Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 18
Confissões


Notas iniciais do capítulo

Já que eu estava lembrada, e como estava em falta com vocês por não ter postado semana passada. Aqui está um novo capitulo de ADSO YAY!!!! E finalmente, tem um beijo de verdade nesse capítulo!

Músicas do capítulo: Tell Him e You got me, ambas da Colbie Callait



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Capítulo 18- Confissões

[BPOV]

You're stuck on me

(Você está preso em mim)

and my laughing eyes

(e em meus olhos risonhos)

I can't pretend

(Eu não posso fingir)

Though I try to hide, I like you

(Embora tente esconder)

I like you like you

( Eu gosto de você, Eu gosto de você)

(/watch?v=bEWiFNqF4N4)

Assim que entrei na casa dos Cullens, tratei de seguir o caminho que eu conhecia tão bem. Resolvi  passar longe da cozinha, não querendo encontrar Esme ou Jasper. Ao menos não agora.

Quanto mais me aproximava da sala de música, melhor podia ouvir o som do piano. Apenas três dias haviam se passado desde que eu o ouvira tocar na apresentação, mas ainda assim sentia falta de ouvi-lo. A música doce e suave ecoava pelo corredor, então decidi ficar parada a porta, não querendo atrapalhá-lo.

Hello sempre foi uma das minhas músicas preferidas. Mas ouvindo-a na voz dele, tinha um significado completamente diferente. Uma sensação completamente diferente.

Era impossível não sorrir ao ouvir o som da sua voz.

Enquanto ele continuava a cantar, eu me lembrava vagamente do clipe dessa música. Nele, Lionel Ritchie interpretava um professor de teatro que era perdidamente apaixonado por sua aluna, que era deficiente visual. 

Ele sempre ficava de longe, observando-a. Desejando que ela o pudesse enxergá-lo. Não enxergar o exterior, mas o que ele tinha por dentro. Todo aquele sentimento que ele queria externar, mas não podia.

E as pessoas ainda dizem que a vida não imita a arte.

“Sabia que você gostava do Lionel Ritchie.” Provoquei, finalmente anunciando a minha presença, no mesmo momento que ele tocava a última nota da música.

“Eu nunca disse que não gostava.” Ele disse, virando-se na minha direção.

“Então por que todo aquele ódio com Endless Love?” Cruzei meus braços, esperando sua resposta. Às vezes eu esquecia que ele não podia ver minhas expressões e reações. Mas, quando eu estava perto dele eu não conseguia agir de outra maneira. Para mim Edward não era diferente.

“Não vamos começar de novo.” Ele avisou em um tom divertido.

“Só faço sua vontade por que hoje é seu aniversário”

“Como você sabe?” Edward perguntou com o cenho franzido.

“Parece que as pessoas por aqui não sabem falar de outra coisa.”

“Culpa da Esme.” Ele realmente conhecia a mãe que tinha. Esme e consequentemente Alice, pareciam não saber falar de outra coisa a não se o iminente aniversário.

“Então, eu trouxe um presente...” Disse enquanto me sentava ao lado dele na banqueta.

“Bella, não precisava. Sério.”

“Eu não sabia o que comprar, então eu resolvi gravar um CD, mas aí percebi que você já devia ter todas as músicas que eu tinha gravado, e acabei desistindo do CD....” Comecei a me explicar, mas fui interrompida por ele.

“Então eu não tenho presente?” Ele perguntou com um sorriso.

“Como eu estava falando...” Ignorei sua pergunta. “Eu me lembrei que música não é sua única paixão. Eu fui numa livraria e acabei encontrando isso aqui.” Coloquei um pequeno embrulho em suas mãos, que ele logo começou a abrir.  “O vendedor disse que ele é raro, então imaginei que você não tivesse.”

“O Príncipe e o Mendigo?!” Ele perguntou surpreso, depois de ter passado o dedo em cima da escrita em braile que a capa continha.

“Você disse uma vez que gostava do Mark Twain, então...”

“Esse é o meu livro preferido dele.” Ele disse maravilhado.

“Confesso que esse foi o único que li.” Tudo por que eu tinha visto um desenho do Mickey quando era pequena, e fiz Renée comprar um para mim depois que cresci.

“Sabe, os clássicos vão além de Jane Austen.” Ele provocou.  Eu nunca iria entender a implicância dos homens com os Clássicos de Austen.

“Em minha defesa, eu li Shakespeare.”.

“Romeu e Julieta?” Ele perguntou debochado. Ignorei a reação dele, pois sabia que ele gostava dessa peça, já que tinha visto o livro na estante dele.

“Um deles. Também li Megera Domada, Sonho de uma noite de Verão, Hamlet e Macbeth.” Respondi orgulhosa. Eu tinha certeza que o tinha surpreendido.

