Antes da Aurora escrita por LoaEstivallet


Capítulo 7
Desespero


Notas iniciais do capítulo

Tô postando antes porque tah todo mundo desesperado, querendo algum tipo de explicação...
Então mais um cap pra vocês tentarem decifrar mais um pouco desse enigma.
E lembrem-se, não me matem se não como vou terminar a fic?
Rsrsrsrsrs...
Beijos



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JACOB

Eu compreendi o que ela queria me dizer no começo da frase. Ainda tentei me segurar e não ceder ao impulso de agarrá-la naquele momento, mas não deu. O sentimento suave e tranquilo, o amor verdadeiro que eu sentia ainda por Bella, atrelou-se a esse novo anseio que crescia e pulsava dentro de mim, tomando conta de minha mente e minha alma. Eu não entendi muito bem de onde veio todo aquele desespero, mas naquele momento eu queria, eu precisava tê-la em meus braços.

-... Eu to confusa, eu me sinto como um objeto metálico sendo puxado para um imã...

Eu não deixei ela terminar o que dizia.

Eu me sentia exatamente daquela forma. E deixei que o magnetismo me puxasse exatamente pra onde queria.

Em um átimo diminuí a distância entre nós e a abracei, colando meus lábios nos dela.

Senti como se aquele fosse o meu lugar no mundo. Aquele era o lugar certo para estar.

Não sei por quanto tempo nos beijamos, mas foi de repente que ela se afastou de mim e quebrou aquela conexão.

- Meu Deus! – Sussurrou levando as mãos à boca.

Eu sabia o que ela estava pensando. Como ela podia ter feito aquilo.

Minha vontade era falar pra ela jogar tudo pro alto e voltar pra mim, mas eu sabia como Bella era teimosa. Aquele não era o melhor momento. Ela precisava ruminar um pouco a idéia e perceber o que já estava claro. Que era comigo que ela queria ficar. Mas eu não queria que ela se sentisse mal de forma alguma.

- Bella, desculpe, eu não quis fazer nada que lhe desrespeitasse, mas...

- Eu sei Jake... A culpa foi minha... Eu... Preciso ir. – E foi me dando as costas.

- Espera! Bella a gente precisa conversar sobre isso, isso é muito sério, você não pode simplesmente fingir que não aconteceu.

- Eu sei Jake. – Falou se virando de frente pra mim – Mas eu preciso de um tempo, tá? Eu não posso largar tudo e fazer o que eu quero sem cuidado. Isso – Ela apontou de mim pra ela – Pode machucar muito a outras pessoas. Não é certo. Não desse jeito. Além de tudo há uma criança envolvida e eu tenho que pensar no que é melhor pra ela. Eu preciso pensar no que fazer e em como fazer...

- Você quer dizer que... – Incitei.

- Por enquanto eu não quero dizer nada... Eu não sei o que está acontecendo. Preciso ter certeza antes de tomar qualquer atitude. Por favor. Me dê um tempo, ok?! Eu prometo que não vou deixar as coisas no ar. O que eu resolver fazer, seja o que for, você vai saber.

- Tudo bem... – Falei resignado, mas esperançoso.

Bella pegou sua moto e foi em direção à minha casa. Eu fiquei ali, imóvel, tentando entender o que tinha acontecido.

Eu nunca deixei de amá-la. Mas existia algo diferente, algo crescente e novo dentro de mim. Algo que me puxava pra Bella com mais intensidade do que meu sentimento por ela.

Eu vi que era isso que ela sentia também e me senti feliz com isso. Mas como ela mesma dissera, existia uma criança envolvida. E isso agravava um pouco as coisas.

Eu tinha ficado sabendo da gravidez de Bella pouco depois de nosso último encontro, por Charlie, em uma de suas freqüentes visitas a meu pai. Aquilo pra mim era o fim definitivo, o ponto final de minha relação com ela. Apesar de ainda manter o sentimento, eu sabia que com um bebê a caminho, tudo se tornaria ainda mais sólido entre ela e o sanguessuga. É claro que aquela história me aterrorizou, mas meu pai me contou velhas lendas que citavam a mesma situação. Nada demais. Ela precisaria de cuidados, mas tinha muitas chances de sobreviver. Talvez não como humana, mas eu já não achava isso tão terrível. Preferia que ela continuasse a existir... Ainda que de uma forma tão macabra.

Agora pensando friamente, depois de sentir tudo que sentira na presença de Bella, seria capaz de aceitar, assumir e até mesmo amar aquele sanguessugazinho que ela estava gerando por amor a ela.

Eu precisava fazê-la saber disso.

Precisava fazê-la saber que eu estava disposto a aceitar qualquer coisa para ficarmos juntos.

