Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 9
Harmonia?


Notas iniciais do capítulo

CHegou mais uma atualização. Espero que gostem!

Beijos



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Capítulo 9-Harmonia?

[BPOV]

Eram apenas duas horas da tarde de uma quarta-feira, e eu já não sabia mais o que fazer.

Ler livros não era uma opção. Meu pai trouxera alguns no domingo, quando veio me visitar, mas a essa altura, eu já tinha lido todos.

 Eu poderia começar a pensar na tal apresentação, mas na minha situação eu não conseguia nem tocar um chocalho, que dirá um violão ou um piano.

Navegar na internet também estava fora de cogitação. eu já havia lido todos os sites conhecidos de notícia em língua inglesa, famosos ou não.

Televisão também parecia não ser uma opção no momento. Mais de 200 canais, e eu não conseguia achar nada  que me desse vontade de assistir.

No momento, acho que nem cometer suicídio eu conseguiria. Não sem ajuda. Por que com certeza eu cairia antes de chegar a janela, ou a escada.

Tudo o que me restava a fazer era pensar. O que eu não queria fazer no momento.

Eu já estava na metade do semestre, o que indicava que o meu trabalho final desse ano estava próximo, e com isso o professor Banner sugeriu algumas apresentações antes do fatídico dia.

No sábado, Ben, Angela, Mike e Eric vieram pedir para que eu me juntasse ao grupo deles. Com certeza, isso seria melhor que fazer o trabalho sozinha. No entanto, eu tinha certeza que haveriam divergências com relação a escolha das músicas, e além do mais, por mais que eu odiasse admitir, uma parte de mim estava esperançosa em poder fazer o trabalho com o meu parceiro original.

Como se tivesse alguma chance disso acontecer.

A última vez que o vira foi no dia que ele me trouxe a matéria, há uma semana atrás. Isso por que o quarto dele ficava ao lado do meu.

As visitas quase que diárias da Angela também não contribuíam para que qualquer encontro futuro pudesse acontecer. Era frustrante.

As palavras da Rosalie, de alguma forma, ainda martelavam na minha cabeça. Como se fosse um lembrete da atitude que eu deveria tomar, mas que eu estava impossibilitada no momento.

Mas, pensando bem, como ela esperava que eu ajudasse o Edward? Ficar parada no caminho, até ele esbarrar em mim, repetidas vezes? Isso me parecia doloroso demais, e completamente inútil.

Na verdade, qualquer atitude que eu pudesse tomar parecia inútil aos meus olhos. Se eu tentasse m aproximar, ele iria me repelir, como fez com todos. Se eu o irritasse, iríamos brigar como antes.

O que me confortava era saber que faltava apenas uma semana para que eu pudesse voltar para a minha casa, e consequentemente, voltar à escola. Pelo menos as coisas melhorariam assim que eu pudesse me locomover sem ser carregada pelos cantos. Ordens do Carlisle. Eu só colocaria o pé no chão quando estivesse sem o gesso.

Mais algumas horas se passaram até que eu pudesse ver um exemplar da espécie humana parado na minha frente.

 

“Como você está?” Jasper perguntou, entrando no quarto.

“Da mesma maneira que eu estava ontem.” Suspirei, entediada.

“Insuportável?” Ele brincou.

“Você é tão engraçadinho.” Disse, cruzando os braços.

“O Mike perguntou por você hoje.” Ele disse sugestivo, sentando-se ao meu lado na cama.

“Legal.” Disse, deixando claro meu falso entusiasmo.

“Eu acho que ele gosta de você.” Ele disse, olhando para mim.

“Ele não faz o meu tipo.” Falei, e ele sorriu.

“Ótimo! Por que eu não aprovaria.” Eu o olhei, espantada.

“Como é que é?” Perguntei, com uma sobrancelha arqueada.

“Isso mesmo que você ouviu. Eu tenho que aprovar os seus namorados.” Ele disse num tom autoritário.  Se já não me bastasse meu pai e o Jacob...

“Eu não preciso de babá, eu sei me virar sozinha.” Garanti.

“Nada disso. Você é minha irmãzinha agora, e eu tenho que te proteger. Não vai ser qualquer cara que vai namorar você.” Ele disse, parecendo realmente sério.

“Ah, não?” Provoquei-o.

“Não. Ele vai ter que ser um rapaz sério, de boa família, com boas maneiras, de preferência com PhD em uma área científica,” Ele enumerava as qualidades que o pobre coitado deveria ter.“e ter mais de sessenta anos.”

“Jasper Cullen!” Gritei, antes de jogar um travesseiro nele.

“Que foi?” Ele perguntou, se fazendo de desentendido.“Um cara assim é um ótimo partido.”

“É, minha avó com certeza concordaria com você.” Disse, sarcástica.

“Mas é serio, eu tenho que aprovar antes. E o Emmett também,”

“Claro, claro” Concordei, revirando meus olhos. Eles eram tão absurdos.

“Já sei! Que tal descermos?” Ele sugeriu. Isso era uma ótima idéia, eu não agüentava mais encarar as paredes do meu quarto.

“Não dá, O Emm não está em casa.” Respondi desapontada.

