A Vingança de Hermione Granger escrita por Tamara


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à maravilhosa da Natty, por sempre me incentivar com seus comentários. ♥



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Capítulo 28

Ruína

A grama verde era acolhedora, assim como o dia ensolarado e a brisa suave. Não souberam o motivo de estarem correndo, estavam velhos demais para aquela brincadeira, ainda assim corriam. As risadas ecoavam pelos jardins da Senhora Weasley.

— Está com você. – Sentiu o toque de Harry em seu braço, mas estava cansada demais para continuar a correr.

— Eu desisto.

Ao se render, praticamente jogou o corpo sobre a grama, deitando-se de barriga para cima.

— Você cansa muito fácil, Mione. – Rony zombou, deitando ao lado da amiga.

Harry fez o mesmo, deixando Hermione no meio. O silêncio confortável os dominou enquanto observavam as poucas nuvens e o céu azulado.

— Esse vai ser o melhor ano de nossas vidas... – Foi Hermione quem sussurrou, quase como se fosse uma promessa.

Segurou a mão dos amigos, apertando-os ao seu lado.

— Nem acredito que tudo acabou... – Harry confessou em um suspiro, mas logo abriu um sorriso. – Vou enfim poder ser um garoto normal...

— Vamos fazer uma promessa? – Ron tomou a voz, sentando-se e os fazendo sentar em seguida. – Vamos prometer que agiremos como adolescentes normais e aproveitaremos ao máximo.

Hermione soltou uma sonora gargalhada, acompanhada de Harry.

— Que promessa fútil, Ronald Weasley. – Brincou, mas logo em seguida estendeu a mão, pairando-a entre os amigos.

— Essa pequena futilidade é tudo que precisamos. – Harry admitiu, colocando a mão em cima da amiga.

— Vamos ser apenas adolescentes normais, e cometer muitas loucuras! – Rony deu o veredito, colocando a sua mão em cima da de Harry.

Assim selaram uma promessa repleta de significados subentendidos.

Sorrir com as lembranças foi inevitável, Hermione fechou o livro que repousava em suas coxas, e passou a admirar a paisagem.

Os acontecimentos depois daquela tarde com os amigos não foram como imaginou, tanta coisa mudou.  Harry levou ao pé da letra o que considerava ser como um “adolescente normal”, mas isso já não tinha mais importância.

Sempre gostou de observar o pôr do sol próximo ao Lago Negro, o refletir do sol nas águas era uma bela visão. Aquele era um dos poucos momentos em que ficava sozinha, e apesar de amar a companhia do namorado e dos amigos, havia ocasiões em que precisava ficar só com os seus pensamentos.

Os últimos dias têm sido estáveis, Parvati não voltou a perturba-la. A reputação da Patil estava destruída, não era mais adorada, e talvez a humilhação a tenha feito ficar quieta. Hermione não negaria em dizer que gostou de ver a Parvati recolhida em sua insignificância, chegou a se culpar por tal pensamento, mas a indiana passou de todos os limites.

Como prometido, ela não denunciou Patil e Greengrass para a diretora. Parvati estava derrotada, e Astória... bem, por Draco preferiu se manter em silêncio. Não encontrou Astória em nenhum momento, a garota fazia o possível para se desvencilhar dela e de Draco, melhor assim.

Estava propensa a esquecer aquela terrível noite, e com o passar dos dias, estava sendo mais fácil. Draco fazia ser mais fácil.

— Hermione?

Estava tão absorta em seus pensamentos que mal notou o homem se aproximar. Subiu o olhar, esboçando um sorriso cordial para Harry.

— Posso sentar ao seu lado? – Notou hesitação em sua voz.

— Claro.

Potter se sentou ao lado, apoiando-se também contra a árvore e passando a admirar o Lago Negro.

— Você demorou. – Hermione foi quem quebrou o silêncio, soltou um riso anasalado pela surpresa que ele demonstrou.

— Eu... não sabia como me aproximar. – Confessou após alguns segundos tentando encontrar as palavras certas.

