Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 45
vida 4.1 capítulo 3




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‘Então, este é o famoso tio Samuel’. Benjamim se armou com todo o ressentimento acumulado de anos para resistir ao sorriso que Sam lhe dirigiu.

- Oi, eu sou o Sam. Vi o que aconteceu lá fora. Fui eu que chamei o Dean. Viu como ele botou os três para correr. Ele não é o máximo?

- É. Me surpreendeu. .. Jamais esperaria isso dele.

- Por quê? Já conhecia o Dean?

- NÃO!! Claro que não. É que .. .. é difícil encontrar alguém que se arrisque para ajudar um estranho.

- O Dean é assim. Ele sempre faz o que é CERTO. E é assim que eu também quero agir. Eu vou ser advogado.

- Não acho que advogados façam sempre só o que é certo.

- Eu vou fazer. Meu irmão vai ter MUITO orgulho de mim.

O responsável por sempre ter estado em segundo plano na afeição do pai e pelos piores momentos da relação entre os dois estava ali na sua frente. Sempre achou que se um dia estivessem frente a frente, pularia no seu pescoço e o esganaria. Nunca imaginou que seria desarmado tão rapidamente pelo charme ingênuo do tio.

- Já sabe o que vai ganhar de presente de aniversário?

- Não. O Dean é como o pai. Sabe guardar um segredo. Mas eu estou economizando para dar algo especial pro Dean no aniversário dele. Algo que ele guarde para sempre e que faça ele lembrar para sempre de mim.

Benjamim tira a corrente com o amuleto do pescoço e a entrega para Sam.

- Tome. Dê isso a ele. É de prata. Foi do meu pai. Vai dar sorte a ele. É minha forma de agradecer o que ele fez por mim.

- Não posso aceitar. Era do seu pai. Deve ficar com você.

- Não. Ela vai para a pessoa certa. Mas não espere o aniversário dele. Dê hoje mesmo. Assim que voltar a vê-lo. A gente nunca sabe o que nos espera no dia seguinte.

Uma lágrima escorre na face de Benjamin.

- Quando ele morreu?

- Ontem.

- Sinto muito.

- Estou descobrindo muita coisa que não sabia sobre ele.

- Coisas boas ou coisas ruins?

- Coisas boas. Ele era uma pessoa muito melhor que eu imaginava.

O silêncio que se seguiu foi quebrado pela chegada de John e Mary. Eles estavam de mãos dadas e deram um selinho quando passaram pela porta. Ver o avô tão jovem, tão altivo e tão .. leve foi ainda mais surpreendente que ver um pai quase da sua idade.

O avô que lembrava da vida toda era um homem quebrado, que andava arrastando os pés, normalmente com a barba por fazer e um cigarro no canto da boca. Quantas vezes o vira bêbado. Sempre chorava quando bebia. Às vezes, semi-desacordado, repetia o nome da esposa. Como se a visse num sonho. Despertava muito mais pena do que amor. Quantas vezes sentira vergonha de apresentá-lo a um amigo.

- Então, você é o Benjamim? Prazer, eu sou o John. John Winchester. Sinta-se a vontade aqui em casa. Fique o tempo que precisar para se recuperar totalmente.

- Pai, o Benjamim acabou de perder o pai dele.

John e Mary trocam um olhar cúmplice. Mary se aproxima de Benjamim e o abraça. Benjamim inicialmente fica sem reação. De repente, explode num choro descontrolado. Depois de alguns minutos abraçados, se desvencilha bruscamente dos braços de Mary e corre porta a fora.

Benjamim escutara Sam falar de seus planos pro futuro com uma angústia crescente no peito. O gesto carinhoso de Mary, fora mais do que conseguira suportar. 

Tinha que fazer alguma coisa.

Não fazer nada para salvá-los era o mesmo que matá-los ele mesmo. Não poderia continuar vivendo sabendo que destruíra a própria família. A felicidade do pai e do avô valia o sacrifício.

Não, não era um sacrifício. Não estava generosamente abrindo mão de anos da própria vida. Aqueles anos não eram verdadeiramente seus.

Entendia agora que sua vida fora estendida. Era para ele ter morrido no terremoto. Sua recuperação milagrosa após quase morrer de frio. Sua inexplicável vinda ao passado. Não acontecera por acaso. Ele fora mandado ao passado por um motivo.

Ele tinha uma missão.

O que foi que o estranho no corpo de seu pai dissera mesmo? Que ele ia ter a chance de salvar o mundo. Isso parecia maior que capacidade de qualquer homem. Não entendera a frase no seu sentido literal. Mas o estranho dissera algo mais. Que ele teria a chance de provar que era um verdadeiro Winchester. Na hora não fizera sentido. Mas foi só porque ele não sabia quem eram realmente os Winchester. A explosão os tirou do rumo. Fez deles pessoas muito diferentes das que poderiam ter sido.

A missão dele era corrigir isso.

O que sabia da explosão? Somente que fora nas instalações de gás da cozinha. Que matara Mary e Sam. Que John e Dean não estavam em casa. Não sabia de nenhum outro detalhe.

Seu pai saíra com sua mãe e não voltariam tão cedo. John estava pronto para ir para a oficina e também demoraria a voltar. Podia estar acontecendo neste exato momento.

Nunca acreditariam que viera do futuro. Chegara de pijamas, meias e um casaco pesado demais para o clima que estava fazendo. Pensariam que era louco. Insanidade temporária pela perda do pai, na melhor das hipóteses.

Mesmo que arrumasse uma forma de tirar Mary e Sam de casa, como mantê-los fora até ter certeza que a ameaça desaparecera. Como saber que tragédia não fora apenas adiada. Não sabia a hora exata que tinha acontecido. Não, que IA acontecer. A única forma de ter certeza era fazendo a explosão acontecer sem que estivessem lá.

Era causando ele mesmo a explosão.


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