Just My Luck escrita por Daniele Avlis


Capítulo 1
Eyes fot the moon




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Capitulo Um

Eyes for the moon




            A chuva caia pesada e respingava violentamente contra a janela de vidro fechada, naquela noite quente sem nuvens. Era mais uma daquelas chuvas de verão. Uma garota de cabelos castanhos escuros, estava deitada fitando o teto. Seus olhos grandes e da mesma cor, abertos, vislumbravam o teto mal iluminado pela luz do poste lá fora que entrava pela vidraça. Uma música tocava numa voz feminina melancólica num repertório ressonante. Era uma de suas canções favoritas e de uma das cantoras mais famosas na atualidade no Japão. Ela mexia os lábios avermelhados conforme a voz da cantora, cantando junto com ela num compasso tenso e simplório. A música era tocante e fazia a garota entrar numa espécie de transe. Um calor acolhedor a envolvia, naquela atmosfera densa, um calor ao qual ela se embriagava quando entrava em seu mundo escuro e inabitável. Ali só se concentrava a voz da cantora, seus sussurros, o som da chuva batendo na janela fechada. O quarto mal iluminado, quase envolto de uma grande escuridão, denunciava revista de bandas de rock do oriente, cantores, e artistas de vários estilos, papéis de balas de doces espalhados pelo chão de carpete preto juntamente com meias de cores diferentes e roupas - blusas e vários tamanhos, saias, calças -; com tênis, sapatos de salto plataforma, jogados ao leu pelo quarto juntamente com uma guitarra encostada no canto da parede. Pôsteres das bandas e cantoras favoritas cobriam as quatro paredes do quarto. Uma mesinha simples com um computador ao canto, desligado, continha vários papeis coloridos de recados ou mensagens de outras pessoas. O guarda-roupa aberto mostrava uma grande desorganização de vestes, como se caíssem cascatas de roupas velhas e novas. O espelho de pé, continha fotos, fotos pequenas e médias, todas mostrando pessoas sorrindo ou pregando peças em alguém. Um grupo de amigos. Em dupla, em trio, quarteto ou completo. Pedaços de folhas de cadernos completavam espaços, com rabiscos de caligrafia rude que mostrava uma escrita apressada. O celular vibrou fazendo um ruído mínimo em cima de uma pequena prateleira que ficava abaixo da única janela do quarto. A garota se manteve no mesmo estado de transe. Uma mensagem piscava latejante no visor colorido do celular pequeno e preto, e como um comando já registrado em seu sistema, a mensagem escrita abriu:


Sweet dreams


(Kokoro)

                         

            A lua brilhava imponente no céu negro, a chuva parou tão rápida quanto veio. As ruas movimentadas de gente de um lado para o outro, tão certa em seus trajes iguais e antiquados. Aquele sangue frio, morto que circulava nas veias daquelas pessoas não fazia parte do sentido que significava a palavra viver. Era um sentimento único, vibrante, avassalador, tenso, indiscreto, surreal. Uma garota de vestes pretas com fivelas, usava uma boina de lado, seus cabelos negros compridos soltos por baixo da boina preta. Sua saia curta com babados, preta, mostrava pernas calçadas por meias brancas que longo vinham acompanhadas de uma bota de salto plataforma preta. Ela estava em pé, encostada num poste molhado com o celular nas mãos e um sorriso gentil no rosto, que este, ficava em baixo da penumbra da boina. Ela ficou olhando a mensagem que fora enviada a outros números diferentes: Sweet dreams. Guardou-o, colocou a mão nos bolso e tirou um maço de cigarros, acendeu um e logo tomou o caminho da estrada, por onde mesmo aquelas altas horas da madrugada, naquela noite fria, ainda circulava pessoas fazendo compras em lojas de 24h; com as mãos nos bolsos da jaqueta preta aberta mostrando uma blusa branca por dentro.   (Maaki)

           

