Dead Radio Fm escrita por DeadTeam, Oyundine, Cargenih


Capítulo 5
Dead wife


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso pra postar esse capítulo. u_u" Como esse é o da semana retrasada, estaremos postando o capítulo 6 em breve. Vejo vocês lá o/ [Cargenih]



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Estados unidos, Nevada, Las Vegas :

            Eu precisava sair do paraíso, pois meu lugar sempre fora o inferno.

            Eu me dei três dias. Era esse o tempo que eu tinha pra sair do país. Qualquer vôo, qualquer lugar longe dali. Era essa minha meta. E minha nova promessa.

            Eu havia saído de San Antonio, as coisas não estavam tão boas por aquela área, a população a cada momento mais estranha ficava, e mais inseguro do meu futuro eu estava. Segurei a mão da minha mulher e nós dois fomos pra Las Vegas. Tínhamos dinheiro apenas para as duas passagens, e para o casamento. Não queríamos nada, apenas queria oficializar no papel que estávamos juntos. Não que era preciso disso para mostrar que nos amávamos, mas porque eu queria mostrar pro mundo inteiro que ela era somente minha.

            Logo no dia que chegamos e nos casamos, peguei meu ultimo dinheiro e comprei o mais belo anel que tinha pra ela. O ouro era o mais brilhante que eu já havia encontrado, as pedras -que eu não tinha a mínima idéia o nome – davam a volta por todo ele, e deixava apenas uma linha do dourado aparecendo. Mandei escrever nossos nomes no anel, que mesmo que fosse apenas um anel eu sabia que ela iria gostar.

            E coube perfeitamente no dedo dela. Mão esquerda, dedo anelar, o único dedo que tem uma veia ligada ao coração. Logo que eu coloquei o anel em seu dedo, eu a vi sorrir para mim.  E existem certas pessoas que deveriam sorrir para sempre. Ela era uma elas.

            No dia seguinte, ela não estava no quarto do hotel. O quarto não estava nem um pouco arrumado. A cama não estava como ela gostava, e seu sapato ainda estava ali. Ela não estava em lugar nenhum lugar. Não que ela tenha me deixado, eu a conhecia bem o suficiente pra dizer que ela não sairia sem deixar a cama arrumada. E aquela cidade começou a ficar estranha igual a San Antonio.

            Eu fiz o possível para arrumar dinheiro para qualquer viagem. Mas os vôos estavam ficando poucos e percebi que iria ficar preso para sempre ali.  Eu não tinha nada, nem um centavo, mas eu tinha três dias pra sair dali.

            E agora eu era perseguido pela polícia norte-americana.

            O cassino nem era tão grande, mas guardava dinheiro suficiente pra me sustentar muito bem por 3 meses. O vôo que eu comprara era para a Austrália. O mais longe. Imaginava eu que era o melhor. E no dia da viagem, que era no segundo dia de minha promessa, o país desenvolvido, controlado, rico e amado Estados Unidos entrou em estado de alerta. Obrigado. Se ele não estivesse em estado de alerta, eu não conseguiria passar pela policia. Só não entendo porque meu vôo fora liberado. Mas no meio da viagem percebemos que o avião não iria para a Austrália e a explicação foi que o pais estava com os aeroportos fechado em estado de emergência.  O vôo ia para o Japão. Mas lá não estava como planejado. E eu finalmente me senti no lugar que eu sempre deveria estar.

Maybe Heaven can wait us. Maybe.

            Merda.

            Explicado, tudo explicado. O Japão estava pior. Muito pior. Não imagino como Austrália estaria. Mas não pousamos em nenhum aeroporto. Fora pouso de emergência.E como aquela desgraça fazia barulho para pousar.

            Falaram que não podíamos ficar de pé enquanto a aeronave estava em pouso. Mas que se foda! Já estava tudo acabado mesmo.

            Talvez minha cabeça estivesse sangrando do capote que tomei quando abri a saída de emergência e pulei do avião. Talvez eu estivesse arrebentado. Mas logo depois que cai, levantei do chão e corri para qualquer lugar que não tivesse luz, e o barulho ensurdecedor que eu não consegui identificar se eram de gritos ou da aeronave sendo estraçalhada no chão que havia sido destruido pelo pouso.

            E agora quero ver se é proibido ficar de pé na aeronave e abrir a saída de emergência sem permissão. Mas não teria nenhuma outra vez para ver se era permitido.

