Antes da Aurora escrita por LoaEstivallet


Capítulo 16
A chegada de Zaniala


Notas iniciais do capítulo

Novas emoções... MANTENHAM A MENTE ABERTA!!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/83627/chapter/16

ALICE

As árvores tremularam fortemente em resposta à ventania violenta que se instalara há dois dias.

A saudade de Bella era grande.

Havia um mês e dezesseis dias desde a sua partida. Nós tínhamos noticias dela e de sua gravidez uma vez por semana, quando Carlisle, que era a única pessoa de nossa família a ter acesso a ela, ia examiná-la na sua “casa”.

Por tudo que nós sabíamos, ela estava bastante fraca. Carlisle estava muito preocupado com ela.

Eu não conseguia mais vê-la. Buscava seu futuro, até mesmo algo próximo, mas por algum motivo desconhecido, Bella estava fora do meu alcance.

Meu irmão estava relativamente bem.

Edward não era mais o mesmo, mas se mantinha de pé. Seus olhos não tinham brilho, ele não tocava mais o piano ou ouvia música, e seu semblante me parecia sempre vazio, mas ele não se isolara como da primeira vez que ficou afastado de Bella, ou como nas primeiras semanas depois do rompimento. Ia sempre caçar com um de nós, nunca sozinho, e estava sempre presente em nossas conversas, não deixou de interagir conosco.

Apenas quando nosso pai chegava das consultas, ele me parecia consternado ao extremo. Se concentrava em Carlisle enquanto ele nos inteirava das novidades e depois sumia por horas.

Nós respeitávamos esses acessos de tristeza e isolamento semanais. Era muito compreensivo que ele agisse assim, e isso não era rotina diária. Ele estava se esforçando muito para ficar bem. E no final das contas, havia pouco tempo que Bella o tinha deixado.

Naquele dia tudo foi diferente.

Eu observava o efeito dos ventos nas folhas, distraída pensando em Bella, quando uma visão preencheu minha mente.

Uma mulher de cabelos negros e olhos dourados estava parada em frente a Edward, o semblante cordial, um sorriso plácido no rosto.

— Me chamo Zaniala. – Disse com a voz de sinos.

— Meu nome é Edward. – Respondeu com um sorriso brotando na face levemente iluminada.

Pisquei com força ao sair do transe, me recordando claramente do rosto daquela figura.

A mesma mulher que eu via entrando na floresta com Edward, na visão que eu tinha antes de Bella o deixar.

Estava sólida como rocha. Faltava pouco tempo para acontecer. Horas.

Me lembrei que hoje era o dia de meu irmão sumir após a chegada de Carlisle. Por isso a visão era na floresta.

Virei minha cabeça para olhar para dentro da casa.

Ele estava de pé, encostado em uma das janelas de vidro, observando o lindo jardim de nossa mãe, mas seus olhos eram opacos e sem vida.

Alheio como estava, não deveria ter me “ouvido”.

Estava ao seu lado em meio segundo, as mãos pressionadas ao seu pulso.

— Ed... Preciso lhe mostrar uma coisa.

Ele olhou pra mim com o mesmo olhar vazio, não dizendo uma palavra sequer.

Eu recordei a visão.

Edward abriu a boca em surpresa, notando, assim como eu havia notado, que aquela mulher mudara seu semblante apenas com um sorriso.

— Q-quem é essa mulher? – Me perguntou levemente alarmado.

— Eu não sei... Mas sinto que não é perigosa. Os olhos.

— Quando? – Sua voz continha uma urgência nova.

— Hoje.

Edward se virou novamente para a janela, mas seu olhar não estava mais vazio, tinha um certo brilho.

Me senti um pouco menos apreensiva.

Talvez a moça trouxesse alguma mudança, algo de bom para ele.

Eu não via mais do que já havia visto, mas tinha a nítida sensação de que, de alguma maneira, Edward teria uma nova chance depois da chegada daquela mulher.

Fiquei ao seu lado, aguardando a chegada dos novos ventos.

EDWARD

Eu estava tentando. Me esforçando muito para não preocupar minha família. Então eu fingia que estava bem. Caçava, conversava, ficava com meus irmãos sempre que estavam reunidos e interagia com eles.

Mas o buraco em meu peito me fazia lembrar a cada segundo do pedaço que me faltava.

Bella.

Eu evitava pensar nela. Meus irmãos, solidários à minha dor, faziam o mesmo. Não que fizesse muita diferença. Minha mente ainda estava alheia ao mundo do lado de fora dela, então não era sempre que eu ouvia a mente deles.

