A Vingança de Hermione Granger escrita por Tamara


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Ei, lovelies. Como vocês estão?

Dedico esse capítulo para a Natty (minha leitora mais fiel ♥), Edla e VicJohen. Agradeço pelos comentários! ♥



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Capítulo 29

Eu não vou desistir de você

 

As palavras ecoaram em sua mente, assimilando-as muito lentamente.

Grávida...

Grávida dele?

Sentiu o ar abandonar os seus pulmões, por alguns instantes se esqueceu de que deveria respirar.

Inspire. Expire. Inspire. Expire.

Os âmbares confusos encontraram os azuis acinzentados outra vez.

— É seu? – A pergunta que não precisava ter sido feita, os olhos tristes do namorado entregaram a verdade. – Você disse que não aconteceu nada... – Seu tom de voz saiu baixo, ainda processando.

— Eu não lembro, não faz sentido, para mim não aconteceu... – Atrás das palavras calmas, ela notou seu desespero.

Desviou o olhar, não aguentaria o fitar, não naquele momento.

— O que aconteceu ontem? – Indagou, enquanto se levantava, buscando pelo seu robe ao lado da cama.

Draco demorou alguns instantes até falar sobre o encontro com os seus pais e os pais de Astória. Hermione respirou fundo antes de enterrar toda a sua emoção, deveria ser racional, pensar com clareza.

Enquanto raciocinava, mal notou estar andando de um lado para o outro, apertando com força os braços cruzados contra o próprio corpo. Draco permaneceu sentado, somente a observando, esperando pelo tempo de Hermione para continuar aquela conversa.

— Pode ser uma armação, tem chances do filho não ser seu. – Hermione constatou, forçando-se a parar de andar.

— Claro que pode... – Suspirou aliviado, aproximando-se cautelosamente da namorada.

Hermione postou o corpo contra a parede, deixando-se deslizar por ela, mal notou o quanto estava exausta ao tentar controlar as suas emoções.

Draco postou-se de joelhos na sua frente, tocando cuidadosamente nos joelhos da garota.

— Mas também tem chances de ser seu... – Hermione voltou os olhos aos dele finalmente, tentando a todo custo manter as lágrimas. – O que você vai fazer? – Indagou em um sussurro, teve o ímpeto de tocar a face triste do sonserino, mas logo baixou a mão.

— Eu vou assumir, se for meu, é claro. – Falou convicto. – Mas não irei me casar com ela, você é tudo para mim...

Era demais para Draco suportar, por isso ele estendeu a mão e tocou no rosto da morena, acariciando-a com suavidade e carinho.

— Eu não pretendo desistir de nós, Hermione.

Ele aproximou os lábios dos seus, cautelosamente, temendo que ela se afastasse. Quando viu que não o faria, os beijou com carinho. Um selar demorado, uma promessa de que nada os abalaria.

Ela fechou os olhos e retribuiu ao beijo, precisava daquilo, precisava sentir o amor dele mais uma vez. Quando os lábios se afastaram, ela forçou um sorriso mínimo.

— Estamos bem?

A ânsia velada na pergunta foi perceptível. Eles estavam bem?

— Eu não sei... – Foi sincera, segurando na mão esquerda dele e envolvendo os dedos. – Eu não vou te deixar se o filho for seu, Draco. Mas receio que não vai ser fácil para nós, sua família, a família de Astória, o nosso mundo é tão conservador...

— Hermione... – Segurou em sua nuca, fitando-a com intensidade outra vez. – Eu vou assumir o meu filho, vou amá-lo e arcar com todas as minhas responsabilidades, mas não vou destruir a minha vida pelo o que os outros pensam. Sei que não será fácil, mas estou disposto a tudo para continuar com você. Entenda... só vou desistir de você, se você não me quiser mais, se deixar de me amar.

— Ah, Draco... – Ela acariciou seu rosto, deixando que uma lágrima sorrateira escapasse.