            Eu não entendia mais nada. Estávamos no Japão certo? Um dos maiores países desenvolvidos. E as luzes da cidade não ligam?

            Quanto mais eu entrava a cidade pior parecia. O estado do local não era algo que eu marcaria como uma grande cidade desenvolvida, pois não era normal, nada parecia funcionar, e tudo parecia estranho.

            Minha barriga roncou e eu percebi que eu precisava comer alguma coisa. Mas eu estava tão preocupado com o que eu faria daqui pra frente que deixei a comida pra quando eu encontrasse um supermercado.

            Ao virar a esquina, o mundo apareceu em câmera lenta.

            Não eram humanos, não podiam ser. Era nojento, gosmento. Não tinha pele lizinha e perfeita, não andavam normalmente. Tinham sangue escorrendo, e eram estrema mente feios. Mas tinham dois braços, duas pernas e uma cabeça. Por sombra eu poderia dizer que eram humanos (alguns porque outros eram realmente deformados). Não era um estranho, eram vários, um oito ou nove. Juntos em circulo, fechando completamente minha visão de qualquer coisa que estivesse no meio. Estavam a trinta metros de mim, mas eu podia ver o que estavam fazendo, e aos pouco percebi que eles não eram bonzinhos. Nem um pouco.

            - Eca. – disse baixinho. E logo depois três ou quatro daquelas coisas olharam pra mim e abriram a roda o que me dera visão perfeita do que acontecia ali. Eram mais de oito ou nove, eram uns doze, os outros estavam no meio encima de algo, e o sangue brilhava pela luz da lua que refletia. Havia braços separados do corpo e pernas tortas jogadas no chão enquanto eles co- comi- co-... – Ecaaaaa !! Nojento!

            Nesse momento que eu percebi que eu tinha problemas. Nos dois sentidos, eu tinha algum problema mental, pois eu fiz a maior burrice. E eu estava incrivelmente encrencado.

            Os doze me olhavam. Os doze me encaravam. Dei dois passos pra trás e quando olhei pra frente novamente os doze estavam de pé.

            ... Merda?

            Eu logo me pus a correr ao máximo. Preferi não gritar, pois em cada esquina mais daquelas coisas estavam andando pelas ruas. E novamente quanto mais adentro eu entrava, pior ficava.

            Estava cansado e minhas pernas não agüentavam mais. Olhei para trás e aquelas coisas continuavam a me seguir. Havia dois moleques, um na bicicleta e outro sentado no chão. Eu corri até eles.

            - Nossa, que beleza de conteúdo querido. – já disse que eu odeio esse tipo de gay? Eles me dão ódio e nojo. Mas eu faria qualquer coisa ela minha vida.

            - O material esta a venda, em troca pela bicicleta. - Falei serio e olhei para o final da rua, os monstros estavam virando a esquina.

            O homem desceu da bicicleta e entregou para mim. Eu montei nela e logo me pus a pedalar.

            - Não tão rápido. Você precisa pagar primeiro. – respirei fundo. O homem dono da bicicleta segurava a roda e não me deixava andar.

            - Vocês não têm futuro algum, são apenas peso a mais. – falei e eles ficaram quietos. Mas ainda não soltavam a bicicleta.

            A próxima coisa que vi foi que meu pé estava na cara de um deles. E depois eu já estava correndo na rua pedalando feito louco desesperado.

            Faria qualquer coisa pra salvar minha vida, mas não daria meu...

            Meus pensamentos foram desviados quando eu vi uma luz de letreiro brilhando escrito: Supermarket, e mais alguma cosia em japonês que eu não sabia ler. Era ali que eu iria entrar.

            Coloquei a bicicleta encostada na porta e fui às compras. [Que viadagem de se falar.]

            A comida era boa, e a bolsa que eu pegara era grande o suficiente pra guardar comida por um tempo. Mas não passaria de uma semana e eu já estaria indo atrás de comida novamente. Peguei algumas roupas intimas, alguns remédios se necessários, um cabo de vassoura e algumas facas. Preferi deixar os garfos para outra vez.

           Entrei em uma casa que parecia vazia, mas não me arrisquei abrir a porta. Andei até o fundo da casa me apoiei na parede e escorreguei até o chão.