O som tocava alto da caixa de um computador. O quarto, somente iluminado por um abajur, que este, continha em cima um lenço de cor salmão. Uma garota de cabelos castanhos longos e cacheados, presos num coque apertado, estava diante do computador, digitava rápido e várias vezes, quase sem parar. Ao seu lado, em cima de uma mesa longa, continha revista de bandas, livros escolares, canetas de várias cores, cadernos de vários tamanhos, papéis de doces, fotografias, capas de CDs, algumas peças de roupas jogadas. Ela cantava alto, gingando com o som pesado de uma voz melancólica de um homem. Ao lado um violão vermelho coberto por algumas fitas coloridas de vários tamanhos, nela também tinha algumas pequenas fotos pregadas. Ela olhou para o copo de vidro ao seu lado com um liquido alaranjado espumante no fim, pegou-o, em seguida, levantou da cadeira e saiu com o copo nas mãos, batendo a porta numa batida seca. Ela passou por um corredor estreito iluminado com lâmpadas amarelas, descendo as escadas como se pisasse em brasa, olhou para a sala vazia. Usava uma blusa branca de mangas curtas neutra, usando também um short curto preto, caminhava descalça a passos vacilantes e entrou numa cozinha ampla, limpa e silenciosa, olhou para o relógio do microondas: 03:15am. Ela suspirou cansada caminhando novamente para o quarto quando algo vibrou no bolso de seu short curto. Ela deu alguns pulinhos de susto derrubando algumas gotas do liquido do copo em suas mãos. Desajeitada, ela pegou o celular no bolso e logo verificando: Sweet dreams era a mensagem, recebida. Ela suspirou dando um sorriso mínimo caminhando a passos vacilantes de volta ao quarto. (Fuuko)

             

            Num escritório de uma casa, um ambiente de trabalho, uma garota estava debruçada sobre pilhas de papeis e livros pesados, grossos de capas surradas com grandes títulos imponentes. O computador a frente parado, esperando a continuação de um trabalho não terminado no Word. Lápis e canetas estavam pendendo sobre a mesa branca prestes a cair. Um mp3 levava musica aos ouvidos da jovem através de fones, em meio a um enrolar de cabelos negros e longos soltos que ocultavam seu rosto debruçado sobre a mesa. Ela mexia de quanto em quanto, os dedos da mão direita que segurava frouxamente a caneta, já meio utilizada. Pedaços de papeis de cadernos ocupavam boa parte da mesa, contendo rabiscos matemáticos, outros de letras de músicas em português outros em kanji, letra japonesa, juntando com partituras de teclado. Livros de língua inglesa e japonesa por baixo do braço esquerdo e sob esta mão, o celular ligado esperando algo chegar. Ela estremeceu e acordou de um salto ao sentir a vibração do mesmo sob sua mão. Atordoada como se tivesse levado um grito ao pé do ouvido, ajeitou os longos cabelos rapidamente enquanto tirava os fones de ouvido ao mesmo tempo em que levava o celular até as vistas. E lá estava a mesma mensagem enviada outrora. Bocejou, verificou o relógio de pulso, colocou novamente os fones aos ouvidos, e derrubou a cabeça novamente na mesa com um baque surdo. (Asuka)

           

Com um violão em mãos, de pé sobre um banquinho largo, no centro do quarto, com a janela aberta por onde entrava a brisa leve. Um garoto cantava, cantava em plenos pulmões, de quando em quando, parava, pigarreava, e começava novamente, parando a intervalos fazendo ruídos com a garganta treinando a voz. O som tocava numa altura ambiente. A porta fechada exibia tolhas que cobriam as frestas para o som não escapar. Mas a janela aberta levava o som embora juntamente com sua voz. O vento era sua platéia; seu palco, o banquinho; seus admiradores, a banda dos pôsteres ao lado pregados nas paredes. Seus integrantes e companheiros de banda eram as pessoas das fotos as suas costas, pregadas de qualquer jeito num mural preso na parede bruta. O celular tocou alto, ele apenas se inclinou para trás, e olhou sua mensagem sem parar de cantar, visto, ele voltou a sua posição inicial. (Naruto)

           

Um quarto estreito parecia menor a proporção em que se olhava. Fotos, várias delas cobriam todas as paredes e o teto, apenas uma mesa quadrada e robusta ao centro era o móvel, coberta por mais fotos e um computador ao lado ligado, um garoto robusto e baixinho cantava enquanto batucava com baquetas em mãos, enquanto saia selecionando imagens. Ele cantarolava gingando seu corpo com o som que saia dos fones de ouvidos. De vez em quando rasgava uma nota com a voz. Manobrando as baquetas nas mãos no momento em que o celular tocava e vibrava pendendo na quina na mesa. Rapidamente ele derrubou as baquetas segurando rápido o celular com o coração na garganta. Suspirou de alivio ao salvar o aparelho. Sweet dreams era a palavra que exibia na tela colorida. Colocou o aparelho no bolso com cuidado e voltou ao seu trabalho naquela madrugada quente de verão. (Takuya)

