Suspicious Minds escrita por Kisa


Capítulo 1
É tarde pra dizer a verdade?




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We're caught in a trap

Nós caímos numa armadilha

I can't walk out

E não posso sair dela  

Because I love you too much baby

Porque eu te amo muito, baby



Apagou o quinto cigarro que acendeu em trinta minutos de espera. Ficava pensando no porque não entrava lá logo de uma vez e não dizia tudo o que queria, afinal era pra isso que estava do lado de fora daquela sala. Estava esperando a oportunidade e estava certo que ela só apareceria quando aquela mulher saísse da sala.



Tentou se distrair, pensar em outra coisa... não conseguia. Pensava nela. No porque ela demorava tanto tempo na sala dele.


“Certo, certo... ela é a guarda costas dele. Não pode simplesmente dar as costas e sair sem que ele dê permissão. Mas porque ele não dá uma ordem pra ela sair logo de lá?”


Aquilo já estava virando um martírio. Era um tormento pensar que eles passavam tempo demais juntos e ele ficava ali, esperando uma oportunidade, vinda sorrateira para poder entrar em contato.


Não podia fazer e dizer o que tinha vontade na frente de testemunhas, por isso esperava. Se ela não saísse, não teria nunca um tempo a sós.


“Droga... preciso de outro cigarro, ou vou entrar em colapso”. Procurou nos bolsos, mas não achou nenhum. O maço de cigarros fora jogado na lixeira mais próxima, vazio, há poucos minutos atrás. Não queria sair dali, mas não tinha jeito. Ou ele fumava ou o colapso logo viria.


Caminhou pelas dependências do quartel general da Central, até sair pela porta de entrada da mesma. Caminhou um pouco pelas ruas até encontrar uma revistaria, onde ele mesmo confirmou, vendia os melhores cigarros do mundo. Era um freqüentador assíduo do lugar há bastante tempo.


– Bom dia, Havoc-san. – Disse o velho dono do lugar, um ex-combatente do Exército. Pelo que Jean sabia, o velho havia pedido dispensa após o massacre de Ishval por razões de saúde. Claro, depois de presenciar aquilo, ninguém com um bom coração conseguiria permanecer no Exército por mais tempo. Armstrong bem o sabe...


– Bom dia ojii-san. Tem o de sempre?


– Claro. Aqui está, o John Player Special que você tanto gosta. – O senhor o olhou com uma expressão de curiosidade no olhar. Esta não passou despercebida por Havoc.


– Algum problema? – Perguntou.


– Ainda não disse, pelo visto.


– Ah, lá vem você de novo... – Era sempre a mesma coisa. Sempre que comprava cigarros lá, o velho perguntava se ele havia dito. Não gostava disso. Era do Exército, disfarçar emoções era sua especialidade. Mas contra o velho isso simplesmente não funcionava.


– Se demorar mais, vai perder, mas você sabe disso, não é? – Ria enquanto registrava o preço do cigarro na máquina registradora.


– Eu estou trabalhando nisso atualmente. – E estava. Fumava o dobro de cigarros desde que resolveu tomar uma atitude. Não podia mais enganar a si mesmo.. mas não parecia mais tão fácil chegar e simplesmente dizer “eu gosto de você” a uma pessoa que vive sempre tão cercada de outras pessoas bem mais interessantes que ele. Por isso sempre lhe faltavam cigarros. Por isso o velho da revistaria viu o vício do jovem rapaz aumentar exponencialmente.


– Li uma reportagem que diz que tabaco faz mal a saúde. – Disse, entregando os cigarros e o troco ao jovem a sua frente, que parecia nervoso por esperar tanto.


– Eu li uma reportagem que diz que velhos donos de revistaria não devem se meter na vida dos clientes que compram cigarros, principalmente se o cliente for do Exército... é perigo de morte na certa. – Disse aborrecido, pegando o isqueiro do seu bolso.


– Certo, vou me lembrar se vir um velho com essas características por aí...


Saiu da pequena loja, abriu o maço de cigarros já irritado e acendeu um. Era a sua calma momentânea, seu vício. Sem ele, certamente teria grandes dificuldades, já que não era dado a bebida. Caminhou de volta ao quartel, precisava falar o que tinha que falar. Apenas isso.


Chegou em frente a sala do Coronel quando viu Hawkeye saindo da sala.


“Uma hora ela tinha que sair de lá...”