            Eu poderia perfeitamente falar que eu estava realmente assustado. Aquilo não era normal, pode até parece clichê, mas não era normal. Mesmo.

            - Zumbis... Puff. – dobrei os joelhos apoiei o braço e deitei a cabeça.

            Talvez eu somente precisasse de descanso.

            A luz da manha bateu em meu rosto e acordei em um pulo por perceber que não estava na minha cama. O barulho do portão tentando ser aberto me assustou. Delicadamente andei até a borda da parede e olhei ao portão.

            Caralho. Não era sonho nenhum. Eu realmente tinha encontrado o inferno. E ele não era tão ruim como eu pensava.

            Como era possível? Nada fora avisado, ninguém sabia de nada, ninguém sobrevive direito, ninguém consegue fazer nada. Obviamente a Austrália estava igual ou pior, o avião não tinha ganhado permissão para pousar. Quer dizer que estava muito ruim. Não foi nenhuma pista de aeroporto que eu desci. Quer dizer que até os aeroportos japoneses estavam poluídos. Mas porque ninguém avisou nada?

           Tanto Las Vegas quanto San Antonio não devem estar muito diferentes agora.  Deviam estar igualmente, sujas e destruídas.

            Odiava o quanto o governo deixava os indefesos tão perdidos, deixados de qualquer forma levando e contra a sobrevivência deles pelo “sobreviva o mais forte“

            Iriam todos ao inferno, nem que eu tivesse que deixar meu lugar no céu para levar todos que tiraram a única coisa de valiosa que eu tinha.

            Parei de olhar o portão, e abri a porta de trás da casa. Era uma casa normal, normal, super normal. A porta da frente estava aberta, mas ninguém que estivesse do lado de fora poderia ver o que acontecia dentro.

            Não fiz nenhum barulho. Subi as escadas até um dos quartos. Não tinha nada de estranho. Com passos leves entrei ali e fechei a porta.

            Era um quarto de um menino. Havia pôster de jogadores de futebol nas paredes, e revistas para maiores escondidos embaixo do coxão (eu já fora menino e já tive minhas revistas escondidas. Mas eu era mais esperto, não as colocava embaixo do coxão, minha mãe acharia) Os tênis estavam jogados pelo quarto, e as meias encima da cama nada arrumada. No armário havia dois uniformes e algumas roupas aleatórias. Nas gavetas havia cuecas e meias limpas. O espelho cobria todo o teto, e logo ao ver meu reflexo nada bacana desviei meu olhar e dei de cara com o computador escondido no canto do quarto perto da janela. Era do mais novo modelo que eu já havia visto. E quando eu percebi já estava sentado de frente a ele esperando que a tela inicial aparecesse.

            Ainda sentado na cadeira fofa, eu escorreguei próximo a janela e com a cortina fechada eu a empurrei e vi que não havia nada mais do lado de fora da casa, e a rua parecia vazia.

            A pagina inicial da internet não carregava entao eu logo desisti do computador (talvez a central de sinal tenha sito destruída). Levantei da cadeira e sai do quarto procurando algum banheiro. Levei comigo uma toalha, e algumas roupas.

            Mesmo depois de ter dormido tanto eu continuava realmente bobo. Mas mesmo bobo eu não iria mais deixar a guarda aberta. Decidi então que logo depois do banho iria arrumar a casa e tentar fica aqui. Já que parecia não ter ninguém. E eu agradeço por não ter ninguém já que se tivesse alguém seria realmente estranho ver em estrangeiro que mal fala sua língua tomando banho no seu chuveiro... Seria muito estranho.

           Por motivos de pressão psicológica decidi tomar um banho rápido e sair pela casa vendo se tinha alguém mesmo.

            Fiz a barba, arrumei o cabelo. Lixei as unhas porque minha mulher sempre gostava delas compridas então prometi deixá-la daquela forma para sempre. E sai do banheiro.

            Mas no final das contas estava vazia. Como toda a cidade estaria daqui algumas semanas.

            Detestável. Mas, a idéia – por mais incrível que pareça – me agradava.