— Obrigada. – Hermione se virou para Harry. – Por ter me ajudado, por ter me devolvido a sanidade naquele momento...

Ainda não haviam se falado, Hermione esperou ele a procurar. Precisavam ter aquela conversa, mas Harry tornou-se tão imprevisível que julgou melhor esperar pelo tempo dele.

— Eu não fiz nada demais. – Sorriu brevemente, desviando o olhar em seguida. – Como vocês estão?

Hermione voltou a observar a paisagem, suspirando em seguida.

— Estamos bem, é difícil... – Confessou, diminuindo consideravelmente seu tom de voz. – Mas estamos melhor a cada dia. E você? Como está após o término? – Retorquiu a pergunta com genuíno interesse.

— Estou tão aliviado. – Sorriu ao confessar, virando o rosto para a antiga amiga outra vez. – Ela me consumia tanto, não sei como me deixei levar por tanto tempo, fui tão estúpido...

— Você só queria ser um garoto normal. – Deu de ombros, passando também a fita-lo.

Sentia saudades de Harry, constatou isso. Saudades do seu melhor amigo.

— Eu... eu sinto muito. – Ele corou, envergonhado. – Por ter partido o seu coração.

— Sim. Você partiu.

Hermione sorriu tristemente, deitando-se na grama, como naquela tarde na casa dos Weasley’s.

Harry deitou ao seu lado, passando a observar o iniciar da noite.

— Se serve de consolo, arrependo-me amargamente das minhas escolhas erradas. – Riu brevemente, quebrando a tensão de suas palavras verdadeiras.

Novamente, Hermione sorriu, tombando a cabeça para o lado. Voltou a encará-lo, seus olhos castanhos encontraram os verdes que tanto habitou seus sonhos na juventude.

— Eu amei você, Harry. Você foi o meu primeiro amor, e a minha primeira desilusão. – Suas palavras saíram calmas, sem rancor ou mágoa. – Eu também fui uma tola, idealizei o garoto perfeito em você, mas perfeição não existe.

“Amei”, o verbo no passado doeu em Harry, embora todo o restante tenha aliviado o seu coração aflito.

— Sabe, eu queria tanto me vingar de você... – Continuou; soltando uma leve risada em seguida, parecia um tempo tão distante. – Queria que você sofresse como eu sofri, mas... isso não importa mais, nunca importou. Passei tanto tempo acreditando no meu amor platônico que confundi as coisas. Você me magoou, mas também me tornei mais forte, acordei para o mundo real.

Confessar aquelas palavras foi como tirar um peso do coração de Hermione. A vingança que tanto ansiou se tornou algo tão distante e sem valor, tanta coisa mudou.

— Você acha que teríamos dado certo? Se eu não tivesse sido um idiota. – Escondeu o quanto estava ferido ao fazer aquela pergunta com um certo tom de nostalgia.

— Sinceramente? Acho que não, combinamos melhor como amigos. – Riu baixinho.

Melhores amigos. – Corrigiu, ousando segurar a mão de Hermione. – Sinto tanto a sua falta...

Hermione apertou a mão dele, deixando os dedos se entrelaçarem.

— O que você acha de deixar toda a mágoa para trás e recomeçar?

— É tudo que eu quero. – Levou a mão de Hermione até os lábios, beijando-a fraternalmente.

— Mas você sabe que terá que ser legal com o meu namorado... – Brincou, rindo ao perceber a careta em sua feição. 

— Draco Malfoy, Hermione? Sério? – Entrou na brincadeira, pondo-se em pé com a ajuda da amiga.

— Não escolhemos por quem nos apaixonamos. – Deu de ombros. – Além disso, esses sonserinos têm algo que nos prende. – Brincou, rindo novamente.

Harry sorriu com fato, realmente os sonserinos tinham alguma coisa, lembrar-se da irritante Parkinson foi inevitável.

(...)