E por um momento acreditou que realmente conseguiriam passar por aquilo, que conseguiriam passar por tudo. Por isso, ela envolveu os braços ao redor do seu corpo e afundou o rosto em seu pescoço. Abraçando-o com força.

(...)

A mão de Draco estava entrelaçada na sua, apertou-a com mais força na medida em que caminhavam em direção ao Salão Principal. As pessoas olhavam e cochichavam, manteve o queixo erguido, tentando ao máximo ignorar tudo à sua volta.

Sabia que naquela altura todos já sabiam, não era nenhuma surpresa, assim como sabia que a história foi completamente deturpada. Novamente ela foi colocada ao posto de “corna”, a diferença é que havia um filho naquela vez. Por sorte, já estava acostumada à humilhação pública.

Pularam o café da manhã e logo o sinal para encaminharem-se às aulas foi dado. Draco apertou a sua mão, e a beijou.

— Desculpe te fazer passar por isso...

Sussurrou, caminhando em sentido oposto, já que teriam aulas distintas. Contudo, assim que entrou na sala, o professor o liberou para uma visita familiar dada como urgente.

Draco suspirou, sabia de quem se tratava. E assim que chegou ao salão de visitas, teve ciência de que sairia dali com muita dor de cabeça.

— Olá, pai.

(...)

Realmente tentou ser forte, manter a cabeça erguida e encarar tudo aquilo com maturidade. Porém, as piadas estúpidas e as perguntas sem noção a deixaram louca.

“É verdade tudo isso?”

“Como ainda está com ele?”

“Pobrezinha, como consegue lidar com tudo isso?”

“Você é muito mais bonita que a Astória, não se preocupe.”

“É verdade que seu namorado vai se casar com outra?”

E tinha aqueles que riam, como Parvati Patil que a olhava com um ar vitorioso. Hermione quis matá-la, se não fosse por ela nada daquilo estaria acontecendo. Nunca odiou realmente ninguém, até ela. Teve que se controlar muito para encarar aquela situação com maturidade e somente ignorar a Patil.

— Hermione... – Sua prima tocou gentilmente em seu ombro. – O que acha de matarmos aula? Gina conseguiu doces...

— Por favor.

Pela primeira vez, Hermione matou aula de bom grado.

Ela comeu mais um pedaço de chocolate, monopolizando a barra. Havia contado o que houve, e como sempre, suas amigas não julgaram.

— Ela está mesmo grávida? – Thereza indagou. – Não me parece real...

— Ela está.

— Mas pode não ser dele, não é? – Gina interferiu com esperanças.

— Tem chances...

O silêncio predominou outra vez. As quatro garotas estavam perplexas demais para falarem algo, por isso somente se entreolharam.

— Então... quem quer pudim? – Luna perguntou esperançosa, tentando desfazer o clima pesado.

(...)

Veronica estranhou o bilhete encantado de Padma, depois da festa da irmã, a indiana havia se afastado da garota de cabelos róseos. Não entendeu ao certo o porquê, foi tão repentino, estavam tão próximas...mas não insistiu, nem correu atrás, estava cansada de praticamente tudo em Hogwarts.

Padma parecia perdida em seus pensamentos, sentada próxima ao Lago Negro, mal notou que ela havia se aproximado.

— Padma? – Chamou a atenção da morena, recebendo uma expressão surpresa que logo se transformou em um sorriso sincero.

— Fico feliz que tenha vindo. – Foi para o lado, deixando espaço no banco de mármore para a amiga.

— Por que não viria? – Deu de ombros, tentando não demonstrar sua decepção.Porque realmente foi frustrante o fato de Padma ter se reaproximado apenas para se afastar novamente.

— Porque eu me afastei, fui uma idiota... – Confessou, suspirando consternada em seguida. – Quero pedir desculpas por isso...

