Capítulo 31: Passatempo

Hermione´s Pov:

(Coloque pra carregar- Paramore: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=5QbldMEya5I)

O som do meu despertador fez com que eu me enfiasse embaixo do travesseiro. Havia demorado a dormir por conta do meu choro. Esfreguei meus olhos me lembrando da noite anterior. Tinha saído da casa de John para ver se meu amigo havia me enviado outra carta, mas não... Infelizmente a minha resposta lhe pareceu o suficiente. Subi correndo para meu quarto após aparatar quase dentro de minha sala.

Tudo estava silencioso, senti meu coração se apertar. Nunca essa sensação antes me pareceu tão forte. Me deixei cair em cima da cama ao bater a porta. Puxei o ar algumas vezes me recriminando por ter pensando nos meus amigos enquanto estava lá. E mais ainda por pensar nele... Ajeitei o meu cabelo atrás da orelha e fui tomar um banho demorado. Depois de perder a hora senti que minha pele começava a enrugar e me enrolei na toalha indo para meu quarto.

Não sei dizer por quanto tempo passei ali, com a cabeça apoiada de olhos fechados, naquela parede fria. E o mais curioso era saber que minhas lágrimas quentes não causavam choquem. Respirava lentamente querendo poder controlar minhas emoções. Desde que saí da escola eu fico aguardando para ver se recebo alguma carta deles... E nada. Sinto como se fosse isso, nada.

Umas bicadas na janela me fizeram saltar e correr para logo abrir. Não agüentei e prendi a respiração ao ver que era Edwiges. Naquele instante num nó se formou em minha garganta. Não tinha mais a mínima vontade de ver o conteúdo. Meu medo de sentir mais dor era quase palpável. Apertei uma mão contra o peito e desenrolei o pergaminho, mordendo meu lábio inferior.

Hermione,

Queria saber como você está... Não que me deva satisfações já que preferiu ficar ao lado do Malfoy, mas quanto a isso nada posso fazer. Pensei que você fosse nossa amiga e que não iria confraternizar com os inimigos. Bom, deixa para lá. Se quiser responde, caso não, beleza.

Até,

Ronald.

Senti uma lágrima escorrer por meu rosto. Como ele tem a cara de pau de me acusar de não ser sua amiga? Joguei o pergaminho no chão e vi outro cair ao lado. Enruguei minha testa e pensei se valeria à pena ler ou não o outro. Minhas mãos tremeram, mas me forcei a ir até lá e pegá-lo. Sentei na cama, vendo que minhas pernas tremiam de nervosismo. Antes de olhar foquei meus olhos na parede até notar minha respiração normal e enfim destruir o resto do que tinha em meu coração.

Mione,

Não ligue para o que o Ron escreveu. Bem, eu acho que ele está com ciúmes, mas não posso afirmar. Antes que você bata o pé e coloque as mãos na cintura,  antes de dizer “Quem pensa que é Harry? Você também não foi o melhor amigo do mundo.” Abaixo minha cabeça e peço desculpas, de verdade.

Sei que agi errado e me arrependo. Você sempre esteve ao meu lado, mesmo quando sua vida dependia disto. Não tenho direito de julgá-la. E quero te pedir para conversarmos. Preciso saber como você está. Quando voltar conversamos direito, não demore.

Sinto sua falta,

Harry.

Olhei para a carta e reli com o coração na boca. E mesmo feliz por saber que ele estava arrependido sua atitude tinha me magoado muito. E o Ron... Ah, eu não podia esperar isso. Nunca tive nada com ninguém além dele... E o Krum, mas quero dizer, depois de namorarmos. Não tem o direito de me cobrar nada. Como pode insinuar que não era amiga deles? Constatar isto fez com que mais lágrimas escorresem por meu rosto, me fazendo cansar e adormecer.

Balancei minha cabeça voltando para o tempo presente. Meus olhos estavam secos e eu precisava lavar meu rosto, porém meu corpo parecia pesar muito. Me afundei mais na cama, depois de desligar o relógio. Sabia que não adiantaria, pois em poucos minutos minha mãe entrarei aqui me fazendo levantar. Hoje era segunda. E, infelizmente, ela pensa que vou voltar para a escola, mas não estou com vontade.

Deixei minha respiração se acalmar e comecei a perder a noção de tudo, entrando mais uma vez no mundo dos sonhos. O que durou pouco como havia imaginado. Senti meu corpo ser sacudido de um lado para o outro pela minha mãe. Ela parecia agitada com alguma coisa e eu não entendia a razão. Tentei forçar minha cabeça a processar as informações, mas não tive uma grande ajuda.

-Mi, filha, levanta. – Falou agora mexendo em meus cabelos. – Estou atrasada para o trabalho, e seu pai já foi.

Beijou minha testa se levantando sem esperar uma resposta. Escutei o som da porta batendo e me enfiei melhor no cobertor voltando a fechar os olhos. Dormi por mais algumas horinhas e acordei quando o relógio marcava meio dia. Sorri vendo que não adiantaria ir para a escola. Tinha perdido as aulas do dia de qualquer forma. Pois as segundas o meu horário a tarde era totalmente livre por ter pegado matérias no mesmo horário.