Passou por ela e a cumprimentou com um meneio de cabeça. Não precisou perguntar, ela disse que o Coronel o estava esperando e que poderia entrar agora.


“Menos mal.”


Entrou na sala, sem bater na porta. Sempre fazia isso. Observou o jogo de xadrez do Coronel em uma pequena mesinha no canto direito da sala; as peças brancas haviam derrotado as pretas. Lembrou que o Coronel sempre jogava com as pretas.


“Não sei nem dizer se isso é um bom sinal ou não.”


Resolveu tomar a palavra, não poderia demorar agora que finalmente a oportunidade surgira.


Mas se surpreendeu; Mustang falou primeiro.


– Havoc, tenho uma missão pra você. – Viu seu Coronel olhando através da janela. Era hábito dele fazer isso, mas não quando Jean estava na sala: Mustang fazia questão de olhar nos olhos de Havoc quando se falavam.


– Diga C-coronel – Vacilou por um momento. Não era do seu feitio, mas vacilou.


– Vou mandá-lo para o norte por uns tempos – Assim, de repente? – a general Armstrong será sua nova superiora.


Ainda não entendia muito bem tudo o que estava acontecendo. Porque ir para o norte agora? Porque afastá-lo dele?


– Olhe pra mim, Mustang-san. – Não teria tomado coragem para jogá-la fora ante a primeira barreira. – O que você está planejando? – Tinha que haver um outro motivo maior do que esse.


– Jean... – Mustang se virou e olhou nos olhos de seu companheiro. Parou por um segundo, desviou o olhar para o tabuleiro de xadrez ao lado de Havoc. Agora ele sabia... havia mesmo perdido.


– E quando vai ser... – O casamento? Queria, mas não conseguiu terminar a pergunta. Sabia que não teria muitas chances desde o princípio. No Exército, tudo funciona a base de aparências, sempre soube que, mais cedo ou mais tarde, acabaria perdendo.


– No próximo mês. – Justo então. Fora mandado embora pra não sofrer, talvez?


– Mustang... – Se aproximou do Coronel. Sempre fizera e seguira todas as ordens dele. Mas agora precisava tomar a rédea da situação. Não se intimidou com o olhar assustado de Mustang, pelo contrário. Esse olhar despertava nele desejos que nenhuma outra pessoa despertou. Porque ele era seu Coronel. – me deixa amar você...


O abraçou forte, tomando dos lábios do moreno um beijo apressado, impaciente. Não agüentava mais ficar longe dele, observando de longe, protegendo sua vida nas missões que participavam juntos. Queria compartilhar de uma vida com ele, mas sabia agora que não poderia mais.


Mas não sairia dali sem pelo menos sentir e demonstrar o quanto amava seu Coronel. Encostou-o contra a parede, aprofundando o beijo. Sentiu finalmente as mãos de Mustang tocando seu corpo, apertando as mãos contra seus ombros, retribuindo seu beijo. Tinha certeza que, mais que isso, Roy retribuía seus sentimentos. Impetuoso, abria os botões da farda de seu Coronel, não se importando mais se alguém entraria ali e os flagraria. Beijava a pele de Mustang, sorvendo o aroma de almíscar que emanava dela.


Não precisava de mais nada além disso. Como o amava, respeitava as escolhas dele. Afastou-se por um segundo, queria se lembrar bem da face de Roy naquele momento.


Sentindo seu calor, seus lábios pedindo por mais beijos, seus olhos procurando um lugar em seu coração para não ser esquecido, suas mãos buscando a do homem loiro a sua frente.


Nas montanhas geladas de Briggs, Havoc se lembraria sempre desse momento... pois ele seria o único a aquecer seu coração.

 

 

 

 



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Notas finais do capítulo

Olá pessoas lindas do meu coração

OMG! Escrevi minha primeira fic Yaoi... x_x

Kori.. você é a culpada por isso i.i

Mas agora, voltando... creio que será a primeira e a última. Não tenho muito talento pra escrever Yaoi. Mas é inegável o fato de eu até gostar desses dois juntos... eu acho eles tão fofos i.i

O único casal yaoi que eu realmente tenho apreço. i.i

Outra coisa: amo muito, muito mesmo essa música. É uma das minhas preferidas. Achei que ela combinava com eles, de certa forma.

Música: Suspicious Minds Elvis Presley.

Espero que não tenha ficado algo muito sem noção.. mas levem em consideração que é a primeira

Bjo!