Choices. escrita por rpm


Capítulo 8
A verdade.




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POV. Ronald Weasley.

 

Acordei com a mesma disposição de todos os dias. Má. Já ninguém me falava, e eu agradecia. Ao pequeno-almoço só bebi um café, e voltei para o quarto. De seguida voltei a sentar-me num canto. Uma carta tinha acabado de chegar. Abri-a, mesmo sabendo que era da Hermione.

 

«Ron,

Fizeste-me sentir ainda mais mal. Eu sei que tens noção disso. Mas francamente quantas mais vezes vou ter de dizer que estou arrependida? Tu não vais acreditar. Não vais. Se eu te disser que aquilo com o Peter foi no momento e que te amo a ti e não a ele, não acreditas pois não? Lamento mesmo Ron.

Hermione.»

 

Rasguei o papel.

***

Passaram cerca de três meses e tinha chegado o dia.

 

POV. Hermione Granger.

 

19 de Setembro. O meu aniversário. Provavelmente o pior aniversário de sempre.

Desci as escadas, e os meus pais presentearam-me, abraçaram-me, fizeram tudo. Mas nada me fez feliz. A minha mãe estranhou mas continuou abraçada a mim a dizer «A minha menina já tem dezoito anos». Alguém tocou a campainha, abri a porta.

 

Não, não podia. Eu estava a sonhar. Estava a sonhar. Senti as lágrimas a escorrerem-me pela cara. Saí, e encostei-me a porta, não aguentei e escorreguei até me sentar completamente a beira da porta a chorar desesperadamente. Olhei para ele, e vi o que nunca pensara ver, uma lágrima a cair na face de Ronald Weasley. Ainda comecei a chorar mais. Ron, limpou a lágrima e tentou conter o choro. Baixou-se e pousou-me uma pequena caixa rectangular no colo.

                -Parabéns. – Disse quase a chorar.

Ainda chorei mais, como é que ele podia dar-me uma prenda depois de tudo? Como é que ele podia estar sequer ali depois de tudo? Passado tanto tempo eu pensei que nunca mais o ia ver. E ali estava ele. Abri a pequena caixa e vi um lindo coração de prata preso a um fio também de prata. Era magnífico, lindo.

                -Ron, como é que me po-podes oferecer uma co-coisa destas de-depois de…? – Disse ainda a chorar.

                -Hermione, é o teu aniversário. – Tentou sorrir.

Finalmente levantei-me e limpei as lágrimas.

                -É lindo, obrigada. – Tentei sorrir também. Mas comecei a chorar outra vez. Ron agarrou-me. Abraçou-me. Como sentia falta do seu abraço. Podia ficar o resto da minha vida assim. Quando Ron me largou, estava a chorar. Oficialmente a chorar, limpou as lágrimas da minha face, e as suas em seguida.

                -Vais-te embora? – Perguntei, aquela pergunta doeu-me.

                -Depende. Queres que vá? – Perguntou-me.

Abanei a cabeça. Abri a porta outra vez.

                -Mãe, já vais embora? – Perguntei ainda a fungar.

                -Vou filhinha, vejo que tens companhia, eu e o teu pai vamos sair.

Os meus pais saíram e eu sentei-me no sofá, Ron sentou-se a meu lado. Era a primeira vez que ele ali estava.

                -Já não conseguia aguentar estar sem ti, de maneira nenhuma, decidi controlar-me, decidi perdoar-te, e mentalizei-me disso. Mesmo que já não sintas nada por mim, eu estou aqui. – Disse com os olhos a encherem-se de lágrimas.

                -Eu amo-te Ron, sempre. Desde que cá cheguei só senti arrependida, e nunca pensei em ninguém para além de ti. E passei três meses numa dor horrível, não me respondeste à carta eu fiquei desesperada.

Ron puxou-me para ele, comecei novamente a chorar.

                -Hermione, já está tudo bem, não chores mais. – Limpou-me as lágrimas delicadamente. – Eu não consegui responder, além disso mal me mandaste a carta eu rasguei-a depois de ler. Sofri muito mesmo Hermione, mas eu não quero ficar sem ti.