— Não tem nada para se desculpar, ninguém é obrigada a falar ou andar com alguém que não queira. – Usou sua habitual máscara de indiferença, cruzando os braços em seguida, enquanto observava o lago.

— Eu não queria me afastar de você, não realmente. – Sua voz saiu baixa, voltou os olhos para as próprias mãos, brincando com os seus dedos.

Veronica olhou de soslaio para a gêmea Patil, não foi difícil juntar os pontos, Parvati provavelmente fez ou falou algo que a fez se afastar.

— Você soube que Astória Greengrass está grávida? – Padma mudou de assunto subitamente, recebendo um acenar positivo da rosada. – Parvati induziu a Greengrass a drogar e seduzir o Malfoy, orquestrou um teatro bem feito.

— Típico da Parvati, ela adora acabar com a vida alheia. – Foi feroz nas palavras, mas a indiana causava isso nela.

— Sim, ela adora... – Sorriu amargamente. – Ela não tolerou o fato de eu ter levado você, não foi somente a vida da Hermione que ela prejudicou naquela noite...

— Como assim? – Franziu as sobrancelhas, confusa com o rumo da conversa.

— Você conhece a banda Santenne?

— Claro... – Não pode conter o riso, todos conheciam aquela banda.

— Eu tenho um pôster enorme deles no meu quarto... – Padma voltou timidamente o olhar para a rosada.

— Não vai me dizer que é fã girl? – Brincou. – Aposto que morre de amores pelo Laurence... – Revirou os olhos.

Padma a acompanhou na risada, timidamente.

— Na verdade, eu sempre preferi a Brienne...

A risada morreu no ar, voltando os olhos confusos para ela. Oh, como nunca imaginou? E todos os namorados?

— Dino, Simas... eu sei. – Padma emendou, desviando o olhar, sentiu suas bochechas corarem. – Foi Parvati, ela quem me empurrou a todos ele...

Então tudo estava claro, Parvati reprimiu a irmã todo aquele tempo, manipulando-a e provavelmente a ameaçando de revelar para família.

— O que ela fez na festa?

— Contou aos meus pais. Com um berrador enquanto estavam em um jantar de negócios.

— Oh, lamento... – Instintivamente segurou na mão dela, sabia perfeitamente como era passar por aquilo.

— Não é por isso que estou aqui. Eu fiquei triste, deprimida e com muita raiva da minha irmã... ela é realmente cruel, como nunca pude ver isso antes? – Engoliu em seco. – Então eu tive que engolir meu rancor e a ajudar, porque o mundo dela também desmoronou, nossos pais estão tão desapontados com nós duas, e não tiver forças de enfrentar os meus problemas...

— Padma, está tudo bem. – Tentou tranquiliza-la.

— Não, não está. Você é a minha única amizade sincera nesse lugar, não quero perder você... – Seus olhos lacrimejantes procuraram os da amiga. – Não quero perder você... – Repetiu.

— Eu estou aqui, Padma. – Abraçou a amiga.

(...)

Hermione engoliu em seco assim que o viu. Quando um Malfoy solicitou sua presença na sala de visitas, imaginou ser Narcisa para falar sobre o filho. Todavia, era Lucius Malfoy quem a esperava sentado displicente sobre a poltrona marrom.

 – Senhorita Granger. – Cumprimentou-a com um aceno cordial, apesar da voz fria. – Por favor, sente-se. – Apontou para a poltrona a sua frente.

— Senhor Malfoy. – Foi educada o bastante para retribuir ao cumprimento, forçando-se a não tremer a voz, tampouco mostrar a sua surpresa.

Sentou-se sobre a poltrona, mantendo o queixo erguido.

— Imagino que saiba o motivo de tê-la chamado. – Não teve rodeios, suas feições estavam inexpressivas, mas os olhos cinzas fixaram nos dela.

Seus olhos eram idênticos aos de Draco, a diferença é que não parecia haver vida nos do mais velho.