“Você realmente tem algum cérebro” Ele ponderou por um momento. “Embora eu ache que você deveria ter lido Julio Cesar.” Revirei meus olhos. Edward era incorrigível.

“Você sempre tem que dar a palavra final, não é?” Disse, com um suspiro cansado.

“Geralmente.” Ele deu de ombros, antes de um sorriso torto iluminar seu rosto.

I think I felt my heart skip a beat

(Eu acho que eu senti meu coração falhar uma batida)

I'm standing here and I can hardly breathe

(Eu estou aqui e eu mal posso respirar )

You got me, You got me.

(Você me ganhou, Você me ganhou )

Já haviam se passado duas semanas desde o dia da apresentação.

Eu quase não acreditei quando ganhei a nota máxima. Quer dizer, eu sabia que não tinha sido ruim, mas eu também não imaginava que alguém fosse me considerar tão boa assim.

Agora que eu estava oficialmente de férias, eu parecia não saber o que fazer com todo o tempo livre que eu tinha. .

Claro que Alice fazia questão de me arrastar quase todos os dias para a casa dos Cullens, o que eu não me opunha nem um pouquinho. Afinal, passar o dia todo trancada no apartamento com o Jake era monótono na maioria das vezes.

O que definitivamente não era o caso no momento.

“Você vai cozinhar?” Perguntei incrédula. Jake estava indo para a cozinha e eu o seguia pelo o apartamento.

“Você devia confiar em mim.” Ele disse, abrindo os armários da cozinha.

“Jake, eu lembro da última vez que você tentou cozinhar. A Rachel teve que chamar os bombeiros.”

“Eu tinha quinze anos.” Ele tentou se defender.

“Certas coisas nunca mudam.”

“Mas isso mudou.” Ele insistiu. “Agora saia daqui.” Ele disse, me empurrando para fora da cozinha. Eu estava sendo expulsa da minha própria cozinha?!

“Se você estragar ou quebrar alguma coisa, meu pai te mata!”

“Claro, claro.” Ele debochou. Se eu não corresse o risco de quebrar a minha mão, eu com certeza teria o socado. 

Por fim, sentei-me no sofá e liguei a televisão. Eu tentava prestar atenção em algum programa, mas era difícil como os barulhos vindos da cozinha.

A verdade é que eu estava louca para ir até lá e descobrir o que Jacob estava fazendo, mas não queria correr o risco de ser expulsa da minha própria cozinha pela segunda vez no mesmo dia.

Não demorou muito até eu ouvir um barulho na porta e segundos depois Charlie passou por ela.

“Bella, está tudo bem?” Meu pai perguntou quando viu minha expressão.

“O Jake tá cozinhando.” Respondi fazendo uma careta.

“Sabia que gostava desse garoto por uma razão.” Ele brincou. “Você bem que podia namorar ele.” Charlie completou com um olhar sugestivo, e eu senti meu estômago embrulhando.

“Eca!” Disse fazendo cara de nojo. Era perturbador imaginar uma coisa dessas. “Ele é como se fosse meu irmão. Isso é nojento.”

“Por falar em irmão. Sua mãe ligou?” Eu apenas assenti minha cabeça em resposta.

Charlie havia aceitado a gravidez da minha mãe bem melhor do que eu. Não que eu fosse contra ou não quisesse a criança, mas era estranho ter uma irmã –ou irmão- depois de ter sido filha única por dezoito anos.

Pelo menos eu não era a única em estar em estado de choque. Renée estava petrificada em saber que seria mãe outra vez. Na realidade, Phil era o único que estava radiante com toda essa situação.

Charlie foi para o quarto e eu voltei minha atenção para a televisão. Felizmente o telefone tocou. Ao menos algo para me ocupar por alguns minutos.

“Alô?”

“Bellinha?” Emmett perguntou do outro lado da linha.

“Quem mais seria, Emm?” Perguntei, entediada.

“A namorada do seu pai?” Ele respondeu com outra pergunta.

“Meu pai não tem namorada.” Disse enfadada. Lidar com Emmett certas horas podia ser cansativo.

“Você deveria arranjar uma para ele.” Ele sugeriu.

“Essa sua ligação tem algum motivo ou você só quer encher o meu saco?” Meu tom saiu um pouco mais ríspido do que eu intencionava, mas eu não pude evitar. Meu humor estava uma verdadeira montanha-russa nos últimos dias.

“Você tá tão irritadinha quanto o Edward. Ainda acho que o casal TPM seria uma boa.” Ele deu uma risada estrondosa do outro lado da linha, mas eu não o acompanhei. Eu nunca iria admitir, mas eu concordava com ele.

“Eu vou desligar na sua cara.” Ameacei.

