Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 168
sete vidas epílogo vida 5 capítulo 37




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Gabriel, na forma de energia desencarnada, não podia causar efeitos físicos no plano material. A armadilha de anjos restringia sua mobilidade ao interior da caverna. Mas, pouca que fosse, ainda era muita se comparada com a que tinha na jaula de pedra no Inferno. Como era bom estar longe daquele lugar e suas terríveis vibrações. Estava irritado, mas intimamente agradecido a Jasão, por livrá-lo do tormento. Sabia que tinha que retomar a missão de resgate, não só de Adam Winchester, mas também dos argonautas, mas desta vez seria pela porta da frente. Sem subterfúgios. Mas, antes, teria que confrontar diretamente seus irmãos. O elemento surpresa estava perdido.

A primeira providência era sair da caverna. Torcia para que Kälï notasse a presença de sua assinatura energética e o libertasse. Ela era uma deusa. Seus sentidos podiam detectá-lo mesmo nesta forma. Escondera dela a sua real identidade, mas ela o vira como energia pouco antes dele atravessar o portal do Hades. Porque, então .. Foi quando constatou, surpreso, que não podia sentir a presença dela nem a de anjos fora da caverna. A batalha acabara ou algum tipo de barreira mística impedia que os rastreasse?

A verdade é que Idaion Antron bloqueava completamente a passagem de energia mística qualquer que fosse a sua natureza. Foi isso que permitiu que o menino Zeus crescesse seguro na caverna oculto dos acurados sentidos do poderoso Chronos, o deus supremo da época. Era isso que impedia que os anjos descobrissem que ali se ocultava a entrada do Hades.

Anjos podiam se comunicar a distância com seus protegidos humanos. A fé criava um canal de comunicação. Mas, existia a barreira mística e a entrada da caverna estava bloqueada. Ele não podia ir até o humano e o humano não poderia vir até ele para libertá-lo, mesmo que ouvisse seu apelo. A solução tinha que vir de alguém mais próximo. E o único realmente próximo era Hércules. Já tentara se comunicar mentalmente com ele. Em vão. Hércules seguia crenças antigas, não havia como criar um canal de comunicação. Se ele estivesse adormecido, talvez. Mas, não tinha tempo. Não podia esperar até que Hércules adormecesse.

Se bem que .. Hércules seria a solução perfeita. Se utilizasse o corpo de um humano comum, o corpo se incineraria em minutos. Não seria justo, mesmo sendo aquela uma situação desesperadora. Já Hércules era mais que um semideus. Ganhara de Zeus a divindade completa após recuperar-se do envenenamento no Olimpo. Se pudesse usá-lo como receptáculo ...

É verdade que existiam protocolos que impediam que simplesmente tomasse posse do corpo. Era necessária a concordância do humano. Era o distinguia anjos de demônios. Mas, Hércules não era exatamente humano. E era o destino do mundo que estava em jogo. Enfim, já quebrara tantas regras. Esta seria apenas mais uma. E, pensando bem, não seria a primeira vez. Tomara o corpo de Tyson Brady, em sua própria realidade, sem pedir permissão, após desalojar o demônio Asmodeu.

Gabriel tenta e tenta e tenta. Mas, simplesmente não consegue. O corpo de Hércules fora energizado por Zeus e suas energias não se harmonizavam com as dele. Não só isso. Hércules não era só força bruta. Ele tinha também uma mente poderosa e uma extraordinária força de vontade. Gabriel percebia que mesmo que tivesse sucesso em ocupar o corpo de Hércules, não conseguiria manter o controle por muito tempo. A mente dele resistiria ao controle e acabaria por expulsá-lo.

Quem, então? Estava separado dos argonautas por uma barreira mística. Quem mais? Gabriel perscruta os arredores em busca de alternativas. E encontra .. Caläis. O anemoi ainda estava disperso na atmosfera. Não estava consciente. Sua mente vagava num estágio próximo ao do sonho. Isso permite que Gabriel o alcance. Ao fazê-lo, Gabriel descobre, surpreso, que o anemoi abraçara a crença cristã. E, mais: natureza especial dele permitia acomodar suas energias sem danos colaterais.