— Não é difícil pressupor. – Retorquiu, arrumando a postura e cruzando as pernas. – Apenas não sei o motivo de me envolver nisto.

Lucius Malfoy esboçou um sorriso mínimo, mas Hermione não soube predizer se era de divertimento ou de desgosto.

— Draco sempre foi meu maior orgulho, Srta. Granger. – Proferiu, ainda mantendo o contato visual. – Sempre o vi como minha cópia mais fiel, mas há muitos anos ele demonstrou que sempre foi muito mais emotivo do que um dia eu fui. Não foi exatamente uma surpresa quando eu soube do relacionamento de vocês, seu nome sempre foi comentado nos jantares durante as férias, embora ele disfarçasse a admiração por você com palavras não muito amistosas.

Hermione não negou a surpresa perante aquela afirmação, mas nada disse. Esperou que ele continuasse seu raciocínio, embora já imaginasse onde aquilo iria dar.

— Eu sempre soube, e talvez por isso tenha tentado impregnar meus ideais mais firmemente em sua mente. Confesso que sempre desejei que Draco não fosse somente parecido comigo na aparência, o criei para ser a minha cópia. Essa foi a minha primeira falha, se não a maior, isso foi o que o afastou de mim. – E pela primeira vez, percebeu um misto de culpa em suas feições, mas logo foi mascarada pela frieza. – Acredito que saiba o passado entre Draco e a Srta. Greengrass, estou certo?

— Sim, não há segredos entre nós. – Respondeu com a voz firme, não se deixando ser atingida pelo olhar descrente do Malfoy.

— Draco sempre mostrou ser um garoto forte, mas quando ele soube da tentativa de suicídio da Srta. Greengrass e da perda do filho... – Pausou, o assunto era pesado até mesmo para alguém frio e racional como ele. – Bem, aquilo o destruiu... destruiu verdadeiramente, ele ficou aquele verão inteiro sem sair do quarto. Narcisa interveio e precisou de algumas consultas com um medibruxo da mente para ele voltar a ser o nosso garoto.

Draco nunca havia falado sobre as consultas, mas ela não transpareceu isso.

— A história parece estar se repetindo, como se a vida estivesse dando uma nova chance para ele, imagine o que aconteceria se o final fosse o mesmo ou semelhante? Draco iria se quebrar definitivamente.

Lucius percebeu o leve tremor no queixo da morena, assim como os olhos brilhantes das lágrimas, ele a atingiu como o planejado.

— Eu sei de tudo isso, Sr. Malfoy. – Respondeu, voltando a erguer o olhar e fitá-lo, engolindo as lágrimas. – Mas, e você? Sabe de tudo?

Lucius vacilou por alguns instantes, dando a oportunidade para Hermione continuar:

— Sabe que Draco foi drogado? Que não foi consentido? Sabe que tudo não passou de uma tentativa de nos separar? Uma vingança? – O tom de raiva em sua voz não passou batido, ela ergueu um pouco para frente. – Sabe que tem muita chance do filho não ser dele?

Lucius disfarçou a surpresa muito mal.

— Mas também têm chances de ser, pense no escândalo que tudo vai gerar, nas manchetes que irão fazer, pense no passado de Draco e na garota Astória... – Sua já não mantinha o tom frio e indiferente, havia uma certa urgência. – Pense em...

— Você quer que eu me afaste de Draco. – Ela o cortou.

Lucius somente anuiu.

— Sim, Draco não pretende desistir de você. Mas você é inteligente o bastante para saber que é o melhor. – A voz fria e cortante estava lá novamente.

— Sim, talvez seja. – Suspirou visivelmente cansada, fechando os olhos por alguns instantes. – Mas isso nos condenará, você sabe, não é? – Suas últimas palavras saíram em um tom baixo, cansado.

Não esperou por uma resposta de Lucius, tampouco ele tinha uma. Somente levantou-se e caminhou em direção à porta.

