Após ler a mensagem em meu celular olho para o Lucas e ele está com um pequeno e simples sorriso estampado em seu rosto e eu sinto uma vontade enorme de esquecer qualquer coisa que não seja relacionado a como se respirar, seus olhos se fixam nos meus e ele vem se aproximando lentamente para que seus lábios se juntem novamente ao meu, e com tristeza eu me afasto dele.

Seu olhar por um instante demonstra confusão que logo se apaga.

–Estou com fome - eu digo

Seu sorriso volta a sua face como se o que eu disse acabasse de lhe contar uma piada, ele concorda com um pequeno gesto de cabeça e liga o carro.

–Vamos ao Shopping, eu pago - ele se vira para ligar o carro.

Nesse instante eu volto a olhar para o sol, mas este já se fora e no céu há apenas algumas estrelas que são tão poucas que o céu está sem graça. Lucas da a marcha ré e nós vamos nos afastando do lindo lugar que a pouco estávamos, a rua está praticamente deserta são poucos os carros que passam por nós, minhas mãos estão em meus joelhos e após de uma troca de marcha eu sinto a mão dele em cima da minha, olho para as nossas mãos entrelaçadas e olho para ele, que está com o olhar focado na estrada.

Depois de poucos minutos chegamos ao shopping, desço do carro e recebo outra mensagem da Mirian: Onde você está? Dá pra chegar logo ou está difícil? Estamos indo para a loja de lingerie. Respondo a mensagem dizendo que já chegamos.

Guardo o celular no bolso da calça e sinto uma presença ao meu lado, e só para constatar vejo Lucas ao meu lado, ele novamente junta as nossas mãos e assim adentramos no Shopping.

Vamos de elevador, mas porque eu quero já que sou uma pessoa extremamente sedentária, o único exercício que eu faço é levantar o talher, não digam que no futuro eu serei uma pessoa gorda e infeliz porque eu não acredito nisso, enquanto existir algo para comer eu ficarei alegre. E existe academia eu posso utilizar de aparelhos ginásticos quando eu não estiver de agrado com o meu peso.

Mas voltando ao presente. Eu peço para Lucas fazer qualquer pedido que eu preciso ir ao banheiro, e ele concorda. Vejo Mirian na porta do banheiro e ela da um sorriso para mim e volta a entra no banheiro.

Assim que abro a porta do banheiro vejo Ângela passando maquiagem, ela me vê e para de passar o lápis de olho, e me encara de cima a baixo, logo um sorriso toma conta de seu rosto.

–Ora se não é a Amandinha aqui. Deixa eu te apresentar Mirian, essa é a vaca do colégio...fique longe dela pra não sair mal falada.

–Pode deixar - Mirian respondeu.

–Então...o que você está fazendo aqui coisinha?

–Não é da sua conta, mas como eu sou uma pessoa preocupada com os animais vim trazer o Ibama pra te levar pra alguma fazenda que é o seu habitat natural não é galinha? - Eu disse.

Mirian segurou o riso e a Ângela começou a ficar vermelha, e eu aproveitei para lhe irritar mais um pouco.

–Deixa eu te ajudar, as suas penas estão sujas, mas não tem problema existe água pra limpar... - antes que ela pudesse fazer algo eu abro a torneira e jogo água em sua camisa.

–Sua louca...olha o que você fez - Ela diz olhando para a sua roupa - Você me paga garota!

Eu logo saio correndo do banheiro e entro numa loja de roupas, olho para os lados e me escondo atrás de uma bancada, ouço a Mirian falar que tem certeza que eu entrei nessa loja e que eu devo estar escondida em algum lugar.

Olho para ter certeza de onde elas estão e vejo a Mirian fazer a sua parte do plano, que era colocar algo na bolsa da outra, e vejo que é alguns brincos e pulseiras, eu logo aproveito a deixa para voltar a correr e sair da loja, mas bem no momento em que eu me levanto Ângela se vira e me vê. Antes que eu pudesse correr ela entra na minha frente, e de verdade eu nunca tive medo dela.

–Então, não tem mais como você fugir e são duas contra uma

Olho para Mirian e vejo ela olhando desesperada para os lados, sei que alguma idéia maluca vai surgir em sua mente e eu só tenho que esperar enquanto o cérebro dela trabalha, mas a Ângela não vai me esperar com certeza ela vai pular em cima de mim e me atacar igual a louca que é, eu tenho que fazer algo, mas o que?! Olho para as roupas que estão em cima da bancada e como nos desenhos quase sinto uma luz se acendendo em cima da minha cabeça pego a primeira calça jeans que vejo e jogo em sua cara, e dessa vez eu consigo chegar até a saída.