            Voltei ao quarto do garoto. E procurei por qualquer coisa que me seria útil. O celular estava em cima da mesa. Foi a primeira coisa que peguei. Queria levar a bola de futebol americano, mas era muito grande. Queria levar pelo menos um par de sapatos, mas era um numero muito pequeno pro meu pé. O carregador do celular estava comigo também. E era somente isso que eu iria precisar enquanto eu não encontrasse algo pra fazer.  (qualquer coisa teria alguma outra casa aleatória pra entrar já que muitas delas não teriam mais donos e a policia - igualmente a americana - para me procurar.) Peguei uma blusa de frio a mais da que eu tinha, pois achava que seria útil em algum momento.

            Ao descer as escadas, fui até a porta. Mas antes mesmo de ver o tapete do lado de fora eu parei alguns metros antes. A sala era perfeita... Para um filme de terror.

            Cai no chão e me empurrei até encostar-me na parede - o ponto mais longe que eu conseguia chegar. Eram quatro corpos no chão. Quatro pessoas. Uma Mulher, uma adolescente, um menino e um homem. O sangue já seco no chão não me assustava. O que me fizera cobrir os olhos, fora ver que o menino segurava a mão da adolescente. Meu corpo inteiro tremia ao pensamento de ser um casal tão novo. Talvez eu tivesse apenas criando uma historia para pessoas que eu não conhecia, mas era isso que me incomodava tanto, e eu não conseguia para de pensar no que aquele casal poderia criar.

            Sem tirar o braço da frente do rosto eu levantei ainda tremendo e me direcionei até a saída pela porta de trás da casa.

            Agora eu não sabia que eu deveria entrar em qualquer outra casa que eu visse por ai.

            O portão não fez barulho e somente quando tinha andando muito percebi que a bolsa estava realmente pesada.

            Eu não olhava pra nenhum lado, não queria ver nada. Não ficava nos lugares que pudesse estar mais cheios, e nunca ficava em nenhum lugar pequeno demais que não me deixasse escapatórias pra nenhum lado. Parava algumas vezes para beber água e voltava a pedalar. E enquanto andava pela cidade, eu vira apenas um carro passar em alta velocidade... E foi atrás dele que eu fui.

            Era um carro! E eu tinha certeza que era um ser humano dirigindo. Eu não sei por que, mas comecei a pedalar o mais rápido que conseguia. Mesmo que a bolsa pesasse demais, era uma situação meio: “pegar ou largar”, oportunidade única.

            Mas de repente o carro parou.

            OBRIGADA MEU SENHOR!

            Parei do lado do carro e abri a porta de trás. Já que o carro parou imaginei que iriam descer e então destravar a porta. Logo que abri a porta o carro voltou a andar, e eu pulei do banco da bicicleta para o banco do carro. Perderia a bicicleta, mas ganharia companheiros.

            Mas quando fechava a porta uma lamina apareceu na minha frente e eu passei mal. Olhei pro lado e vi que uma menina com uma saia curtíssima protegia outra menina mais nova. E tinha um cachorro dentro do carro... POR QUE TINHA UM CACHORRO?! Poderia ter um humano, mas não, tinha um cachorro!!!!! E enquanto eu pensava no cachorro, a menina novamente levantou a espada. E eu gritei.

            - Socorro! – der repente percebi que havia feito merda. Pela segunda vez em dois dias. E novamente eu me lembrei que tinha problemas.

            Mas eu sabia que minha vida havia sido prolongada por alguns segundos.

            Minha mão ainda segurava a porta aberta que não fechava por causa da bolsa que não deixava. A menina tinha a espada encostada no teto, parada. O Moleque que dirigia me olhava com surpresa, e o homem sentado no passageiro, na minha frente estava segurando uma... Eu não queria morrer. E aquela arma era realmente assustadora. Eu não gostava de armas. Era coisa para covarde. Se eu fosse ter que escolher morrer pela arma ou por uma espada, preferia vê meu sangue escorrendo pela lamina brilhante do que ver aquela bala dentro do meu corpo.

            Arma era para covardes... Mas se eu fosse escolher entre me defender com uma espada ou arma, escolheria sem duvidas a arma. E por ser eu usando a arma, não seria um covarde.

            Eu me arremessei pro lado na esperança de que a menina me protegesse, Já que ela parecia mais sentimental do que o estrangeiro sentado na minha frente. Rezava para que ela me protegesse e não me matasse. Mas eu sempre pedi por muito.

            O moleque brecou ferozmente e todo mundo caiu em questão de segundos; As posições ficaram realmente estranhas. Ela era menor de idade, mas tinha seios meio avantajados. E não foi minha culpa.