Lucius Malfoy estava certo e isso destruía o seu coração. E se Astória tentasse cometer contra a própria vida novamente? E se perdesse outro filho? Dracose culparia.

Precisava pensar com clareza, por isso entrou no banheiro feminino para lavar o rosto. Estava exausta emocionalmente, seu dia foi um pesadelo e a visita de Lucius contribuiu para piorá-lo. Enquanto secava o rosto, escutou a descarga. E assim que abriu os olhos novamente, avistou Astória com uma mão na barriga enquanto caminhava em direção às pias.

A Greengrass estava visivelmente pálida, parecia tão cansada, e provavelmente não dormia bem a julgar pelas olheiras. Astória voltou os olhos aos seus por alguns instantes, mas logo os desviou. Suas maçãs do rosto estavam coradas, não imaginou que a veria envergonhada.

Tirou do bolso do casaco uma poção que carregava consigo, a colocou sobre a pia mais próxima de Astória.

— É para enjoos. – Comentou.

Astória voltou o olhar confuso para ela, aceitando a poção com visível receio.

— Obrigada... – Praticamente sussurrou.

Hermione anuiu, encostando levemente os quadris contra o mármore da pia, analisando a garota a sua frente.

— É dele? – Indagou sem rodeios, notando-a arregalar os olhos.

— Eu... – Astória voltou os olhos para os pés. – Eu não queria tudo isso, Granger. Eu não queria que fosse tão longe. Muito menos envolver você. Realmente estou tão arrependida...

Hermione desviou o olhar assim que Astória começou a chorar.

— Imagino que esteja. – Respondeu amarga, dando-lhe as costas para deixá-la sozinha em sua tristeza.

Astória foi uma vítima de si mesma, talvez por isso não tivesse raivadela, era um misto de pena.  Ainda assim, não a eximia da culpa. Naquele momento, ela tomou sua decisão.

(...)

Draco estava exausto. Fazia tempo que deixou de se importar com opiniões alheias, mas Hogwarts era insuportável, não haviam limites para as fofocas e suposições maldosas. Além disso, a conversa com Lucius somente o deixou com mais raiva, ele realmente imaginou que entraria na sua mente e o faria largar Hermione?

Assim que chegou no seu Salão Comunal, viu a namorada parada em frente à janela, percebeu que ela vestia um roupão de banho e estava com os cabelos molhados.

— Hermione?

Assustou-se com os olhos inexpressivos da garota assim que ela se virou para trás, forçando um sorriso mínimo para ele.

— Draco, precisamos conversar...

O tom baixo e triste. O loiro fechou os olhos por alguns instantes, virando o rosto para o lado, ele sabia que aquele momento chegaria, sabia que ela não aguentaria, ainda assim não estava preparado.

— Por favor, Hermione, não...

Rogou, voltando a abrir os olhos assim que sentiu os dedos frios dela erguerem o seu queixo. Cinzas nos âmbares outra vez, Hermione havia treinado a sua fala, mas nada parecia certo. Talvez porque não fosse.

— Falei com o seu pai...

Notou os olhos cinza transbordarem fúria. Instintivamente, Draco segurou nos ombros dela, analisando-a de cima a baixo, como se estivesse verificando se tudo nela estava bem e inteiro.

— O que Lucius falou? Não dê ouvidos para ele...

— Draco, está tudo bem. – Ela segurou suavemente o seu rosto, forçando-o a fitá-la novamente. – Está tudo bem. – Ressaltou outra vez.

E por alguns instantes, somente continuou a fitá-lo. Seria tão difícil, mas precisava.

— Ele está certo. – Não teve forças para ser firme, suas palavras saíram trêmulas. – Precisamos nos afastar, eu vi Astória no banheiro hoje e ela está tão fraca...

— Hermione, não... – Ele a cortou. – Eu já disse que irei assumir as minhas responsabilidades, mas não irei me casar com Astória.