“E você acha que eu não te agüento?” Ele arqueou a sobrancelha, me desafiando.

“Quer mesmo que eu responda?” Devolvi.

“Tsc, tsc Bella. Você não confia mesmo em mim?” Ele disse, fingindo estar triste.

“Em você eu confio, o problema são os seus músculos.” Provoquei-o. O que confesso não ter sido uma ótima idéia.

Jasper me pegou no colo mesmo contra a minha vontade. Eu já estava até imaginando a cena: Jasper me deixando cair e eu rolando escada a baixo. Eu terminaria a semana com todos os meus membros engessados, na melhor das hipóteses.

“Você é mais pesada que a Alice.” Ele reclamou.

“Jasper!” Eu briguei com ele, e o acertei no braço com meu braço engessado, o que fez Jasper me largar em cima da cama. Bem, pelo menos era melhor que a escada.

“Caramba, Bella!” Ele reclamou, massageando o local. Eu tinha virado uma arma ambulante desde que colocara gesso.

“Desculpa.”

“Vamos.” Ele me chamou de novo, e eu recusei.

“Você vai me deixar cair de novo.”- Acusei-o, fazendo Jasper me dar uma careta.

“Só se você me bater de novo.” Ele apontou.

Me dei por vencida, e deixei Jasper me levar para a sala. O terceiro andar nunca pareceu tão longe do primeiro. Eu fechei meus olhos, e a cada degrau que ele descia, eu me agarrava ainda mais em sua camisa.

“Viu, nem doeu.” Abri os olhos, e vi que estávamos ao pé da escada.

“Sorte sua.” Eu sibilei, entre os dentes

Jasper me deixou no sofá da sala e foi tomar banho. Ótimo, ele me tira do quarto apenas para me largar sozinha na sala. Fechei meus olhos tentando relaxar, ou quem sabe dormir. No meu atual estado essa parecia ser a resposta certa para tudo.

Senti algo molhado passar pelos dedos do meu pé engessado, abri os olhos e vi que era o Jake.

“Vem cá, garoto!” Chamei-o para cima do sofá. Ele logo veio, e apoiou sua cabeça em minha perna.

“Só você mesmo para me fazer companhia.” Disse, enquanto acariciava seu pelo macio. Eu sempre fui louca para ter um cachorro, mas minha mãe nunca deixou. Ela dizia que eu acabaria matando o bicho por cair em cima dele. Em parte ela tinha razão.

”Você sabia que o nome do meu melhor amigo também é Jake?” Continuei minha conversa. Jake parecia prestar atenção, pois me olhava atentamente.

 “É verdade. E você até que me lembra ele.“  Jake meneou a cabeça para o lado, parecendo confuso.  “É que ele sempre me olha com cara de cachorro pidão quando quer alguma coisa.” Expliquei, e ele pareceu entender o que eu dizia.    

“Eu sinto falta dele” Confessei num suspiro. Jake emitiu um som estranho, como se estivesse tentando me consolar. “Mas eu tenho você, né?” Baguncei seus pêlos, e ele pareceu feliz com isso, já que começou a me lamber.

“Nós formamos uma ótima dupla, garoto.” Disse, antes de beijar o topo de sua cabeça.

“Posso falar com você?” Ao ouvir aquela voz, me separei do Jake e levantei os meus olhos, alarmada. Ele estava falando comigo?

“Po...pode.” Eu já disse o quanto eu amava minha auto-confiança?

Edward me estendeu um papel, que eu tive de me esticar para conseguir alcançá-lo. Assim que peguei o papel, eu li o título: When the stars go blue.

Ele estava me dando uma música? Mas por que?

“Você acha que pode cantá-la?” Ele perguntou em seu tom habitual. Por que ele sempre tinha que ser tão frio e impessoal?

“Posso.” Respondi, conseguindo articular a palavra com clareza.

“Ótimo.” Ele disse desinteressado. “Podemos ensaiar na próxima semana?”

“Parece que não tenho outra opção.” Murmurei.

“Vou encarar isso como um sim.” Ele disse. Eu dei de ombros, mesmo sabendo que ele não poderia ver meu ato insolente.

 

                                                                              ***

Eu nunca pensei que ficaria tão feliz em vir a escola, mas depois de passar duas semanas enfurnada na casa dos Cullens até uma volta na esquina parecia extremamente interessante.

E pensar que eu teria que ficar até o fim de semana lá. Meu pai, convenientemente, iria trabalhar no turno da noite de sexta-feira, e achou melhor me deixar nos Cullens até o sábado.

Eu estava começando a achar que o Charlie estava querendo se livrar de mim.

“Bella!” Angela me chamou ao me ver entrando na sala, fazendo Eric, Ben e Mike olharem na minha direção.

“Olha só para você, está ótima!” Mike falou.

“Então, preparada para nossa apresentação?” Eric perguntou animado. Eu odiaria ter que acabar com a animação dele.

“Na verdade, ” Eu mordi o lábio, e ajeitei a mochila no ombro “eu não vou poder.”

“Por quê?” Ben franziu o cenho, pensativo.

“Eu vou fazer com o Edward.” Respondi, e logo tive encarar quatro rostos completamente surpresos.

