Capítulo 2: O Ás da Guerra.

- Não vai ser fácil me prender! – O jovem de cabelos negros ria enquanto esquivava-se tranquilamente dos golpes desferidos pelos guardas do Castelo de Oros. – Lerdos! – disse gargalhando. O jovem se divertia com aquilo, por mais que não soubesse o porquê da mudança repentina de humor do Rei, seu pai, ele não estava preocupado em fugir.

- Rápido! Capturem-no! – um dos homens gritou para os outros.

- Bom cansei de brincar com vocês! – e parou repentinamente olhando seriamente os homens ao seu redor. – Como vocês não conseguiram me pegar, eu vou pegar vocês! – e riu, conjurando uma espada que era maior do que ele mesmo. – Minha vez! – e rodou a espada num ângulo de 360° praticamente varrendo os guardas de uma vez só. – Putz, não era assim que eu queria fazer... – falou olhando ao redor. – Não teve muita graça. – concluiu, enquanto observava a própria espada, que possuía um tom avermelhado. – Já disse que você deve controlar sua força Warfire! – disse para a espada como se falasse com um humano. – Acho que já não tenho mais nada a fazer aqui...

    Firas era conhecido como Ás da Guerra em seu Reino, foi capaz de derrotar sozinho todos os elfos negros do temido Exército Negro,que tentara dominar o Reino de Oros. Sempre foi respeitado por todos e era praticamente louvado pelo povo do reino. Por mais que fosse filho do Rei Tristan, preferia evitar os luxos da vida real, dedicando-se a ser o melhor ferreiro do reino. Por mais que fosse um eximo guerreiro e o melhor ferreiro, ele era inocente e até um tanto infantil, como seu próprio irmão lhe dizia, apesar de ter 18 anos, Firas não aparentava a idade. O jovem tinha cabelos negros curtos e olhos azuis, era alto e tinha o corpo bem definido, o que foi adquirido pelo trabalho ardo como ferreiro e pelos treinos como espadachim.

- Firas! – uma voz conhecida o chamou, tirando o do transe que havia entrado ao vislumbrar a própria espada. – Desculpe-me irmão, mas devo capturá-lo.

- Leon? – ele não conseguia acreditar que até o próprio irmão estava contra ele. – Você sabe que eu não tentei matar o nosso pai! – acusavam-no de uma tentativa frustrada de assumir o trono. – Você sabe que não ligo para isso!

- Suas palavras não são confiáveis! – Leon, que era gêmeo de Firas, sendo mais novo por alguns segundos o encarava agora. – Nunca pensei que meu próprio irmão tentaria fazer algo assim! Se for possível eu mesmo acabarei com você! – e conjurou sua própria espada em sua mão, que era idêntica a de Firas, tirando o fato que possuía um tom azulado. – Espero que me enfrente e que ignore o fato de sermos irmãos!

- Mas como? Desde quando você é capaz de conjurar uma espada? – Firas surpreendeu-se ao ver que Leon também era capaz de conjurar uma espada.

- Somos gêmeos não? Isso significa que posso fazer o mesmo que você e muito melhor! – Leon investiu contra Firas que se esquivou rapidamente. – Pretende fugir da luta?

- Não quero lutar, irmão. – Firas recuou alguns passos para se manter longe da área de alcance da espada do irmão.

 Leon avançou mais uma vez contra Firas que não teve outra opção se não defender-se usando sua própria espada. Ao se chocarem as espadas emitiram várias fagulhas ao redor dos dois.

- Então não tenho outra opção! – Firas moveu-se rapidamente forçando a espada do irmão para trás e atacando-o no peito, que estava protegido com a armadura, rodou ao redor de Leon parando atrás dele e o acertando nas costas fazendo-o cair no chão de joelhos, Firas seguiu atacando o irmão em golpes rápidos. A cada golpe que Firas desferia na armadura do irmão, Warfire ficava mais avermelhada e pelo que parecia Firas ficava mais selvagem. – Era isso que você queria não era? Ser derrotado e humilhado, você nunca foi páreo para mim! Não sei se devo acabar com você aqui. Acho que seria muito humilhante para mim. – os olhos de Firas já não estavam azuis, agora estavam vermelho sangue da mesma cor da espada.