— Eu não quero que se case com ela! – Interveio imediatamente, as lágrimas pediam para sair. – Não quero, e espero que você não se case. Mas... não vejo outra saída para nós. Não agora. Precisamos dar um tempo.

— Hermione...

Ela o calou com o dedo indicador, voltando os olhos para ele, sua expressão era repleta de dor.

— Não insista, Draco. Eu já tomei a minha decisão. – Nunca palavras foram tão difíceis de serem proferidas, mas ela estava agindo racionalmente, precisavam manter distância.

— Eu não vou desistir de você. – Draco pontuou cada palavra, na medida em que segurou sua face e aproximou os lábios lentamente.

Hermione entreabriu os lábios e fechou os olhos, permitindo-se àquela sensação. A boca macia do sonserino encaixou-se a sua, um selar demorado antes dos lábios entreabrirem-se e suas línguas se reconhecerem mais uma vez. Foi um beijo lento e explorador, demorando-se muito mais do que o necessário. Marcando na pele cada sensação, guardando na memória cada pedacinho daquele momento.

Era um beijo de despedida, por isso foi tão difícil o findar.

Havia tanta tristeza nas feições de cada um, foi Hermione quem muito relutante deu o primeiro passo para trás. Não tinha forças para falar nada, apenas sorriu tristemente para o homem por quem se apaixonou e virou as costas.

— Esse não é o nosso fim, Hermione Granger. – Parou ao escutar as palavras decididas do sonserino, mas não virou para trás. – Vou te dar o tempo que precisa, mas fique ciente de que não vou desistir de nós dois.

Ela sorriu por alguns instantes, mas logo o sorriso se desfez em sua dor. Se olhasse para trás não teria forças para continuar, por isso voltou a andar, mas deixou que a promessa de Draco entrasse em seu coração.

Quando trancou a porta do quarto, permitiu-se chorar tudo que reprimiu durante aquele dia.

(...)

A notícia de que Draco Malfoy e Hermione Granger terminaram espalhou-se rapidamente, assim como de todo o escândalo os envolvendo. Os dias se passaram, e ser o centro das fofocas não era mais tão torturante para Hermione, apenas estressante. O pior era a falta dele.

Para não pensar e se deixar afetar ainda mais por tudo aquilo, Hermione ocupou-se ao máximo, dividindo o seu tempo entre os estudos para os NIEM’s e a organização do baile. Pamela e Thereza se dispuseram a ajudá-la nos preparativos do baile, montaram uma equipe de apoio e dividiram-se para a organização do evento, contudo Hermione assumiu a liderança e a maior quantidade possível de tarefas.

Enterrando-se ao máximo em seus afazeres, mal parava no seu Salão Comunal, apenas entrava no local para dormir, isso quando não o fazia no Salão da Grifinória ou em um dos sofás que serviria para o baile. Sentia o corpo cada vez mais cansado, mas sabia que se parasse poderia desabar.

Sim, ela estava fugindo. Fugindo de Draco Malfoy e dos próprios sentimentos, não queria permitir-se sofrer.

Hermione apertou o livro contra o peito, reprimindo um bocejo, enquanto apertava os passos para a próxima aula. Naquele dia acabou se atrasando, virou parte da noite finalizando os preparativos do baile. Diminuiu o passo quando o viu.

Sentiu seu coração parar por alguns instantes quando seus olhares se encontraram, não era a primeira vez em que se depararam em um dos corredores, mas a sensação sempre era a mesma. Poderia se ocupar ao máximo, mas era inevitável se esbarrarem vez ou outra.

Continuou a andar, desviando o olhar dolorosamente. Assim que passou por ele, não pode evitar olhar para trás. E como nas outras vezes, ele também voltou o olhar para trás enquanto andava. Apenas mais alguns segundos de contato visual, nada além. Continuaram nos seus respectivos caminhos.

Naqueles pequenos momentos ela tinha a certeza de que não era a única que estava com o coração partido.


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Notas finais do capítulo

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