Olhe para as Nuvens de Chuva escrita por TheRainCloud


Capítulo 1
Um Quase Início


Notas iniciais do capítulo

Não é o melhor capítulo, mas paciência, toda história tem que ter um começo.



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A noite estava escura, sem lua ou estrelas. O céu se mostrava levemente avermelhado, repleto de nuvens de chuva.

Yakusoku observava despreocupadamente da sacada de seu apartamento em Tóquio. Estava com os cotovelos na barra superior e o queixo apoiado nas mãos. Sua aparência era a de um jovem humano normal, apesar de seus cabelos serem negros como nanquim, contrastando com sua pele muito branca e perfeita e os olhos de um tom incomum que nem mesmo o dono, em três ou quatro centenas de anos, não conseguia dizer se era azul ou cinza, pareciam ser feitos de gelo. As roupas que ele usava eram simples, algo que não levantava suspeitas de que Yakusoku era diferente de todos entre os quais ele andava todos os dias: uma calça jeans rasgada de propósito nos joelhos e uma camiseta marrom de mangas longas em cuja frente liam-se as palavras “Mega Style Street Wear”, em letras prateadas. Enfim, com o tempo, ele conseguira familiarizar-se com as pessoas.

Yakusoku costumava sentir-se bem quando voltava para casa, depois de um dia normal no trabalho. Mas naquela noite estava entediado.

Quando o céu ficava nublado ele literalmente assoprava as nuvens para longe, para ver as estrelas, mas hoje... Hoje o tédio era tão grande que dava preguiça até de se divertir. Ia deixar que chovesse. Afinal, fazia algum tempo que ele impedia que a chuva umedecesse as ruas da cidade.

Baixando os olhos Yakusoku viu carros e pessoas apressados, voltando para casa, todos minimizados pela altura: aquele era o décimo quarto andar. Algumas vezes ele tinha vontade de subir no parapeito da sacada e pular, só para sentir no rosto o vento da queda vertiginosa. Não fazia porque acabaria causando alarde demais entre os moradores do prédio. Eles não precisavam de preocupações. Claro que se quisesse pular não se preocuparia com o chão: era só fazer o vento aparar seu tombo. Só seria ainda mais escandaloso do que simplesmente deixar-se cair.

De qualquer forma, preferia continuar fingindo que era só mais uma pessoa no mundo. A vida na Terra o agradava. Era tranqüilo onde ele morava. Enfim, aqui conseguira refugiar-se daqueles que o perseguiram no passado. Inclusive o próprio passado.

O sutilmente irritante “dim-dom” da campainha do apartamento se fez ouvir, puxando Yakusoku de volta para o presente antes que ele começasse a se lembrar de coisas não muito consoladoras. “Oh, francamente, se for importante vão tocar de novo”, ele pensou. E assim se fez, “dim-dom”, chamou a campainha, como se aquele fosse o trabalho mais gratificante de todos os universos.

Então ele voltou para dentro, passando pelo quarto, depois pelo corredor, e, por último, chegou à porta, que ficava na sala-de-estar. Nunca usava o olho-mágico, porque sempre sabia quem era pelo modo como o incômodo “dim-dom” penetrava seus ouvidos. Aquela vez era, como quase sempre, Takenouchi-san.

Ela era uma mulher já idosa que vivia no apartamento da frente. Tratava Yakusoku como um filho, estava sempre preocupada com seu bem-estar trazia-lhe pequenos agrados quase todos os dias e ele era grato por isso, mas às vezes achava aquilo um pouco incômodo.

Ele abriu a porta, pondo no rosto seu melhor sorriso de (falsa) surpresa, como habitualmente, e disse:

--Olá, Takenouchi-san! Que bom vê-la! – (“fazer o quê, né...” tinha que ser gentil, gostava de doces) Ele se abaixou para deixar que ela o beijasse de cada lado do rosto. – Por favor, entre. – disse, afastando-se enquanto a senhora entrava. – Tudo bem?

--Tudo ótimo, querido. Nem vou me sentar, não se preocupe, só vim trazer-lhe uns biscoitos que fiz hoje. – ela pôs na mão dele um prato coberto com um pano. – Espero que goste. Não coma todos de uma vez! Ah, também quero convida-lo para o aniversário da minha neta amanhã. Será maravilhoso se puder ir! Keiko gosta muito de você, sabia? Por favor, venha comemorar conosco.

--Obrigado. Tentarei estar lá amanhã.
--Que bom! Eu já estou indo, Yakusoku-chan. Boa noite. – ela saiu.

--Boa noite, Takenouchi-san. – ele fechou a porta.

Deixou o prato na cozinha e voltou para a sacada.



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Notas finais do capítulo

Eu sou meio clichê, mas fazer o quê... Não se estressem comigo, isso é só o começo. Acho que os próximos capítulos vão ser melhores.



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