Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 110
vida 6 epílogo capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/81878/chapter/110

- É muita coisa para assimilar. Então, eu estava mesmo MORTO?

- Estava, Jared. Se não foi você quem se apresentou no estúdio na retomada das gravações após o hiato da terceira temporada, você esteve morto por mais de onze meses. O primeiro registro de manifestação do fantasma é de nove meses atrás.

- E você veio para dar cabo do fantasma? Veio acabar de me matar? Ia queimar meus ossos? Engraçado, sempre pensei que esta história de queimar os restos mortais tivesse sido inventada pelo Eric Kripke como recurso dramático.

Jensen quase engasga ao escutar aquilo. Nunca passara pela sua cabeça aquela possibilidade. Que Eric tivesse simplesmente inventado aquilo. Que podia não funcionar no mundo real. Toda sua experiência com o sobrenatural vinha de referências da cultura pop. Filmes, seriados, quadrinhos. Livros, não lera nem os clássicos, como Drácula ou Frankenstein. Precisava pesquisar o que havia de real no sobrenatural se pretendia se tornar um caçador. Sua vida podia depender disso.

- Então, funciona de verdade? Caçadores de verdade usam essa técnica? Aliás, eu nem imaginava que existissem caçadores de verdade. Assistiu alguma vez Supernatural, Clint?

- Antes, quase nunca. Mas a morte dos protagonistas mexeu com o país inteiro e fiquei curioso. Assisti alguns dos novos episódios do seriado, agora com Paul Wesley e Ian Somerhalder.

- Sabe uma coisa que me intriga? Ninguém, salvo você, me reconheceu até agora. Antes, não importa aonde eu fosse, sempre aparecia alguém pedindo para tirar uma foto comigo ou para eu dar um autógrafo. Eu sei que acham que Jared Padalecki morreu, mas eu não mudei de aparência. Não podem ter esquecido tão rápido. É estranho.

- E quando você vai procurar seus pais? Quando vai se reapresentar para o mundo? Não quer retomar sua vida, voltar ao trabalho?

- Sei que já devia ter feito isso. Mas, simplesmente não sei como explicar esses meses de ausência. Todos pensam que Jensen me matou. Existe um corpo, que foi reconhecido como sendo o meu, enterrado em Vancouver. Aliás, não entendi o porquê dos meus pais não levarem o corpo para San Antonio. De qualquer forma, não é só chegar e fingir que não aconteceu nada. Existem problemas legais a serem resolvidos e não me sinto preparado para isso neste momento. Tremo da cabeça aos pés só de pensar em enfrentar a midia.

Jensen queria mais que tudo poder revelar a Jared quem realmente era. Mas tinha muito medo da sua reação. O que o grande público sabia era que Jensen matara Jared, seu presumido amante; que torturara, seqüestrara e tentara duas vezes matar Chad Murray, o melhor amigo de Jared; e que assassinara friamente Sandy McCoy, a ex-noiva de Jared. Depois, se armara até os dentes e morrera enfrentando a polícia. Como defender qualquer dos atos de Jensen?

Não podia nem mesmo dizer que ele era um psicopata assassino, mas teve seus motivos para agir assim. Quais seriam esses motivos? Ele, Jensen, não sabia o que de fato tinha ocorrido. Estava no meio de uma gravação e, no instante seguinte, que, na verdade, eram três semanas depois, estava em outra cidade, com outra aparência, escutando num bar a notícia que acabara de ser morto pela SWAT.

- O lance de ter sido assassinado por Jensen Ackles. Sabe que houve muita especulação quanto a vocês dois terem um caso. Vocês moravam juntos. Quais são os seus sentimentos hoje quando lembra de Jensen Ackles?

- Não fui eu quem foi morar com Jensen. Éramos amigos, mas não especialmente amigos. Não era uma amizade como a que tinha com Chad. Sabia que Jensen tinha uma queda por mim e eu não queria que alimentasse esperanças. Não havia chance de rolar algo entre a gente. Eu vi o vídeo e fiquei chocado com a forma como morreu. Não parecia o Jensen que conheci. Não posso acreditar que fosse capaz de coisas tão terríveis. Simplesmente não sei o que pensar. Desejo que esteja em paz.

Não era o Jay. Nunca tivera o verdadeiro Jay. Isso trazia uma questão incômoda para Jensen. Com quem, ou o quê, teria dividido a cama naqueles meses que julgou terem sido os mais felizes de sua vida? Talvez o melhor a fazer fosse não pensar muito nisso. Preservar aqueles momentos na memória como algo bom. Algo bom vindo de alguém - ou algo - talvez não tão bom. Ao que parecia, sua vida ficara estranha muito antes do que imaginara. E, agora, sua vida sentimental voltara à estaca zero. O presente que ganhara fora tomado de volta. Jared acabara de reafirmar que não havia chance de nada entre eles. Mas, se não tinha amor, ao menos não existia ódio.

- Nenhum rancor pela morte da Sandy?

- Sei que não foi ele quem me matou e também sei que aquela que aparece sendo morta no vídeo não era a Sandy.

- Então você lembra o que aconteceu? Sabe quem o matou e sabe o que aconteceu com a Sandy?

- Clint, por favor, eu não queria responder isso agora. Não estou forte o bastante para encarar de frente o que me aconteceu. Entende agora porque eu estou hesitando em aparecer. Por outro lado ..

- Por outro lado .. o quê?

- Clint, eu sei que você não tem nenhuma obrigação comigo. Você me abrigou, tem sido paciente comigo, tem pago minhas despesas, ..

- Jared, quando der você me paga com juros. Ter você aqui está me fazendo um bem enorme. Aconteceram coisas estranhas comigo também. Coisas ruins. Um dia, eu conto tudo. Está sendo ótimo conviver com você.

- Obrigado, Clint. Você é um amigão.

Voltar a conviver com Jared, fizera renascer em Jensen todo o amor que sentia pelo antigo colega de trabalho desde o primeiro dia que o viu. Desde o momento em que estendeu sua mão para ele e ele abriu o sorriso mais belo do mundo e o puxou para um abraço. Seu amor não era correspondido, mas fazer o quê? Adorava quando estava envolvido pelos longos braços do amigo. Aqueles poucos segundos de contato físico significavam muito para ele. Mas também sabia que, por melhor ator que fosse, nunca conseguira abraçar o seu Jay sem que seu corpo revelasse o quanto isso o deixava excitado. E agora se tornara Clint Eastwood, um machão convicto no melhor estilo Dean Winchester. Tinha uma reputação a proteger.

- Sem abraços, ok. Nada de viadagem pro meu lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

31.07.2011