Aquela era a última semana do castigo de Harry e Pansy. O silêncio predominava constantemente entre os dois, todavia, por algum motivo desconhecido a eles, era clara a tensão que os envolvia. Depois da festa de Patil, a convivência entre ambos havia melhorado, não trocaram mais farpas, porém mantinham-se distantes propositalmente.

— Você parece feliz hoje. – Pansy comentou enquanto terminava de limpar o último troféu da sua pilha.

Era inevitável observá-lo vez ou outra, por isso a sonserina notou o suave sorriso e tranquilidade presente nas feições do rapaz. Não que se importasse com ele, é claro, mas ficou curiosa. Isso, curiosa é a palavra certa.

Harry arqueou uma das sobrancelhas com o comentário.

— É sério que você quem começou o assunto?

Aquela tirada foi inevitável, e sorrir assim que ela revirou o olhar também. Nunca confessaria, mas Harry Potter realmente gostava quando a via levemente irritada, o que não era muito difícil de acontecer.

— Eu conversei com a Hermione hoje. – Continuou antes que ela voltasse a ignorá-lo. – Depois de tantos meses, vi novamente o sorriso da minha melhor amiga direcionado a mim, sem mágoas e joguinhos.

A conversa com Hermione deixou Harry muito mais leve, assim como o término com Parvati. Aos poucos estava retornando a ser quem foi, ele realmente sentiu saudades daquele garoto que não se importava com as aparências e dava valor às pessoas.

— Isso é bom, Potter. De verdade. – Pansy não soube o porquê, mas sorriu verdadeiramente. Potter não era o seu amigo, mas ficou genuinamente feliz por vê-lo se reconstituir.

— Mas vê se não volta a ser um babaca, minha cota de conselhos já se esgotou. – Completou rapidamente, desfazendo o sorriso com uma pressa forçada. Ao desviar o olhar, tentou, em vão, disfarçar que realmente se importava.

Harry conseguiu ler o que realmente significou aquela súbita mudança de atitude, e em um impulso, deixou os panos de lado e caminhou em direção à morena.

Quase como instintivo, Pansy caminhou um passo para trás, sentindo os troféus atrás de si. Seus olhos claros voltaram em direção aos dele, confusa com a súbita aproximação, mais confusa ainda por ele ter parado.

Ela realmente queria que ele se aproximasse mais?

Somente mais dois passos. Dois passos e seus corpos se chocariam. 

— Você não precisa fazer isso.

Verdes nos verdes. O que ele queria dizer?

— Não preciso fazer o quê, Potter? – Apesar do tom baixo, manteve a altivez típica de si.

— Fingir que não se importa.

Ela vacilou, entreabriu os lábios e logo os fechou. Novamente, movido por um instinto desconhecido por si, ele deu os dois passos que os separavam. Aproximou lentamente a mão destra dos cabelos curtos, levando-os para trás, deixando suas feições delicadas a mostra.

— Quem disse que eu me importo? – Não passou de um sussurro, sentiu vontade de estremecer assim que ele tocou em sua cintura, mas manteve-se firme.

O mais firme que conseguiria quando tinha um corpo quente tão próximo aos seus, sem contar naqueles olhos tentando desvendá-la e devorá-la.

— Então não se importaria se eu a beijasse? – Provocou, aproximando os lábios, mas sem tocá-los.

— Nem um pouco. – Sussurrou rente aos lábios do grifinório, embora ainda o fitasse.

Segundos de tensão, provocação. Ele apertou o corpo contra o seu, tomando os seus lábios como sempre desejou. Pansy correspondeu com igual fervor, entrelaçando os dedos nos fios negros e pressionando ainda mais os corpos. Suas línguas se entrelaçaram em uma sintonia desconhecida pelos dois, nunca combinaram tão perfeitamente com alguém como naquele momento.

O beijo que já começou intenso ficou ainda mais quente. Ela envolveu as pernas na cintura do homem, auxiliando-o naquele processo. As mãos de Harry a sustentava pelos glúteos, pressionando-a contra a estante, deixando que diversos troféus caíssem no chão.

