Ao chegarmos ao hospital, eu desmoronei.

Eu chorava, gritava, e tudo o que podia. Itachi me puxou para um abraço, e eu aceitei de bom grado. O médico não tinha me deixado entrar na sala de cirurgia, o que era óbvio. Mais naquele momento, não parecia óbvio. Eu só queria ter certeza de que minha amiga estava bem.

Sim, Ino tinha sido uma vaca naquele momento. Mas se for contar quantas vezes eu já fui vaca também, é capaz de superar a Ino.

Ino era uma pessoa boa. Só não aceitava perder.

E isso, essa maturidade, ela adquiria com tempo.

Depois de chorar horrores no peito do Uchiha mais velho, liguei para Sakura, e pedi que avisasse aos Yamanaka depressa. Sakura concordou, e meia hora depois estavam todos ali. Sakura, Hinata, Chihiro, e os pais da loira.

O ambiente era horrível. Hinata parecia pior ainda, talvez entendesse um pouco o que a loira estava passando. Virou-se para mim, e perguntou:

-         Como isso aconteceu, TenTen-Chan?

Expliquei-a que Ino, depois de uma briga feia comigo, Naruto e os Uchihas, tinha saído e pego o carro do pai de Sasuke sem percebemos. Ela sabia onde ficava as chaves da casa e do carro, afinal, conhecia bem o ambiente.

Não me passou na cabeça que Ino fosse fazer aquilo. Como não sabia dirigir, ela conseguiu capotar com o carro.

-         Ah... – Hinata retomou o choro – Ino-Chan... É por minha causa...

-         Ei – comecei eu, indo abraça-la – não é sua culpa. Mesmo. Ino não estava bem há um bom tempo.

Bufei, tentando acreditar em minhas palavras. Virei-me para o lado, e vi Naruto, Sasuke, Neji, Kiba e Shikamaru chegando. Sasuke estava com os pais, e os três foram direto falar com os pais da loira. Naruto, Neji, Kiba e Shikamaru vieram até nós. Não entendi bem o porque da presença do Nara e do Hyuuga.

Senti-me corar ao ver Neji. Como podia ficar assim em uma hora dessas? Rezei para que não reparasse em mim.

Mais é óbvio que o efeito foi ao contrário.

Neji sentou-se ao meu lado, e sussurrou em meu ouvido:

-         Porque está vermelha?

Um tremelique percorreu meu corpo, e eu o olhei, raivosa.

-         Não é hora para provocações, idiota.

Ele abafou um riso, e eu me virei para o lado. Quem ele pensava que era?

Naruto estava conversando com Shikamaru. Este coçava a cabeça, como se realmente estivesse preocupado. Espantou-me ver Shikamaru pensando em outra coisa se não dormir ou nuvens.

-         Ei...– sussurrei para Neji, estranhando – porque o Nara está aqui?

-         Eles são vizinhos há um bom tempo – explicou-me Neji – Apesar de Shikamaru namorar Temari, eles nem se... – ele engoliu seco – nem se gostam. Está na cara de que é um namoro de aparências.

-         E o que isso tem a ver com a Ino?

Neji olhou-me como se eu fosse burra, e aí eu entendi.

...

Os minutos pareciam horas a se passar. Os pais de Ino choravam, Sakura e Hinata também, enquanto eu batia insistentemente os pés. Fazia isso quando estava nervosa.

E, de repente, os minutos viraram horas. Três longas horas de aflição e medo. Depois disso, o médico veio, e chamou os pais de Ino em um canto.

Todos tentamos ouvir, e obviamente, sem sucesso. Tentamos deduzir o que seria pela expressão dos dois, e parecia ter um certo alívio em suas faces, mais ao mesmo tempo ainda tinham medo. Quando vieram em nossa direção, a mãe de Ino logo soltou:

-         Ela vai ficar bem. M-morta... Minha filha não está.

E voltou a chorar no ombro do marido.

Não entendi bem o porque, mais eu senti que eles estavam escondendo algo de nós. Os pais de Ino pediram-nos para voltarmos para a casa, mais nenhum aceitou. E, para nossas surpresas, Shikamaru estava incluído no todos.

-         Shikamaru, querido – tinha dito a mãe de Ino – pode ir para a casa. Seu pai deve estar preocupado...

-         Isso tudo é tão problemático... – disse ele, coçando a cabeça – mais não saio daqui.

