Era 3 da tarde quando nossa mãe acabou de arrumar nossas malas pro acampamento.

-Eu NÃO vou! -o Tom abriu a mala dele e jogou as roupas no chão da sala.

-Arruma AGORA, TOM KAULITZ! -mamãe gritou.

Tom olhou feio para ela.

-1..... -ela começou a contar e ele nem se mecheu. -2...... -ela continuou e eu sabia o que ia acontecer quando o 3 chegasse.

-Ele já vai arrumar! -eu disse, evitando ver o Tom apanhando. -Mãe vai pra lá que daqui a pouco ele vai estar pronto! -minha mãe me olhou e saiu da sala indo para o quarto dela.

O Tom levantou os olhos cheios de lágrimas e sussurrou um "obrigado" quase inadível.

-Tudo bem,Tom! Eu estou aqui! Eu não vou deixar ela te bater! -eu o abracei e ele chorou no meu ombro.

-Bill, eu não quero ir! -ele dizia no meu ouvido.

-Eu também não, mas não estamos sozinhos! Eu tenho você e você tem a mim! Vamos superar isso! -limpei as lágrimas dos olhos dele que caíam freneticamente.  -Agora para de chorar e vamos arrumar essa mala de novo! -sorri para ele.

-Amo você..... -ele sussurou entre um soluço e outro.

-Também amo você, Tom! -levantei de cima da mala e comecei, com a ajuda dele, arrumar as roupas de novo.

Meia hora depois, nossa mãe desceu e nos olhou.

-Vejo que a rebeldia já passou! -ela levantou uma sombrancelha. -Vão para o carro porque o Gordon vai levá -los! -ela olhou para o Tom -Cuide do seu irmão! Amo vocês! -ela beijou nossas bochechas e saiu da sala.

Eu e o Tom fomos para o portão esperar pelo Gordon. Acho que passamos 15 minutos esperando, sob o sol quente até ele dar as caras.

-E aí, garotos? Prontos para o acamapamento? -ele perguntou colocando nossas malas e barracas no porta-malas.

-Prontos para o inferno você quis dizer! -o Tom respondeu entrando no carro.

-Não seja tão pessimista pequeno Kaulitz! -Gordon entrou no carro também.

-Eu vou ignorar o que você falou! -o Tom colocou seus fones de ouvido e virou o rosto, evitando olhar nosso padrasto.

Demorou uma hora para chegarmos ao tal do acampamento de verão.

-Bem vindos ao acampamento SÓ para meninos! -o instrutor nos disse.

-Se mata! -o Tom respondeu e o moço fez cara feia pra ele.

-Adeus garotos e boa sorte com isso daí! -Gordon FDP! Nos deixa aqui e sai de mansinho!

Estávamos sozinhos naquela mata fechada e totalmente isolada do reto de Hamburgo.

-Não tenham vergonha! Vão para o refeitório conhecer o resto do pessoal! -que instrutor panaca, esse!

O Tom seguiu reto e eu fui atrás dele, direção ao refeitório.

A porta quase caiu quando o meu irmão a empurrou para entar.

Todos os garotos pararam de jogar comida um no outro e nos olharam.

-É.... eu sou o Frank! -um nerd nojento disse acenando ridiculamente.

O lugar cheirava à gordura velha. Os bancos eram de madeira e as paredes eram pitadas de brancas, só que desgastadas e com marcas de molho vermelho de macarrão, provavelmente.

Um gordinho levantou e veio em nossa direção. Eu sai de trás do Tom e sorri para ele.

Ele me puxou pelo pulso e me disse:

-Garotas não são permitidas aqui!

-Eu não sou uma garota! -eu respondi. -E você está me machucando! -gemi de dor.

-Solta ele agora! -o Tom disse para o garoto enquanto todo o resto olhava a cena.

-Se não o que? -o gordinho perguntou apertando mais meu pulso.

-Eu acabo com a sua cara! -o Tom disse calmamente e o garoto me largou. -Se você encostar só mais uma vez nele, você vai ver o que eu faço com você!

-Ficou revoltado, é? -o menino perguntou se achando.

-Não! Estou apenas te alertando! Fique longhe do MEU irmão, se não você vai pagar seriamente por isso e se eu fosse você não arriscaria saber o que pode acontecer! -o Tom disse sainda do refeitório furioso, me deixando ali, com os novatos, SOZINHO!