            Logo que o carro parou, o estrangeiro puxou minha bolsa e fechou minha porta.

            Eu fechei os olhos. O silencio dominou o local.

            - STEVEN?!

            Abri os olhos assustado e procurei pelo dono da voz... Que eu conhecia aquela voz, eu conhecia.

            Olhei a cara de cada um. A menina de preto olhava assustada pra minha mão em lugar indevido. A menininha estranbelhada estava de boca aberta para a situação... Eu pulei o cachorro e o menino tinha os olhos arregalados. E o estrangeiro...

            - ALBERT?!

            Sentei de joelhos no banco e segurei o rosto de macho da minha frente com as duas mãos.

           - FILHO DA PUTA!!! – falamos em coro e logo caímos na gargalhada. O resto pareceu confuso.

           - Quem é ele Albert? – o menino com as mãos apertada no volante falou de forma seria.

           O Albert continuava a rir e de repente tudo escureceu.

           Acordei novamente eu estava sentado no banco da frente do lado do Albert.

           Não me mexi, preferi ver se era seguro eu faze qualquer movimento. Minha cabeça doía.

           - Bom Dia Steven. Não quero papo grande. Você já deve ter percebido o que acontece. Não são humanos, por isso, vou te explicar algumas coisas... E depois você me explica o que você faz aqui.

           Assustado com a situação eu apenas afirmei que sim. Olhei trás e vi a menina de preto sentada atrás do motorista, o menino no meio e a menininha com o cachorro atrás de mim [eu ainda não entendia o porquê do cachorro, e eu não gostava dele] os três dormiam, e já era noite.

           - As minhas armas estão espalhadas pelo carro. Nós...

           -... As armas?! AS ARMAS?! São aquelas armas daqueles dias? - falei baixinho, mas surpreso.

           - Sim são aquelas. Cala a boca. – eu ri no meu lugar e continuei escutando. – São tudo que temos. – fiquei sério por saber que se estivesse em casa, teríamos muito mais.

           – Bom somos apenas nós. Pretendemos ficar assim até encontrar alguma coisa. – ele apontou pro moleque parado no meio. - Daisuke, 17 anos. Perdido, inteligente. – ele apontou para trás. – Mika, 15 anos. Outra perdida, quieta – ele olhou para mim e falou serio – não vou deixar você encostar nela. Nem sequer um dedo. – me assustei e sentei corretamente no banco.

           - Foi sem querer, e mulheres não me atraem mais – isso não era mentira, já que eu só mostrava interesse por uma que desapareceu. Ele arregalou os olhos e olhou para frente.

           - Você não vai encostar em nenhuma dessas crianças, eu conheço seu passado. – eu ri baixinho. – seu passado de galinha é o que eu mais lembro... Continuando. – ele segurou o volante com as duas mãos e virou a esquina passando por cima de algumas coisas que eu não queria nem pensar o que era. – A menininha, Susumo ... Menos de 14. Não posso falar que ela é perdida, já que sempre viveu na rua e sempre se virou. E a cachorra – congelei no assento – não lembro o nome dela.

           - Porque vocês têm um cachorro com vocês?! – eu ajoelhei novamente no banco e segurei a camisa de Albert – Por quê?! Você disse que não gostava dessas coisas?! Por quê?! Eu não gosto desse tipo assim também, você sabe disso, então porque você permitiu se deixar levar por ela?!

           O menino tossia e eu percebi que tinha falado coisas que poderiam ser levado por outro lado. Pensei em falar que eu não era viado, mas achei melhor ficar quieto, já que eu podia muito bem levar um soco novamente – se fora mesmo um soco o que eu levei. – decidi fingir que era viado, assim não o deixaria tão enciumado com as meninas, e afastaria qualquer uma delas de mim. Seria engraçado.

           - Daí-kun, você acordou? – eu disse soltando a blusa do Albert e comecei a me arrumar pra passar para o banco de trás. Segurei o rosto dele, e o Albert me colocou encostado no banco da frente novamente.

           - Para com isso. –disse Albert sério. Decidi parar com toda a encenação de viado, mas não pararia para sempre, eu iria precisar dela de novo. O menino se arrumou no banco e voltou a dormir. – Sua historia. Me conte o que faz aqui, Hust.

           Respirei fundo.

           - Você chegou a conhecer a minha garota? – perguntei e ele confirmou com a cabeça.