Os toques que começaram quase castos, ficaram mais ousados. E os lábios de Harry deslizaram pelo pescoço alvo da sonserina, fazendo-a deixar escapar um gemido.

O próprio gemido pareceu acordá-la para a realidade. Em um rompante, o afastou.

Ofegantes, verdes nos verdes outra vez, os lábios inchados e os rostos corados.

— Não. – Conseguiu proferir após alguns instantes. – Você não vai me ter, Potter.

Ele franziu as sobrancelhas, confuso com aquelas palavras, confuso com os próprios sentimentos. O que foi aquilo? Quando foi a última vez que sentiu tanto desejo? Tanta química?

Antes que pudesse retorqui-la, Pansy saiu da sala de troféus. Deixando Harry sozinho com os seus pensamentos, e com uma estante de troféus para organizar.

(...)

Mais duas semanas haviam se passado, e tudo estava tão calmo que por vezes Hermione temia que algo acontecesse para tirar a sua paz. Naquele sábado, a visita à Hogsmead foi liberada, nunca antes um grupo de sonserinos e grifinórios haviam juntado três mesas. Luna era a única corvina entre eles.

Até mesmo Harry juntou-se a eles, timidamente se sentou ao lado de Ron, e logo foi introduzido na conversa. Draco o tratou com educação, não alongaram nenhuma conversa, mas se toleraram. A tolerância era o bastante para Hermione. Ousou sorrir minimamente para aquela pequena ironia, nunca antes pensou que namoraria Draco Malfoy e juntariam seus amigos.

Hermione sempre foi tão perceptiva, talvez por isso tenha notado a tensão entre Harry e Pansy, a de cabelos curtos desviava o olhar constantemente. Esboçou um meio sorriso, um tanto maliciosa, poderia apostar que havia algo entre os dois.

— Como estão os preparativos para o baile? – Pamela a tirou de suas teorias.

— Não estão, você quer dizer. – Hermione suspirou pesarosa. – Pensei que Minerva havia esquecido desse baile, mas ela somente resolveu adiá-lo. Estamos tão próximo das provas finais, não posso perder meu tempo com bailes...

— Calma, Mione. – Thereza a interrompeu, rindo brevemente do nervosismo da amiga. – Como eu disse, iremos ajuda-la em tudo. Pamela e eu somos profissionais. – Piscou para a amiga.

— Sim, pode deixar que vou fazer esse baile ser inesquecível. – Pamela comentou com uma malícia subentendida.

— Vocês sabem que não pode ter bebidas, não é? – Rogou mais uma vez.

— Relaxa, Mi. Blaise quem vai batizar o ponche, não se preocupe. – Gina interferiu, voltando o olhar para o moreno no outro lado da mesa.

No mesmo instante, o moreno voltou o olhar para a ruiva, piscando para ela descaradamente. Disfarçando horrivelmente, ele levantou-se da mesa e a chamou com a cabeça.

— Eu vou pegar uns doces e já volto... – Gina deu a pior desculpa possível, e com um meio sorriso maroto, levantou-se e sem ao menos disfarçar foi atrás do moreno.

— Eles realmente acham que não percebemos? – Pamela comentou após uma sonora gargalhada.

— Acho que somente não se importam. – Acompanhou as meninas no riso.

Gina e Blaise foram flagrados diversas vezes em situações “comprometedoras”, Hermione fez vista grossa para não tirar ponto dos dois em suas rondas. Não entendeu o porquê de não assumirem de uma vez; mas, de qualquer forma, os suspiros apaixonados da ruiva somente aumentaram, assim como sua ausência.

— Do que as senhoritas tanto riem? – Draco perguntou, colocando a torre de cerveja amanteigada no meio da mesa.

— Blaise e Gina.

— Acredita que os peguei no meu sofá? De novo... – Draco revirou os olhos, rindo em seguida do amigo ser um “caso perdido”.

— É bom que ele não brinque com ela. – Hermione praticamente rosnou, lembrando-se do evento constrangedor de quando flagrou Blaise e Romilda no SEU sofá.

