ou não. Críticas construtivas e elogios são sempre muito bem-vindos.

Obrigada por lerem!
SakuraHime