Apenas nos dias de consulta, quando meu pai ia vê-la, eu me permitia mergulhar profundamente na agonia que era recordar seu rosto.

Pela memória recente de Carlisle eu podia constatar que Bella estava cada dia, mais fraca e abatida. Todo o seu corpo fragilizado, enquanto sua barriga crescia aceleradamente, parecendo sugar toda sua vitalidade.

Mas seu olhar era feliz. E isso me queimava por dentro, porque eu sabia que a origem daquele brilho de felicidade não era eu.

Então eu surtava e fugia, como um humano adolescente apaixonado, desiludido, descontrolado e infantil, incapaz de manter o mínimo de dignidade.

E a cólera me consumia. Ódio de mim mesmo, do mínimo de amor próprio que eu conservava. Como eu podia amar a ela mais que a mim mesmo? Como eu pude permitir que uma criatura tão frágil me escravizasse daquela maneira? Porque eu não era capaz de me desgarrar desse amor destruidor e infrutífero?

Aquele era apenas mais um dia do meu inferno pessoal.

E era um dos piores.

Carlisle chegaria a qualquer momento, cheio de imagens dela. Imagens que me perfurariam o peito em milhares de lugares diferentes.

Pensei em fugir antes mesmo de meu pai chegar. Mas não consegui me mover um centímetro para longe da casa antes que aquelas imagens, que me inflamariam, alcançassem minha mente.

Eu estava parado observando o jardim de Esme. A nova roseira branca teria sido um presente de casamento para Bella... Mas ela não teve tempo de vê-la brotar.

Senti mãos pequenas ao redor do meu pulso. Reconheci o cheiro de Alice.

— Ed... Preciso lhe mostrar uma coisa. – Falou com a voz branda.

Olhei para ela esperando que me mostrasse, atento à sua mente.

Uma mulher familiarmente linda se apresentava a mim, e eu correspondia ao gesto.

Havia algo nela, um brilho diferente... Algo fascinante e estranhamente conhecido, ainda que eu não fizesse idéia de quem ela era. E eu sorria.

Há semanas meu rosto estava congelado na mesma expressão dura, que eu mantinha a base de muita concentração. Então como uma total estranha teria me feito sorrir?

Senti meu queixo cair em surpresa.

— Q-quem é essa mulher? – Perguntei admirado.

— Eu não sei... Mas sinto que não é perigosa. Os olhos.

— Quando? – Minha voz soou urgente.

— Hoje.

Me virei para a janela novamente, imaginando.

Eu seria capaz de me envolver com outra mulher?

Esse pensamento nunca me passou pela cabeça, o que significava que algo havia mudado dentro de mim.

E agora eu me sentia estranhamente ansioso por conhecer de fato aquela moça.

Fitei o lado de fora sem realmente enxergar.

Estava ainda preso àquele olhar dourado.

Quando Carlisle chegou, toda a ansiedade que me tomava pelo futuro iminente desvaneceu. Minha mente só tinha espaço para as memórias de meu pai.

— Bella terá o bebê dentro de poucos dias... – Falou a mim e a Alice com o semblante preocupado – Seu estado é crítico, ela está muito fraca, mal consegue se levantar.

E eu vi do que ele falava.

Jacob a apoiava para que meu pai a examinasse. Seus olhos adornados com profundas manchas escuras ao redor, ainda mais magra do que antes. Pálida, frágil.

— Quantos dias? – Perguntei impaciente.

— Talvez dois. – Respondeu – Mas eu tentarei trazê-la para cá esta noite. Acredito que uma cesárea a essa altura seja apropriada. Temo que o feto tente sair a sua própria maneira, o que fatalmente matará Bella.

Alice ofegou.

Automaticamente, quando minha atenção voltou-se para ela, minha visão foi toldada do presente e correu para um futuro próximo.

Bella estava deitada em minha cama, o corpo se contorcendo em agonia, gritos estridentes ecoando por toda a casa.

Ela estava se transformando.

— Como? – Ofeguei.

— Eu não entendo... – Alice falou para si mesma, ainda presa à visão.

— O que você viu Alice? – Carlisle perguntou alarmado.

— Bella se transformando. – Respondi atônito.

— Carlisle, eu não consigo ver o bebê... Será que ele... A transformará? – Alice questionou confusa.

— Existe uma possibilidade. Ele é filho de Edward também. Sua porção vampira pode ser dominante, ou até mesmo absoluta. – meu pai respondeu pensativo, já considerando as probabilidades.

— Então ela se tornará uma de nós? – Perguntei surpreso.