           

            Um quarto bem arrumado, quase impecável, continha vários livros em cima de algumas prateleiras que cobriam metade de uma parede, de cima a baixo. Era um quarto, simples, modesto. Uma cama de solteiro que abrigava um garoto absorto em seus pensamentos debruçado sobre livros grossos de capas surradas contendo títulos quase incompreensíveis, grandes e complexos. Dicionários de vários tamanhos, cadernos grossos e pesados ocupavam o assoalho ao seu lado. Ele matutava tamborilando os dedos sobre um livro grossos de química quântica, física e entre outros cálculos a perder de vista. O silêncio do quarto era modorrento quebrando de quando em quando pelo arranhar do lápis sobre uma folha de papel em branco. Ele bocejou mostrando seu ar de cansado esfregado as mãos em seus olhos puxados. Olhou para o relógio no pulso esquerdo. Fechou com violência os livros colocando-os todos no chão, ao pé da cama. Deitou-se apoiando a cabeça nos braços. Ficou fitado o teto a meia luz de uma lâmpada ao canto da parede. Enfiou a mão nos bolsos da calça jeans desbotada e pegou o pequeno aparelho de celular preto. Verificando os nomes da sua lista de amigos, escolheu um e discou. Chamou algumas vezes na esperança de ninguém atender, mas uma voz feminina do outro lado atendeu. Sentou-se de um salto na cama e desligou o celular. Olhou rapidamente se havia colocado em número desconhecido, errou. "Droga" bufou ele constrangido, meio risonho do que fizera. Em seguida, se assustou com uma mensagem que aparecera piscando no visor. Hesitante, abriu-a: Sweet dreams. Alivio, foi o que sentiu ao perceber que ela não ligara de volta, mas a mensagem era de outra pessoa. "Idiota" xingou em pensamento a si próprio. Desligou o celular na esperança de que a tal garota do outro lado não lembrasse disso. (Ichigo)

           

            Nos meus sonhos sempre tinha luzes piscando de todas as cores num ambiente escuro, e ao fundo, um som de uma bela música acompanhada de uma mistura de sons variados: uma bela voz feminina encantava de uma forma trepida e ao mesmo tempo suave. A sensação vibrante num belo solo de guitarra fazia meu coração disparar e um calor suave com um toque venenoso era o suficiente para fazer perder a cabeça. Eu via aquelas luzes piscando diante de meus olhos num compasso do meu coração. Sentia as minhas veias pulsando com o calor quente que envolvia meu coração naquela canção maravilhosa. Eu nunca poderia imaginar que um dia alguém como eu havia de um dia escutar meu nome sair com tanta vibração da boca daquelas pessoas. Elas gritavam, gritavam alto; chamando-me, sempre me chamando mais alto e mais alto e mais alto e eu via em seus rostos euforia, alegria numa mistura de incontáveis sentimentos impossíveis de explicar. Aquele sonho era chamado por eles de Sweet dreams.        


            Eu estava postada diante daquelas pessoas, tantas, parecia um mar de gente todas olhando para mim, com seus olhos brilhando com as luzes dos holofotes, segurando cartazes grandes e pequenos, coloridos e cheios de enfeites. O lugar era um estádio, o palco sob meus pés tremia, era como se não tivesse chão para pisar, meus ouvidos escutavam a letra da musica que saia da minha boca para aquele aparelho de metal redondo a minha frente. Meus dedos clamavam para que parasse de tocar naquelas cordas, mas eu não conseguia, era mais forte do que eu. Escutava de quando em quando, meu nome sendo cuspido pela boca daquelas pessoas com tamanho entusiasmo "Kokoro!", "Kokoro!". Pelo canto dos meus olhos eu via, as pessoas em cima do palco que me acompanhavam, éramos um só naquele momento. Estávamos realizando um sonho que levamos dias, meses, para conseguir; a custa de muito trabalho e esforço. Eu desejava que alguém estivesse ali, alguém que dará seu lugar para mim. Era para ela esta ali, e não eu. Ela me levou para este mundo maravilho do qual eu desconhecia de uma maneira tão simples que me deixei levar. Eu era um diamante bruto, como ela dizia; que precisava ser lapidado.

            Eu tinha que agradecer a ela e a outra pessoa. Eles formaram a minha vida, eles me deram sonhos dos quais eu não tinha. Todos eles se tornaram a minha família.


