Capitulo Cinco

                           Novamente a Missão é Para Mim

          Quando acordei já era manhã. Olhei meu relógio e eram dez horas. Assustei-me por ninguém ter me acordado.

          Me olhei e ainda estava com a roupa de ontem. Então, naquele momento, as lembranças da ultima noite foram voltando. Mas uma ainda me intrigava; foi mesmo Annabeth que organizou aquilo tudo? Não que eu estivesse duvidando dela, mas... Tudo parecia tão surreal. E ela tinha vergonha até de me beijar. Como ela poderia organizar tudo aquilo?       

          Peguei o bilhete e olhei o escrito. Li e re-li, mas não achei nada de errado a não ser a letra. Aquela não era a letra dela. Eu conhecia muito bem a letra da minha namorada, e tinha certeza que não era dela.

          Ouvi uma batida na porta e fui abrir. Era Rachel.

          - Nossa. Você ainda está vestido assim? Também olha que horas acordou! –ela disse.

          - O que você está fazendo aqui? –perguntei mal-humorado.

          - Nossa, está mal-humorado por que? –ela perguntou rindo –eu vim te chamar.

          - Ow, me desculpe. É que estou um pouco nervoso porque... –não terminei a frase. Não consegui contar sobre o bilhete.

          - Hum. A noite de ontem não foi boa não? –ela perguntou inocente.

          - Foi, mas... Espera. Como você sabe? –perguntei confuso.

          - Quem você acha que fez aquilo tudo? A Annie? –perguntou uma voz na porta.

          - Não fale assim, Heide. –Rachel repreendeu.

          - Desculpe. A Annie é uma garota muito inteligente, mas eu sabia que ela não iria fazer isso nem se quisesse. Ela morreria de vergonha. –ela disse rindo.

          - Foram vocês que fizeram aquilo tudo? –perguntei impressionado.

          - É óbvio! –disse Rachel, sarcástica.

          - Nossa. Nunca pensei que vocês fossem fazer uma coisa dessas para mim e Annabeth. –falei surpreso.

          - Mas não se acostume. Não vai ser sempre que nós vamos poder salvar o aniversário de namoro de vocês. – Heide disse.

          - Ah! Isto aqui é pra você. Feliz aniversário. –disse Rachel entregando um embrulho verde água.

          - Obrigado.  

          - Vai se arrumar que já são quase onze horas. –disse Heide autoritária. – E não se acostume a acordar tarde, ouviu. – Ela falando assim parecia até minha mãe! – Vamos Rachel. Ainda temos que chamar Annie.

          Quando ouvia alguém chamar Annabeth de ‘Annie’ eu ficava um pouco irritado, por que ela nunca deixava eu lhe chamar assim. Mas de acordo com ela esse apelido era apenas para amigos, e nossa relação já havia passado dessa fase.

          Abri o presente que Rachel me entregou. Era um relógio esquisito. Ele era dourado com os números em prata, mas, ao em vês de ponteiros, havia um tipo de projétil redondo dourado. Eu o coloquei. Depois perguntaria a Rachel como funcionava.

          Troquei de roupa rápido e sai do chalé, tentando me lembrar de quais atividades eu tinha no sábado.

          Olhei em volta, mas ninguém estava treinando. Estavam conversando, jogando voleibol, brincando (é claro que só os mais novos), etc. Achei estranho. Normalmente não tínhamos folga.

          Fiquei pensando, até que alguém me chamou. Olhei em volta e vi Annabeth vindo em minha direção. Ela estava linda como sempre e vinha graciosamente até mim.

          - Oi... –disse ela, ficando corada. Depois de tanto tempo ela ainda ficava vermelha!

          - Não precisa ficar assim... –eu disse, pousando a mão direita em seu rosto, o que fez ela ficar ainda mais vermelha. Eu ri, e então ela olhou pra mim, com um olhar estranho. – O que foi?          

          - Ahn? Nada. –ela respondeu. Mas não acreditei nem um pouco que não era nada.

          Achei melhor esquecer. Se ela não queria falar, era melhor deixar. Se não iríamos acabar brigando. E eu queria continuar com a taxa de brigas no zero (isso mesmo, nós nunca brigamos).

          Fomos andando pelo Acampamento e não havia ninguém fazendo nada ainda.

- Porque não tem ninguém fazendo alguma atividade? –perguntei.

          - Ahn, a Heide acha que sábado e domingo não são dias para treinar. –Annabeth respondeu.

          Continuamos andando quando de repente ouço meu nome e o de Annabeth sendo chamados. Travis Stoll, um dos representantes da cabine de Hermes (são ele e o irmão Connor Stoll) veio correndo em nossa direção.

          - Vão agora para a Casa Grande. –ele disse ofegante e saiu correndo em direção aos campos de morango.

          Olhei para minha namorada e saímos correndo atrás de Travis.

          Chegamos á Casa Grande e todos estavam sentados em volta de uma grande mesa nova (provavelmente Heide que colocou). Havia mais campistas que antes, talvez pelo fato de haver mais chalés, por tanto, mais representantes.