Podemos dizer que dormimos no hospital. Todos ligamos para nossas residências, explicando. E todos os pais entenderam perfeitamente.

Eu estava começando a ficar com sono. Minha cabeça ia tombando, tombando, até tombar de vez e eu acordar novamente. Itachi sorriu para mim, e disse-me:

-         Ei... Pode dormir aqui. – ele apontou para seu colo.

Antes que eu mudasse de ideia, deitei minha cabeça no mesmo, e antes de fechar meus olhos, vi um Hyuuga olhando com raiva para mim.

Ou para Itachi.

Acordei com alguém me puxando.

Olhei para a pessoa, e Neji segurava meu braço como se quisesse estrangula-lo.

Ele olhava torto para Itachi, e eu me perguntei porque.

Olhei em nossa volta. Ainda estávamos no hospital, e Neji estava me puxando para fora dele. Debati-me, mais o Hyuuga não me soltou.

Ele levou-me para fora do hospital, onde tinha um jardim maravilhoso. Sentou-me lá, e ficou me encarando.

-         O que foi? – perguntei eu, ainda com a voz embriagada – porque tem que fazer isso?

-         Eu... – ele engoliu seco. Estava nervoso – não quero que você... Que você durma no colo dele.

-         Ahn? – perguntei, ainda idiota – qual o problema?

-         Não tem problema, é só que... Não gosto do Uchiha mais velho.

-         Eu o adoro – respondi, bufando.

Nessa hora Neji tremeu de raiva, e continuou:

-         Não entendeu qual o problema? – perguntou, chacoalhando-me – eu... Eu... Simplesmente não quero, está bem?

No fundo eu estava gostando daquilo, então continuei.

-         Porque?

Ele abafou um grito de raiva, e sentou-se do meu lado. Estávamos em um banquinho, e eu o estranhei por se sentar ali.

-         Você ainda está com sono?- perguntou ele, corando.

-         Sim – disse eu, sinceramente.

-         Então durma... – ele corou mais, puxando-me para si – no meu colo.

Não entendi bem, mais me deitei, sorrindo. Ficamos assim por um tempo, até Hinata vir correndo até nós – e Neji fez questão de me empurrar com tudo do banco como se nada tivesse acontecido – e dizendo que poderíamos falar com Ino.

Fui correndo, puxando Neji junto comigo. Ao chegarmos na sala de espera, o médico nos avisou que Ino tinha acabado de passar por uma cirurgia séria, que durou a noite inteira, e que deveríamos ser cautelosos. Entraríamos em dupla.

Primeiro, é claro, foram os pais da loira.Em seguida, os pais de Sasuke. Logo depois foram Sasuke e Itachi, e eu entraria com a Sakura em seguida. Depois de mim viriam Naruto e Neji, Shikamaru, Kiba e Chihiro, e assim, teria um trio, pois a Hyuuga queria ir sozinha.

Para conversarem.

Eu e Sakura entramos apreensivas. Mas ao vermos Ino, esquecemos disso. A loira tinha o rosto sem maquiagem nenhuma, o que era raro, pois eu nunca a tinha visto assim. Estava sem o costumeiro rabo de cavalo, e os cabelos loiros enormes estavam soltos. Seu rosto estava cheio de arranhões, assim como seu braço. A única coisa que não víamos eram as pernas – estavam tampadas pelo cobertor.Ela olhava fixamente para um ponto, que não nós, e quando entramos, ela sorriu.

-         Olá – disse.

-         Podemos... Te abraçar? – perguntou Sakura, com lágrimas nos olhos. Ino assentiu, e a rosada foi primeiro. Apesar de tudo, eu sabia que as duas eram amigas desde sempre. E eu não me importava de ir em segundo lugar.

Depois do longo abraço das duas, foi a minha vez. Abracei-a forte, e ela sorriu para mim.

-         Não me acha... Uma vaca? – perguntou.

-         É óbvio que não – respondi, sorrindo – todos temos um momento daquele.

Sorrimos. Ela bufou, e lágrimas saíam dos seus olhos.

-         O que foi? – perguntei.

-         Vocês... Não sabem o que aconteceu comigo, não é mesmo?

-         C-como assim? – perguntou Sakura, nervosa – achei que estivesse tudo bem.

-         Quase tudo bem – disse a loira, antes de cair no berreiro. Tentamos perguntar a ela o que tinha acontecido, o que não estava tudo bem, mais ela se recusou a dizer.