— Nunca o vi tão apaixonado. Na verdade, nunca o vi apaixonado. – Draco disse em tom baixo, era um assunto pessoal. – A ruiva realmente o fisgou.

A grifinória sorriu, tranquilizando-se imediatamente, confiava naquelas palavras.

— Vocês viram? – A voz de Nate chamou a atenção de todos. – Há boatos de que tem uma garota do sexto ano grávida.

— Sim, ouvi isso também. – Neville concordou. – Mas as pessoas em Hogwarts são tão fofoqueiras, acho difícil que seja verdade.

Hermione não deu importância ao fato, estava mais preocupada com a chegada dos NIEM’S e com o baile que teria que organizar.

(...)

Astória sentiu vontade de chorar quando foi interceptada por Parvati. Suas últimas semanas têm sido um verdadeiro inferno, Parvati sugava toda a sua pouca paz. Queria voltar no tempo, nunca ter se rebaixado tanto com Draco, e jamais ter engravidado... de novo. Já não bastava todo o trauma do passado? Outra gravidez na adolescência? Como pôde ser tão inconsequente?

— O que você quer agora? – Indagou em um suspiro, cansada.

— Chegou a hora, querida. – Sorriu daquela maneira cínica, segurando em seu braço e a forçando a acompanha-la.

— O que você ganha com isso? – Perguntou cansada, não entendia o que Parvati tinha a ver com aquilo, não a interferia em nada.

— Vingança. – Revirou os olhos, como se fosse óbvio. – Além disso, você deveria me agradecer. Estou salvando sua pele.

Ela iria a retorquir, mas preferiu guardar as palavras desagradáveis para si. Quando viu, estavam em frente à enfermaria.

— Você sabe o que falar, não é?

Astória somente anuiu.

— Madame Pomfrey, minha amiga não se sente bem...

(...)

Não se preocupou com o motivo de ter sido chamado à sala da diretora, provavelmente desejava tratar algo relacionado à monitoria. Mas, se fosse esse o caso, por que Hermione também não foi chamada?

Seu humor estava bom demais para se preocupar com qualquer coisa, tudo estava voltando ao eixo, e seu relacionamento com Hermione melhorando gradativamente.

O quadro abriu a porta mediante a senha. Draco não sabia que esboçava um sorriso, até este se desfazer em surpresa.

Lucius e Narcisa ocupavam um dos sofás pretos, enquanto no sofá à frente, Astória estava entre os seus pais com os olhos vermelhos e a face inchada.

Que merda era aquela?

— Draco, por favor, sente-se. – Minerva pediu com sua típica calma, postada em uma das poltronas, sem expressões.

Antes de sentar-se na poltrona à frente da diretora, voltou os olhos para os pais. Lucius estava com as expressões inabaláveis, com sua costumeira frieza. Enquanto sua mãe tentava manter sua pose inflexível, porém notou pelo modo como mexia os dedos e cruzava as pernas o quão desconfortável estava.

O silêncio predominou o ambiente, à exceção do choro baixo da Sra. Greengrass. Foi quando notou que o pai de Astória o olhava com ódio, segurando-se para não avançar no garoto. Minerva pigarreou, tentando quebrar a tensão, antes de começar a falar.

— Bem, é uma situação delicada... evidente que já tivemos casos semelhantes, mas não são frequentes em Hogwarts. Foi confirmada a gravidez da Srta. Greengrass, nessa ocasião...

Não escutou mais nenhuma palavra, seus olhos pairaram sobre Astória. Gravida? Pior, grávida dele? Que absurdo era aquele?

Seus olhos cinzas demonstraram toda sua incredulidade, a loira desviou o olhar imediatamente. Não, não era possível... ou será que era?

Ele não se envolveu sexualmente com ela, tinha certeza disso. Será mesmo que tinha? Não se lembrava de muita coisa. Aquilo só podia ser um pesadelo, uma brincadeira sem graça de Merlin, não era possível...

— Acho ideal marcarmos o casamento o quanto antes.

A palavra “casamento” o tirou dos seus devaneios, quem falou aquilo?