Ron agarrou-me e beijou-me suavemente. Como eu sentia falta daquele beijo. Daquele beijo acolhedor, senti um nervosismo, um aperto no coração.

                -Ó Hermione, é a primeira vez que aqui estou e não levas ao teu quarto? – Riu-se.

Não resisti a rir-me também. Levantei-me e ainda com a mão dele na minha, levei-o a meu quarto, ele entrou lá pela primeira vez.

 

POV. Ronald Weasley.

 

Bem quarto dela era qualquer coisa de enorme. Olhei para todo o lado, era mesmo muito diferente do que imaginava, mas era excelente. Senti-me intimidado pelo quarto de Ginny comparado com aquilo. Olhei para cima da secretária. Reconheci a minha letra numa carta em cima da mesa, aberta. Era a carta que mandara a Hermione. A um canto vi um monte de cartas, peguei numa e vi que estava fechada, ou melhor estavam todas fechadas.

                -São dele? – Perguntei.

                -Sim. – Respondeu Hermione, enquanto arrumava algo que não sabia o que era.

Tive de me controlar para não a abri, mas vi uma já aberta. Li. Percebi que ele não era assim tão má pessoa, foi algo que percebera já antes de ter voltado, quem o beijou foi ela, ele não teve culpa, e mesmo assim sentia-se culpado segundo a carta. E pelo que sei ele ajudou muito Hermione comigo, portanto não me sentia mal se eles continuassem amigos, mas não confiaria totalmente em Hermione quando eles estivessem juntos. Continuei a olhar pelo quarto, vi uma estante cheia de livros. Era mesmo a Hermione. Vi num canto bastante fotografias, fotografias típicas de muggles pois as imagens permaneciam quietas, bastante monótonas, se querem saber o que acho. Vi uma foto de uma rapariga, uma criança linda de cabelos cumpridos a sorrir para a foto. Não, aquela não podia ser Hermione, mas fui acompanhando as fotos, que mostravam o crescimento da menina até a actualidade, e sim era Hermione. Mais a baixo haviam fotografias não–muggles. Numa das fotografias, estamos os três, eu, Harry, e Hermione, noutra estava o «Exercito de Dumbledore», havia ainda uma foto de Harry, uma minha, uma de Ginny, uma de Neville Longbottom e uma de Luna Lovegood, individualmente. Havia um enorme guarda-fatos ao canto e uma cama de casal à beira de uma janela, havia ainda outra janela, que tinha espaço para uma pessoa se sentar ao lado, a decoração estava de veras bem-feita. Não havia magia naquele quarto o que era estranho para mim, cujo mundo muggle me era pouco conhecido. Aquilo era espectacular.

                -O teu quarto é qualquer coisa de espectacular, miúda. – Disse ainda a olhar para tudo. Ela riu-se.

                -Obrigada.

Percorri a estante dos livros de Hermione, encontrei vários títulos mas estranhei especialmente um: «Os maiores criminosos do mundo da magia.» O que estaria Hermione a fazer com um livro daqueles? Abri o livro na última página e vi que tinha sido publicado recentemente, andei umas páginas atrás, lendo os nomes, olhando para as fotos e esfolhado, até que me deparei com um homem muito parecido com Peter Anderson. Os olhos e até o cabelo eram exactamente iguais. Li a sua ficha.

 

«Nome: Joshua James Anderson.

Nascimento: 23 de Agosto de 1953.

Sexo: Masculino.

Sangue: Puro.

Família: Anderson.

Mulher: Amanda Sophia Anderson.

Número de filhos: Dois.

Estado: Morto.

 

Joshua James Anderson foi acusado de matar mais do que uma pessoa. Era um rapaz revoltado devido à sua infância. Era excluído da família porque era um rapaz indesejado, todos esperavam uma rapariga. Viveu muito tempo sozinho até conhecer Amanda. Estudou em Hogwarts, pertencendo Slytherin e sua Amanda a Hufflepuff. Era orgulhoso do seu sangue puro. Quando saiu de Hogwarts tinha bastantes conhecimentos, e usou-os para o mal. Os seus dois filhos estudaram em: O Instituto de Bruxas de Salem. Ninguém sabe a razão, a verdadeira razão que o levou a matar Amanda e um dos filhos, Matthew James Anderson. O paradeiro do outro filho é desconhecido, mas sabe-se que fugiu, vendo o pai louco como estava. Joshua acabou morto por um dos seus melhores amigos, na altura que este matou a mulher e o filho.»