-         O horário terminou – disse o médico, sorrindo – agora é a vez da próxima dupla.

Assentimos, e Ino sussurrou um “desculpa” para mim.

Quando saímos, Neji e Naruto entraram. E depois Shikamaru, Kiba e Chihiro, e depois Hinata.

A conversa das duas demorou um bocado, mais do que as das outras pessoas. Quando Hinata finalmente saiu, ela estava chorando.  Kiba abraçou-a forte, e ela soluçava em seu peito. Vi que os pais da loira retomaram o choro, e ficamos eu os outros boiando. Kiba perguntou a Hinata o que tinha acontecido, e ela tentou ser forte.

-         Ino-Chan... Pediu para eu dar um recado...

Ela se pôs na frente de todos, e bufou. Devia estar reunindo forças.

-         I-ino-Chan... – ela soluçou – não poderá mais a-andar.

Então a bomba finalmente caiu. Sakura caiu no choro, e eu acho que eu estava chocada demais para conseguir chorar. Vi Shikamaru levantar, rápido, e dizer que precisava falar com a loira. Shikamaru foi autoritário, o que não era de seu jeito, e o médico, confuso, deixou.

Ficamos todos paralisados. Ninguém dizia nada. Por não ter forças.

Pov’s Shikamaru On.

Entrei no quarto de Ino bufando. Eu realmente não estava entendo o que acontecia comigo – eu não era o tipo de cara que se preocupava muito com os outros, e principalmente com a loira, que estava sempre atrás do Sasuke. Tudo bem. Eu tinha arranjado Temari.

Mais Temari olhava para um certo Hyuuga.

E eu não vi mais motivação para continuar com ela. Ainda estávamos namorando, e, na real, eu só não terminava com ela por preguiça. Ela viria gritando em meus ouvidos, e eu não estava muito animado para isso.

Ino se encontrava chorando em um sua cama, e eu realmente nunca a tinha visto assim. Eu a conhecia desde sempre, e ela nunca me deixava ir em seu quarto se estivesse sem maquiagem. E, naquele momento, eu a estranhei – pois estava vermelha de tanto chorar, sem maquiagem, e não parecia se importar muito com isso.

-         Ahn, olá – disse eu.

Foi só naquele momento que a loira notou a minha presença. Ergueu os olhos, mais logo tentou os esconder. Eu sabia que ela não queria que eu a visse assim.

-         Saia, Nara. Por favor.

Chamando-me de Nara? Ela realmente não estava bem.

-         Ei, loira... – comecei eu, coçando a cabeça, confuso – estou... Ahn, estou preocupado com você. Sei que vai ficar tudo bem, ok? Eu vou... Ajudar-te. Não me importo se está em... Ahn, uma cadeira de rodas ou não. Não vai mudar nada para mim.

Ela olhou-me surpresa, para depois abrir aquele sorriso.

-         Não acredito que estou ouvindo isso – ela enxugou as lágrimas, mais logo depois começou a chorar de novo – em toda a minha vida, você nunca me disse algo parecido.

-         Mais sempre estive aqui... – corei um pouco – com você.

Ela ficou um pouco pensativa, e depois concordou.

-         É.

Pov’s Shikamaru Off.

Shikamaru voltou depois. Coçava a cabeça como sempre, e ao ver nossos rostos cheios de expectativas, disse-nos:

-         Bah... Isso tudo é tão problemático. Mais acho que ela vai ficar bem.

Sorrimos.  Depois daquilo, fomos todos visitar Ino novamente, e conversamos sobre a paraplegia. Obviamente ela estava triste, mais disse que era melhor do que ficar tetraplégica. Nisso, tivemos que concordar.

Depois, tivemos que ir embora. Ela disse que teria de ficar mais alguns dias no hospital – e afirmamos que estaríamos visitando-a. Ao sairmos do hospital, Itachi parou-me:

-         Ei... Gostaria de ir ao cinema?

Olhei para Neji, confusa. Ele parecia não ouvir, então assenti com a cabeça, ainda que estivesse em duvida.

-         Não sei... Poderia... Dar-me um tempo para pensar?

-         Claro – ele piscou para mim.

Sorri, e ao virar a esquina, senti um Hyuuga colado em mim.

-         O que foi dessa vez? – perguntei.

-         Você não vai há lugar nenhum com ele. – ele concluiu.