           - Claro que sim. Minha Irmã. – ele disse sério e baixo.

           Cruzei minhas pernas, apoiei meus braços e deitei a cabeça.

            – Morávamos em San Antonio, na mesma rua de sempre, ela ainda morava com seu pai que nunca aceitou nada. Mas a cidade ficou estranha, e fomos pra Vegas. Nos casamos . - ele segurou firmemente o volante e aumentou a velocidade – E então ela simplesmente sumiu. – enquanto falava, sentia as coisas do lado de fora passarem cada vez mais rápido pelo vidro. E Albert segurava tão firmemente o volante que poderia estourar. – Não sei se seu pai a levou, ou se ela foi levada por outro alguém. Mas ela não fugiu. O quarto não estava do jeito que ela deixaria se fugisse.

           O tempo escurecia, e o sol se escondia atrás dos prédios da cidade e tudo ficava parecendo que iria piorar.

           - A cama não estava arrumada?

           - Não. – falei fraco enquanto respirava fundo.

           - Vegas ficou tão estranha quanto San Antonio. – Albert respirando fundo e começando a batucar no volante, as mesmas manias da Irmã.

           – Roubei um pequeno cassino, o país entrou em estado de alerta eu comprei um passagem para Austrália, mas o vôo foi desviado para o Japão. E o pouso foi violento, em qualquer espaço que tivesse livre. Eu pulei antes dele explodir e por sorte eu estava aqui nesta cidade.

           O vento batia no vidro e a chuva começou a cair. As crianças atrás continuavam dormindo.

           - Desculpas. - falei. Minhas mãos estavam molhadas, e minha voz não estava nem um pouco estável. – Desculpas Albert, mil desculpas! Não consegui fazer nada! Quando eu cheguei ao hotel, ela não estava mais lá, e eu fiquei completamente perdido! – minhas mãos balançavam no ar em forma de desespero e descontrole.

           Perdido era essa a palavra pra minha situação. Eu havia vivido amando aquela mulher por toda a minha vida, e ela me amou toda a vida dela. Mas tivemos apenas dois anos realmente juntos. Era algo como se mesmo nos amando, não poderíamos ficar juntos de forma alguma. E fora assim por 15 anos. Apenas nos últimos dois nós realmente nos  divertimos. Eu nunca amei nenhuma outra mulher como eu a amava.

           - Você deu um anel pra ela não foi? – eu olhei pro Albert que sorria. – Ela me ligou, e me disse que você havia dado um anel lindo pra ela. Ela me disse eu estava feliz do seu lado. Sabe, ela só amou você, a vida toda dela fora apenas você.

           - Mas eu não consegui proteger ela! – eu disse em completo desespero.

           - Você deu um anel de casamento pra ela, vocês se casaram em Las Vegas enquanto fugiam do meu pai. Não teve presente melhor pra ela. Você fez o que você devia fazer. Você a fez feliz todo tempo em que vocês estiveram juntos por esses dezessete anos. Você colocou amor na vida dela e a amou nos piores momentos. Você esteve com ela. Sempre. Poderia estar com varias mulheres, mas você sempre as largava somente para ver minha Irmã descer a rua. Você ligava pra ela de noite e falava que apenas queria escutar a voz dela. – ele respirou fundo e riu baixinho. – Você a amou o máximo que podia, e isso já bastava pra ela. Se você tem algo pra fazer agora, é apenas viver por ela. E ser feliz, porque era isso que ela queria pra você. – ele olhou para mim e eu tremia no banco. As mangas da minha blusa molhadas e meu rosto ardendo. – Agora pare de chorar porque você tem seu lugar no céu.

Ele abriu o casaco e me entregou um caderno.

“Hell waits you. In the deepest hell the devil is waiting for you.

But in the most beautiful place I’m waiting for you too.

Steven, thanks for everything.

            Ass: your wife. “

            Sempre me falaram que o céu era o paraíso. Mas eu nunca fora aceito no paraíso de Vegas. E o inferno do Japão me acolheu.

            Mas se você me espera no céu, eu posso mudar todos os meus planos.

            Pois sempre fora por você que eu vivi.

            - É Albert, talvez o céu espere por nós. -Disse limpando as lagrimas

Fim


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Notas finais do capítulo

É isso aí, reviews pl0x ♥



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