Antes da Aurora escrita por LoaEstivallet


Capítulo 19
Talvez uma nova chance


Notas iniciais do capítulo

Por favor, mantenham as mentes abertas!!!!



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EDWARD

Chegamos à mansão rapidamente e, vendo que toda a família estava na varanda, eu supus que Alice os teria avisado da visita inesperada.

Apresentei Zaniala a todos, que pareceram tão encantados quanto eu. Carlisle principalmente, depois que ela contou a sua história.

Eu, particularmente, estava mais que fascinado por ela. Me encontrei preso em seus olhos e sorriso durante todo o tempo em que ela narrou sua trajetória até aqui.

Ela se lembrava de cada pequeno detalhe de sua infância e juventude, um feito magnífico para um ser de nossa espécie, que perde rapidamente a memória humana ao longo dos anos. E ela era muito mais velha do que eu, apesar da aparência contrária. Me perguntei se seria esse o seu dom, manter aquelas memórias tão bem preservadas. Carlisle cogitou a mesma possibilidade em seus pensamentos.

Apesar dela não ter mencionado quais, ela citou ter descoberto tardiamente que algumas de suas habilidades eram incomuns aos de nossa espécie. Carlisle, mais que todos os outros, ficou intrigado com suas possíveis capacidades extraordinárias, mas discreto como é, resignou-se a questioná-la sobre isso em uma outra oportunidade.

Eu ainda não alcançara sua mente, assim como acontecia com Bella. Não que eu estivesse tentando arduamente, mas as pequenas tentativas que fiz para descobrir um pouco sobre seu intelecto e sua personalidade foram frustradas.

Me concentrei nos outros para ter certeza de que ainda conseguia.

Alice, assim como os outros, estava muito concentrada em Zaniala. Buscava visões relacionadas a ela, mas tudo que via, era uma cena perturbadora.

Eu entrava na floresta com ela, enquanto minha família nos observava da varanda. Parecia uma despedida.

Fiquei intrigado, mas conversaria com Alice sobre isso depois.

Jasper lia seus sentimentos.

Ela estava confortável e alegre. Curiosa também. E existia um forte encantamento em suas emoções. Imaginei que ela estaria assim, arrebatada, com meus irmãos e pais, com a família em um todo.

Esme, com sua aguçada percepção, me alertou para o que eu vinha tentando não pensar desde o momento em que me deparei com aquela belíssima espanhola.

A maneira como ele está olhando para ela... Quase embevecido. O mesmo olhar que destinava a Bella quando estavam juntos... Será que... Pensou minha mãe, alheia à minha percepção de sua mente.

Naquele momento eu me enxerguei por seus olhos, e vi do que ela falava.

Durante o tempo desde a partida de Bella, poucas vezes me dei o trabalho de observar como eu aparentava para meus familiares. Era duro perceber o quanto eu os estava ferindo com minha angústia, então eu simplesmente evitava admitir que eles enxergavam minha dor. Mas eu tinha vislumbres de minhas expressões, e por mais que eu disfarçasse bem, era nítida a obscuridade em meu olhar.

Agora eu via a coisa mais surpreendente.

Sim. Meu olhar estava iluminado.

Não era o brilho em resposta ao sorriso de minha... De Bella. Não era o brilho que cintilava quando olhava fundo em seus olhos ou tocava sua pele. Mas estava lá, era real, e, de alguma maneira, eu soube que isso era o meu passaporte para fora daquela agonia que eu vinha vivendo no último mês.

Aquela certeza atingiu gravemente meu peito. Mas como? Eu mal conhecia aquela criatura. Sim, era impossível não ser cativado de imediato por um ser tão doce e delicado, mas, eu insensatamente ainda amava a Bella com intensidade, por mais que me desviasse desta verdade o tempo inteiro.

Então, se meus sentimentos por ela ainda persistiam, como explicar tamanha emoção ao perceber o olhar de Zaniala de encontro ao meu, ou aos seus sorrisos em resposta aos meus sorrisos? Como explicar aquele sentimento que me era tão conhecido se instalando em mim mais uma vez, de uma nova maneira, tomando espaço em meu peito e me fazendo sentir quase vivo novamente?

Isso é possível, meu irmão... Você pode reconstruir sua existência ao lado de outra pessoa. Não se sinta culpado diante da possibilidade de um recomeço.

O pensamento de Jasper invadiu minha mente em reposta aos sentimentos confusos e contraditórios daquele instante. Com sua magnífica sensibilidade, ela havia captado toda a minha indagação interior.

Olhei-o levemente constrangido, emanando minha gratidão ao seu apoio mudo.

Sempre apoiarei suas decisões, independente de concordar ou não com elas. É para isso que servem os irmãos. Ele pensou em resposta.

Sorri disfarçadamente.

Aceitei, então, que talvez fosse hora de deixar minhas angústias e frustrações para trás, e tentar um novo rumo.

 

 

O dia passou surpreendentemente rápido. A voz suave de Zaniala preenchia meus ouvidos me fazendo surdo aos outros sons do ambiente. Parecia realmente que eu havia sido enfeitiçado.

Não me dei ao trabalho de ouvir o que meus irmãos pensavam de minha atitude incomum, sorrindo e sendo agradável novamente. Mas percebi em seus olhares que eles estavam satisfeitos por me verem bem mais uma vez.