“Passa para o Jake que eu quero falar com ele.” Ele pediu.

“Ok.” Eu tive vontade de perguntar o que ele queria com o Jake, mas achei melhor não.

Entreguei o telefone para o Jacob e fiquei parada na cozinha ouvindo a conversa deles. Ou melhor, tentando ouvir, já que Jake parecia não saber falar outra coisa a não ser ‘claro, claro’

“O que ele queria?” Perguntei assim que ele desligou o telefone. Eu estava curiosa demais para me fingir de desinteressada.

“O monster truck está na cidade e ele me chamou para ir.” Jacob respondeu, enquanto mexia uma panela que parecia conter algum tipo de molho.

“E a Rose vai também?” Perguntei. Do jeito que ela era louca por carros não duvidava nada que ela fosse.

“Acho que não. Até por que ele perguntou se você poderia passar o dia com ela amanhã.”

“E o que você respondeu?” Arquei minha sobrancelha.

“Que sim.” Ele deu de ombros, e colocou um pouco do molho na mão e o experimentou.

“Sem me consultar?” Eu praticamente gritei com ele.

“Como se você tivesse muita coisa para fazer.” Ele respondeu revirando os olhos.

“Mas isso não te dá o direito de decidir as coisas por mim.” Agora assim eu estava gritando com ele.  O que estava acontecendo comigo?

“O que tá acontecendo?” Jake perguntou com o cenho franzido.

“Nada, Jacob.” Respondi rispidamente enquanto saia a passos largos da cozinha.

***

(/watch?v=oyRU9mow5uU)

Suspirei frustrada quando Tell Him da Colbie Callait começou a tocar no rádio da minha caminhonete. Jacob me olhou de soslaio, mas não disse nada.

Parecia que tudo e todos conspiravam contra mim. Ultimamente eu estava mais irritada do que o normal. Acho que toda aquela situação estava de deixando frustrada.

Sem contar que eu estava nervosa demais em passar um tempo sozinha com a Rosalie.

“Apenas diga a ele.” Jacob disse, enquanto olhava pela janela do carro.

“Eu não tenho nada para dizer a ninguém” Me defendi. Jacob era o meu melhor amigo, meu irmão, mas mesmo com ele eu não conseguia deixar de ficar na defensiva.

“Você sabe que você fala enquanto dorme, não é?”

“O que eu falei?” Perguntei preocupada. Esse era um hábito meu que eu mais odiava. Parecia que eu sempre entregava os meus segredos enquanto eu dormia.

“Isso é segredo. Mas digamos que foi algo bem esclarecedor.” Ele disse com um sorriso sarcástico.

“Eu te odeio.” Disse entre os dentes, e ele riu.

“Quanto tempo vocês vão ficar fora?” Perguntei, quando finalmente estacionei a caminhonete em frente à casa dos Hale.

“Umas duas, três horas. Eu não sei.” Jake respondeu saindo do carro.

Fomos até a entrada da casa, e tocamos a campainha. Uma mulher alta e esguia veio nos atender. Ela tinha cabelos loiros que iam um pouco abaixo dos ombros, e seus olhos eram verdes. Olhando para ela eu entendi de onde Rosalie tinha herdado toda a sua beleza.

“Olá senhora Hale, eu sou a Bella e esse é o Jacob. A Rose está?”

“Está na sala com o Emmett. Podem entrar.” A mulher respondeu com um sorriso singelo. Ela não era tão calorosa quanto Esme, mas também não era antipática.

“Obrigada.” Agradeci, e fui para sala encontrá-los.

“Até que enfim vocês chegaram!” Rosalie exclamou.

“Culpa da caminhonete dela.” Jacob disse. Ótimo, já iam começar com a sessão ‘Vamos falar mal da Chevy Baby da Bella. ’

“Tem certeza que você não quer levá-la ao Monster Truck? Ao menos assim ela teria um final digno.”  Emmett ofereceu, e eu o fuzilei com os meus olhos

“Ela pode ser lenta, mas me leva para onde eu quero ir.”

“Nós já vamos. Vocês vão ficar bem?” Emmett perguntou olhando para nós.

”Acho que sobrevivemos sem vocês por algumas horas.” Rosalie respondeu, sorrindo para o namorado.

Emmett deu um rápido beijo em Rosalie, e ele e Jacob saíram nos deixando sozinhas na sala.

"O que você quer fazer?" Rose perguntou, enquanto eu me sentava no sofá.

"Qualquer coisa." Dei de ombros.

Não era necessário dizer que o clima naquela sala estava bastante estranho. Eu nunca havia passado um tempo sozinha com ela, além daquela vez quando ela me contou a verdade sobre o Edward.