A Mirian me alcança e começa a correr comigo e nós duas rimos juntas.

–Mirian segura ela! - Ângela grita

–Vamos interpretar - Ela diz e segura no meu braço.

Eu finjo que estou tentando me soltar e espero a falsidade em pessoa sair da loja, assim que ela passa pelo detector ele começa a fazer barulho, a loira para assustada e a Mirian me solta dizendo "corra" e é isso que eu faço.

Quando cheguei perto de Lucas eles estava com os nossos lanches em caixinhas e segurava dois copos de refrigerantes, ele sorriu com a minha aproximação e me entregou o meu lanche. Pegou as chaves do carro e balançou para chamar a minha atenção; eu ainda estava agitada com a minha fuga, e com a cara de desespero que a Ângela estava, o plano da Mirian tinha dado certo.

–Vamos, acho que os seus pais não vão gostar que você chegue tarde.

–Eles estão viajando, só voltam semana que vem, e a empregada já deve ter ido embora a essa hora - sorri tristemente para ele, eu amo os meus pais, mas devido ao trabalho deles eu sempre fico grande parte do tempo com a nossa empregada.

–Primeiro: Isso foi um convite? Segundo: Seus pais trabalham no que? - Sorriu maliciosamente.

–Que? Não! Eu só... Ah esquece isso seu pervertido! E os meus pais são médicos, sabe eles fazem parte de um programa para ajudar as pessoas e por isso vivem indo para outros países para ajuda-las, mas eles se esquecem de mim...a pessoa que mais precisa dele!

Olho para o chão e continuo:

–Eles vivem dizendo que eu me meto em encrenca por ser irresponsável, mimada e tudo o que se pode imaginar, mas não é isso. Como eu posso ser irresponsável se eu me criei sozinha, como posso ser mimada sem que ninguém se da ao trabalho de me perguntar se eu estou feliz? Eles só se importam com os outros e só se lembram que eu existo quando eu faço algo de errado, só que eu só faço coisas erradas quando eu necessito de um carinho deles, ou simplesmente porque todo humano erra."

Ele se aproxima de mim sem dizer absolutamente nada e me abraça fortemente, e eu seguro o meu choro, normalmente eu evito falar em meus país, mas por algum motivo dessa vez eu tinha que contar o que eu sinto, Ele se afasta um pouco e deposita um beijo em minha testa.

–Não se preocupe agora você tem a mim - ele pisca e da um grande sorriso.

–Besta!!!

Começo a andar para ver se ainda conseguiria ver a Ângela com problemas, mas ao chegar lá foi melhor do que eu imaginava, passamos por trás de algumas pessoas que estavam paradas olhando para ela que estava sendo levada por dois seguranças para uma sala perto da loja onde estávamos.

Lucas que estava com a cabeça baixa olhando para o celular, a levantou para ver qual era o motivo do tumulto, assim que ele a viu sendo carregada parou e abriu a boca num grande O.

–Já volto - Ele me entregou o seu lanche e correu atrás da garota.

–Mas o que...Lucas - grito

Sinto alguém puxar o meu braço e olho para trás, vejo a Mirian com a aparência indignada.

–Você não pode deixa-lo ir, corra, ou você quer que a Ângela estrague seu encontro?

–De onde você saiu?

–Isso não interessa! Agora vá!

Vou correndo atrás dele e chego dele bom no instante em que ele para os seguranças na porta da pequena sala, a sua cara é de pura indignação, engulo em seco e me aproximo correndo dele.

–Lucas eu preciso ir...

–Espere por um momento, eles não podem carregar a Âng assim!

Âng? Então quer dizer que eles são íntimos o suficiente para lhe dar um apelido, eu pensei que ele a odiasse, que não se preocupava tanto a ponte de protege-la de seguranças que só estão fazendo o seu trabalho.

–Lucas, você é que não pode interferir no trabalho deles! O que deu em você? Estava indo tudo muito bem até você querer ser o protetor das vacas e dadas! - Eu praticamente gritei, mas eu senti um onda enorme de...de ciúmes.

–Ora sua...se eu estou aqui é por sua culpa! - Ela retrucou

Merda, mil vezes meda, não era para isso estar acontecendo, não era para eu ter vindo até aqui, não era para o Lucas ter vindo, nós deveríamos estar no carro indo embora!

–Como assim? - Lucas perguntou.

–Foi ela que colocou as coisas na minha bolsa, ele tramou tudo contra mim!