Capítulo 17: Dois podem brincar.

Hermione´s Pov:

Meu dia tinha sido meio angustiante. Eu não o vi o dia inteiro. Fiquei preocupada com ele e com raiva de mim. Como posso me preocupar com ele? Isto é ridículo. Gina e Luna não me deixaram momento algum sozinha. E quando elas pensavam que eu não estava olhando para elas trocavam olhares cheios de significados. Como se eu não soubesse ou não notasse. Respirei fundo para não brigar com elas. O meu problema era outro.

As aulas passaram arrastadas e o que eu mais queria era me jogar na cama e dormir. Eu estava com um humor horrível. Harry e Ron ficaram calados o tempo todo me olhando preocupados. É incrível como me conhecem tão bem. Em uma das aulas da manhã que para a minha felicidade era a última antes do almoço permiti minha imaginação voar. Apoiei minha cabeça no ombro de Harry e fechei meus olhos.

Não sei dizer quanto tempo fiquei ali. Somente sai desta posição quando senti Harry fazendo carinho em meus cabelos para me despertar. Despertar? Eu, Hermione Granger, dormi durante uma aula? Conforme tudo ganhava sentido senti meus olhos se arregalaram. Nunca isto tinha acontecido comigo. Malfoy estava me tirando o juízo. Suspirei. Não podia continuar assim.

Levantei-me desnorteada e me dirigi para o salão principal. A primeira coisa que fiz, inconscientemente, foi procurar por certo loiro lá. Para logo me repreender. Tinha que tirá-lo da cabeça. Caminhei até a mesa e sentei-me. Uns minutos depois todos os meus amigos estavam ali e comemos calados. A cada segundo podia ver que um deles me olhava. Queriam saber o que eu tinha, mas não queriam me irritar.

-Está tudo bem. – Eu disse baixo fitando meu prato.

-Mentira. – Falou Harry me olhando fixamente.

-Olha, obrigada por se preocuparam. É besteira. Logo volto ao normal. – Disse firme.

-Ao normal? – Perguntou Ron olhando-me incrédulo. – Você dormiu numa aula Mi.

-É sério? – Perguntou Luna me estudando.

Sem respondê-los me levantei da mesa e sai do salão. Não queria mais ficar ali. Andei sem pressa até a passagem da cozinha e entrei. Vi um elfo preparando uma bandeja cheia de comidas e parou quando me fitou.

-Posso ajudá-la senhorita? – Perguntou fazendo reverência.

-Oh sim, obrigada. – Fitei a bandeja e sorri. – Mas pode ir levar isto. Não se preocupe. Peço para outro.

-Certo senhorita. – Fez outra reverência e desapareceu.

Sentei-me na mesa da cozinha e fui atendida por quatro elfos ao mesmo tempo. Suspirei. Eu havia tentando libertá-los com a F.A.L.E e eles nem sequer tiveram vontade... Então, eu desisti. Não tinha jeito. Vê-los ali me lembrava de Dobby. A idéia de ele ter morrido era péssima. Ainda mais para nos salvar. Balancei a cabeça. A guerra havia acabado. Estávamos em paz.

-Aqui está. – Falou um deles fazendo outra reverência.

-Obrigada.

Peguei meus talheres e comecei a brincar com a comida. Revivi desde o primeiro dia que cheguei aqui este ano. Como não entendi Malfoy ter me ajudado. A forma como seus olhos pareciam diferentes. As mudanças dos meus amigos. E a minha própria. Eu não era mais a mesma. A caça as horcruxes me fizeram crescer. E agora me vejo mais ligada ainda aos meninos.

Estava tão concentrada nos meus pensamentos que não reparei ter acabado de comer. Somente notei ao levar mais uma vez os olhos ao garfo e ver não ter mais nada. No segundo seguinte várias sobremesas apareceram na mesa e eu sorri aos elfos em agradecimento. Comi sem pressa alguma e me levantei com preguiça. Subir ou não subir agora? Eu tinha aula de runas antigas hoje ainda, mas este tempo era livre.

É melhor ficar pelo térreo. Os meninos devem estar me procurando lá em cima. As vozes deles surgiram pelo corredor que levava a cozinha e pedi baixinho para os elfos não falarem que estava aqui. Tive tempo apenas de vê-los assentir e me esconder. A minha vontade de rir era enorme. Até parecia que eu havia feito algo de errado. Bom, além de dormir durante a aula e pensar nele... Nada.

Harry perguntou por mim e eles trataram de negar ter me visto e ouvi os passos deles se afastando. Ouvi Harry bufar e Ron resmungar algo sobre como eu havia conseguido desaparatar em Hogwarts. A imaginação do Ronald era a única coisa intacta em seu jeito. Ele sabia perfeitamente que não é possível fazer isto. Balancei a cabeça. Eu havia o contado isto há muito tempo atrás.

Despedi-me dos elfos e saí para o jardim. O tempo estava ameno pensei em ficar ali, mas decidi visitar Hagrid. Não o encontrava há dias. Segui pelo caminho tão conhecido. Não precisei nem pensar. Antes de bater na porta fitei a floresta. Como entrei ali várias vezes. Sorri e dei uma leve batida na porta. Um Hagrid de aventou abriu a porta com o rosto sério ao ver-me abriu um enorme sorriso e fez um sinal para eu entrar.

-Entre Hermione. Quanto tempo!

    Eu o abracei e entramos juntos.