Eu tinha uma leve suspeita desse repentino interesse da Rose querer passar um tempo comigo, e aquilo me assustava. Eu sabia qual seria o tema da nossa conversa, e aquela era uma conversa que eu não queria ter.

"Que tal assistirmos um filme?" Ela sugeriu.

"Claro." Talvez ela se distraísse com o filme e esquecesse o que ela tinha em mente.

Rose se levantou e foi até a estante escolher um filme bem na hora que meu celular vibrou no meu bolso. Sorri ao ver o nome do Jasper no visor. Talvez ele pudesse me acalmar um pouco.

"E aí, loirinho?" Disse numa tentativa tosca de fazer uma piada.

"Faz um tempo que eu não me olho no espelho, mas eu tenho quase certeza que meus cabelos não são loiros." Uma voz musicalmente suave disse do outro lado da linha.

"Edward?" Perguntei surpresa. Percebi que Rose olhou na minha direção ao ouvir a menção do nome dele.  É acho que as esperanças dela se distrair com o filme foram por água a baixo.

"Decepcionada?" Ele perguntou.

"Surpresa." Feliz,contente e radiante, completei nos meus pensamentos. "Então, a que devo a honra da sua ligação?"

"Sabe aquele filme que você estava querendo ver?" Ele perguntou animado.

"Qual deles? Eram tantos filmes que eu queria ver que eu nem me lembrava de qual ele falava.

"Planeta Terror" Eu confesso que aquele filme não fazia bem o meu gênero, mas o Tarantino sim. E eu precisava ver tudo em que ele colocava sua mão. Seja como diretor, produtor, ou apenas uma participação especial.  E aquele era um dos poucos filmes dele que eu ainda não havia assistido.

"O que tem?"

"Eu pedi para o Jasper baixá-lo, e eu queria saber se você não queria vir assistir." Ele convidou. Por que ele não havia ligado antes? Eu com certeza arranjaria uma desculpa para fugir da Rose e ficar com ele.

"Hoje não vai dar."

"Tudo bem." Ele soou triste.

"Eu tô aqui na casa da Rose, mas que tal outro dia?"

"Claro." Ele pareceu mais animado. Ficamos em silêncio por um tempo, apenas escutando a respiração um do outro. Eu queria pensar em algo para dizer. Manter alguma conversa decente, mas nada vinha à minha mente.

"Então, acho que eu vou desligar."

"Ok. Tchau Edward."

"Tchau Bella." Desliguei o telefone, e no instante seguinte Rosalie já estava sentada ao meu lado.

"Eu jurei a mim mesma que eu iria esperar até o final do filme para fazer essa pergunta, mas é simplesmente impossível. Qual o problema de vocês?" Ela disse as palavras tão rápido que eu demorei um tempo para processá-las.

"Ahn?"

"Você sabe do que eu estou falando." Rose falou em um tom cúmplice, e naquela hora eu entendi.

"Eu não sei não." Tratei de me colocar na defensiva.

"Não adianta você negar. Está praticamente escrito na sua testa."

"Tem certeza que você e o Jasper não têm nenhum parentesco?" Rosalie pareceu confusa, mas não perguntou nada. "Eu realmente não quero falar sobre esse assunto."

"Certo. Mas porque você não fala para ele, então?" Ela sugeriu. Será que ela não entendia que esse era exatamente o problema?

"Por que ele não sente o mesmo." Murmurei, sem encará-la.

"Como você sabe?" Ela questionou, arqueando uma sobrancelha.

"Eu simplesmente sei."

"E o que leva você a saber?" Ela perguntou novamente.

"Eu não sei!"

"Garota, você é confusa." A loira suspirou, frustrada.

"Rose..." Eu tentei dizer alguma coisa, mas ela me impediu.

"Bella, você não consegue ver não é?"

"O quê?" Perguntei sem entender do que ela estava falando.

"A música era a única ligação que ele tinha com o mundo exterior, mas agora ele tem você." Eu sabia que Rose tinha razão num ponto, mas o fato dele ter se aproximado de mim não indicava que ele sentia algo além de amizade.

"Eu sou só uma amiga para ele, Rose."

"Eu não teria tanta certeza. Você significa muito para ele" Rosalie disse com um sorriso doce.

"Como você sabe?"

"Eu conheço o Edward." Ela respondeu. "Você deveria falar com ele."

"Talvez." Decidi dá-la o benefício da dúvida. Se eu dissesse que não falaria com ele, eu tinha certeza que nossa conversa se estenderia por longas horas. "Podemos ver o filme agora?"

"Claro." Ela respondeu, apertando o play do controle remoto.

The way you take my hand is just so sweet

(O jeito que você segura a minha mão é simplesmente tão doce)

And that crooked smile of yours

(E aquele seu sorriso torto)

it knocks me off my feet

(Me deixa sem chão)

Entrei na casa dos Cullens e fui recebida por um completo silêncio.