— Seu filho já manchou demais a reputação da minha filha. – O Senhor Greengrass proferiu com raiva. – Quero que esse casamento aconteça o mais breve possível.

— Concordo, será o melhor para ambos... – Lucius acordou com aquele absurdo.

Como se Draco não estivesse ali, ele estava mesmo negociando o SEU casamento? O sonserino olhou incrédulo para Narcisa, notou que ela suspirou pesarosa, mas apenas deu de ombros.

— Eu não vou me casar. – Sua voz foi firme e grossa o suficiente para parar a discussão e o silêncio voltar a reinar.

— Ora, seu moleque... – O Sr. Greengrass ameaçou levantar e partir para cima do garoto, mas sua mulher e filha o impediram.

— Pai, por favor... – Aquelas foram as primeiras palavras da pequena mentirosa.

— Draco, seja razoável...

— Não vou me casar. – Draco cortou o pai, voltando o olhar para Astória. – Como posso ser o pai do seu filho se não transamos, Astória? – Foi ácido com as palavras, mas não se importou, aquele teatro era demais para se suportar.

— Vo-você estava bêbado demais, por isso não lembra... – Astória falou visivelmente nervosa, seus olhos claros encontraram os deles. – Sinto muito... – Praticamente sussurrou.

Bêbado? Claro... – Soltou um riso sarcástico, mas mediante o olhar apavorado da garota, permaneceu em silêncio.

Não iria entrega-la, mas não se casaria.

— É seu, Draco... – Ela afirmou outra vez. – Estou grávida de você, de novo...

De novo. Foi como um baque em seu estômago, seria possível? A culpa que ainda carregava o fez estremecer de pavor. Se realmente fosse verdade, não poderia abandonar o seu filho.

— É óbvio que é do Draco, novamente ele corrompeu a minha menina, tudo de ruim na nossa família é por causa desse...

— Acho melhor baixar o tom de voz ao falar do meu filho, Sr. Greengrass. – Para a sua surpresa, Lucius o defendeu. – Iremos resolver isso com o casamento.

— Não vou me casar. – Por pouco não gritou, levantou-se do sofá em um rompante, virando-se de costas para os ali presente. Jogou a cabeça para trás, tentando manter a calma.

As vozes se atropelaram, todos falavam ao mesmo tempo, mas Draco não se importou com nada.

— Evidente que vou assumi-lo, também quero fazer um teste de laços sanguíneos. – Draco voltou o olhar decidido para os ali presente. – Mas não irei me casar com Astória, não podem nos condenar a um casamento fracassado...

— O casamento não está sendo discutido, Draco. – Dessa vez, foi a mãe de Astória que tomou a palavra, muito mais afável que o marido. – É o mínimo que pode fazer, já machucou demais a minha menina...

— Mãe... – Astória iniciou, engolindo em seco. – Acho que não precisamos nos casar, podemos só... – Ela calou-se mediante o olhar raivoso do pai.

— Você irá se casar, Draco. – Foi Lucius quem deu a palavra final. – Astória não tem motivos para mentir.

Novamente, Draco voltou o olhar suplicante para a mãe.

— Falta pouco menos de dois meses para o término do ano letivo. – Narcisa tomou a voz. – Somente depois marcaremos a data do casamento, não acho sensato nos precipitarmos.

Suspirou aliviado, ele sabia que a mãe estava ganhando tempo. Pôs-se em silêncio, tinha a ciência de que não adiantaria falar nada. Não se casaria, não poderiam obriga-lo.

Sem se despedir, Draco Malfoy caminhou em direção à saída, deixando todos para trás. Porém, Narcisa logo o alcançou, abandonando Lucius sozinho com os Greengrass, ele saberia contornar a situação.

— Mãe, eu não vou me casar com ela... – Draco parou de andar assim que a mãe o alcançou, recebendo de bom grado o abraço da mais velha. – Eu amo a Hermione...