            A Asian Nation - como era chamado por eles -, era um grande terreno abandonado pela prefeitura e comprado por um senhor, há alguns anos. Tinha uma grande extensão, sua estima de largura e comprimento era da metade de um quarteirão onde abrigava dois grandes prédios de quatro andares, iguais. Cheios de corredores e salas como pequenas lojas, era como se fosse uma pequena cidade, em pé, da Musica Asiática. Diversas tribos passeavam por aquele lugar: dos raps aos roqueiros, dos funks aos pops, dos emos aos otakus, todos num só ambiente. Mesmo vivendo longe das grandes cidades aglomerados num estado longínquo que chamávamos de Fim do Mundo. Apinhávamos em grandes eventos de desenhos animados chamados de Animes, nos chamavam de crianças, não ligávamos; outros nos olhavam a olhos tortos, nós não sabíamos por que, e quem de nos se importava? Estávamos no nosso mundo, era nosso e ninguém poderia nos tirar de lá. Tínhamos de tudo, amigos, colegas de trabalhos, famílias. Respeito entre todos; não machucávamos a natureza nem prejudicávamos os outros então, por que do preconceito com nosso estilo? Com nossa maneira de nos vestir? De nos tratar? De nos falarmos? Nós não sabíamos, mas parecia que algo nos dividia da sociedade brasileira tão "perfeita". Misturávamos de todas as etnias: éramos brasileiros, americanos, alemães, chineses, mexicanos, portugueses, em sua maioria: japoneses. Éramos brancos, negros, azuis, roxos, amarelos não importava; mas falávamos apenas uma língua: o próprio japonês. Era a nossa língua, nossa linguagem era a barreira que tínhamos que enfrentar para nos misturar a essa sociedade "perfeita". É uma pena, que os outros não entendam, mas também, não nos importava, estamos apenas vivendo um mundo musical.

           

Antes, eu vivia no escuro atrás da luz da qual eu nem imaginava que existia. Pensava que viver no mundo era somente andar pelas calçadas, trabalhar ou cursar uma boa faculdade, mas onde ficavam os sonhos? Por que as pessoas diziam que queria realizá-los? E por que eu não tinha os meus? Onde eles estavam? Mas um dia, na cafeteria alguém procurava uma voz e foi quando eu entrei nesse mundo...

           

E Sweet dreams era... Sempre uma Boa Noite... 


Meses antes...


            O barulho atrás da porta fechada era instigante e abafado. O ambiente do cômodo onde ela se encontrava ficava pequeno a cada respiração pesada que se desse. Apoiada sobre a pia encardida de um banheiro pequeno e individual, fitava seu rosto pálido marcado por uma maquiagem pesada num espelho lascado e sujo. Suas vestes rasgadas e negras continham fivelas reluzentes a forte luz prateada da lâmpada a cima de sua cabeça. Seus cabelos negros e opacos, meios despenteados na altura dos ombros lhe davam uma impressão de rebeldia a carisma. O cigarro aceso queimava lentamente entre os dedos de sua mão esquerda de unhas mal pintadas de vermelho berrante. Ela respirava lenta e penosamente. Levou o cigarro aos lábios vermelhos da cor do batom e tragou-o por alguns segundos, bateu de leve com o dedo no cigarro para tirar o excesso de cinzas desgastadas numa lixeira próxima. Voltou para a sua posição inicial, fitando o olhar fundo e perdido em sua pálida e sombria face no espelho. Começou a tossi irritantemente, rapidamente arrancou um taco de folha de papel higiênico, rasgou-o com violência, levando as folhas de papel à boca enquanto ainda tossia involuntariamente.

            A porta do banheiro se abriu, o barulho de gente gritando e vibrando lá fora ficou mais alto; ela virou a cabeça e se deparou com um rapaz. Era alto, cabelos negros e brilhantes a luz prateada da lâmpada. Trajava uma calça jeans preta e blusas da mesma cor, tinha aparência de oriental e um semblante solene. Ele ficou segurando a maçaneta metálica e fria da porta, enquanto os olhares dos dois se encontraram numa significativa compreensão solidária. A moça virou-se mais uma vez para o espelho, parando de tossir. Respirando fundo, rasgou mais um taco de papel higiênico e o passou embaixo dos olhos, haviam saído lagrimas com a tosse forte.