O que era estranho para um sábado a tarde. Onde estava todo mundo?

Eu não lembrava Jasper ter falado que iria sair. Ouvi um barulho vindo da cozinha, e resolvi ir até lá ver quem era.

“Edward!” Gritei. Não pude evitar o sorriso que apareceu no meu rosto ao vê-lo ali. Eu não ficaria sozinha, e o melhor ainda estaria com ele.

“Você quer me matar do coração?” Ele colocou a mão no peito, enquanto tentava regular sua respiração.

“Desculpa.”

“O que você está fazendo aqui?” Ele perguntou surpreso.

“Nossa, se não me quer aqui é só falar.” Me fiz de ofendida, fazendo-o suspirar irritado.

“Você sabe que não é isso.”

“Meu pai saiu com o Jacob para pescar. E como já tinha lavado todas as roupas e arrumado a casa toda, decidi vir para cá.”

“Parece que seu pai gostou bastante do Jacob.” Ele comentou, enquanto pegava uma mochila que estava na cadeira e a pôs em cima da bancada.

“Nem me fala. Você acredita que um dia desses ele disse que gostaria que eu namorasse o Jake?” Ri ao lembrar do comentário insano do meu pai.

“E o que você respondeu?” Ele perguntou subitamente “Quer dizer, você quer namorar ele?”

“Não! Ele é como um irmão para mim.” O silêncio mais uma vez pairou no ar, e eu tratei de por um fim nele. “Por falar em irmão, cadê o seu?”

“Saiu com a Alice.” Respondeu, enquanto colocava alguns itens dentro da mochila.

“O Emmett?”

“Viajou com a Rose.” Biscoito, barra de cereal, água... Tudo estava indo parar dentro da mochila. Para onde esse garoto estava indo?

“Seus pais?”

“Meu pai tá trabalhando e minha mãe foi ao shopping.” Ele deu uma pequena pausa.  “Sinto em te desapontar, mas estamos sozinhos.”

“Eu não estou desapontada, só surpresa em encontrar essa casa tão vazia. Para quê a mochila?” Perguntei, já não me agüentando mais de curiosidade.

“Eu estava indo dar uma caminhada.”

“Caminhada? Aonde?”

“No bosque. Quer vir junto?” Ele convidou.

“Caminhada no bosque? Tô fora.” Recusei, embora a proposta me parecesse tentadora.

“Vamos... Eu juro que se o lobo mal aparecer eu defendo você.” Ele brincou. Se ele soubesse que eu queria que ele fosse o lobo mal...

Que pensamentos são esses, hein Bella?

“Não é do lobo mau que eu tenho medo, e sim de ir parar no hospital.”

“Qual é Bella, até eu consigo ir na trilha sem cair.”

“Isso não quer dizer muito, já que você faz tudo melhor do que eu.”

“Vamos Bella. Prometo que não te deixo cair.”

“Tudo bem. Mas se eu cair, a culpa vai ser sua.”

Oh, I just can't get enough

(Oh, eu só não consigo o suficiente)

Find my stoup I need to fill me up

(Quanto eu presciso para me encher?)

It feels so good it must be Love

(Eu me sinto tão bem, isso deve ser amor.)

It's everything that I've been dreaming of.

( É tudo que eu tenho sonhado.)

I give up. I give in. I let go. Let's begin.

( Eu desisto. Eu cedo. Eu deixo ir. Vamos começar)

Cause no matter what I do,

(Porque não importa o que eu faço,)

Oh (oh) my heart is filled with you.

(Meu coração é cheio com você.)

Eu ainda não acreditava no que eu estava fazendo. Desde quando eu fazia caminhadas? Ainda mais num bosque?  Pelo visto não era só sobre meus batimentos cardíacos que aquele garoto exercia sua influência.

Saímos pela porta dos fundos em direção ao tal bosque. Edward ia na frente com Jake, e eu os seguia de perto.

Eu estava maravilhada com o senso de direção do cachorro. Ele parecia estar seguindo o caminho certo, além disso, ele não andava rápido nem devagar demais. O ritmo dele era sincronizado com o de Edward, indicando que aquele passeio era mais comum do que eu imaginava.

Era engraçado que mesmo reclamando e implicando com o pobre cachorro, Edward confiava que ele o levaria ao lugar certo. Ele confiava –trocadilhos a parte- quase que cegamente em seu animal.

Era o mesmo tipo de confiança que eu depositava nele. E por mais surpresa que aquilo me deixava, eu não estava com medo por me sentir daquele jeito.

Quando finalmente chegamos à entrada do bosque, percebi que o mesmo tinha uma trilha perfeitamente demarcada, sinal de que o lugar era muito bem cuidado.