— Eu sei, filho. Eu sei. – Beijou seu rosto, acariciando os fios loiros. – Eu preciso entender toda essa situação, só assim posso ajudá-lo...

(...)

Não soube ao certo quanto tempo ficou olhando para as portas que davam para o seu Salão Comunal. Confessou tudo para Narcisa, sentindo-se infimamente melhor com o apoio da mãe, não esperou para ver a reação do pai. Não tinha estruturas para lidar com Lucius.

O filho realmente era seu? Astória o odiava demais para desejar se casar com ele, tinha muitas chances dela estar falando a verdade...

Mas não se lembra, não teria como... teria?

Praguejou mil palavrões.

Ele a perderia. Aquilo era demais para a relação dos dois.

Suspirou, reunindo a pouca coragem para entrar no Salão. Não a viu na sala, o que era melhor, talvez ela tenha ido dormir...

Assim que entrou em seu quarto, todavia, Hermione estava lá. Deitada com uma camisola de cetim verde. Era tão linda.

— Você demorou... – A voz sonolenta, espreguiçando-se sobre a sua cama.

Como conseguiria contar tudo a ela? Qual seria a sua reação?

— Draco, você está bem? – Hermione indagou visivelmente preocupada, aproximando-se do rapaz. – O que aconteceu? – Insistiu, colocando seu rosto entre suas mãos, fazendo-o olhar em seus olhos.

— Problemas familiares. – Foi fácil mentir, ou melhor, postergar a verdade. Ainda assim, suas palavras saíram repletas de dor.

Porque realmente doía. Doía saber que as consequências do seu passado estavam tirando o melhor de si.

— Você quer me contar? – Sentiu os braços delicados da namorada o envolver.

— Você é a melhor coisa que me aconteceu. – Sussurrou sua confissão, apertando o corpo dela contra o seu, não queria soltá-la.

Quando, enfim, afrouxou o abraço, os olhos de Hermione demonstraram sua confusão. Porém, Draco nada disso, somente aproximou os lábios. Precisava senti-la mais uma vez, poderia ser a última.

Hermione não entendeu o motivo da urgência, mas se entregou ao beijo com igual paixão.

Não demorou até que ele a pegasse no colo e a pousasse no centro da sua cama, posicionando o corpo sobre o dela. O beijo que começou quente e intenso, foi diminuindo o ritmo aos poucos, Draco queria aproveitar cada segundo.

Ele deslizou a alça da camisola, enquanto depositava beijos e leves chupões pelo corpo da garota. Não demorou até que a camisola tomasse um lugar junto ao chão, assim como a camisa e calça do sonserino.

Ele a beijou por completo. Cada canto do seu corpo, lento e vagarosamente, gravando da memória cada pedacinho, cada suspiro, cada gemido.

Começou lento, postergando ao máximo o clímax, porém a ânsia pelo corpo um do outro os fez aumentar o ritmo, selvagens, guiados pela paixão. A intensidade com que fizeram sexo, a entrega emocional presente em cada ato, somente constatou mais uma vez que não era somente físico.

Ia muito além. Era muito mais forte do que poderiam imaginar, e do que desejariam.

Cansados, apenas ficaram deitados em silêncio, com as pernas entrelaçadas e a cabeça da morena sobre o peitoral dele.

— Eu amo você. – Era a primeira vez que ele disse aquelas exatas palavras, mas ela já dormia em seus braços.

Draco não percebeu o sorriso tomando conta dos lábios rosados de Hermione, antes de finalmente ela pegar no sono.

Antes de abrir os olhos, Hermione se espreguiçou, mas constatou estar sozinha sobre a cama. A noite anterior foi tão surreal, nunca imaginou que teria uma sintonia tão forte com alguém um dia, e as palavras... ele a amava!

Porém, assim que abriu os olhos, ficou confusa ao vê-lo a observando fixamente sobre a poltrona. A julgar pelas olheiras, não havia pegado no sono.

— O que aconteceu?

Draco suspirou, deveria contar, seria melhor que soubesse por ele.

— Astória está grávida.


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Notas finais do capítulo

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