If You Only Knew escrita por wendy anne


Capítulo 3
Explicações


Notas iniciais do capítulo

Então, aí está mais um capítulo. Espero, realmente, que gostem.
— Tenho medo dos leitores fantasma -q. Não seja um deles. Deixe um review dizendo o que achou do capítulo. Sua opinião é importante



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Chorar era a única coisa a qual eu me limitava fazer. A diretora da escola havia me liberado das aulas naquele dia, por culpa do que havia acontecido e eu estava apenas voltando para casa, com minha tia. Durante o caminho todo ficamos em silêncio, sem nem olharmos uma para a outra, o choque havia sido grande para ambas. O trânsito, naquela hora, em L.A estava um pouco intenso, mas nada que rendesse mais do que 10 minutos a mais do tempo habitual que levaríamos para chegarmos a casa onde, até então, eu morava.

A mulher ao meu lado estacionou o carro em frente a minha casa e me olhou, fixamente. Enxuguei as lágrimas em meu rosto e retribuí o olhar à minha tia.

— O que iremos fazer? — questionei a ela.

— Bem, você terá que pegar suas coisas e irá passar um tempo lá em minha casa. — ela afirmou.

— Como assim um tempo? Eu não tenho mais onde ficar, tia. — arqueei ambas as minhas sobrancelhas.

— Na verdade, você tem sim. — ela fez uma breve pausa. — Quando seus pais se divorciaram, foi estabelecido que sua mãe ficaria com a sua guarda, mas, se algo acontecesse com ela ou se ela não conseguisse manter você, você passaria a morar imediatamente com seu pai... E essa hora chegou.

— O que? Não! Nunca vou morar com meu pai. Além do mais, ele mora em Nova York, não vou largar a Califórnia por causa dele. — retruquei.

— Ele é seu pai, querida, e não tem nada que você possa fazer, é a lei. — minha tia continuava a me olhar fixamente.

— Então agora ele é meu pai? Na hora de me abandonar ele não pensou nisso, pensou? — eu desviei o olhar para algo inexistente ao meu lado, apenas queria evitar trocar olhares com a mulher que estava ali comigo.

— Miley, olhe para mim. — fiquei um tempo imóvel e o silêncio tomou conta daquele carro, até que, finalmente, cedi e virei meu rosto novamente, podendo encará-la. — Eu sei que você está confusa, afinal você é muito nova ainda pra lidar com essas coisas. Eu também queria que você morasse comigo, mas não dá, não posso fazer nada.

Fiquei em silêncio e, foi então, que saí do carro, indo em direção de minha casa, apenas com a intenção de arrumar minhas coisas. Parei em frente à porta e peguei as chaves, que estavam dentro de minha mochila. Após abrir a porta senti um arrepio percorrer todo meu corpo, a casa estava vazia, eu já havia visto aquele lugar assim muitas vezes, mas naquele dia era diferente. Ao contrário do habitual, eu sabia que minha mãe não voltaria para lá, não a veria mais andando pelos corredores e nem em seu quarto. Confesso que, ficar naquele lugar, não era nada agradável para mim, eu via minha mãe em todos os cantos.

— Está tudo bem? — ouvi a voz de minha tia, logo atrás de mim, o que interrompeu todos os meus pensamentos.

— Pela primeira vez, não sei responder essa pergunta. — respondi em tom de sussurro, como se falasse aquilo mais para mim mesma do que para a mulher, que havia me feito a pergunta.

— Vamos. Eu te ajudarei a arrumar suas coisas. — ela afirmou, colocando a mão sobre meu ombro.

Adentrei mais um pouco o local e, após Kate fazer o mesmo, fechei a porta. Subimos juntas para o segundo andar, que era onde ficava meu quarto. Abri a porta do cômodo que me pertencia e era como se eu não me sentisse bem naquele local mais. O que era estranho, porque, anteriormente, meu quarto era o local em que eu mais me sentia livre... Era onde eu podia ser eu mesma sem precisar ser julgada por terceiros.

— Separe apenas algumas roupas. Irei providenciar para que alguma agência de mudança pegue o resto de suas coisas o mais rápido possível. — minha tia não demonstrou emoção alguma ao pronunciar tais palavras.

— E para onde irão todas as minhas coisas? — perguntei-lhe, virando levemente meu rosto para poder ver a outra que estava ali.