          - Bem, hum... Há um problema no Olímpo, e... O Conselho Olimpiano quer que nós resolvamos para eles. –começou Heide. Eu nunca havia visto ela tão séria.

          - O que é? –disse Lílian Martins, a representante de Hebe.

          - Há algum tempo. Quero dizer, muito tempo, mesmo, o amuleto de Afrodite sumiu. O amuleto contém um poder inimaginável, e não sabemos o porque, mas alguém está tentando achá-lo. E o problema é: o amuleto é o guardião da Pedra do Amor, uma pedra que dá o poder de controlar qualquer sentimento no mundo a quem o possui. E se alguém puder controlar esses sentimento, pode destruir o mundo, transformando qualquer sentimento em ódio. Outro problema: a pedra também pode controlar os sentimentos dos Deuses. O que é problema quadruplicado.

          Quando Heide acabou de falar, todos ficaram num silencio profundo.

          - Tem alguém vivo aqui?-perguntou Rachel.- Estão todos tão quietos.

          - Continuando. Queremos mandar um grupo de heróis para a busca, mas não sabemos quantos serão precisos. Por isso precisamos de alguém que se habilite primeiro para a missão para Rachel poder fazer uma profecia. –continuou a Deusa, seriamente.

          Ninguém falou nada ou se incomodou em se habilitar.

          - Alguém pode pelo menos ter a coragem de pedir uma profecia? –perguntou Rachel irritada.

          - O que pode ser que está procurando o amuleto de Afrodite? –perguntou Annabeth.

          Naquele momento, Rachel ficou paralisada, e uma fumaça verde começou a sair de sua boca. Então, o Oráculo começou a falar numa voz igual à de três Rachel’s juntas.

            Oito meio-sangues e três caçadoras juntos devem buscar

            Um tesouro a muito perdido no mar

            Um na noite escura deverá perecer

            Com amor a outro salvar

            Com a magia juntos prosseguir

            Nessa procura que em guerra ira acabar

           Assim que Rachel acabou a profecia, ela perguntou, alegre:

          - E aí, ajudei?

          Ninguém respondeu. Estavam todos muito quietos.

          - Nossa, até parece que esta é a primeira profecia que recebem. Vamos lá! –tentou animar Heide.-Bem, acho que tenho que avisar a Ártemis sobre a missão. Rachel toma conta do Acampamento enquanto eu estiver fora.

          Ela começou a brilhar, e virei o rosto bem no momento em que ela tomou sua forma divina e desapareceu. Para quem não sabe, não se pode olhar um Deus ou Deusa em sua forma divina sem desintegrar.

          - Ai, gente. Animem-se! Já recebemos profecias piores. –animou Rachel.

          - Mas é que normalmente já escolheram o grupo e não tem mais jeito de voltar atrás. –disse Will Solace, o representante do chalé de Apolo.

          - É, mas precisamos de heróis para ir nesta missão. –ela completou. –E sei de quatro semideuses que com certeza vão.

          Ela olhou para mim, Annabeth, Nico e Clarisse.

          - Eu realmente não me importo de ir. –disse Clarisse.

          - Nem eu. –disse Nico.

          - Eu também. –Disse Annabeth. E todos olharam para mim.

          - Já passei por coisas piores. –disse sem emoção.

          - Ótimo. Já temos quatro campistas. Alguém mais? –perguntou Rachel.

          - E nós dois. –disseram Travis e Connor Stoll.

          - Já temos seis. Faltam apenas mais dois. – eu disse. – Ninguém mais vai ser voluntário?

           Todos ficaram em silencio.

          - Não é melhor esperar a Heide lá fora não? –perguntou Rachel.

          - Eu acho que sim. Ela pode demorar. –disse Annabeth.

          Todos nós saímos da sala, e alguns foram para seus chalés, e logo sobraram apenas nós que íamos à missão.

          - O que vocês acharam da profecia? –perguntou Nico.

          - Eu não achei nada. –disse Clarisse.

          - Eu só fico preocupado com a parte do perecer. Por que em toda profecia alguém tem que perecer? –perguntou Travis.

          - É mesmo. E também, eu não quero perecer. –concordou Connor.

- Por que assim fica mais interessante, talvez. –disse Nico sem emoção.

          - Só se for pra você, então. –disse Travis.

          Eu revirei os olhos.

          - Vocês podem parar, por favor. Isso é sério. –disse Annabeth, pela primeira vez.

          - Mas não é só porque temos uma missão que precisamos fingir que isso é um funeral. –falou Clarisse.

          - Parem, por favor. –eu pedi. Mas que coisa! Aposto que essa seria a missão mais agitada de todas. Também, olha quem estava no grupo.

          Esse pensamento me lembrou: faltava mais dois meio-sangues no grupo.

          Naquele momento, houve um estrondo no topo da Colina Meio-Sangue. De repente, lá de cima, apareceu Heide com varias caçadoras atrás. E a que estava na frente era Thalia.