Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 42
vida 4 capítulo final




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Owen Foley abraça Benjamim, tentando confortá-lo.

– Escuta, garoto. Seu pai foi um herói. Se não fosse por ele, eu e meu amigo estaríamos até agora presos num galpão onde funcionava um bar que desabou com o terremoto. Meu amigo estava desacordado e foi ele que me ajudou a retirá-lo a salvo de lá. Foi ele quem salvou todas aquelas pessoas. É por isso que estamos aqui. Queríamos dar uma força. Retribuir. Ajudar seu pai a encontrá-lo. Vimos o quanto ele estava preocupado com você.

Benjamim escuta em silêncio. UM HERÓI. Nunca pensara no pai como um herói. Não acreditaria se alguém lhe dissesse 24 horas antes que seu pai se abalaria para mover uma palha que fosse por ele. E, no entanto, ele morrera dando tudo de si para salvá-lo. Não era só o pai que não o conhecia. Ele também não sabia nada do pai.

– Não há mais nada que possamos fazer por ele, mas você pode vir com a gente. Eu não sei se ainda tenho uma casa, mas, se a casa estiver de pé, você pode dormir lá.

Benjamim se agacha ao lado do corpo de Dean. Toca em seu cabelo. Depois, seu rosto. E, então, pega na corrente de prata com um pequeno amuleto que ele sempre usava no pescoço. Presente do irmão. Sempre o irmão. O tio Sam. Pensou no famoso cartaz I Need You. Quando era criança, era assim que imaginava o tio. De barbicha e cartola nas cores americanas. Sorriu, lembrando sua ingenuidade de menino. Retirou a corrente do pescoço do pai e a colocou em volta do próprio pescoço. Nenhum outro objeto representava mais o pai que aquela corrente com o amuleto.

– Kyle. Deixa que eu cuido do garoto. É melhor você voltar para casa. Leve o Owen com você. Seu pai e seu avô estão bem, mas muito preocupados com a falta de notícias suas. E também a Ashley está preocupada. Os celulares estão sem sinal. A cidade está às escuras. Vocês ajudam quem puderem no caminho.

– Você não está de carro, Mark. Como vai sair daqui? O melhor é irmos todos para a cidade no meu carro.

– Meu irmão está chegando. Ele nos leva. Agora vão. Se cuidem. Vai ficar tudo bem. ADEUS, amigos.

– Que história é essa de ADEUS. Amanhã a gente se fala. Tchau, Mark.

VAI TUDO FICAR BEM! Um deus da verdade que mente. Mark riu da ironia da situação.

– Kyle, quem é esse Mark que eu nunca vi antes? Vocês pareciam os melhores amigos, mas eu nunca vi esse sujeito na cidade.

– Eu que bato a cabeça e você é que fica confuso? É o MARK. Mark LEVINE. Nosso amigo. Companheiro de time.

– Kyle, ESCUTA. O Mark nosso amigo, nosso companheiro de time, se chamava Mark LAWSON. Ele estava conosco naquele bar e MORREU. MORREU, Kyle. Esse Mark LEVINE eu não faço a menor idéia de quem seja.

A voz de Owen falhou no meio da frase e ele continuou, com a voz embargada. Pode, finalmente, chorar a morte de Mark Lawson.

Kyle sente suas memórias embaralhadas. Mark LAWSON, claro. Mas, então, como lembrava tão claramente de Mark LEVINE entrando em campo com o uniforme do time; bebendo com ele e Owen no bar; conversando com ele no banco do carona?

Lembrava até de estarem no vestiário e de ter perguntado a Mark se ele não era seu anjo da guarda secreto. Será que era isso? Mark era seu anjo da guarda? O teto desabara sobre ele. Recebera um forte golpe na nuca. Perdera os movimentos. E agora estava ali, sem nenhum ferimento. Acontecera como ele lembrava? Mark REALMENTE o curara? Fosse ou não Mark, tinha alguém lá em cima olhando por ele.

Benjamim olhava para o corpo do pai, inerte, no estacionamento do hotel. Morto. E, então, uma inesperada explosão de luz branca vinda do corpo do pai dissipa o simulacro holográfico de Mark Levine.

Quando o ofuscamento passa, Benjamim tem, a sua frente, Dean, de pé, com um estranho sorriso no rosto.

– Pai?

– Não, garoto. Um amigo dele. Normalmente, eu teria que pedir licença para entrar. Mas, como a casa estava vazia ...

– Quem é você?

Adoraria poder explicar, mas não há tempo. Vai ter a chance de provar que é um verdadeiro Winchester. Vai ter a chance de salvar esse mundo. Boa sorte.

BENJAMIM DESAPARECE.

O Trickster, vestindo o corpo morto de Dean Winchester, encara a face do deus da luz, novamente visível na aurora boreal.

– A vez de vocês vai chegar, pagão.

Como resposta, um novo e violento terremoto abala a região.

Com suas últimas reservas de energia esgotadas, o arcanjo deixa para sempre o plano terreno.

E, mais uma vez, o corpo de Dean Winchester jaz no piso gelado do estacionamento deserto, agora definitivamente MORTO.

Indiferente a mais aquela morte, o planeta segue em direção ao seu FIM.


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