— Para Nova York. — ela me encarou, séria.

— Eu não vou para Nova York, já disse. Não quero morar com aquele idiota que me abandonou quando eu era apenas uma criança. — contestei, transpassando um sentimento de raiva em minhas palavras.

— Não tem jeito Miley, você vai sim e ponto. Já disse que não tem nada que podemos fazer sobre isso.

— Nunca tem nada que possa ser feito, estou achando que você tem medo de tomar uma posição. — dei meia volta, ficando completamente de frente para a mais velha.

— Vá logo arrumar suas coisas, não quero discutir com você logo hoje. — a vi apontar na direção de meu closet.

Bufei e voltei-me na direção oposta, novamente. Caminhei até meu closet e o abri, penetrando o mesmo e pegando uma de minhas malas para colocar o que precisava ali dentro.

--

— Pronto. — proferi, após fechar minha mala.

— Pegou tudo o que precisa? — perguntou Kate, ao que eu respondi apenas balançando a cabeça. — Ótimo. Eu levo isso até o carro.

A mulher se apressou em pegar a mala que estava no chão e saiu, dando passos curtos, em direção à porta. Foi nesse momento que, ouvi meu celular tocar, em meu bolso, tirei-o dali e olhei o número no visor.

— Oi Leslie. — falei ao atender.

— Miley! Ai meu Deus, como você está? — ouvi o tom claramente desesperado de minha amiga no outro lado da linha.

— Estou me sentindo estranha Leslie. — eu sempre sentia uma alivio enorme ao ouvir a voz de minha amiga, mesmo que fosse por meio daquele aparelho de celular. Eu sempre me sentia... Segura.

— Eu sinto muito mesmo. — falou a menina.

— Tudo bem, nada disso é culpa sua. — contestei, sentindo minha voz falhar. — Mas... Como você soube disso?

— Eu ouvi a Ashley contar para algumas pessoas. Parece que ela ouviu a diretora comentar isso com uma das professoras e espalhou pra toda a nossa turma, estão todos comentando sobre isso. — ela despejou aquela notícia em cima de mim.

— Que ótimo. — falei ironicamente. Assim como eu odiava os populares, odiava ser o centro das atenções.

— Eu sei, a Ashley é uma ridícula mesmo. — contestou minha amiga.

Ashley era apenas mais uma das que não faziam diferença em minha vida, ela era uma garota baixinha e com um mau caráter impressionante, ela estava na minha classe de Biologia e era a que mais me encarava descaradamente e, quando tinha a oportunidade de cochichar algo sobre mim com alguém, simplesmente fazia. Mas, como a todos os outros, eu não ligava para ela, muito menos para o que pensava.

— Bem... Leslie, mudando de assunto, eu preciso realmente falar com você. Será que tem como a gente se encontrar ainda hoje? — questionei timidamente.

— Claro. A gente se encontra no Starbucks assim que eu sair da escola. Às 3h, pode ser? — ouvi-a responder.

— Esta bem. Eu estarei lá. — logo após terminar minha fala, me despedi de minha amiga e desliguei o telefone, foi quando ouvi minha tia me chamar.

--

Quando cheguei à casa de minha tia ainda eram 9h da manhã, faltava muito tempo para que eu me encontrasse com Leslie, o que me deixou um pouco frustrada. Aquela residência era consideravelmente grande, já que nela apenas moravam Kate e seu marido, Luke. Minha prima Victoria, estava fazendo intercâmbio há seis meses na Itália, o que, para mim, era gratificante, já que ela me odiava. Eu não sabia o motivo para aquele ódio que a garota sentia por mim, só sabia que ela me achava metida e arrogante, bem... Apenas mais uma no meio de tantas outras.

— Bem, Miley, você pode deixar as suas coisas no quarto de minha filha. Você irá dormir nele, se importa? — minha tia falou assim que entramos na casa.

— Não, claro que não. Eu irei deixar minhas coisas lá, então. — assim que falei, logo saí em direção ao devido aposento referido anteriormente.

O quarto era simples, porém bem decorado. Mas eu não me sentia a vontade ali, talvez por saber a quem ele pertencia. Dei uma longa olhada ao meu redor, observando cada detalhe do local onde estava e, logo após, apenas deixei minha mala em um canto. Sentei-me na cama e fiquei certo tempo naquele local, tentando organizar os pensamentos. O que não consegui.

