MOMENTO #1

– Grávida?

Diana Winchester balançou a cabeça vigorosamente, confirmando aquilo que desejava mais que tudo poder negar, e deixou que as lágrimas escorressem por seu rosto. Como pudera deixar aquilo acontecer? Nestas horas odiava ter nascido loura. Aquilo não podia ter acontecido. Estúpida.

Sam dá um grande sorriso e abre os braços para acolher a irmã. Ficou verdadeiramente feliz quando soube da novidade. Um novo sobrinho. Ou sobrinha. Ia sentir falta de Diana, mas sabia que era o melhor que poderia ter acontecido para todos eles. Benjamim precisava da mãe. Luke merecia ter a esposa de volta. Diana merecia uma vida normal. E ele, Sam, não ficaria com o coração na mão cada vez que a irmã corresse perigo ou passasse dificuldades. Confiava plenamente em Luke para cuidar da irmã.

– Porque não aproveita e vem comigo para Los Angeles. Não foi lá que a promotora foi morta?

– Estou começando a achar que ela talvez não esteja morta. Já tentei de tudo e não consigo obter na internet nenhuma informação recente. Nem dela, nem do assassino - ou quase assassino -, nem das investigações sobre o atentado. E o pouco que apareceu na ocasião foi retirado. Cheguei a pensar que fosse mais uma farsa do Trickster e que o que vimos nunca aconteceu na verdade. Mas, parece que não foi um simples atentado. O FBI montou uma redoma de silêncio e desinformação em torno dela e do que aconteceu. Eles não se dariam ao trabalho de escondê-la se ela estivesse realmente morta.

– Vai desistir e deixar pra lá, maninho? Não estou reconhecendo você. Essa promotora mexeu com você de uma maneira como nenhuma garota fez antes. Sem falar que, volta e meia, você tem pesadelos em que a cena dela recebendo um tiro se repete. Temos o nome, Jessica Moore. Sabemos que existe uma Jessica Lee Moore formada em direito na Universidade de Stanford, solteira e radicada em Los Angeles. Tanto eu quanto o Luke somos advogados formados em Stanford. O Luke mora em Los Angeles. Eu estou indo pra lá. E você é um caçador. O melhor de todos.

– Também não exagera, maninha. Mas quem disse que eu desisti? Eu já estava decidido a ir a Los Angeles antes mesmo de saber dessa novidade maravilhosa. Eu vou entrar na sede do FBI, acessar os arquivos e descobrir onde ela está. Não vou desistir até estar frente a frente com Jessica. Ou descobrir que ela realmente morreu.

– Esse é o irmãozinho que eu amo. Não desista de encontrar alguém especial. Faça um filho nela. O Ben adoraria ganhar um priminho.

– Menos, maninha. Calma. Tudo a seu tempo. Antes de engravidá-la, eu preciso conhecê-la. E, para isso, o Bobby já deu uma mãozinha. Veja só o que o Bobby conseguiu com um amigo dele que é um verdadeiro mestre da falsificação. Carteira de habilitação, seguro social, credencial do FBI, carteira funcional. Com minha fotografia e meu novo nome: Jensen Ross.

– Jensen? Um homem deste tamanho com um nome como Jensen? Parece nome de garota.

– Pois saiba que esse cara existe. É agente de campo do FBI e nasceu no Texas. Tem fama de durão. Os documentos são falsos, mas os números nos documentos falsos são verdadeiros.

– Só não pode encontrar alguém que conheça o verdadeiro Jensen.

– Seria muita falta de sorte.

MOMENTO #2

– Oi, Sam.

– Ed?? Como me encontrou?

– Não vou dizer que foi fácil rastrear vocês, mas você sabe que eu entendo um pouco de computadores. Segui um indício aqui, uma pista ali, arrisquei um pouco, .. afinal, conheço alguma coisa do método de vocês.

– Não era para você ter me encontrado. Eu devo estar ficando descuidado. Vou ter mudar todos os procedimentos.

– Eu posso ajudar você. É exatamente por isso que estou aqui. O Harry .. talvez você não saiba, mas .. ele morreu.

– Estou sabendo. Sinto muito, Ed. Sinto mesmo.

– Eu fechei nosso site, o Ghostfacers. Ou dei um tempo, não sei. Você sabe que começamos aquilo num clima de brincadeira. Queríamos ser famosos. Fazer sucesso com as garotas. Nerds, sabe como é. Não, não sabe. Aposto como nunca teve problema para ganhar uma garota. Você vive cercado de garotas.

– Ed?

– Desculpe. O certo era termos parado quando o Alan morreu. Alan Corbett. Lembra dele, não.

– Claro, Ed. Se estou vivo hoje, é graças a ele. E a você também, que libertou a alma dele de reviver eternamente o momento da morte.

– Ele gostava de mim.

– Foi isso que nos salvou.

– Eu queria que uma garota gostasse de mim dessa maneira. Mas, eu penso com carinho no Alan. Ele era um bom rapaz. Podia ter feito alguém muito feliz. Mas morreu porque eu e o Harry entramos em algo para o qual não estávamos preparados. É por isso que estou aqui, Sam. Eu quero que você me treine.

– O quê?

– É. Me treine. Porque eu não vou desistir. Não é mais uma brincadeira. Aquelas coisas matam gente. Gente idiota como eu e o Harry. Mas, se depender de mim, não vão matar mais ninguém.

‘Não, não vão.’ Sam podia ver determinação nos olhos de Ed Zeddmore. Ele tinha mudado. Tinha amadurecido. Endurecido. Ninguém se torna um caçador sem ter sofrido uma tragédia. Dois amigos mortos. E estava determinado a seguir em frente. Determinação era importante. Mas, sem treinamento e preparo físico também ele acabaria morto. E Sam não queria se sentir responsável por mais uma morte.

– Ok, Ed. Vou treinar você. Diana vai ter um bebê e eu vou precisar mesmo de um parceiro.

– Jura. Parceiros?

– Depende de você. Do quanto está realmente motivado. Porque eu não vou facilitar as coisas, muito pelo contrário. Você vai ter que me provar que pode ser um caçador. Eu vou acompanhar Diana a Los Angeles e fazer uma investigação que deve durar, no mínimo, três semanas. Enquanto disso, você vai iniciar um programa intensivo de condicionamento físico. Manhã, tarde e noite. Você precisa ganhar músculos e capacidade pulmonar. Quando eu voltar, vamos treinar técnicas de defesa pessoal. Afinal, nem tudo se resolve com um computador.

– Juro que não vai se arrepender, Sam.