A Missão Final escrita por Gaia


Capítulo 42
Recomeço




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- Itachi… - Sasuke começou, não sabia lidar com aquele tipo de situação, nunca se arrependera de nada, sempre fora o mais inteligente, era ele quem enganava as pessoas, não o contrário.

– Não se preocupe, Sasuke. – Itachi disse, prevendo o que o outro iria dizer. – Apesar de tudo, eu sei que você faria o mesmo por mim. 

O mais velho sorriu e respirou fundo.

- Eu sempre achei que… Você…

- Me importava mais com a organização do que com meu irmão mais novo?

Sasuke acenou, roboticamente. Se sentia humilhado e completamente inútil, mas não se importava mais em parecer patético. Seu irmão já fizera isso por ele.
 
- Você é igualzinho a mim quando eu era pequeno, Sasuke. Eu também achava que o nosso pai não se importava conosco, que eles nos criava como máquinas para sermos úteis no futuro da organização.

“Por isso fazia de tudo para chamar atenção, me tornei o melhor e assim como você, me tornei frio e indiferente a mortes. Só para nosso pai se orgulhar de mim.

Só depois que ele morreu que eu percebi que tudo que ele fazia era pensando em nós. Então me desculpe por não demonstrar isso antes. Achei que você soubesse…”

Sasuke o fitava, inconformado com o que ouvia. Aquilo era verdade? Era possível? Parecia um sonho meio esquecido. Uma ilusão utópica.

Itachi sorriu novamente, entendia muito bem o sentimento do outro.

Sasuke permanecia inquieto. Ainda sem saber o que sentir e pensar, então bufou, era o que mais lhe convinha.

- Sabe, eu sabia que Madara iria me chantagear com meu ponto fraco, ele sabia que a Akatsuki cairia assim que eu saisse. Mas eu fiquei surpreso ao saber que você tomou a liderança…

Sasuke ergueu as sombrancelhas com a primeira frase. Então era verdade, o ponto fraco de Itachi era realmente seu irmão mais novo e não a organização, como Sasuke sempre pensara.

Aquilo o afetou. Ele queria pode agradecer o irmão, mas o orgulho de ambos os impediam.

- Me diga, o que te impediu de fugir? – Itachi perguntou de repente.

A face de Sakura ocupou a mente de Sasuke imediatamente e antes de responder qualquer coisa, Itachi disse, sorrindo:

– O que você está esperando? Achei que já sabia qual é a sua missão.

Sasuke sabia. Na verdade, sempre soube. Sempre fora tão óbvio.

Foi tudo um jogo, uma manipulação, Itachi brincou com ele desde o começo. Quando o chamou para aquela missão dizendo que era urgente. Quando esqueceu “acidentalmente” de colocar detalhes na ficha de Sakura.

Quando o fez se revoltar e fugir da organização. Quando falou o motivo falso. Quando fez com que Sasuke fosse até ele para planejarem o motim. Tudo. Um plano perfeitamente executado.

Nunca admirara tanto alguém como admirava seu irmão quando voltou o olhar para ele. Finalmente entendeu tudo. Ele sempre quis aquele fim, sempre quis Madara fora.

– Proteger Sakura. – Sasuke balbuciou, completamente abobado.

Sasuke não sabia como se sentir. Furioso, por ser tão prevísivel a ponto do irmão fazer seu plano em torno de suas escolhas, ou satisfeito, por saber que para tanto, Itachi teria que o conhecer muito bem.

Era frustante e brilhante ao mesmo tempo. E o Uchiha menor apenas conseguia pensar em como tudo aquilo fora possível. Durante todo o tempo de auto-esclarecimento, sua face ficou indiferente, como sempre, mas Itachi sabia o conflito que ocorria em sua mente.

O mais velho sorriu novamente. Percebeu quase imediatamente o olhar de entendimento do irmão e se orgulhou. Seu plano dera certo afinal.

