Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 125
Sete vidas epílogo vida 2 capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

ANTES:
Sam Winchester tem freqüentes pesadelos, nos quais revê a cena da morte da promotora Jessica Moore (vida 2).
Sam Winchester aceita o ghostfacer Ed Zeddmore como seu novo parceiro (vida 2 epílogo).
Sam Winchester assume a identidade do agente do FBI Jenson Ross para tentar descobrir o que existe por trás do assassinato da promotora Jessica Moore (sete vidas epílogo vida 2 capítulo 1).
Sam Winchester desafia o hacker Ash a descobrir sua verdadeira identidade e Ash lhe mostra uma foto do verdadeiro Jenson Ross quando menino (sete vidas epílogo vida 2 capítulo 1).



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AGORA:

REALIDADE #2

Jenson não estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando. Já vira acontecer antes. Nunca acabava bem. Milícias estavam se formando para caçar o assassino serial. A midia batizara o assassino de ‘O Esfolador de Cedar City’, embora os crimes tenham acontecido, na verdade, na área dos parques florestais, no triângulo formado por três pequenas comunidades a nordeste da cidade: Enoch, Parowan e Brian Head.

Tecnicamente, não foram assassinatos. As vítimas foram abandonadas com vida e teriam sobrevivido se encontradas a tempo, já que os ferimentos em si não eram fatais. Mas, em todos os casos, quando finalmente foram encontradas, já estavam mortas por hipotermia e desidratação.

Em todos os casos, o modus operandi fora o mesmo. A vítima fora seqüestrada e levada para um lugar ainda não identificado, onde tivera a pele do rosto, o couro cabeludo (escalpo) e dois terços da língua removidos cirurgicamente. Depois, a vítima fora transportada ainda viva para um ponto deserto da região de bosques, onde fora amarrada, com cordas, a estacas fincadas no solo. Presa pelos pulsos e pelos tornozelos, com o corpo formando um Y, braços abertos e pernas fechadas. O criminoso desenhara, então, com um objeto cortante, pentagramas nas palmas das mãos e dos pés das vítimas, supostamente num ritual. Mas, não havia provas de que realmente tenha havido algum tipo de ritual, já que não existiam testemunhas e nenhum objeto fora encontrado. As vítimas foram, então, abandonadas à própria sorte.

Exames toxicológicos mostravam que os procedimentos cirúrgicos foram realizados com a vítima anestesiada e que houve preocupações de assepsia e de prevenção de infecções, mesmo no desenho dos pentagramas. As palmas das mãos e dos pés foram banhadas com álcool antes e depois dos cortes. Mas, dificilmente, o objetivo seria dar à vítima uma chance de sobrevivência. Isso não faria sentido, já que as vítimas foram abandonadas nuas, ao relento, em madrugadas muito frias e numa região de bosques, onde as chances de serem encontradas a tempo eram mínimas, para não dizer nulas. Fazia mais sentido, admitindo-se a hipótese de morte ritual, que a vítima tivesse sido cuidadosamente preparada para ser oferecida em sacrifício.

Embora as vítimas tenham sido encontradas nuas, os exames não acusaram nenhuma evidência de violência sexual praticada contra elas. Isto eliminava um grande número de suspeitos em potencial e fortalecia a hipótese de motivação religiosa.

Jenson vira os corpos de duas das quatro vítimas no necrotério de Cedar City e vira também os registros fotográficos feitos - pela perícia técnica e pelo legista - destas e das demais vítimas. Era uma visão assustadora. Os músculos da face totalmente expostos, o couro cabeludo arrancado, a língua cortada. Homens brancos jovens, nenhum deles adolescente. Um possível padrão. Todas as vítimas eram nativas da região, mais especificamente de uma das três cidades próximas: Enoch, Parowan ou Brian Head. Todas de famílias radicadas na região a mais de um século. Outro possível padrão.

Esfolamento e escalpelamento. A visão dos corpos era horrível, mas o pior era saber que existia um nome para cada barbaridade que um ser humano é capaz de fazer a outro, prova inconteste de que não fora a primeira, e, provavelmente, não seria a última vez que algo assim aconteceria. A remoção cirúrgica da língua tinha um termo médico moderno: glossectomia. Mas, ter a língua arrancada era uma punição muito praticada e não só na antiguidade.