Não existiam galhos, pedras, nem nada que pudesse fazer Edward tropeçar ou cair.

Ele adentrou na trilha, e eu continuei o seguindo.

Crescendo no clima árido de Phoenix eu nunca convivi ou me importei muito com o verde, ou tudo relacionado a ele, mas o frescor e a umidade dali eram agradáveis.

Mas como nem tudo era perfeito, eu consegui tropeçar em algo e encontrei meu velho amigo: o chão.  O baque surdo dos meus joelhos e mãos ralando, fez com que Edward parasse sua caminhada abruptamente.

“Que droga!” Esbravejei. Olhei para onde eu tinha pisado e não vi nada que pudesse ter me feito tropeçar. Do jeito que eu era desastrada eu devia ter tropeçado no meu próprio pé.

“Você está bem?” Edward perguntou.

“Sim.” Respondi, embora sentisse minha mão latejando levemente.

“Você não consegue ficar longe do chão, né?” Ele provocou. Meu coração acelerou ao ver o seu – agora, tão famoso- sorriso torto aparecendo.

“Eu disse que isso iria acontecer.” O lembrei.

“Vem.” Ele disse esticando a mão para mim. Aceitei sua ajuda, sentindo meu rosto corar instantaneamente. Eu era tão patética.

Seguimos o restante do caminho no mais absoluto silêncio.

Sorri internamente ao perceber que ele segurava minha mão firmemente, como se não tivesse a intenção de soltá-la. E eu não queria que ele soltasse.

Será que... Eu prometi a mim mesma que nunca esperaria mais do que a amizade que tínhamos. Mas em momentos como aquele, eu me perguntava se não existia uma pequena possibilidade dele sentir o mesmo.

I can't imagine what it'd be like

(Eu não posso imaginar como seria)

Livin each day in this life, without you.

(Vivendo a vida toda nessa vida - sem você)

Without you.

(Sem você)

One look from you I know you understand

(Uma olhada de você e eu sei que você entende)

This mess we're in

(Essa bagunça em que nós estamos)

You know is just so out of hand.

(Você sabe que é tão fora de mão.)

“Chegamos.” Ele avisou. Olhei ao redor e vi que o lugar era uma espécie de mini clareira.

“Uau! Edward isso é... Lindo.” Disse, deslumbrada com o local.

“Que bom que você gostou... Esse é meu lugar preferido, meu refúgio secreto.”

“Acho que agora já não é tão secreto.”

“Na verdade, eu sempre quis dividi-lo com alguém.” Ele sorriu, e eu sorri também feliz em saber que ele tinha dividido aquilo comigo.

“Obrigada. Esse lugar é maravilhoso.” Agradeci genuinamente.

“Bella...” Ele me chamou.  “Você pode descrevê-la para mim? A clareira.”

“Claro.” Olhei novamente ao redor, antes de voltar a falar. “A grama é bem verde e tem algumas flores rasteiras espalhadas por ela.  Algumas delas são amarelas, mas a maioria são em tons de rosa e lilás. As árvores são altas, e as folhas estão bem verdes, já que o outono ainda está longe. E embora eu possa ouvir o canto dos pássaros, eu não consigo ver nenhum. ”

“Parece que nada mudou.” Ele disse com um sorriso. “Obrigado.”

Nos sentamos na grama, e ficamos em silêncio, apenas aproveitando os sons da natureza.

“Preparada para o próximo ano? Agora eu serei oficialmente seu parceiro de classe.”

“Acho que eu posso agüentar isso.”

“Tem certeza? O Mike pode ficar decepcionado.” Lembrar daquele garoto me dava arrepios.

“Você é tão engraçadinho.” Revirei os olhos.

“Eu posso te pedir uma coisa?” Ele perguntou de repente.

“Sim.”

“Você me deixa te ver?” Ele perguntou receoso.

“Deixo, mas com uma condição.”

“Tinha que ter uma condição, não é?” Ele riu. Sua risada era tão contagiante. Acho que havia se transformado no meu som preferido.  “O que você quer dessa vez?”

“Quero ver seus olhos.” Pedi.

“Não, Bella.” Ele disse firmemente “Existe uma razão para eu usar óculos escuros: Eles são feios.”

“Quem decide isso sou eu. Por favor, Edward.”

“Bella...”

“Por favor, por mim.” Insisti, sabendo que ele não conseguia dizer não quando eu pedia daquele jeito.

“Tudo bem.” Ele deu-se por vencido.

Eu me aproximei dele, ficando de joelhos a sua frente. Coloquei minhas mãos, uma em cada haste de seus óculos e as deixei ali por um momento, dando tempo dele me afastar se quisesse.

Quando percebi que ele não o faria, lentamente retirei seus óculos, e seus olhos finalmente foram revelados para mim.

