Saindo do aeroporto


 José me beijou antes de sair para embarcar. Por um tempo eu senti que não queria sair daquela salinha enquanto não ele não voltasse, mas percebi o quão idiota eu estava sendo quando um segurança me chamou pedindo que me retirasse. Antes de sair, avistei uma moça de óculos escuros saindo também, mas por sua vez, ela iria embarcar junto com José. Precisava do óculos escuros para, pelo menos, sair do aeroporto.


 — Ei, senhora! — ela se virou pra mim — A senhora poderia me emprestar os óculos para sair daqui? Estava com o José Medeiros e preciso ir para casa agora — ela pareceu me conhecer e me entregou os óculos
 — Não precisa devolver, ok? Boa sorte! — a moça, que eu havia chamado de senhora, saiu arrastando sua mala. Sorri.


 Não era um óculos qualquer. Sua marca era de boa qualidade e isso fazia eu me perguntar o quanto de dinheiro aquela moça tinha para me dar os óculos? Nesse instante isso não interessava. Coloquei os óculos e me olhei no vidro, que não era um espelho mas servia. Não sei se me reconheceriam pelas mechas, mas espero que não.


 — A senhorita precisa sair agora — o segurança me avisou de novo


 Dei uma última olhada para ver se me reconheceria. Eu espero que não me reconheçam mesmo!
 Sai acompanhada pelo segurança, ainda vi José de longe, saindo pelo portão. Ele pareceu perceber o olhar e se virou, sorriu. Retribui o seu sorriso e esperei ele sumir de vista para seguir. O segurança já tinha sumido de trás de mim, ou seja, ninguém me protegeria caso me atacassem.
 Respirei fundo e comecei a andar em direção a saída. Havia muitos jornalistas pedindo informação pelas pessoas. Um deles me viu e veio até mim. Fingi não ter o visto vindo, continuando a andar. Mas meu coração queria sair de tanto medo.


 — Ei minha jovem! — virei e era comigo mesmo, eu já sabia
 — Eu?
 — É. Você viu José Medeiros com uma jovem? Aliás, ela era bem parecida com você — fiquei com medo desse jornalista
 — Que coincidência, mas não sou eu não. E também não vi o José Medeiros, afinal, ele não já tinha ido ontem?
 — Não, ele não apareceu ao aeroporto — não, magina. Eu só o encontrei e fiquei a tarde toda na casa dele! — Mas apareceu hoje por aqui com uma moça, que particularmente, é muito parecida com você!
 — Eu com José Medeiros? Um grande sonho! — ele sorriu, mas a verdade é que eu ESTAVA com ele à alguns minutos — Preciso ir, senhor. Espero que ache a tal menina. Bom trabalho e bom dia!
 — Bom dia! — ele se virou e eu segui em frente


 Assim que ele chegou aos jornalistas, percebi que todos ficaram muito decepcionados e, provavelmente, foi porque eu disse não ser eu mesma. Ok, isso é confuso. Só o José para me enfiar em uma confusão dessas, meu Deus!
 Cheguei lá fora sã e salva, mas o motorista do José estava com o telefone e quando me viu sorriu.


 — Ela já está aqui, José. E está inteira! — ele colocou rápidamente no viva-voz quando viu minha cara de curiosa
 — Que bom! Leve-a para casa e me deixe falar com ela...
  — Ela está ouvindo, José. E não gostou da ideia de a levar — o motorista deu uma risada e me entregou o telefone, tirando do viva-voz
 — Fala José!
 — Babi, preciso falar rápido. Olha, o meu motorista vai ficar à sua disposição enquanto eu estiver fora. Só não peça para te trazer aqui! — ele riu me contagiando também — Preciso desligar. Beijos meu anjo e se cuida! — morri. Ele me chamou de anjo?
 — Beijos.


 Fiquei parada por um tempo que não percebi passar. Ele havia me chamado de anjo. O anjo dele. Mas por que? Ele queria me ver feliz? Eu já estava, ou melhor, antes dele sair de perto de mim. Quando ele disse que eu sempre vivi sem ele não vi nenhuma mentira, porém depois que provei do seu beijo e de sua companhia, não queria mais sair de perto dele. É uma droga ser de menor e não poder sair do país sem a autorização dos pais! Mas se ele não voltar, daqui à 3 anos, eu estarei lá com ele. Custe o que Custar! [/CQC! AHS']
 Acordei dessa minha viajem quando o motorista do José me chamou. Ele não seria mais o motorista do José, e sim meu. Estava sendo egoísta pensando assim, mas andar pela cidade de limusine não era nada mal. Imaginei, enquanto entrava no carro, eu indo para a escola com esse carrão.


 — A senhorita vai direto pra casa?
 — É possível eu ficar na mansão um pouco? — ele olhou pra frente um pouco — Se não for tudo bem, pode me levar para casa.
 — Acho que o José não verar mal nenhum em te levar lá, só não chame sua amiga — ele ligou o carro — Se precisar de comida lá, me chama que te levo à um restaurante.
 — Não quero gastar seu dinheiro, senhor...
 — Me chame de Greg. Não sou velho!
 — Ok, Greg. Não quero que gaste do seu salário para me alimentar!
 — Não se preocupe. José me deixou um cartão para gastar com você!


 Fiquei espantada. Como assim um cartão para gastar comigo? O José queria que eu ficasse mais caidinha por ele para depois ele me largar? Uma estrela do Rock não namoraria uma fã, e eu acho que ele vai pensar como o Júlio assim que chegar aos Estados Unidos.
 Júlio...Júlio, coitado de você se o meu José mudar de ideia sobre mim por causa de você! Acho melhor você não tentar fazer isso...