Os relatórios dos peritos destacavam a perícia cirúrgica da remoção da pele do rosto das vítimas. O médico e o monstro eram uma única pessoa. Isso era, sem dúvida, outra pista importante, e havia uma equipe do escritório local do FBI trabalhando nisso. Diversos nomes tinham sido investigados com base neste perfil, mas todos dispunham de álibis convincentes. Ainda estavam na estaca zero.

E havia ainda os pentagramas, evocando práticas satânicas. Um prato cheio para a imprensa sensacionalista e as especializadas no bizarro e no sobrenatural. Uma segunda equipe estava voltada para essa linha de investigação. Dois dos investigados foram presos por crimes sem relação com os atribuídos ao Esfolador de Cendar City. Homens igualmente capazes de monstruosidades. Felizmente tirados de circulação.

Como não podia deixar de acontecer, a cada assassinato a região era invadida por um exército de jornalistas e de curiosos. Mas, como o último assassinato ocorrera há dezesseis dias, e agora era notícia velha, a maior parte tinha satisfeito a curiosidade mórbida, a própria e a do seu público, e partido. A maioria, mas não todos. E era com esses idiotas que ele tinha que se preocupar.

Um tal de Ed Zeddmore lhe apresentara uma credencial de repórter, mas cinco minutos de pesquisa na internet revelara quem o sujeito era na verdade. Um pretenso caçador de fantasmas. O site dele, Ghostfacers, deixou de ser atualizado há seis meses, mas continua lá. Com nomes, endereço eletrônico para contato, espaço para propaganda e até pedido para contribuições. Deve ter vindo atraído pelos pentagramas desenhados nas vítimas. Precisava ficar de olho no sujeito. Para segurança dele próprio.

Mesmo sabidamente sendo o agente do FBI oficialmente designado para investigar os crimes, Jenson vinha sofrendo hostilidade por parte dos moradores, claramente insuflados por autoproclamados porta-vozes de Deus. A região tinha colonização mórmon e muitas propriedades pertenciam a grupos fundamentalistas que praticavam a poligamia e buscavam se manter isolados. Esses grupos eram naturalmente hostis a agentes federais, já que a poligamia, embora tolerada, era proibida por lei no estado. Eram hostis a tudo que fosse estranho ao seu modo de vida.

Cedar City era uma cidade universitária e toda a região estava acostumada a receber um fluxo regular de turistas, predominantemente jovens. Com os excessos típicos da idade, principalmente quando se descobriam, pela primeira vez, livres da vigilância paterna. A provinciana Cedar City, para esses grupos, era a própria cidade do pecado. Uma ameaça para seu modo de vida isolado e uma tentação para seus jovens.

Agressões verbais e ameaças de agressão física contra forasteiros e turistas não eram incomuns na região, mas vinham aumentando de freqüência e de gravidade desde o início da série de crimes. A ação mais comum era um grupo de fanáticos intimidar forasteiros, forçando-os a entrarem em seus carros e a deixarem a região. Mas, três semanas antes, duas mulheres que andavam abraçadas foram atacadas com pedras. Um rapaz coberto de piercings e tatuagens tinha levado uma surra de desconhecidos e estava internado em coma profundo. Uma repórter fora hostilizada e tivera o gravador digital quebrado.

Jenson estava na cidade há duas semanas. Chegara dois dias depois do último assassinato. O que mais lhe chamou a atenção foi a participação maciça da população em cultos e atividades promovidas pelas igrejas. Soube depois que a freqüência de fiéis nas missas aumentara muito desde que começaram as mortes.

Sempre que acontece um crime, a primeira pergunta a se fazer é: QUEM GANHOU? E aqui, quem parecia ter ganho algo eram as igrejas e os grupos fundamentalistas.

A crueldade das mortes e a suposição de satanismo mexiam com medos arraigados. Fortalecia os valores tradicionais. Fortalecia o medo de tudo que fosse de fora. Exaltava os ânimos. Qualquer estranho à comunidade de fiéis era automaticamente colocado na lista de suspeitos. Idiotas. Não viam que esse tipo de crime estava geralmente associado a algum tipo de pensamento religioso, mesmo que por negação.