Levantei agora me sentindo renovada. Nem mesmo parecia que tinha tido problemas para dormir ontem. Concluí mentalmente que a dor do coração e da decepção cansa muito mais do que uma dor corporal. Fui até o banheiro e tomei um banho rápido. Logo desci e coloquei o rádio para tocar. A música Decoy do Paramore. encheu o local. A letra parecia estar falando sobre mim. Sim, eu era o passatempo de Draco.

(Coloque para tocar-OPCIONAL)

Close your eyes and make believe

This is where you want to be

Forgetting all the memories

Trying to forget love cause love's forgotten me

Well hey, hey baby, it's never too late

Pretty soon you won't remember a thing

And I'll be distant as stars reminiscing

Your heart's been wasted on me

(Ohh, ohh... oh oh oh oh oh)

You've never been so used

As I'm using you, abusing you

My little decoy

Don't look so blue,

You should've seen right through

I'm using you, my little decoy

-My little decoy. – Sussurrei cantando esse último pedacinho do trecho.

Living life inside a dream

Time is changing everything

Forgetting all the memories

And I'm forced into you just cause you're into me

Well hey, hey baby, it's never too late

When I'm gone you won't remember a thing

But I can't stay and you know I won't wait

I was gone from the very first day

(Ohh, ohh... oh oh oh oh oh)

You've never been so used

As I'm using you, abusing you

My little decoy

Don't look so blue,

You should've seen right through

I'm using you, my little decoy

(Ah ohh... Ah ohh...)

Antes que eu me afogasse na agonia, novamente, por ver que estou vivendo, ou ao menos imaginando, dentro de um sonho. Sentei-me a mesa e comecei a comer. Não tinha fome, mas precisava disto para não passar mal. Acabei de comer umas torradas com geléia e tomar um chocolate quente, tratei de lavar a louça e colocar para secar. Com tudo certo na cozinha fui para a sala e me joguei no sofá. Sabia que meus pais somente chegariam à noite e levariam um susto por me verem ainda em casa.

Liguei a televisão e fiquei olhando para a tela mesmo sem ver nada. Somente aí notei que tinha colocado um shortinho curto jeans e uma blusa azul clarinho com alças finas. Dei de ombros para a roupa e voltei a olhar para a TV mesmo que não estivesse vendo nada. O toque da campainha me fez olhar assustada para a porta. Era estranho ter alguém a essa hora batendo, pois sabiam que meus pais estariam trabalhando.

-Será que é o anônimo? – Sussurrei baixinho espantada. – Não seja boba Hermione deve ser no máximo o Harry. – Disse calmamente a mim mesma ao fitar desconfiada a porta. – Ou mais provável o carteiro.

Com esse pensamento andei bem lentamente até a porta. Sem querer demorar mais com isto eu a abri num rompante, mas sem fazer barulho. Olhei para o lado de fora e senti meus olhos se arregalarem e minha boca entreabrir-se. Não era possível. Fiquei alguns segundos sem conseguir emitir nenhum som. Parecia que minha voz tinha sido sugada por uma força misteriosa, e eu sabia o que era. Pura e simplesmente surpresa.

-Oh! – Soltei sem notar.

E nesse instante ele se virou em minha direção percebendo que estava ali. Usava uma calça jeans, e uma camisa preta. Seus cabelos estavam bagunçados, um pouco arrepiados. Bem diferente do que eu estava acostumada a ver. Engoli em seco no momento em que nossos olhos se encontraram. Ele estava lindo, simplesmente perfeito. Esperei pelo sorriso debochado de sempre, mas nada aconteceu.

Sentia como se estivéssemos presos uma vez mais. Era uma guerra de olhares entre os azuis acinzentados e os castanhos. Draco passou a mão por seus cabelos os deixando ainda mais bagunçados e dando um charme ainda maior. Prendi um suspiro que quis escapar de meus lábios e com isso fechei minha boca, mordendo o meu lábio inferior. Seus olhos acompanharam os meus movimentos e vi um sorriso sincero no canto de sua boca.

-O que está fazendo aqui Malfoy? – Perguntei cheia de receios. Todas as minhas esperanças tinham ido por água a abaixo.

Sim, não era o meu amigo anônimo e muito menos o Harry. E, infelizmente, nem mesmo o carteiro. Podia ver que seus olhos me estudavam lentamente. Como se esperando que eu fosse sair correndo. E no fundo esta era minha vontade, porém tinha uma necessidade idiota de saber o que ele estava fazendo ali. Sabia que a minha dúvida estava estampada em meus olhos, mas ele pareceu ignorar. Inclusive a minha pergunta.

Ele se desapoiou lentamente da porta de minha casa dando uns passos em direção a mim. Seus olhos percorreram meu corpo e eu senti meu rosto esquentar. Gritei mentalmente que devia ter me lembrado de trocar de roupa ao ver o que estava usando. Agora o calor parecia se espalhar e sabia que devia parecer um tomate, olhei para baixo querendo fugir dos seus olhos, e principalmente de suas piadas. Não queria ser mais o seu brinquedinho.

-Você mentiu para mim, Hermione. – Ele soltou calmamente.

Olhei para ele atônita. O quê por Merlin ele estava falando? Perguntava-me querendo encontrar uma resposta. E um pensamento mais cedo voltou a minha cabeça. A carta. Balancei a cabeça sabendo que não tinha sentido. Não podia ser ele, disse-me mentalmente, por mais que no fundo do meu coração eu desejasse que fosse verdade. Eu não queria mais ser o seu passatempo, estava cansada de sofrer.