Por um lado eu estava feliz por estar fazendo a prova com Ethan e por outro, algo me dizia que eu iria escutar! E muito. A área externa, não estava mais lá tão externa. Um cubo preto tomava mais que a metade do local. E uma porta branca me chamava à atenção, apesar de não ser convidativa.

- É para entrarmos! – Ethan concluiu.

- Sério? Nem notei – falei irônica, sem ao menos perceber meu tom. Eu realmente não queria usá-lo, mas eu estava nervosa. Tudo bem que isso não justifica nada. – Olha...

- Depois reclamam das piadas, loiras são burras – ele me interrompeu – e em falar nisso como podemos chamar uma loira que pintou o cabelo? – disse em seu bom-humor constante. E isso me deixava feliz, mesmo não entendo o motivo. Não fiz menção a responder, mas isso não o impediria. – Inteligência artificial! – falou rindo e eu me coloquei a caminhar para o cubo preto.

Senti seus passos atrás de mim e logo nos vi imersos no escuro que era aquilo por dentro. Engoli seco enquanto as luzes se ascendiam e revelavam um ninho de cobras. Bichos peçonhentos esses, viu? A mão de Ethan se posicionou sobre meu braço me dando confiança para seguir em frente. Ao certo eu não sabia mesmo o que iria acontecer, mas só de saber que ele estava ao meu lado as coisas melhoravam. Por que confiava tanto nos McCarty? Um motivo aparente não existia, mas acontecia.

Eu entrei em desespero, confesso. E nos meus olhos a única salvação era o fogo. Fogo. A palavra soou tão sabia aos meus ouvidos e agradeci ao ver um fósforo perto de onde estava. Minha mão se esticou e ascendi-o antes mesmo que Ethan pudesse protestar. Longe das cobras Rose, minha mente pedia enquanto soltava o fósforo perto de uma linha de pólvora ao nosso redor.

- Não! – a voz de Ethan se fez abafada pelo medo que surgia no seu interior.

- Fogo – minha voz saiu mais baixa ainda – um incêndio? – perguntei quase inaudível – você estava em um incêndio? Seu trauma físico-emocional é de fogo? Você tem medo de fogo? – as perguntas não paravam de sair da minha boca.

Idiota. Idiota, idiota, idiota... Eu era uma idiota por ter feito isso, eu não podia ter feito isso. Não com ele. Bufei com raiva a medida que o fogo consumia o cubo negro e matava as cobras. Meu medo pelo dele. Rosalie, você é uma idiota.

- Desculpa – murmurei envergonhada.

- Rosalie, é sério, está tudo bem! – ele tentou me aliviar com uma voz completamente rouca pelo medo das chamas que vibravam alaranjadas.

- Não, não está – bufei nervosa comigo mesma enquanto socava uma das paredes. A tela preta caiu suavemente revelando a estrutura de uma casa. Eu só estava piorando as coisas! E agora foi pra nós dois.

Por debaixo da antiga parede preta surgiram mais cobras. Estaquei por alguns segundos vendo essa cena, como poderiam ter sobrevivido ao calor intenso que as chamas faziam? Senti a mão forte de Ethan me puxar para trás e sorri nervosa.

- É só sair. – me avisou. Olhei para as janelas onde havia um bolo de cobras e encolhi involuntariamente. Ethan riu da minha reação, mas entendeu perfeitamente o que eu estava sentindo. – tudo bem, isso é normal! – tentou ajudar. Porque ninguém entendia que isso não era normal? O barulho dos vidros das janelas se quebrando me vez levar as mãos aos ouvidos. – Você não quer mesmo ir por ali? – ele perguntou apontando as janelas. Neguei com a cabeça abaixando as mãos das minhas orelhas, ele aproximou a boca do meu ouvido e soprou?

- Por que fez isso? – perguntei sem entender.

- Como faz uma loira mudar de idéia? – ele perguntou sorrindo e sem esperar minha resposta – soprando no ouvido dela! – acredito que sorri antes de lhe bater sobre o peito.

- Então vamos logo! – disse enquanto revirava os olhos. O calor já estava me deixando suada, e esse estado era nojento!

- Viu como funciona? – ele perguntou rindo e no estante seguinte eu perdi o chão. Não por cair, mais por ser erguida por mãos firmes. Com todo o cuidado ele me conduziu até a janela me colocando do lado de fora antes de pular. Eu o olhava apreensiva esperando-o sair sem me virar. – Não foi tão ruim! – comentou quando seus pés tocaram o chão externo.

- Sem picadas? – uma voz tão reconhecida se fez atrás da gente. Esme.

- Dessa vez, não! – sorri enquanto me virava para ver todos nos olhando. Mamãe logo veio me abraçar e reclamar da demora com o Ethan. Isso é porque não demoramos muito! Logo nos vi rodeados por todos.

- Ethan! – minha mãe gritou pela milésima vez.

- Tá, da próxima vez eu vou mais rápido. – ele respondeu a mesma coisa das outras vezes.

- Não, não é isso... – ela riu – E que acabei de lembrar que te amo muito, e que você é muito lindo... – papai a olhou tentando entender o significado daquelas palavras, eu também fiquei em dúvida. Um pingo de ciúmes surgiu nos olhos dele e de Lee.

- O que você quer? – ele perguntou a cortando. Os olhares se voltaram para ele que riu – Ela só vem paparicar quando quer alguma coisa! E seu marido está ali, por que não pede pra ele?

- Porque ele não conhece o que eu quero te pedir – mamãe deu de ombros.

- E o que é? – perguntou passando o braço pelo pescoço de Lee e entrelaçando suas mãos, deixou um beijo demorado em sua testa antes de voltar a atenção para minha mãe.

- Gabriella vai chegar hoje, então poderia ir buscá-la no aeroporto e depois pegar o Seth que também está chegando hoje? Ah, Gabriella tem reservas naquele hotel perto da  pracinha, então poderia deixá-la lá? – Mamãe jogou.

- Quem é Gabriella? – perguntei curiosa.

- Minha irmã! – mamãe respondeu calma com um sorriso pro Matt.

- Outra? – Jasper perguntou na minha frente.

- Gabriella chegou na nossa casa quando tínhamos 12 anos, e partiu pouco tempo depois para um internato. Nunca mais a vimos. – Matt sorriu triste.

- Mas a tínhamos como irmã mais nova! E isso era útil porque não me sentia tão... Nova! – mamãe riu e por alguns segundos esqueci que ela era a mais nova dali. – Seus pais morreram quando ela completou 8 anos e como ela é basicamente nossa prima, e como papai era o único parente maior de idade vivo...

- Uma irmã? Adotada? – eu estava perplexa com a frase de minha mãe.

- É, podemos dizer isso – ela falou animada – Ethan – disse com uma carinha pidona!

- E quem é quem é Seth? – Allie perguntou animada. Eu era a única que não estava gostando da situação?

- É meu cachorro – Ethan disse com um sorriso brilhante na face – que prefere a Mia – lamentou com o sorriso desaparecendo. – Ele foi mandado para um treinamento no Japão, faz um ano. – explicou.

- Agora ele tem 1 ano e 2 meses. Não vai dá pra apertar mais... – Mamãe choramingou me fazendo sorrir. Ela era uma menininha crescida, e eu não poderia estar mais feliz a tendo como mãe.