            Passos vacilantes e desenfreados pararam abruptamente ao lado do rapaz, quase esbarrando no mesmo. Era uma garota de cabelos loiros e despenteados, com algumas tranças e fitas de laços brancos. Trajava também vestes negras, mas infantis como uma saia de babados brancos com fivelas prateadas. Usava luvas de babados brandos e negros, maquiagem mais leve e rosada num rosto pálido e fino. Seus olhos claros olhavam para a moça com um olhar gentil e caridoso. Adentrou no banheiro postou-se atrás da moça, segurando de leve seus ombros. A moça, que estava apoiada na pia encardida, tocou de leve com a mão direita a mão da garota as suas costas. As duas se olharam pelo espelho sorrindo de leve, enquanto o rapaz apenas as observava num sorriso amigável.

            Uma música animada com uma voz feminina começou a tocar alto, os gritos de animação ficaram mais entusiasmados, estes ecoaram por todo o ambiente. A garota de vestes infantis, começou a pular de leve arrancando um sorriso leve da outra. O rapaz, apenas abaixou a cabeça, passou a mão direita sobre o rosto ao que se assustou ao ver um rapaz parado ao seu lado, seus olhos azuis e profundos correram pelo ambiente curioso e aturdido, seus cabelos loiros estavam bagunçados e espetados, trajava vestes como o outro: jeans preto, usava uma luva esfarrapada meio acinzentada e segurava em mãos uma guitarra vermelha, nela continha alguns nomes colados em preto e branco.

            Uma garota baixinha, trajando macacão desbotado e rasgado quadriculado, usava óculos marcante em seu rosto fino e infantil. Agarrou com força o braço do guitarrista e o saiu arrastando, este em meio a protestos. A loira apenas olhava atônita para o gesto da baixinha, a outra, a sua frente, apenas riu gostosamente. Saindo porta a fora com rapidez, ela os deixou sozinhos.

            A moça olhou para sua face pálida mais uma vez para o espelho, era a vez do rapaz ficar postado alguns passos ao seu lado. Ela abaixou a cabeça, debruçada mais uma vez na pia encardida. O rapaz tocou seus ombros, esta se virou, chorando baixinho silenciosamente, deixou-se abraçar num abraço carinhoso e gentil.  

            Ela subiu no palco negro de cabeça baixa. As pessoas da platéia vibraram a sua entrada, a espera excitante e ansiosa que estava. Espantando as lágrimas de outrora, voltou-se para o grupo de pessoas a sua frente cantando junto com sua voz ressonante e cálida. Segurando o microfone do pedestal, sorrindo docemente para todos a sua volta. Ela cantou, cantou como sempre fez.


"... Quando alguém tiver seu desejo realizado, que o faça durar e seja muito, muito feliz e o conserve para que nunca acabe..."


Dias presentes...


            Um quarto mal iluminado por uma meia luz amarelada era quase entregue a escuridão. A janela que mostrava arranhões e risco do tempo, meio opaca e cinzenta vidraça era chicoteada pelos respingos da chuva fina que caia rápida lá fora de um céu negro de veludo onde, no meio do imenso espaço, brilhava a luz prateada da lua grande e imponente lançando seus raios fortes através da janela.

            Kokoro estava debruçada sobre o parapeito da janela sentada num banquinho de pernas finas de madeira. O som tocava baixo e suave numa voz masculina e melódica de uma banda japonesa. Seu olhar perdido sob o céu se perdia em pensamento enquanto sua mão direita repousava sobre um pequeno caderno de arame fino, esta mesma segurando um lápis já meio usado, enquanto a mão esquerda apoiava o queixo da moça absorta em lembranças.

            Na folha com pautas do caderno de arame continham desenhos mimosos, pedaços de letras e rabiscos de nomes e telefones de pessoas e um texto não acabado... 


            "Foi como se vento espantasse a nuvem negra que estava sobre a minha cabeça; foi como se o sol sorrisse para mim como jamais sorriu, mas ao mesmo tempo, foi como se eu tivesse dado a eles um novo motivo para viver um novo começo... Não havia nada de errado em minha vida, nem nas pessoas que eu conhecia ou em minha família, eu os amava, mas era em mim que estava algo errado; era em mim que faltava algo e eles me deram uma chance de descobrir..."


           



N/A:    Pode parecer um pouco confuso, eu sei, o primeiro capitulo e o segundo mostraram as vidas desses personagens normalmente, principalmente a vida de dois personagens que ainda não se conhece, mas estão prestes a se esbarrar e quando isso acontecer é o momento em que a estória vai se desenrolar! Então, aguarde os próximos capítulos desta estória \o/


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