Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 16
vida 2 capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/81878/chapter/16

Tudo muito rápido. Como um dardo a caminho do alvo. O carro derrapa na pista molhada e segue reto na curva. Atravessa o guard-rail e se precipita no abismo. O vôo termina rápido, numa grande explosão. Os motoristas que param para ver o acidente veem claramente os restos do carro em chamas no fundo do abismo, mesmo sob a chuva forte que cai. Os comentários são de que ninguém poderia ter escapado. Naquele ponto, o declive era muito abrupto. Não menos que 30 metros.

O portal se fecha.

Diana vê a cena esmagada por um sentimento injustificado de culpa. Dera o seu melhor, mas o seu melhor não fora suficiente. Errara o lançamento e um homem que ela não conhecia morrera. Já eram 3 mortos. Quantos mais até o Trickster se dar por satisfeito?

Na beira da estrada, um Jimmy Novak completamente aturdido olha para o carro em chamas. A chuva e o vento frio o tiram do estado de choque. Lembrava que perdera a direção. Sentira o carro se projetar no espaço. Mas, como saíra do carro? Como voltara à estrada? Só podia atribuir o fato a um milagre. Ajoelhou ali mesmo, na estrada, sob a chuva, agradecendo a Deus por estar vivo. Agradeceu também a seu anjo da guarda.

Um anjo da guarda raivoso. Os vidros de todas as janelas do bar transformado em auditório pelo Trickster se partem sob o terrível som agudo que põe todos em joelhos tentando proteger os ouvidos com as mãos. Em alguns casos, houve rompimento de tímpanos. Garrafas, copos e até mesmo lâmpadas se espatifaram, aumentando o pânico.

- IRMÃO. NÃO OUSE A MEXER NOVAMENTE COM AQUELE HOMEM. ELE TEM UMA MISSÃO. NÃO VOLTE A INTERFERIR. NÃO DAREI OUTRO AVISO.

- Tudo bem. Entendi. Não precisa ficar nervoso.

Estraga-prazeres, murmura baixinho.

As pessoas não puderam acompanhar o diálogo em enoquiano. Mesmo Diana e Sam não distinguiam palavras no que parecia um silvo ensurdecedor com modulações pouco perceptíveis. Ainda não seria desta vez que descobririam qual era a verdadeira natureza do Trickster.

Mais do que todos, Sam se debate torturado pelo horrível som, sem ter como proteger os ouvidos. Diana tenta ignorar a dor e aproveita o caos instalado para tentar libertar Sam. Mas antes que consiga, o som cessa. O Trickster estala os dedos e restabelece a normalidade no local.

E por normalidade entenda-se exatamente isso: normalidade.

As pessoas vêem-se novamente no bar. Grande parte delas em torno da área reservada ao jogo de dardos. Os efeitos físicos da intervenção do anjo foram apagados. Janelas e tímpanos foram restaurados. As expressões mostram o quanto todos estavam aturdidos. Mas estavam novamente no controle dos próprios atos. As lembranças dos acontecimentos no grande auditório começam a se apagar da mente das pessoas, mas em velocidade e extensão diferentes.

A grande maioria já esquecera ou logo esqueceria completamente de tudo. Uns poucos lembrariam de partes do que acontecera como um sonho.

Sam lembraria da morte da promotora Jessica como um pesadelo recorrente, que o faria acordar gritando nas noites seguintes.

Apenas duas pessoas ainda lembravam claramente de como tudo acontecera: Diana e Mark Levine.

Mark, primeiro confuso e atordoado, mas, depois, de forma cada vez mais lúcida, olha para Mr. Fox com uma compreensão que ultrapassa a mera lembrança dos últimos acontecimentos. Mark lembra das palavras do anjo e, principalmente, de como se referiu a Mr. Fox como IRMÃO.

- E então, Diana. Vamos retomar nosso jogo?

O Trickster segura firme o pulso de Diana, que se liberta num movimento brusco.

- SOLTA ELA. SEU JOGO ACABOU, CANALHA.

Todos voltam a atenção - e abrem espaço - para a passagem do recém chegado que avança em passos largos em direção ao Trickster, o segura pelo colarinho e lhe aplica um bem dado cruzado de direita.

O Trickster é surpreendido pelo murro, que o derruba. E mais ainda por não conseguir nem se transportar nem enviar o homem para outro lugar.

- Vamos, me enfrente de homem para homem.

Diana e Sam olham boquiabertos para o recém chegado e Diana lembra o porque de ter se apaixonado por aquele homem.

- Luke?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sete Vidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.