Não parecia ser simples coincidência que duas das vítimas fossem da região, mas morassem fora. Uma morava em Salt Lake City e outra em Denver. Estavam na região visitando parentes e foram seqüestrados. As outras duas vítimas trabalhavam em Cedar City, em atividades mal vistas pelos grupos fundamentalistas. Um instrutor de esqui, com fama de malandro e mulherengo; e um barman que trabalhava num inferninho, com diversas passagens pela polícia por tráfico de drogas. Ovelhas negras de famílias de profundas tradições religiosas.

Jenson acreditava estar fechando o pano de fundo, mas faltavam as provas. E faltava, principalmente, identificar o criminoso.

Maldita investigação. Tudo indicava que ainda ficaria na cidade por, pelo menos, uma semana. Não que isso fosse novidade. Sempre fora muito focado no trabalho. Já acontecera de ficar meses longe de casa, emendando uma investigação na outra, e isso nunca realmente o incomodara. Era seu dever e saber disso lhe bastava. Mas, naquele momento da sua vida, tudo que Jenson queria era um tempo para si próprio.

Um tempo para si próprio. Era pedir muito? Depois de cinco anos sem férias? Droga, ele também tinha direito a ter uma vida sentimental.

Antes, ele não tinha ninguém à sua espera. Ele chegara a pensar que nunca teria. Já estava até meio que conformado. Agora, tinha medo. Medo de perdê-la. E nem poderia culpá-la. Casamentos desmoronam quando um se mostra ausente, que dirá um namoro. Qual a garota que aceita uma ausência de três semanas?

Queria poder ligar para ela, nem que fosse apenas para ouvir a sua voz. Mas não podia. Não podia arriscar que rastreassem a ligação e pusesse tudo a perder. Oficialmente, ela estava morta. E era importante que todos continuassem pensando assim.

Entrou na intranet do FBI e acessou o nível 4. Abriu sua caixa de e-mails. Duzentas e setenta e seis mensagens novas. Acumulados nas duas semanas que não acessara o sistema. Como detestava aquela perda de tempo. Deleta. Deleta. Deleta. Importante. Importante. Deleta. Deleta. Deleta. Muito Importante. Talvez. Deleta. Engraçado, uma série de mensagens do escritório de L.A. sobre um workshop de combate ao cibercrime. Olhou na lixeira. Havia outras que deletara sem ler. A primeira de três semanas atrás. Vejamos ...

– Confirmação de inscrição? Que merda é essa? Será .. ? Não, ninguém seria tão louco.

Jenson acessa a página de treinamento interno.

– Escritório Los Angeles. Mês Novembro. Cursos Técnicos. Técnicas Avançadas. Combate ao Cibercrime. Aqui está. Participantes. Lista de Presença. Jenson Ross. Presença em todas as aulas de todos os módulos da primeira semana. Os dados da segunda semana não estavam atualizados. FDP. Usar MEU nome para invadir o FBI sabe-se lá com que propósitos.

Jenson já fora palestrante mais de uma vez e sabia que todas as palestras eram gravadas em vídeo. A maioria das salas tinha uma única câmara, que, naturalmente, ficava voltada para o palestrante. Esta câmera tinha áudio e tinha boa resolução. Umas poucas salas tinham, no entanto, uma segunda câmara que esquadrinhava a audiência e costumava ter baixa resolução. Se tivesse sorte, ..

Bom. Estava com sorte. Tinha a lista de participantes e, agora tinha os vídeos. Era só identificar um a um os participantes confrontando as fotos do registro funcional de cada um e descobriria quem não correspondia a nenhuma das fotos.

Mas, nem precisou. O palestrante de técnicas usadas por hackers fizera um desafio e alguém, que se identificara como agente Ross, resolvera desafiá-lo. Agente Ross. O sujeitinho tinha topete. Nem para ficar na encolha e tentar passar despercebido. Não, tivera a petulância de se expor aos holofotes.

Bem, ele jogara e perdera. Não ia escapar de uma longa pena em prisão federal.


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Notas finais do capítulo

03.12.2011
O agente Jenson Ross não é a versão do Dean desta realidade. Na realidade #2, temos a Diana Winchester. Ele é uma versão alternativa do Jensen Ackles.



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