“Impossível.” Mike disse, subitamente “Ele só faz trabalho sozinho.”

“Eu não sei, mas ele já até escolheu a música e vamos começar a ensaiar hoje.”  Respondi um pouco desinteressada. Eu não queria ficar ali, e ter que discutir sobre o que deveria estar passando na mente do Edward naquele momento.

“Tudo bem, então.“ Eric forçou um sorriso. Eu realmente odiava desapontá-los, mas alguma coisa dentro de mim dizia que eu deveria escolher o Edward, e não eles.

Sorri para o quarteto que ainda me encarava, e depois fui para o meu lugar habitual.

Mais alguns minutos se passaram até Edward chegar. Ele vinha para a escola junto com o Jasper, e eu junto com o Emmett.

“Você vai poder ensaiar hoje à tarde?” Ele perguntou, instantes depois de ter se sentado.

“Sim.” Respondi, de maneira quase que inaudível.

“Você já deu uma olhada nas cifras?” Ele perguntou, parecendo distante.

“Sim, foi a primeira coisa que eu fiz” Respondi entediada. Edward assentiu com a cabeça e não falou mais nada durante a aula.

Na hora do almoço, eu escapei para a área dos estúdios para ouvi-lo tocar.

Era a segunda vez que eu o ouvia tocar, e mesmo assim, ainda parecia mágico. Ele definitivamente tinha o dom para a música. Ninguém podia negar isso.

Ouvi-o tocar apenas uma música, e sai dali antes que alguém aparecesse por ali, e me flagrasse.

                                                                               ***

 

Fui até a sala onde o piano ficava, e esperei Edward chegar a casa.

Quando ouvi o barulho da porta se fechando, fui em direção a ela. Edward estava lá sozinho. Jasper deveria ter ido para casa da Alice, ou alguma coisa desse tipo.

“Você vai ensaiar agora?” Perguntei. Acho que estava claro, o quanto eu estava ansiosa para aquilo.

“Claro.” Ele respondeu.

Nós fomos até a sala. Eu me sentei na banqueta do piano, e ele pegou o violão. Felizmente, essa música me permitia tocar com apenas uma das mãos.

“No três.” Ele avisou. “um, dois três...” Ele contou, e começamos a tocar.

De uma forma completamente bizarra, estávamos tocando harmoniosamente bem. A música preenchia o ambiente, me fazendo viajar junto com ela.

“Para!” Edward falou, subitamente. Ele parou de tocar. “Você errou” Ele me acusou.

“Não, não errei.” Me defendi. Eu passei a última semana ouvindo essa música. Eu não poderia errá-la.

“Errou.” Ele me acusou, novamente. Dessa vez, de maneira mais dura. “Você trocou Si Bemol por Si. E você trocou Fá por Sol. Você realmente estudou a música?”

“Sim, eu estudei.”

“Não parece.” Ele disse, de maneira prepotente.

“Ah, me desculpe se eu passei as últimas duas semanas presa numa cama, dependendo das outras pessoas para me locomover.” Disse, já começando a ficar irritada.

“Isso não é exatamente uma desculpa.” Ele sibilou, também parecendo irritado.

“E meu braço que permanece engessado? É uma desculpa? Por que no momento eu só tenho um braço para tocar.” Toda a expectativa que eu tinha para esse meu momento com o Edward estava indo por água abaixo.                            

“Você sempre usa auto-piedade para explicar seus erros?” Ele perguntou, e eu tentei contar até dez, mentalmente.

“Erros?  Edward, esse é nosso primeiro ensaio. Seria estranho se não houvessem erros.” Tentei explicar, com o pouco de paciência que ainda me restava.

“Eu acho que você deveria treinar mais.”

“Você está julgando minha capacidade por causa de dois erros que eu cometi?” Perguntei, horrorizada.

“São erros graves.” Ele disse, simplesmente.

“Sim, se cometidos na apresentação. Esse é nosso primeiro ensaio, e eu ainda estou com um braço quebrado.”

“Novamente a auto-piedade...” Eu podia jurar que ele estava revirando os olhos por de trás daqueles óculos escuros.

“Não me venha falar de auto-piedade.” Disse, alterando a minha voz.

“O que você quer dizer com isso?” Ele perguntou, com o cenho franzido.

“Quero dizer, que você tem um talento que transcende a sua deficiência, mas que você prefere se esconder do mundo, afastando todos ao seu redor. Sendo um completo ignorante e arrogante.” Eu tentei falar de uma maneira suave, mas era impossível. As palavras saíam da minha boca tão duras quanto as dele.

“E o que você sugere, Freud?” Ele disse arrogantemente.  “Já que estamos analisando minhas ações...”

“Aceite os erros das pessoas, seja amigável e procure não exagerar quando as coisas não saem do seu jeito.” Disse me levantando da baqueta, esbarrando no piano durante o caminho.

“Aonde você vai?” Ele perguntou, a raiva presente na sua voz.

“Treinar.”Respondi. ”Você mesmo disse que eu deveria fazer isso. Continuamos amanhã.” Sai da sala deixando-o sozinho ali.


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