Nesse momento, Esme, Rosalie e Emmet surgiram ao nosso lado, confusos, surpresos e curiosos com o assunto.

Sai sorrateiramente, deixando-os especular.

Enquanto me embrenhava na floresta, minha mente trabalhava a mil.

Se Bella fosse uma de nós, ela deixaria o lobo de lado? Afinal eles passariam a ser inimigos naturais... Eu teria outra chance?

Não. Eu não podia me permitir ter esperança.

Ainda que ela fosse transformada, isso não significava que voltaria a sentir amor por mim.

Mas ela seria de minha espécie, e isso, absolutamente mudaria tudo.

Parei em algum lugar perto do rio, encostando a testa em uma das arvores, respirando ofegante.

Porque eu continuava amando Bella? Será que esse tormento nunca teria fim? Apenas pelo fato de ser eu um ser imutável, aquele amor gravado a brasa em meu peito, me consumiria por toda a eternidade?

Um grunhido animalesco escapou por meus lábios.

Cerrei os punhos tentando conter toda a raiva que fervilhava dentro de mim.

Então um perfume estarrecedor me atingiu.

Não era um cheiro humano. Era um odor familiar. Um vampiro. Mas era um cheiro extremamente atraente.

Olhei ao redor.

Ela estava num galho alto, me observando com o olhar curioso.

Duas longas tranças negras pendiam do rabo de cavalo alto até sua cintura. A pele pálida e marmórea denunciava a natureza equivalente. Os olhos dourados brilhavam intensos e questionadores.

Era a estranha da visão de Alice.

Mais uma vez me senti tragado por aquele olhar. Não consegui desviar os olhos daquele rosto, mesmo enquanto ela pulava e aterrissava em minha frente.

Ela era linda. Não apenas pela beleza que era marca de nossa espécie, mas suas feições delicadas eram encantadoras, cada pequeno traço perfeito e esculpido como uma obra de arte. Me senti desconcertado.

Por puro instinto, farejei o ar em busca de outro vampiro. Mas ela estava sozinha. Não estranhei o fato de não ouvir sua voz mental, já que meu dom estava “com defeito”, e isso não me preocupou. De alguma forma eu vi naqueles olhos que ela vinha em paz.

— Me chamo Zaniala. – Disse, um sorriso sereno estampado nos lábios levemente cheios.

— Meu nome é Edward. – Respondi, não contendo o sorriso. – O que faz por essas terras?

— Caçando! – Respondeu com o tom debochado

— Seus olhos... – Falei estreitando os meus.

— Sim. Eu sou “vegetariana” como você.

— Mas... – Comecei confuso.

— Eu sei... – Ela falou com a palma da mão levantada entre nós – É difícil acreditar que uma nômade possa ser um pouco menos selvagem.

— Quem é você?

— Eu já te dei essa resposta – falou divertida – Me chamo Zaniala.

Não pude reprimir o riso. Ela era fascinante.

— Desculpe a rudeza, mas estou surpreso que uma nômade seja capaz de refrear seu instinto de tal forma. – Expliquei – Essa filosofia é assumida apenas por alguns clãs de nossa espécie, os quais eu conheço... Não me recordo de seu rosto ou do seu cheiro.

— É uma longa história... Mas eu vim para conhecer o Clã Cullen e seu líder, Carlisle.

— Bom, eu posso te ajudar com isso.

— Sim, eu sei. Você faz parte do Clã. Edward Cullen. Já ouvi falar muito de você... Só não poderia imaginar que tudo era verdade... – Falou me analisando.

Inexplicavelmente, eu ainda não conseguia penetrar em seus pensamentos, por mais que me concentrasse. Ela tinha na mente, o mesmo silêncio que Bella. Aquilo me deixou mais intrigado e arrebatado.

— E então, vai me levar até seu líder ou não? – Ela disse me arrancando do estupor em que me encontrava.

— Meu pai – Corrigi, e ela enrugou a testa em reação – Venha. Por aqui.

Corri de volta para casa com ela em meu rastro.

Naquele momento eu me sentia estranhamente confortável. Uma sensação perturbadora sendo acolhida em meu peito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que não tenham ficado muito chocadas com o cap... Mas eu volto a enfatizar que eu sou 100% BEWARD!!!! Mas como eu já disse um milhão de vezes... Sem drama, sem trama!O final feliz só pode acontecer no final!!!!Obrigada às meninas muuuuuito especiais que sempre me apoiam (vcs sabem que estou falando com vcs...) nos seus reviews e recomendações... Obrigada a todas as leitoras que ainda me acompanham!!!! BeijosMaloa



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Antes da Aurora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.