– Vá cumprir a sua última missão, eu cuido de Madara. Eu sei onde é a sua nova organização e fiquei tempo suficiente para decorar onde fica cada passagem subterrânea. Vai ser fácil, mesmo com os poucos homens que não estão machucados.

Sasuke juntou as sombrancelhas. Ele sentou-se e colocou os pés na mesa, depois de dar um meio sorriso determinado.

- Última missão? Você não vai se livrar tão fácil assim de mim. – disse, como se ainda fosse o mesmo irmão mais novo rebelde que exigia aumento de recompensa nas missões.

Itachi sorriu. Esse era o tipo de resposta que esperava. Madara não teria chance. Ambos sabiam que um plano formado pelos irmãos Uchiha juntos seria infalível.

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Quando Sasuke saiu de seu quarto, Sakura finalmente acordou para a realidade e a noção de tempo e espaço fizeram sentido.

Havia passado duas noites inteiras sem dormir, apenas entretida na guerra na organização. De repente, seus olhos pesaram mil vezes mais. Não tinha percebido antes, ficara muito tempo se mexendo para se preocupar com o próprio sono ou alimentação.

Agora que parara para pensar, havia comido só alguns lanches que encontrara na cozinha da mansão e coisas que achava no carro de Sasuke, ou quando eventualmente paravam para abastecer.

Além de exausta, estava faminta e dolorida. Ficou pensando se Sasuke já estava acostumado a esse tipo de rotina, quando finalmente conseguiu adormecer.

Ficou um bom tempo sonhando e teve tempo bastante para descansar, apenas acordou quando ouviu:
 
- Sakura-chan! – Naruto berrou, ao escancarar a porta do quarto. Não ligava para a enfermeira que gritava advertências para ele atrás. – Você está bem, não está? Nossa, que bom!

Sakura fitou o loiro e não conseguiu conter um sorriso aliviado. Apesar de tudo, Naruto ainda era seu melhor amigo, e por mais segredos que guardava, ainda era a pessoa mais verdadeira que conhecia.

- Oi, Naruto. – ela disse sonolenta, sorrindo enquanto o outro se aproximava da cama. – Se você chegasse antes, Sasuke estaria aqui.

O sorriso do loiro sumiu.

- Eu sei, encontrei ele. – respondeu, ressentido.

– O que foi? – ela perguntou, notando o tom triste na voz do amigo.

Naruto a fitou e decidiu dizer a verdade, já não fazia mais diferença. Não ligava mais se tinha um contrato que o proibia de falar sobre o assunto, estava tão furioso com a organização que sentiu prazer em quebrar as regras.

– Eles me demitiram. Quer dizer, pensaram que me demitiram, porque eu vou fazer o que eles me pediram! Você vai ver, Sakura-chan! Vou completar a minha última missão e aquele idiota do Itachi vai ter que me fazer voltar! – Naruto disse, determinado e com seu sorriso de volta no rosto.

Seu otimismo fez com que a rosada sorrisse.

– Com certeza. Você vai conseguir. Mas, Naruto… Você quer mesmo voltar a trabalhar para aquele lugar? Quer dizer… Eles matam as pessoas. É horrível. – Sakura disse, fazendo caretas para enfatizar seu comentário.

– Eu nunca mataria ninguém! – ele respondeu, inconformado. - Eu ajudo em outras coisas e… Você sabe que eu preciso do dinheiro…

Ele desviou o olhar e corou.

– Não, não sei. Você não me contou. – Sakura respondeu, tentando conter o riso. Ela tinha que ouvir aquilo da boca do amigo.

– Ninguém mais me contrataria e é dinheiro fácil… - ele enrolou, mesmo sabendo exatamente o que ela queria saber.

Sakura apenas continuou o fitando, esperando a sua resposta. Naruto corava ainda mais e desviava o olhar, inquieto.

- Naruto, qual é! Você tem a cara de pau de fazer tantas coisas, mas não admitir que está namorando?! – Sakura exclamou, divertindo-se. – Ainda mais alguém tão legal quanto a Hinata.

Ela piscou o olho direito e sorriu.

