Depois de fazermos muito drama fingindo estar com medo de Irmãos Grimm, quase morremos com A proposta. Mas os filmes acabaram e subimos para “dormir”(na verdade iríamos falar muito de Dion). As meninas falavam compulsivamente sobre o quanto ele era bonito e legal.

    Após uma hora conversando descobri que Dion era um modelo e que tinha 17 anos, ta que ele parecia ter uns 24.

    Quase morrendo de sono fomos dormir as 04:18.

    Na manhã seguinte Dion veio nos acordar, é claro acordamos na hora pra ver aquele deus grego olhando para nós.

    Logo Stacy chegou e me levou para casa. Já estava me sentindo em casa lá, isso era muito legal. Mas a caminho de “casa”, pude sentir uma forte tristeza invadir meus pensamentos. Uma vontade de chorar. O que eu estava passando não era fácil. Eu sequer acreditava no que acontecia comigo. Eu tinha pessoas ao meu lado, que poderei contar, entretanto estava insegura. Não saberia o que viria pela frente. É crueldade demais de o destino fazer isso comigo. Minha mãe me deixou sozinha... Meu pai pouco se importa com meu irmão e eu. Para me proteger deste mundo e permanecer viva dentro dele, utilizo todos os ensinamentos de minha mãe, tudo o que ela ensinou-me está guardado dentro de mim com todo o carinho. Se sou o que sou hoje, é tudo graças a ela. Sentia falta dela; seu sorriso, seu carinho, seus conselhos, sua amizade... Seu amor de mãe.

    Uma lágrima solitária brotou de meus olhos, Stacy percebeu mas resolveu não dizer nada.

    Quando chegamos em casa eu estava quase desabando, pensei em Matt, na mamãe, em tudo. Fui em direção ao quarto de John passando direto por todo mundo. Noah veio correndo atrás de mim. Antes que ele pudesse me puxar me tranquei no banheiro.

    − Mellody o que aconteceu lá?! − Ele perguntou meio gritado.

    − Nada, foi legal, não é por isso que to chorando− Disse com a voz tremula.

    − Ah Mellody, mas que droga você não se cansa de chorar pelos problemas, para de ser criança e tenta resolver tudo isso !!! − Ele gritou comigo

    Comecei a chorar mais ainda, suas palavras me feriam por que eu sabia muito bem que tinha que agir diferente, mas não conseguia, eu estava presa naquilo. A dor era imensa.

    − PORRA NOAH!!! − John gritou − Se queria fazer a garota se sentir pior conseguiu!!! − Ele diminuiu o tom− Mel, vamos abre a porta, vem aqui pra fora. Vai por favor? Não se tranca aí− Ele falou com um tom tão doce que não pude resistir.

    Quase afogada em lágrimas saí do banheiro. Como de normal me abracei na primeira coisa que tinha no caminho, esta que era John. Ele carinhosamente retribuiu o abraço. Olhei para procurar Noah e ele estava na outra extremidade do quarto. Também chorava. Quando percebeu que eu o olhava ele veio e me puxou dos braços de John me envolvendo em mais um abraço; só que nesse ele parecia desesperado, me abraçava quase me esmagando. Foi quando tive certeza de que ele também sofria.

    Após isso John nos deixou no quarto.

    − Me desculpa... olha eu te garanto que não ta sendo fácil para nenhum de nós...

    Eu resolvi abraçá-lo com mais força, acho que entendeu o recado, pois se calou.

    Depois da minha maldita ceninha foi difícil sair e encarar os outros. Stacy veio ate mim e me deu um abraço, ela estava sendo muito importante para mim nestes momentos.

    O tempo passou e parecia que a cada dia tudo ficava pior. Estávamos em setembro, ainda não tínhamos saído da casa de Stacy e meu tio Justin chegaria em três semanas no Rio. Ate lá Stacy planejava como seria nosso 7 de setembro, na escola não teria  aula na segunda, por isso teríamos quatro dias de folga.

    Estávamos bolando de viajar para algum lugar de Espírito Santo. Iríamos todos e para a sorte de Stacy meu pai seria obrigado a pagar minhas despesas e as do Noah.

    Na escola a situação tava bem legal, a não ser por Matt. Ele insistia em não contar para os pais.