 

 

Não podia acreditar naquilo que acabara de ler. Seria…?

                -Hermione, como se chama o Peter? Nome todo. – Perguntei de olhos postos no livro. Hermione aproximou-se.

                -Peter Samuel Anderson. – Esclareceu.

                -Sabes o nome do pai ou da mãe? – Perguntei.

                -Joshua e Amanda Anderson.

 

POV. Hermione Granger.

Ron passou-me o livro para as mãos. Li a página. Não podia acreditar, sentei-me na cama ainda com os olhos postos no livro. Peter mentira-me. Como é que aquilo era possível?

                -Sabias disto? – Perguntou Ron.

                -Não, quer dizer, sabia que os pais dele morreram, eu até vi as campas. Sabia que tinham sido traídos pelos melhores amigos, mas ele dissera que tinham sido ambos. Nunca me referira nada disto. – Confessei.

                -Eu compreendo, ele pode não querer falar disso, eu não queria, provavelmente faria o mesmo.

Era de mim ou Ron estava do lado de Peter? Ainda não conseguia acreditar, ele até um irmão tinha e eu não fazia ideia. Pousei o livro em cima da mesa aberto. Olhei para o relógio, tinha de preparar o almoço, os meus pais deviam estar quase a chegar.

                -Ron, eu tenho de ir fazer o almoço os meus pais devem estar a chegar, ficas? – Perguntei.

                -Se assim quiseres. – Sorriu.

                -Quero. – Sorri também.

                -Então vais ter de me ajudar.

Descemos as escadas e fomos até à cozinha, vi Ron a olhar para tudo o que era coisa, e vi-o bastante surpreendido.

                -Hermione? O que é isto? – Disse apontando para o frigorífico.

                -Francamente Ronald, é um frigorífico, conserva os alimentos. – Ri-me.

                -E isto? – Perguntou a olhar para o lava-louça.

                -Lava-louça Ron, lava a louça.

Deixou de perguntar bastava apontar para as coisas, expliquei-lhe o conceito de forno, maquina de lavar a louça, cafeteira, torradeira, microondas, entre muitas outras coisas.

 Preparei uma lasanha que já estava pré-feita no frigorífico. Ron limitava-se a olhar para mim, coloquei-a numa travessa e em seguida no forno. Meti temporizador para o caso de me esquecer dela. Comecei a pegar nas coisas que precisava para pôr a mesa.

                -O que vais fazer?

                -Pôr a mesa. – Esclareci.

                -Sem magia? – Perguntou surpreendido.

                -Sim, Ronald.

Coloquei a toalha, os pratos, os guardanapos, os copos, tudo. E Ron, olhava-me.

                -Tens a noção do tempo que perdes com isso? – Perguntou.

Ri-me. Dirigi-me à sala, e Ron veio comigo sentei-me.

                -Hermione, toda a gente está cheia de saudades tuas, por favor volta lá para casa.

Não estava à espera daquilo, de maneira nenhuma.

                -Eu posso voltar, se assim quiseres.

                -Eu quero.

                -Tenho de convencer os meus pais. – Disse.

Decidi ligar a televisão, já não o fazia à muito tempo. Peguei no comando, e liguei-a.

                -O que é…?

                -Televisão Ron, está a dar o Telejornal. É uma espécie de programa que fala das notícias mundiais mais importantes neste dia.

Uma mulher com voz doce anunciou a notícia: «Hoje, por volta das cinco da tarde um Homem foi morto num assalto a uma ourivesaria, ainda não está estimado o valor total dos danos e das coisas roubadas mas…»

                -Que perda de tempo! Para nós, lá, isto é algo super insignificante, como uma coisa que acontece todos os dias.