– E se você precisa do dinheiro porque está levando isso a sério, eu te dou a maior força! – disse, por fim, ainda sorrindo. – Só não faça nenhuma besteira!

Naruto, completamente vermelho, sorriu e coçou a nuca, nervoso.

– Pode deixar! – ele disse, ainda sem graça. – Preciso ir, tenho muito a fazer!

- Boa sorte! – Sakura gritou quando o loiro saiu correndo. Imaginou que tipo de coisa impossível Itachi mandara ele fazer e sorriu ao pensar que a teimosia do loiro surpreenderia o Uchiha.

Assim que ele saiu, uma enfermeira entrou, ajeitou a cama e os tubos de Sakura e ofereceu-lhe comida.

- Me desculpe, Srta. Haruno, eu não tive tempo de avisá-la da visita, aquele senhor parecia muito… Ansioso em te ver. – ela disse, com uma voz doce, mas com pitadas de raiva.

Sakura sorriu ao imaginar a cena de Naruto infernizando o hospital.

– Tem outra mulher na recepção, devo deixá-la entrar? – a enfermeira perguntou, gentilmente.

A rosada acenou com a cabeça, sabendo exatamente quem estava por vir. Tinha acabado de comer e agora suas energias já estavam restauradas. Ela sabia que precisaria delas.

- Filha! – Tsunade berrou, ao entrar no quarto e vê-la deitada. – Você quer me matar do coração?!

Sakura forçou um sorriso e corou. Certamente devia explicações a mãe, não dava sinal de vida fazia um tempo.

- Oi, mãe.

Tsunade estreitou os olhos e se aproximou com passos largos.

- Você some por três dias, aparece toda machucada em um hospital e diz “oi, mãe?”? – ela disse, irritada.

- Me desculpe, eu devia ter te ligado. Mas não é nada, eu só tive um acidente…

- De carro! Eu sei, Naruto me contou.

Sakura ergueu as sombrancelhas e aliviou-se ao saber que o amigo já tinha inventado uma história para ela. Não teria capacidade de mentir mais.

– Mas você anda muito diferente esses dias, querida. – Tsunade disse, mudando o tom de voz. – Tem certeza de que está tudo bem?

A rosada acenou. Para a sua surpresa, era verdade. Estava tudo bem.

- Não se preocupe tanto comigo, mãe, eu já estou bem. E você, como está?

As duas ficaram alguns minutos conversando e Sakura teve a chance de contar-lhe sobre seu novo namorado famoso. Não gostava de mentir sobre o que Sasuke realmente era, mas estava feliz por poder contar a novidade para a mãe, que ficou entusiasmada com a notícia.

– Srta. Haruno? A senhorita tem mais visitas. – a enfermeira voltou a informar  de repente, agora levemente irritada. 

 – Provavelmente é Ino. – Tsunade disse, sorrindo. – Vou esperar na recepção, vocês vão querer colocar a conversa em dia, não é mesmo?

Ela piscou com o olho direito e saiu, fazendo Sakura corar. Seu olhar voltou-se para a porta e encontrou Ino de braços cruzados, emburrada.

– Olha aqui, Srta. Haruno. – ela começou, imitando o tom de voz da enfermeira. – Você tem muito a me explicar! Nem pense que eu esqueci aquele lance lá na sua casa, quando um cara estranho queria matar a gente e ai aquele gostosão ruivo apareceu, e depois o seu namorado deus grego me mandou vazar. Daí, você some e o Naruto me liga dizendo que você está no hospital! Pode começar a falar, mocinha!

Em outra situação, Sakura ficaria irritada pelo jeito expansivo e curioso da amiga, mas estava tão feliz por vê-la bem, que não ligou.

- Ok, senta aí, porquinha. – Sakura disse, indiferente.

Então, sabendo que não tinha mais nada a perder, contou toda a verdade. Desde do baile de máscaras, até a última visita de Naruto. Não ocultou-lhe nada, apenas os detalhes sobre a vida de Sasuke.