“Então, é o suficiente para te dar pesadelos à noite?” Ele perguntou com uma risada amarga.

“Seus olhos são bonitos.” Comentei, olhando diretamente para eles. Suas pupilas e uma parte de sua íris eram levemente opacas, cobertas por uma mancha branca. Mas era possível ver o verde brilhante que estavam por trás daquilo.

“Bella, eu sou cego, mas não sou idiota.”

“Do que você está falando?” Perguntei confusa.

“Eu sei como meu olho ficou. Eu vi o que essa doença faz.” Edward parecia triste, e aquilo fez meu coração doer. “Você não precisa mentir para mim.”

“Eu não estou mentindo. E além do mais, você não viu como seu olho ficou.”  Ele pareceu pensar em algo para dizer, mas ficou quieto. “Eu sempre gostei de olhos verdes.” Deixei escapar, sem querer.

“Qual a cor dos seus olhos?” Ele perguntou curiosamente.

“Castanhos.” Respondi sem dar muita importância.

“Você não gosta deles?” Edward perguntou com o cenho franzido.

“É indiferente para mim. Quer dizer, eles são sem-graça como o restante do meu corpo. Então eu acho que combinam.”

“Agora eu posso te ver?” Ele perguntou ansioso.

“Claro.” Respondi, minha voz saindo quase que num sussurro.

Edward se aproximou um pouco mais, e meu coração já acelerava por antecipação.

Ele segurou meu rosto entre suas mãos, antes de explorá-lo com seus dedos.

Senti seu toque na minha testa e fechei meus olhos.

Aos poucos ele contornou meus olhos, meu nariz, minhas maçãs do rosto.

Ele fazia aquilo tão meticulosamente, como se quisesse gravar tudo em sua memória.

“Você é linda.” Ele sussurrou, passeando com seus dedos pela minha mandíbula. Eu deixei uma risada escapar ao ouvir aquele comentário. Só podia ser piada, né?  “É sério.” Ele disse, como se estivesse lendo os meus pensamentos.

Nunca desejei tanto que ele realmente pudesse ter essa habilidade.

Senti meu rosto ficando vermelho quando seu dedo chegou aos meus lábios.

Como eu queria poder beijá-lo novamente.

Edward demorou um pouco mais nessa área, contornando meus lábios repetidas vezes.

Eu realmente queria beijá-lo

Ele retirou suas mãos do meu rosto, e eu continuei ali parada, olhando para seus olhos e lábios. Eu não sabia como aconteceu, mas quando dei por mim, meus lábios estavam se movendo sob os dele.

Senti um estranho choque passar pelo meu corpo enquanto o beijava.

Edward permaneceu inerte durante o beijo, e foi como se eu tivesse ouvido um click na minha cabeça.

O que eu estava fazendo?

“Desculpe” Murmurei quase que inaudívelmente. Levantei-me abruptamente e comecei a correr.

Oh, I just can't get enough

(Oh, eu só não consigo o suficiente)

Find my stoup I need to fill me up

(Quanto eu presciso para me encher?)

It feels so good it must be Love

(Eu me sinto tão bem, isso deve ser amor.)

It's everything that I've been dreaming of.

( É tudo que eu tenho sonhado.)

I give up. I give in. I let go. Let's begin.

( Eu desisto. Eu cedo. Eu deixo ir. Vamos começar)

Cause no matter what I do,

(Porque não importa o que eu faço,)

Oh (oh) my heart is filled with you.

(Meu coração é cheio com você.)

Eu precisava sair dali o mais rápido possível. Eu não queria ficar lá apenas para ele falar as palavras que eu temia em ouvir. Ou eu falar as palavras que tanto temia em dizer.

Corri de volta pelo caminho pelo qual viemos. Felizmente o meu eu desastrado pareceu ter tirado uma folga naqueles momentos e eu consegui chegar até a casa dos Cullens sem tropeçar nenhuma vez.

Senti uma gota de água molhando minha blusa, e só então percebi que estava chorando.

Estúpida! Isso que eu era.

Como eu pude cometer o mesmo erro duas vezes?

Parecia que quanto mais eu tentava esconder o que sentia, mais eu acabava demonstrando ainda mais.

Subi as escadas correndo e fui para o meu quarto.

Eu sabia que ficar ali não seria uma boa idéia, mas dirigir nas condições em que eu estava não seria a coisa mais prudente a se fazer.

Me sentei na cama, abraçando meus joelhos enquanto as lágrimas continuavam a cair.

Agora não teria mais volta. Eu não poderia culpar um remédio ou qualquer outra coisa pelos meus atos.

Eu havia estragado a melhor coisa que já havia acontecido na minha vida. Por que eu não conseguia controlar os meus impulsos?