                -O nosso mundo é mais pequeno, temos sempre oportunidade de vir a saber dos acontecimentos, cá não, e as pessoas acham que isto é uma boa maneira de se adquirir mais cultura, por saber o que passa.

                -Por acaso…

Desliguei a televisão. Encostei-me a Ron.

                -Não podia ser melhor, o meu aniversário. Contigo aqui. – Confessei.

                -Podia sim.

Ron beijou-me, intensamente, e começou a beijar-me o pescoço lentamente mordendo um pouco. Fez-me sentar por cima dele. Passei as minhas mãos pelo corpo dele, e quando cheguei á cintura hesitei antes de continuar. Senti algo a ganhar forma e dureza à medida que passava a mão. Comecei a ouvir um barulho, era o temporizador, Ron assustado tirou a varinha do bolso.

                -Calma. – Ri-me. – É só o forno.

Desliguei rapidamente o forno e voltei a sentar-me no colo dele na mesma posição. Ron tirou-me a camisola lentamente. Comecei a ouvir um barulho, umas chaves a entrar na fechadura. Levantei-me rapidamente, e vesti a camisola num ápice. Ron riu-se da situação.

                -Sim, sim. Ri-te se por acaso os meus pais vissem a sua filha totalmente virgem nestes preparos…

                -Totalmente virgem. – Repetiu Ron a rir-se.

Sentei-me no sofá e liguei a televisão para disfarçar. Os meus pais entraram pela porta dentro. Meu pai veio-me cumprimentar e estendeu a mão a Ron, este levantou-se.

                -Senhor Granger. – Sorriu apertando-lhe a mão.

Cumprimentou educadamente a minha mãe também. Sentamo-nos todos à mesa.

                -Então, o Potter não veio também? – Perguntou a minha mãe.

                -Não. – Respondi. – Mãe, eu vou voltar para A’Toca

                -Estava à espera que isso acontecesse, ainda bem, ainda bem! Não é que te queira fora daqui, mas… Parecia que estavas a ter uma depressão estes meses.

Olhei para Ron, este olhou-me seriamente.

                -Não. Nada disso mãe.

Durante o almoço muitas coisas foram faladas. Os meus pais fizeram muitas perguntas a Ron, mas este, respondeu sempre educadamente. Quando o almoço acabou a minha mãe chamou-me, e Ron ficou com o meu pai.

                -Diz mãe.

                -Hermione, querida, nunca tive necessidade de ter esta conversa contigo. Sempre foste esperta, desde pequenina. Nunca tive que te falar de nada, descobriste tudo sozinha, mas agora, querida, tem muito cuidado, tem dezoito anos, e pelo que vejo, tu e o Ron dão-se bem e…

Não acreditava. Não ela não podia estar a falar a sério. A minha mãe a ter uma conversa daquelas comigo?

                -Mãe, não te preocupes com… isso! – Exclamei.

                -Filha, só quero que sejas feliz. E não tenho dúvidas que Ron seja uma boa pessoa, excelente até, não arranjavas melhor, mas vão com calma.

Agradeci os concelhos de mãe, e despedi-me tanto dela como de meu pai, mais uma vez prometendo voltar. Ron juntou-se a mim, os meus pais voltaram a sair deixando-nos a sós.

                -Acabei de ter a conversa mais embaraçosa da minha vida. – Disse mal os meus pais saíram.

Subi as escadas e Ron seguiu-me.

                -Estás-me a imaginar a falar com a minha de precauções a tomar na adolescência? – Perguntei enquanto arrumava as minhas coisas para amanhã.

                -Tu tens um problema com a palavra sexo, não tens? – Ron riu-se.

                -Se fores tu a dize-la. - Acabei por me rir também.

                -O teu pai pediu-me para cuidar bem de ti. – Sorriu.

Ri-me. Fui para a minha secretária. Guardei a carta de Ron e todas as de Peter numa gaveta, e peguei no livro que ainda estava aberto e guardei-o na mala, junto da minha roupa, agora já mais quente, mas ainda não totalmente. Enfeiticei o que necessitava, e arrumei a mala. Estava tudo pronto, deixei um bilhete a minha mãe a dizer que tinha ido embora, apesar de ela já saber. Saímos.


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