   -É muito mesmo!- Sorri para ele. Sentia a sua falta.

   -Como está?

   -Bem. – Falei dando um sorriso amarelo.

   -Problemas? O que estão aprontando.

    Eu ri da expressão de medo e duvidoso em seu rosto.

   -Nada. Eu só queria espairecer e visitar um amigo.

         -Certo. – Disse apontando a cadeira. – Chá?

         -Sim! – Respondi prontamente. Senti falta dele e do chá. Ri com o pensamento.

         -Vejo que está melhor.

-Sim Hagrid. Obrigada.

         Virou-se de costas e começou a fazer o chá em silêncio. Acompanhei as nuvens começarem a subir em espirais e apitar. Serviu o conteúdo da chaleira em duas xícaras enormes e as colocou na mesa. Uma a minha frente e outra na dele. Sentou-se e me fitou.

-Novidades?

-Nada. – Falei pensando. – Acho que até é bom, não é?

Ele assentiu.

-As últimas novidades não foram muito animadoras.

-Com certeza.

Começamos a conversar e bebericar o chá. Estávamos contando todas as novidades. Tudo o que tínhamos feito. E quando fui olhar pela janela vi que estava escuro. Eu arfei de surpresa.

-Que horas tem?

-Esta quase na hora do jantar.

-Droga! Os meninos vão me matar. Adorei falar com você. Volto assim que puder.

-Eu também. Até a hora do jantar.

Sai correndo de lá e fui direto para a sala comunal. Ao entrar fui abraçada um por par de braços conhecidos.

-Mi, eu fiquei preocupado. – Falou Harry me abraçando.

-Onde estava Mione?- Perguntou Ron vermelho.

-Com o Hagrid.

Os dois se entreolharam e bateram a mão na cabeça. Fazendo-me rir da cena. Estavam com uma cara hilária como se dissessem: Como não pensamos nisto?Idiotas.

- Bom, agora que estou bem e viva vamos comer?

          Eu estava surpreendentemente bem. Conversar com Hagrid havia sido bom. Não fiquei pensando tanto no assunto Draco. Aguardei a resposta e quando ia passar pelo retrato da mulher gorda Gina e Lu vieram em minha direção. E eu sorri para elas que retribuíram. As duas olharam para Harry e Ron e sorriram.

-Mi? Vem com a gente? –Perguntou Gi.

-Claro, vamos?

-Uhum. – Respondeu Luna.

Alguma elas estavam aprontando. No instante em que estávamos longe deles eu perguntei.

-Qual o plano?

-Plano? – Falou Gi se fazendo de desentendida.

-Sim, para conquistar o Harry e o Ron.

Minhas amigas me olharam assustadas e depois riram.

-Fazer ciúmes. No jogo do amor vale tudo. –Falou Gina.

-E nós vamos lutar por eles. E você?

Senti uma pontada em meu peito ao lembrar-me de Draco beijando Pansy e balancei a cabeça negativamente. Fomos juntas em direção ao salão principal conversando, mas não sei em que momento as meninas sumiram. Continuei andando pensando em nada. Até bater em alguém e perder o equilíbrio. Minha sorte ou azar fora que dois braços fortes seguraram-me pela cintura.

E com um movimento simples, mas forte senti meu corpo bater contra outro. O cheiro inebriante invadiu minha mente. Era ele. Tentei lembrar-me como devia fazer para respirar e tentar achar uma maneira saudável de sair dali. Só que não seria tão fácil assim. Se alguém me contasse o que aconteceria a seguir eu não acreditaria. Não mesmo. Nem nos meus sonhos mais doidos.

Draco ainda comigo em seus braços roçou o seu rosto no meu. Involuntariamente estremeci ao sentir a sua pele na minha. Vi-o pelo canto do olha abrir um sorriso malicioso, mas decidi ignorar. Aproximou-se de mim e levou a sua boca da minha fazendo-me perder o ar. Meus instintos gritavam para sair de perto dele, mas minhas pernas estavam moles e não sei se conseguiria andar.

-Boa a sensação, não? – Sussurrou com a boca ainda perigosamente perto da minha e me soltou.

E este não foi o fato mais assustador. O que me deixou atônita foi não ter uma resposta. Sem saber o que falar eu fiquei calada o fitando. Eu olhava incrédula. Merlin, o Malfoy só pode ter enlouquecido. O que foi isso? Ainda parada o vi afastar-se, do nada, da mesma forma que surgira em minha frente. Antes de seguir para sua mesa ele parou e me deu uma piscadela. Finalmente virando-se e indo embora.

Permaneci ali parada sentindo minhas pernas fracas e meus olhos o seguiram até sentar em sua mesa. Quando senti minhas pernas voltarem a reagir já tinha sido bombardeada de perguntas pelo Harry e Ron. Queriam saber o que o Malfoy queria. E como eu podia responder? Não fazia a mínima ideia. Fomos andando juntos para a mesa e senti um par de olhos sobre mim.

Eu sorri e a frase de Gina surgiu em minha mente: “Fazer ciúmes. No jogo do amor vale tudo.” Draco queria brincar e eu seria uma concorrente a altura. Não iria deixá-lo me enganar. Ele queria jogar, mas esqueceu-se de um pequeno detalhe. Neste jogo, no jogo do amor, dois podem brincar. E eu não entraria para perder. Vamos ver como ele reagirá. Porque eu sei que vou conquistá-lo. E provar que posso ser a melhor. É hora de colocar as cartas na mesa.