“Bella.” Congelei ao ouvir aquela voz. Eu realmente devia ter ido embora.

Levantei meus olhos para olhá-lo. Ele estava parado a porta, ainda segurando Jake pela coleira. Sua expressão não me dava nenhuma pista do que estava se passando em seus pensamentos.

“Oi.” Respondi num sussurro.

“Por que você saiu correndo?” Ele perguntou sério. Eu já odiava o rumo que aquela conversa estava tomando.

“Achei que o motivo fosse meio óbvio.” Respondi fracamente.

“Você não respondeu a minha pergunta.” Ele apontou.

“Edward, eu não estou a fim dos seus joguinhos.” Disse cortante.

“Eu só quero saber o porquê.”  Ele insistiu.

“Você mesmo disse que você é cego, mas não idiota.” Minha voz saiu estrangulada.  “Acho que você sabe muito bem a resposta para a sua pergunta.”

“Você...” Ele começou, mas hesitou brevemente. “Gosta de mim?” Ele completou num sussurro.

Aquela era a hora da verdade. Eu não tinha mais como fugir. Eu precisava fazer aquela confissão.

“Sim.” Admiti, mesmo não sabendo se gostar era a melhor definição para o que eu estava sentindo.  Edward não falou nada, e de repente eu não conseguia respirar. Eu estava sufocada naquele quarto. Eu precisava sair dali. “Eu preciso ir para casa.” Disse me levantando da cama.

“Não, espera.” Ele pediu, bloqueando minha passagem pela porta.

“Edward...” Implorei. Eu não tinha forças para aquilo.

Ele não respondeu, apenas esticou sua mão para mim. Fiquei olhando sua mão estendida por algum tempo, sem saber o que fazer, e muito menos o que ele estava fazendo.

Finalmente peguei sua mão, e ele me puxou para mais perto.

O ar me faltou novamente, mas agora por um novo motivo.

I hope we always feel this way

(Eu espero que sempre nos sintamos assim)

I know we will

(Eu sei que iremos)

and in my heart I know that

(E no meu coração eu sei que)

you'll always stay

(Você sempre ficará)

Timidamente, Edward pegou meu rosto entre suas mãos, da mesma maneira que ele havia feito mais cedo.

“Não chore.” Ele pediu, enquanto secava as minhas lágrimas com seus polegares.

Lentamente, ele começou a aproximar seu rosto do meu fazendo meu coração bater fortemente no meu peito.

“Bella” Ele sussurrou antes de colar seus lábios nos meus.

Senti o mesmo choque percorrer meu corpo novamente.  Dessa vez não era estranho, era uma sensação boa.

Ele me puxou para mais perto, colocando as mãos na minha cintura, ao mesmo tempo que sua língua contornava meu lábio, pedindo minha permissão para que ele pudesse me beijar;

Permissão essa que eu concedi na mesma hora.

Nossas línguas se encontraram, e eu senti seu gosto invadindo a minha boca. Uma mistura de menta, cereja e simplesmente Edward.

Não havia melhor maneira para descrever o seu gosto. Ou o seu beijo... Eu nunca havia provado nada igual. Nunca tinha sentido nada igual ao que eu estava sentindo naquele momento.

Minhas mãos foram para seus cabelos e o puxei ainda mais contra mim. Ele não estava perto o suficiente. Edward parecia concordar comigo, já que ele me apertou ainda mais em seus braços.

Deixei um suspiro escapar, e logo ouvi um rosnado. Rosnado esse que não veio do Edward.

Nos separamos relutantemente e olhei para Jake, que estava com os olhos grudados em nós.

“Acho que seu cachorro não gosta que eu beije você.” Disse, enquanto ria da expressão do cachorro. Jake sempre pareceu ser inteligente demais para a espécie dele.

“Acho mais provável o oposto.” Ele disse, encostando sua testa na minha. “Você parece que conquistou todos nessa casa.”

“Eu só queria conquistar um.” Confessei, sentindo minhas bochechas queimarem.

“Já conquistou.” Ele sussurrou antes de voltar a me beijar.

Oh, I just can't get enough

(Oh, eu só não consigo o suficiente)

Find my stoup I need to fill me up

(Quanto eu presciso para me encher?)

It feels so good it must be Love

(Eu me sinto tão bem, isso deve ser amor.)

It's everything that I've been dreaming of.

( É tudo que eu tenho sonhado.)

I give up. I give in. I let go. Let's begin.

( Eu desisto. Eu cedo. Eu deixo ir. Vamos começar)

Cause no matter what I do,

(Porque não importa o que eu faço,)

Oh (oh) my heart is filled with you.

(Meu coração é cheio com você.)

Oh, you got me.

(Você me ganhou)

Oh, you got me

(Você me ganhou)


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