– Caläis, me escute. Sou Gabriel, um arcanjo do Senhor. Combati, no Hades e no Inferno, ao lado de seu irmão Zetes para resgatar o humano Adam Winchester. Contra minha vontade, fui mandado de volta ao plano terreno. Quando sai, a situação no Inferno estava indefinida. Mas, seu irmão estava bem. Ele mostrou muito vezes seu valor. Provou ser um bravo e honrado guerreiro. Mas, o que interessa é que preciso de sua ajuda para neutralizar meus irmãos. Só assim poderei retornar ao Inferno e resgatar a todos. Meus irmãos estão errados em trazer o Apocalipse e precisam ser detidos. Confia em mim? Aceita que nos tornemos um só?

– Jura por seu Deus, nosso Deus de amor, que vai trazê-lo a salvo? Que vai salvar meu irmão?

– Prometo fazer o que for necessário para trazê-lo e aos outros. Darei a minha vida, se necessário. Mas, isso pode custar também a sua vida.

– Para salvar meu irmão, Gabriel, eu aceito pagar qualquer preço. Por ele, eu aceito que sejamos UM.

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Na alta atmosfera, surge uma figura radiante, muito semelhante à imagem que o homem comum tem de um anjo, quando visto como guerreiro de Deus. A face era a Callum Blue, um rosto de traços fortes, cabelos cor de trigo e suaves olhos verdes. O traje tinha inspiração romana. As asas eram de um intenso vermelho, como as que Caläis exibia na antiguidade. A espada era a que acompanhava Gabriel desde a sua incorporação ao exército celeste, muitas eras antes. Em uma realidade distante, onde a humanidade fora extinta.

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A fusão entre um arcanjo e um semideus pagão desperta repulsa e fúria na Cidade Prateada. O traidor ousara o inimaginável. Destruí-lo era uma questão de honra.

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O arcanjo de asas vermelhas pousa suavemente em frente ao gigante azul armado com dez espadas. Olhos nos olhos, eles transmitem com o olhar todo o sentimento que os une, todo o sentimento que ambos sempre buscaram disfarçar com ironias e sarcasmo.

– Eles virão com tudo e farão de tudo para nos destruir.

– Que venham. Lutará ao meu lado?

– Não, Kälï. Lutarei sozinho, ou quase, já que Caläis aceitou compartilhar o meu destino. Eles são meus irmãos. O problema é meu. Sempre foi. Vejo agora que errei envolvendo você e os argonautas, mas isso não pode mais ser mudado. Eu preciso que faça algo por mim. Algo que vai evitar mais mortes. Algo que vai resolver nosso problema de uma vez por todas.

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Kälï desaparece. Os trovões e os raios diminuem de freqüência, até cessarem completamente. A tempestade perde força e começa lentamente a se dissipar. Os assustados habitantes de Creta sentem a esperança voltar junto com os primeiros raios de sol a vencer a densa camada de nuvens. As pessoas respiram aliviadas e agradecem aos Céus por tudo ter acabado.

Não poderiam estar mais enganadas. Não acabara.

A batalha decisiva ainda estava por se iniciar.

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Uma fenda flamejante no tecido do tempo-espaço se forma a poucos quilômetros da entrada de Idaion Antron. Espadas flamejantes trabalhando em conjunto buscam alargar a fenda na tentativa de formar um portal. A tarefa exige que usem todas as suas energias, toda a sua vontade. Sua luta é contra as leis naturais que determinam que as realidades permaneçam separadas. A batalha silenciosa permanece indefinida por bastante tempo, mas finalmente a determinação dos anjos prevalece.

Castiel e Balthazar estão de volta ao plano terreno.

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Na Cidade Prateada, Anna toma seu lugar na falange. Ainda não estava totalmente recuperada, mas nada nem ninguém a impediria de fazer parte de algo tão importante.

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Por todo o mundo, homens tementes a Deus são abençoados. Anjos aparecem a eles em sonho e lhes dão o privilégio de participarem de algo glorioso, a batalha que irá erradicar o Mal da face da Terra. São eles os eleitos. A convocação, planejada antes mesmo da descoberta da traição de Gabriel, fora antecipada. Anjos voltariam a caminhar livremente no plano terreno.

O Grande Plano ia ser posto em marcha.


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Notas finais do capítulo

18.11.2012
Para eliminar inconsistências com afirmações posteriores, alterei o último parágrafo do capítulo 34 (7ve34). Fiz também pequenos ajustes no texto dos capítulos 34, 35, 36 e 37 em 20.11.2012.



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