– Queria a verdade? É essa. – falou, ao terminar. Para a sua surpresa, não tinha chorado nenhuma vez com as lembranças, nem ao mencionar a morte de Kakashi.

Conforme falava, Ino reagia de diversas formas, mas não interrompeu em nenhum momento, só no fim, quando finalmente disse, perplexa;

- Caramba! Testuda, nessa você se superou!

Sakura riu e a olhou confusa.

- Você acredita? – perguntou, incrédula.

- É claro! Isso é demais! – Ino exclamou. – Quer dizer, você quase viveu um filme! Sakura, você tem noção de que você pode ser famosa?

A rosada franziu o cenho e a fitou por alguns minutos. Ela estava falando sério? Então Ino começou a tagarelar sobre como seria legal se ela fosse rica e famosa e todas as coisas que ela faria.

Enquanto a loira falava, Sakura gargalhava cada vez mais. Admirou a melhor amiga por ver o lado bom de uma história tão terrível e disse, entre as risadas:

- Sabe, falando parece bem melhor do que vivendo. E eu não acredito que de tudo isso que eu falei, o que mais te marcou é que eu poderia ficar famosa.

- Bom… - Ino corou, percebendo sua própria futilidade. – Alguém tinha que pensar nisso, não é mesmo? Além do mais, pensa em todas as coisas legais que você pode fazer agora? Quer dizer, você tem, literalmente, um bando de assassinos para te proteger!

- Certo, porque eu sempre faço coisas que me façam precisar de um bando de assassinos. – Sakura ironizou, rindo.

Então, em um momento de completa felicidade, ambas continuaram rindo e se divertindo as custas da história de Sakura, que cada vez soava mais engraçada.

Voltou-se a deitar e continuou a rir. Riu como não ria fazia tempo. Parecia que finalmente não tinha motivos para grandes preocupações. Mesmo sabendo que provavelmente Madara ainda continuava vivo, ela finalmente sentia-se satisfeita com o rumo das coisas.

Pensou em como estaria se não tivesse conhecido Sasuke naquele dia. Ainda pensaria nele como sendo um empresário mesquinho e fútil e nunca saberia da existência de organizações criadas para matar.

Talvez as coisas fossem mais fácil. Talvez ela tivesse conhecido algum outro homem no aniversário de Tsunade que não se sentisse intimidado com sua profissão e estariam juntos. Ela estaria no sofá com seu namorado, assistindo filmes de comédia romântica.

Naruto provavelmente estaria sendo demitido de outro emprego por excesso de atraso, ele nunca sabia entrar no ônibus certo. Ino não estaria apaixonada por um assassino que matou a mãe com oito anos e provavelmente ainda estaria perseguindo a nova namorada de Shikamaru.

Sakura sorriu. Seria tudo tão diferente. Era impressionante toda a mudança que aquela primeira troca de olhares tinha causado.

Apesar de tudo, de um modo estranho, ela preferia as coisas como estavam. Não conseguia se imaginar sem ter conhecido o dono dos olhos ônix. Não saberia como seria viver sem ter a chance de desvendá-los.

Era verdade que ter uma melhor amiga apaixonada por um psicopata e um namorado assassino não faziam parte de seus planos, mas ela não poderia estar mais feliz com suas escolhas.

A verdade era que estar numa cama de hospital, com inúmeras cicatrizes, valia a pena se aquilo significava estar ao lado de Uchiha Sasuke.


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Notas finais do capítulo

Oooi, omg, finalmente o fim. EUHAOIHAEUI

Ok, eu sei que vocês vão me matar com esse fim que não termina com a Sakura e o Sasuke, mas tem o epílogo, não se preocupem, vou falar o que acontece com cada um, principalmente eles (:

E daí eu me despeço, agradeço, etcetc, vou escrever um livro nas últimas notas, vocês vão ver, sou toda emotiva, haha ):

Espero que tenham gostado desse "último" capítulo, se não gostaram, podem me xingar, eu meio que mereço, nunca sei escrever últimos capítulos. Mas eu compenso no epílogo, juro. hahahaha

Beeijos amores