    Eu não sabia muito bem quais eram as conseqüências do HIV, mas sabia que isso podia ter muito haver com o fato de Matt estar ficando muito doente nos últimos dias. De uma semana pra cá ele estava tossindo um pouco. Tinha medo por Matt.

    Para nossa chateação a casa de Melissa estava em reforma, por isso fazia quatro semanas que  não tinham noites do pijama.

    Noah e Claire estavam mais colados do que nunca, acho que eles poderiam passar o resto da vida juntos que não sentiriam falta do mundo lá fora.

    A algum tempo pensei que pudesse rolar algo entre John e eu, para meu engano ele começou a namorar com  Caren. ISSO MESMO!!! Eles começaram a namorar apresentados pela minha querida amiga Melissa. Mas tudo bem, eu não havia contado para Melissa que gostava de John, então ela não fez para me ferrar.

    Fui para casa a pé sem esperar Stacy para ir de carro. Esta tarde não estava bem, me sentia sozinha agora mais do que nunca. Noah passava 70% do tempo dele com Claire; John nem olhava para mim; Annya saia constantemente com Stacy.

    Cheguei em casa e para minha surpresa John estava deitado no sofá cantarolando Valentine’s Day meio triste, quando percebeu minha presença se levantou e pude ver que estava chorando.

    − John? O que aconteceu? − Perguntei estranhando vê-lo a chorar

    − Longa história... − Ele me olhou triste − Mel... Cara eu e Caren brigamos...

    − Ah...entendi.

    − Não foi simples, ela me traiu com o Dion irmãozinho da Melissa... eu fiquei nervosíssimo. Ela disse que vai ferrar minha imagem com a escola inteira, ela tem umas fotos minhas... sabe se ela espalhar essas fotos, eu to ferrado.

    − Ah entendi...

    − Mel me ajuda?!

    − Por que o faria?

    Ele me olhou sem entender isso.

    − Mel, queria saber se ficou chateada quando comecei a namorar com ela?

    − Olha John, a gente nunca teve nada... − Virei a cabeça tentando desviar-me do olhar dele.

    − Ta eu sei!!! Eu dei a entender que tínhamos, me desculpa mas direi que sim, eu gostava de você. E digo mais, eu comecei a namorar com ela para fazer ciúme em você.

    Olhei para ele indignada, não acreditava naquilo.

    − Não acredito!

    − Ah é? − Ele me olhou desafiador

    − É...

    Ele foi muito rápido e correu ate mim. Me imprensou na parede e provocador perguntou com a boca na minha orelha.

    − Quer que eu continue para você acreditar em mim? − Ele me olhou.

    Vi naqueles olhos uma intensidade, ele tava falando a verdade... não me olhava maliciosamente, me olhava quase que tentado mostrar pelos seus olhos o amor por mim.

    − Não... − Disse abaixando a cabeça.

    Ele levantou meu rosto pelo queixo, me olhou nos olhos. Senti ele me soltar um pouco. Nos olhávamos quase que tentando entrar na alma um do outro... seus lábios se aproximaram dos meus. Sentia sua respiração alterada...

    Nossos lábios se encontraram, um leve toque foi o bastante para que nossos corações se acelerassem. Nossas línguas se encontraram em pura sintonia. Meu coração estava a mil...

    − O QUE ESTÃO FAZENDO!?!!!! − A voz de Noah soou extremamente anormal.

    Eu e John nos afastamos envergonhados.

    − Ora, não da pra ver que estamos nos beijando? − Perguntei nervosa.

    − Claro que dá! Mas por que estão fazendo isso?! − Ele gritou ainda mais alterado

    − Porque queríamos − John falou muito envergonhado.

    − O que esta acontecendo aqui? − Claire entrou na sala.

    Logo depois Annya e Stacy entraram olhando assustados para tentar entender a confusão.

    − John e Mel tavam se beijando! − Noah gritou apontando para nós dois.

    − Legal expor os outros é legal− Então fui para o quarto.

    − Mel espera aí! É viajaremos para Guarapari na sexta de tarde. Arrume as malas. − Stacy disse animada − E Noah, não diga que ainda não percebeu que rola algo entre eles dois?

    Faltei morrer de rir com aquilo, mas a verdade é que não era engraçado... com que cara olharia para John daqui para frente?