Eu sabia que não seria fácil. Edward com certeza faria de tudo para impedir Bella de ir embora, ainda mais que ela carregava o filho dele no ventre. Ele jamais permitiria.

Mas eu lutaria, lutaria até o fim.

Enquanto assumia todas aquelas verdades, sentia o desespero crescer em meu peito.

O desespero por Bella.

 

 

 

 

EDWARD

- Droga... – Sibilei.

Olhei o visor do aparelho como se este me ofendesse.

Eu vinha ligando para Bella desde ontem, mas ela simplesmente não atendia. O desespero crescia desenfreado em meu peito.

Não ousei ir até lá depois de tudo. Conhecendo Bella como conhecia, ela me mandaria embora, e eu iria, pois sempre acatava suas vontades.

Me sentia um completo idiota.

Como eu tinha vindo parar nesse lugar? Meu amor por Bella era a coisa mais importante do meu mundo, ela era meu mundo, mas eu não precisava rastejar assim... Onde estava o meu amor próprio, o meu orgulho?

Em algum lugar que eu não tinha mais acesso.

Como uma garota humana conseguia fazer um vampiro, um ser frio e cruel, calculista e orgulhoso, egoísta, agir como um adolescente, apaixonado pela primeira vez?

Tentei não insistir, resignar-me e esperar que ela ligasse quando se sentisse preparada, mas algo crescia dentro de mim, uma angústia diferente de todas as outras que já havia sentido, me fazendo digitar desesperadamente seu número, sem parar.

A cada toque minha respiração pausava, pressentindo o momento em que ela atenderia.

Não aconteceu.

Num momento de fúria esmaguei o pequeno aparelho prateado em minhas mãos, transformando-o em pó.

Caminhei até a janela do meu quarto, colocando as mãos espalmadas no vidro.

Minha respiração era rápida, ofegante.

Eu olhava através do vidro, mas nada via lá fora.

Senti uma onda pesada de letargia. Quase fechei os olhos e a abriguei. Mas a agonia era poderosa dentro de mim. Fez com que o bem estar que me alcançava recuasse.

- Obrigado Jazz, mas parece que não vai funcionar. – Respondi sem me virar.

Gostaria muito de te ajudar irmão, mas parece que essa aflição não tem cura... Ou melhor, tem, mas ela não está acessível no momento, não é?

Suspirei e deixei meus braços caírem ao lado do meu corpo.

- Eu não sei mais o que fazer... – Falei com a voz estrangulada.

O que está acontecendo, Edward? Nem Alice, nem você nos dão uma explicação... Nós percebemos que há algo muito errado...

Me virei para Jasper e encarei-o parado em minha porta. Seu olhar trazia, no fundo de seu brilho, o reflexo da minha agonia.

- Jazz, Bella vai me deixar... – Falei as palavras com tranqüilidade, como se dissesse as horas, mas elas me queimaram, mais que fogo, por dentro.

Jasper não esboçou reação, apenas seu olhar mudou de expressão. Espelhava o meu medo.

- Não vejo como isso pode ser possível... Vocês se amam. Mais do que qualquer outro casal que eu tenha visto. Eu sei do que estou falando. Eu sinto.

- O que você sente, Jazz? O que Bella sente? – Perguntei num tom que me soou suplicante.

O amor que emana dela para você tem o mesmo teor que o seu por ela. É exatamente igual, a mesma potencia, a mesma essência.

- Mas... – Comecei confuso.

Jasper absorveu essa confusão.

- Isso não é instável, Edward! É constante. Às vezes fica mascarado para vocês, pelos outros sentimentos que estão consumindo-os no momento, mas para mim, que sinto além... Eu sei irmão... Ele está sempre lá. Como agora. Apesar de toda a dor que sinto emanar de você, o amor por ela me atinge muito mais fortemente. – Falou sério.

Jasper estava completamente seguro do que dizia, e ouvindo sua mente com eu ouvia agora, era fácil compreender seu ponto de vista. Mas isso não me trazia nenhum alivio.

- Ela é apenas humana, Jazz. Ela pode sucumbir facilmente a desejos mais superficiais, ou mesmo se enganar com relação aos seus próprios sentimentos.

- É disso que você tem medo? De que ela ceda a sentimentos superficiais? Não acho que Bella faria isso... Nunca senti dúvida emanar dela para você, pelo contrário. A certeza que ela sente chega a ser tangível.

- Eu gostaria de ter essa certeza... Mas tudo que sinto agora é...

- Medo. – Ele me interrompeu, completando meu raciocínio – Nada mudou, Ed. Se tivesse mudado eu teria sentido.

- Mas você não tem visto Bella há duas semanas, Jasper... E este é o exato tempo de sua mudança... Ela está diferente.