Após desistir e tentar esquecer os fatos que rondavam meus pensamentos, me levantei e saí do cômodo rapidamente, voltando para a sala, onde Kate ainda estava. Notei que ela falava ao telefone com alguém e havia uma expressão nada agradável em seu rosto, então, em silêncio, caminhei até o sofá e sentei-me no mesmo.

— Hm, sim. Sim, ela está aqui. Quer falar com ela? — ouvi minha tia falar ao telefone e logo o tirou do ouvido e olhou para mim, me chamando.

Não fiz nenhuma pergunta apenas me levantei do sofá e fui até o telefone. Kate entregou o aparelho a mim e, assim que obtive o objeto em minhas mãos, ela saiu sem dizer nada. Perguntei-me o que será que havia acontecido, porém não pronunciei uma sequer sílaba, somente atendi a pessoa que estava do outro lado.

— Alô. — agi naturalmente.

— Miley? — ouvi uma voz que não me era tão conhecida responder-me. Uma voz um tanto grave, era um homem, obviamente.

— Sim, sou eu. — dei uma breve resposta.

— Faz tempo que não falo com você, nem reconheci sua voz. — a pessoa do outro lado fez uma breve pausa e eu fiquei em silêncio, tentando descobrir quem era. — Mas, eu apenas queria dizer-te que sinto muito pelo o que aconteceu com sua mãe...

— Desculpa, mas... Quem está falando? — perguntei, educadamente.

— Er... Sou eu, seu pai Miley.

— Ah. — ao ouvir aquela fala, minha expressão mudara drasticamente, assim como meu tom de voz. — Como você conseguiu o telefone da casa da minha tia?

— Bem, na verdade, ela que me ligou. Kate queria apenas me dar a notícia e dizer que agora você terá que morar comigo aqui em Nova York, certo? — ele articulou com um tom de voz que não consegui decifrar.

— É... Mas se for muito incômodo, eu prefiro ficar aqui, na Califórnia mesmo. — respondi friamente.

— O que? Não, não. Isso é ótimo, vai ser muito bom ter você aqui conosco. Aposto que a Allison vai adorar, ela sempre quis ter uma filha e, quando falei sobre você para ela, ela ficou muito ansiosa. — o homem falou, calmamente.

— Desculpe, mas quem é Allison? — questionei ao não entender aquela situação.

— Ah, bem, desculpe por não ter esclarecido as coisas. Eu me casei novamente. Há três anos.

— Hm. Então quer dizer que agora eu terei uma... Madrasta? — transpassei certa incerteza em minha voz.

— Sim, mas não se preocupe, ela é bem legal e você irá gostar dela. — ao notar o meu silêncio, o mais velho mudou de assunto. — Então, quando você pretende vir?

— Não sei. — novamente optei por uma resposta curta.

— Bem, então eu irei ver para quando posso marcar sua passagem, se importa? — foi o argumento que ele me deu.

— Hm não, eu não me importo.

— Ótimo, agora tenho que ir Miley. Pode passar o número de seu celular a mim? Assim eu manterei contato com mais facilidade. — contestou.

— Ta. — simplesmente dei o número de meu celular ao homem que estava do outro lado da linha. Na verdade, eu não queria que ele me ligasse, jamais. Minha maior vontade foi dar o número errado, mas aí eu estaria sendo orgulhosa até demais.

— Tudo bem, obrigado. Até mais. — foi assim que ele se despediu e, logo depois, desliguei o telefone.

Sentei-me no sofá assim que deixei o telefone novamente na base. Senti o medo me corroer por dentro, um medo do que poderia acontecer. Eu iria morar num local com pessoas que eu nem sequer conhecia, afinal, àquele ponto eu não podia dizer se realmente conhecia ou não meu pai. Ele sempre foi uma figura muito ausente para mim, não nos falávamos praticamente nunca, nem sequer no meu aniversário, dia de ação de graças, muito menos no Natal. A única vez em que trocamos algumas palavras, após ele ter se divorciado de minha mãe, foi no Ano Novo, quando eu ainda era criança, e só. Depois disso eu também não liguei mais para ele.