Quando já escurecia eu convidei Zaniala para uma caminhada.

- Você é muito misterioso, sr Edward... – Falou com o tom zombeteiro, mirando a lua que estava cheia no céu, quando já alcançávamos a floresta.

- Não há nada de muito interessante sobre mim. – Respondi sincero – Apenas histórias tristes e vergonhosas, comuns a um vampiro como eu.

Ela parou e me encarou.

- Um vampiro como você? – Indagou exigente.

Expirei pesadamente. Era óbvio que ela gostaria de saber de minha história, da história de todos nós, já que compartilhara a sua, conosco.

- Bom, é uma longa história, assim como a sua... – Disse sem lhe olhar nos olhos.

- Eu não tenho pressa. Pra falar a verdade, acredito que só irei embora quando estiver completamente ciente dos conhecimentos de seu... Pai. Carlisle é realmente um homem encantador. Mas estou muito curiosa sobre você. Tânia não tocava no nome de outra pessoa deste clã... Desculpe-me, desta família, desde que cheguei lá, até pouco antes de partir.

- Sim... Tânia conhece uma grande parte de minha história... Ela foi importante em muitos aspectos de minha existência como ela é hoje. – Falei com seriedade.

- Se me permite dizer, sem que lhe ofenda, a maneira como ela fala de você... Bom, isso não é da minha conta. – Interrompeu-se constrangida.

Sorri.

- Qualquer pessoa pensaria a mesma coisa, não se sinta constrangida. De fato a maneira como nos relacionávamos era facilmente confundida com uma ligação afetiva, não que não existisse afeto entre nós dois, mas nunca houve mais que amizade.

- Não da sua parte, até onde ela deixou claro.

- Eu nunca antes tinha me interessado por alguém. Minha busca pelo mínimo de humanidade que me fosse permitida me tomava toda a mente. Não fui capaz de sentir algo mais profundo por ela e sinto muito por isso, porque sei que a magoei muito.

Houve um momento de silêncio.

- Eu estava lá quando seu casamento... Foi cancelado. Eu viria com eles... Kate e Tânia queriam muito que fossem elas a me apresentar a Carlisle. Eu... Sinto muito.

- Não sinta. – Falei retomando a caminhada, surpreso pela lembrança já não me ferir tanto – Mas se não se incomodar, prefiro não tocar nesse assunto.

- Claro, me perdoe a rudeza.

Por mais alguns instantes apenas caminhamos lado a lado, mais rápido que passos humanos, mas bastante lentos para nossa espécie.

- Posso perguntar mais uma coisa? Tudo bem se não quiser responder.

Acenei com a cabeça, ainda mirando a frente.

- É verdade que você terá um filho? – Questionou com um tom ligeiramente incrédulo.

- Sim, é verdade... – Respondi sorrindo por sua expressão surpresa – Isso foi tudo que me restou do meu ex-futuro casamento.

Ela mordeu o lábio num gesto muito familiar que me fez estremecer levemente por dentro com a lembrança que me trouxe.

Eu sabia o que ela queria. Mais respostas.

Será que meu encantamento por essa moça se dava pelo fato dela ser tão parecida com Bella? A curiosidade, os gestos, o olhar profundo, a mudez em sua mente...

Me recusei a aceitar esta possibilidade.

Parei em sua frente.

- Pergunte o que quiser. – Falei tranqüilo.

- Oh, não... Assim você faz eu me parecer uma bisbilhoteira crônica. E não tenho intenção de me intrometer em sua vida. Acabei de chegar... Não quero que pense tão mau de mim assim. – Disse sorrindo.

- Você é uma curiosa por natureza. Por isso corre o mundo em busca de conhecimento, percebi isso quando ouvi sua história. Isso não é ruim.

Novamente ela mordeu o lábio, chamando minha atenção para esta parte.

O que você está fazendo, Edward? Repreendi-me em pensamento.

Forcei meus olhos a voltarem ao seu rosto.

Zaniala me olhava questionadora.

- Tânia me falou que ela é humana...

- Sim. – Respondi categórico.

- Eu não sabia que isso era possível. – Falou espantada.

- Nem eu... Nem mesmo Carlisle, que é tão experiente e culto. Foi uma surpresa para todos nós. Uma maravilhosa surpresa... Uma perigosa surpresa. – Minha voz foi morrendo enquanto eu me lembrava das palavras de meu pai quando ele retornou do exame.

“Bella terá o bebê dentro de poucos dias... Seu estado é crítico, ela está muito fraca, mal consegue se levantar... ... ...Temo que o feto tente sair a sua própria maneira, o que fatalmente matará Bella.”

- Edward? Tudo bem? – Zaniala perguntou me olhando alarmada.

- Sim, está tudo bem. – Menti – Me perdoe, mas precisamos voltar. Preciso conversar com meu pai algo muito importante.

- Claro, sem problemas.

 

 

Foi apenas o tempo de eu por os dois pés no escritório de Carlisle.

O celular dele vibrou em cima de sua mesa.

- Sim Jacob – Falou ele tenso – Estou indo agora.

Ele já ia saltar a janela, quando eu o chamei.

- O que houve com Bella? – Perguntei atemorizado.

- Prepare tudo – Falou enquanto pensava na preparação a que se referia – Chegou a hora.

 

 

 

 


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