Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 60
vida 5 capítulo 9




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Nathalie Helms voltou contrariada para casa. Não estava acostumada a ser deixada sozinha num bar por um homem porque O IRMÃO PRECISAVA DELE. A primeira coisa que ordenaria quando o tivesse sob seu controle é que ele decapitasse o tal irmão e lhe trouxesse a cabeça desse irmão numa bandeja.

Não tivera tempo de perguntar o nome do homem, mas era um forasteiro. Devia estar hospedado num hotel na cidade ou, mais provavelmente, num motel barato de beira de estrada, a julgar pelas roupas ordinárias que usava. Era só acionar seus informantes.

Ele não era o primeiro homem que despertava nela a certeza de estar novamente frente a frente com o maldito Iάσων. Com quantas mulheres o maldito se deitara? Quantos descendentes dele ainda caminhavam sobre a Terra? Quantos mais ela teria que matar?

Mas antes arrancaria deste todo o prazer que Iάσων lhe negou. Apagaria dele qualquer outra motivação. Ele existiria apenas para satisfazê-la e somente pelo tempo que a satisfizesse.

Kyle Hayden se aproxima de Nathalie Helms queimando de desejo, mas aguardando submisso a permissão para tocá-la. Há mais de um mês que Nathalie Helms ocupa todos os espaços de sua mente. Desejo, paixão, ciúme, medo de perdê-la. Tudo junto, o tempo todo. Dormia e acordava pensando nela. Sonhava com ela. Sonhos eróticos e sonhos românticos. Estava definhando. O que comia, geralmente durante os jogos eróticos, não era o suficiente para mantê-lo. Já começava a estar fraco demais para manter uma rodada de sexo.

Nathalie Helms sorri ao ver o estado deplorável a que o desejado capitão do time principal da faculdade fora reduzido. Não ia chegar vivo ao fim daquela semana. Ele até durara muito. Seis semanas. A maioria não durava três. Ela trocava de bom grado o prazer que pudesse obter do sexo com ele pelo prazer de vê-lo - literalmente - morrer de amor por ela. E ela já tinha encontrado alguém para substituí-lo. Alguém que ela adoraria consumir. Alguém que ela adoraria devorar.

Uma última noite. Depois ele se tornaria alimento para seus ghouls. Eles estavam fazendo um trabalho tão bom de aterrorizar a cidade que mereciam um agrado. Sempre tão famintos. Não esperavam nem mesmo que a vítima estivesse morta.

Nathalie chama Kyle para sua cama. Por um segundo ele se sente o mais feliz dos homens.

§

Dean Milligan finalmente conseguira despistar Sam, depois de levá-lo para bem longe de onde escondera o Impala. Não se sentia culpado por tirar o carro dos irmãos. Muito pelo contrário. O Impala era SEU. Não era de Sam e muito menos de Adam.

Aliás, descobrira que o gosto musical de Adam era ainda pior do que o de Sam. Country music. Pelo jeito, a história de Adam não era exatamente igual à sua. Rodeios em lugar de shows de rock. Pobre Sam, tendo que agüentar longas horas de tortura ao lado de um irmão que gostava de escutar lixo.

O spray de pimenta e a longa corrida só serviram para aumentar ainda mais a sua fome. Estava no seu limite. Felizmente, descobrira que podia aplacar a sede com água. Por um momento temeu que precisasse de sangue.

Precisava ficar longe das pessoas. Transformara-se numa ameaça. Num monstro a ser exterminado. Já fora extremamente difícil resistir e era o Sam. O Sam, que era seu irmão e a quem amava profundamente. Duvidava que pudesse resistir caso estivesse frente a frente com um estranho.

O certo seria não fugir. O certo seria ir ao encontro de Adam e implorar que ele metesse uma bala na sua cabeça. Aliás, nem precisaria implorar. Mas não queria que fosse Sam que o matasse. Tinha certeza que Sam intuíra que havia uma relação profunda entre eles. No fundo, Sam SABIA que eram irmãos. Não era justo que tivesse a sua morte na consciência.

Voltou a ser torturado pela fome. Estava próximo ao bosque. Talvez pudesse caçar um animal. Um coelho. Um .. RATO. Dean alcança o rato com uma rapidez que o surpreende. Antes mesmo que se desse conta, já tinha arrancado com os dentes a cabeça do bicho e mastigado. Em segundos, não restava mais nada do rato. Lambeu os lábios. DE-LI-CI-O-SO. Muito melhor que bacon cheeseburgers. Agora, era só encontrar outro. E outro. E outro. A população de ratos da região foi vítima de um verdadeiro massacre.

Depois de saciado, retirou com cuidado o amuleto do bolso e ficou olhando. Não se parecia com o seu nem com os que tivera contato em outras realidades. Eram sempre diferentes. Em todas as vezes, menos da última, em que o Trickster interveio, a travessia acontecera no início da noite, por volta das 21:00. Talvez se apenas ficasse escondido e aguardasse ..

– Sei o que está pensando, mas não é assim que funciona.

– Trickster?

– Só acaba quando tiver aprendido.

– Aprendido? O que você ACHA que tem para ME ENSINAR?

– Isso você saberá QUANDO TIVER APRENDIDO. O que posso dizer é que não acontecerá se simplesmente esperar o tempo passar. Vai esperar sentado. Porque não volta para dar um abraço em seus irmãos? Pode ser sua última oportunidade. Afinal, nunca se pode ter certeza que alguém vai estar vivo no dia seguinte.

Tão repentinamente como surgiu, o Trickster desaparece. Malditos ele e seus enigmas. Que diabo ele quis dizer com isso?


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