Sentada naquele sofá, pensando em tudo aquilo, percebi que tudo o que eu mais queria era minha mãe para me abraçar e me fazer sentir segura. Mas por que tudo aquilo tinha que acontecer, afinal? Éramos felizes do jeito que estávamos. Claro, as contas eram um pouco difíceis de pagar, mas nós sempre dávamos um jeito, eu não queria deixar tudo para trás, não queria deixar a única amiga que eu tinha, não queria deixar minha casa, nem nada que fazia parte do meu dia-a-dia. Mais uma vez deixei que as lágrimas preenchessem meus olhos e derramei-as, na esperança de me livrar daquela dor que sentia por dentro.

--

3h e 15min e lá estava eu, no Starbucks, apenas olhando de um lado para o outro à procura de Leslie. Antes daquilo, meu pai havia me ligado para avisar que já havia marcado a passagem e quando seria. De repente, vi a dona daqueles cabelos loiros reluzentes se aproximar de mim. Logo que parou à minha frente, minha amiga me abraçou sem falar nada e eu apenas aproveitei aquele abraço tão carinhoso.

Apressamo-nos em nos sentar a uma das mesas que havia dentro daquela cafeteria. Ficamos um curto tempo em silêncio, até que Leslie olhou-me nos olhos e questionou, calmamente:

— O que você quer me falar?

— É complicado... — eu estava claramente tensa com a situação.

— Fala, não tem problema. Você sabe que eu estou aqui para te ouvir. — ela me mostrou um sorriso delicado.

— Bem... Por causa do que aconteceu, eu não vou mais morar aqui em L.A — nitidamente demonstrei tristeza em meu tom de voz.

— E onde você vai morar agora? — a menina continuava com o olhar fixo em mim.

— Nova York. — a reação de Leslie foi arregalar os olhos e ficar em silêncio mortal, apenas a me encarar, como se esperasse que eu desmentisse aquele fato. — Meu pai mora lá e eu vou passar a morar com ele agora.

— O que? Mas você tem sua tia, você poderia morar com ela. — argumentou ela.

— Na verdade, não posso. Bem que eu gostaria, mas acontece que meus pais decidiram, quando se divorciaram, que se algo acontecesse que impedisse minha mãe de cuidar de mim, ou se ela estivesse com dificuldades para isso, eu iria morar, imediatamente, com meu pai. Como eu ainda sou menor de idade, não posso optar. — abaixei levemente o olhar ao proferir tais palavras.

— Mas você é a minha única amiga por aqui, Miley. O que eu vou fazer se você vai embora? — a garota já havia assumido um tom choroso e notei que seus olhos estavam preenchidos de lágrimas.

— Leslie, não. Não chora. Se você chorar só vai tornar as coisas mais difíceis para mim. — olhei-a e notei que ela tentou ao máximo prender o choro, mas não conseguiu.

— Eu não vou suportar estar longe de você. O que eu faço Miley? Diga-me o que eu devo fazer, por favor. — ela não resistia mais e deixava com que várias lágrimas rolassem seguidas por seu rosto.

— Eu sempre te falei para você ser forte. Acho que agora está na hora de você por à prova que você vai conseguir se virar sem mim. Eu não posso ficar te dizendo o que fazer. — vê-la em prantos me fez ter uma enorme vontade de chorar também, mas apenas passei as mãos por meus olhos, impedindo as lágrimas de caírem.

— Não! Eu sou fraca e não irei conseguir resistir sem você ao meu lado. — o tom que ela usou me chocou um pouco. — Somos amigas desde a infância, não quero deixar você partir.

Minha reação foi, imediatamente, levantar da cadeira onde eu estava sentada a para ao lado de minha amiga e abraçá-la firmemente. Ela passou certo tempo chorando, enquanto nós duas atraiamos olhares curiosos de todos ali presentes. Até que Leslie se acalmou e eu me afastei lentamente, observei-a enxugar as lágrimas, até que a menina me olhou e questionou:

— Quando você vai?

— Daqui a duas semanas. — ao ouvir minha resposta a garota fez uma expressão de espanto. — Não se preocupe, iremos aproveitar bastante.

— Certo. — ela se esforçou em mostrar-me um pequeno sorriso. — Quer dormir lá em casa essa noite?

— Eu adoraria. — apenas respondi.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Eu deixei que esse capítulo apenas explicasse a situação em que ficaria a Miley. É no próximo que toda a reviravolta começa, realmente.
Não esqueçam dos reviews.
Bejs