- Vamos Firas, acabe logo com isso! – a voz de Leon saiu fraca, provavelmente pela dificuldade de respirar depois de vários golpes. Leon tentava levantar-se se apoiando em sua espada, mas fazia isso inutilmente.

Havia vários guardas reais ao redor, mas nenhum se arriscava a aproximar, sabiam o que aconteceria se tentassem impedir Firas, já haviam o visto lutando em guerra e sabiam que ele era praticamente indomável.

- Firas, não faça isso. – uma voz falou calmamente atrás do garoto fazendo o parar o ataque que provavelmente seria o último.

- Marcel? – Firas virou-se encarando-o, seus olhos já estavam novamente em seu tom habitual, os dois já haviam lutado juntos antes. – Tá fazendo o que aqui?

- Ah, impedindo que você mate seu próprio irmão talvez. – Marcel riu tranquilamente. – Acho que é o momento em que você devia fazer como eu, cair fora do reino.

- E por que eu faria isso? – Firas perguntou-se, os guardas ao redor olhavam estupefatos a cena.

- Idiotas, acabem com ele! – Leon falou ainda caído não chão apoiando-se em sua espada enquanto tentavam se reerguer. – E você Marcel, o guerreiro procurado pelo reino de Bastos, será capturado e entregue ao Rei Jared. – Leon finalmente se pôs de pé apontando a ponta da espada para os dois. De sua espada uma aura azul começou a surgir , tornando-se negra logo em seguida.

- Como eu desconfiei, estão armando contra nós, percebi vestígios de magia negra antes de sair do Castelo de Bastos, ou seja, estão enfeitiçados contra nós e isso provavelmente deve estar acontecendo com os outros dois... – Marcel encarava a lâmina da espada de Leon com atenção.

- Então se você diz, acho que temos que ir embora mesmo! Temos que encontrar Carmine e Edwin o quanto antes. – Firas ergueu a mão no ar assoviando em seguida.

Em questão de segundos foi possível ouvir um farfalhar de asas enormes sobre eles e logo depois um enorme falcão pousou tranquilamente ao lado de Firas.

- Bom dia Arceu. – Frias sorriu passando a mão na cabeça enorme da ave. – Espero que esteja afim de voar um pouco.

- Olá jovem mestre, sabia que encontraria o Mestre Marcel por aqui, o acompanhei de vista enquanto ele atravessava a Floresta das Almas. – a ave possuía um tom de voz calmo e baixo.

- Ela fala? – Marcel arregalou os olhos ao ouvir a ave falar. - Eu sabia que tinha visto ela passar por mim.

- É ele, não ouviu quando falei Arceu? E fala sim, afinal é um Falco, na verdade acho que o ultimo que existe. – Firas ao terminar de falar moveu-se para o lado deixando um dos guardas que tentavam prendê-lo no vácuo. – Bom, devemos partir então, Marcel, por favor suba no Arceu – Firas olhou com tristeza para o irmão que agora desferia golpes contra ele, que esquivava-se facilmente. – Prometo que vou fazer o possível para acabar com esse feitiço... – e ao ver que Marcel já estava montado nas costas da enorme ave, Firas conjurou uma onda de energia que jogou os guardas e seu irmão para longe. Com um ultimo olhar, Firas segurou uma das patas do animal que erguia vôo e foi levado embora.

- Vamos dar um jeito de resolver isso, Jovem Mestre. – Arceu sentia a dor que seu dono sentia naquele momento já que além de cuidar dele desde criança Arceu tinha sido escolhido como guardião do garoto quando ele ainda era um bebê.

- Eu sei como você deve estar se sentindo, Firas. – Marcel berrou, para que sua voz pudesse ser ouvida já que o vento rugia graças à velocidade que eles voavam.

-... – Firas não tinha muito o que falar naquele momento. – Arceu, vamos para o Reino de Espadas, devemos encontra Edwin e ver o que ele sabe sobre o que está acontecendo. – E dizendo isso eles continuaram a viagem para o próximo reino sem saber o que os esperava lá.