- Sim, você tem razão... Faz tempo que não nos encontramos. Talvez a proximidade do casamento... Da transformação... Ou mesmo a gravidez. Vários fatores que afetariam facilmente as emoções humanas, alterando-as significativamente, sobrepondo-se a outros sentimentos.

- Eu já considerei estas possibilidades, mas... Eu sinto algo diferente no ar, algo de errado.

Suspirei e Jasper suspirou também.

- Obrigado irmão. – Falei desanimado.

- Sem problema... Apesar de não ter ajudado muito. – Ele replicou, ciente da confusão de sentimentos que acontecia dentro de mim.

- Edward – Esme chamou da porta de meu quarto, me estendendo o telefone – Bella.

Senti uma pontada de alivio e percebi por minha visão periférica que Jasper sorriu.

- Vem mãe, vamos deixá-los conversar. – Falou, levando minha mãe, que sorria junto com ele, pelo braço.

Colei o aparelho na orelha com ansiedade.

- Bella – Ofeguei.

- Oi – Ela respondeu com um tom estranho, não identifiquei – Tudo bem?

- Melhor agora que ouço sua voz...

- Edward, precisamos conversar sobre ontem... Eu...

- Não vamos falar por telefone, Bella – A interrompi – Me deixe chegar ai e falamos com calma. – Falei já me preparando para ir até lá.

- Não Edward... – Falou receosa – Melhor... Melhor amanhã. Eu não to legal. Preciso dormir um pouco.

- O que você está sentindo? Está passando mal? É o bebê?

- Não... Não digo fisicamente. É só que, eu quero organizar tudo em minha cabeça antes de nos vermos.

- Mas você ia falar agora pelo telefone... – Insisti.

- Eu só ia dizer que queria te ver amanhã. Me deixe pensar esta noite, e amanhã de manhã nós conversamos.

- Tudo bem. – Respondi seco.

- Boa noite.

- Bella – Chamei inseguro.

- Sim?

- Eu amo você...

Ela ficou muda por alguns segundos.

- Eu sei. – Respondeu finalmente – Até amanhã.

Desligou.

Eu fiquei olhando para o aparelho como se ele pudesse me explicar o que tinha acabado de acontecer.

Bella nunca tinha me respondido daquela forma. Nunca.

Uma eletricidade desagradável me correu a espinha.

Voei pela janela e corri pela floresta até a casa dela, parando entre as árvores, onde não podia ser visto, esperando pelo momento em que todos dormissem, inclusive ela, para velar seu sono.

Precisava daquilo desesperadamente. Precisava ver seu rosto, sentir seu cheiro, para ter certeza de que ela ainda estava ali, porque eu sentia como se ela tivesse ido embora, como se tivesse me deixado.

Esperei pouco tempo até que todas as vozes se calassem, e todas as mentes vagassem incoerentes em seus sonhos. Esperei até ouvir a respiração profunda e constante de Bella denunciar seu sono.

Entrei pela sua janela e sentei na cadeira de balanço.

Ela estava com as feições cansadas, esgotadas. Olheiras profundas adornavam seus olhos, sua pele estava mais pálida que o normal.

E mesmo assim ela continuava linda... E eu sentia o amor por ela pulsar em meu coração morto como se nada tivesse mudado.

De repente o ar me faltou. Minha garganta travou como se eu sufocasse. Levei as mãos à garganta e arqueei o corpo para frente.

A dor era insuportável.

Eu sabia o que estava acontecendo.

Em meu íntimo eu sabia que Bella estava me deixando, que isso iria acontecer, e que faltava muito pouco tempo.

Muito pouco tempo para eu tentar reverter a situação. Muito pouco tempo para eu lutar contra isso. Muito pouco tempo para eu aproveitar um pouco mais o que, eu sabia, já tinha perdido. Seu amor.

Em que momento aquilo acontecera? Como eu não percebi o que causara isso?

Puxei uma lufada de ar.

Então o cheiro me atingiu.

Farejei o ar em busca de sua origem.

Foquei o casaco de Bella jogado ao chão. Peguei com as mãos trêmulas, almejando que meu olfato estivesse com algum problema, que eu não estivesse correto em minha suposição.

Cheirei a gola.

Argh!

A amônia era forte, misturada à fragrância suave de Bella.

Estremeci, deixando o casaco escorregar por minhas mãos.

Jacob.

Caminhei o mais lentamente que pude até Bella. Farejei o ar ao seu redor.

Queimou minhas narinas. O cheiro era ainda mais forte nela.

Ela havia estado com ele. E pela concentração de seu odor nas roupas de Bella, o contato havia sido físico.

Me afastei bruscamente, como se tivesse levado um choque, ou sido empurrado.

Saltei a janela e corri a toda velocidade.

Sem destino.

Mais uma vez, perdido.

 


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Notas finais do capítulo

Proximo cap no sabado ou domingo!



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