Choices. escrita por rpm


Capítulo 7
Dor e nojo.




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POV. Hermione Granger.

 

Entrei pelo portão e havia um jardim maravilhoso. Entrei mesmo em casa na companhia de Peter, era enorme, bem arranjada, super arrumada, estranho para um rapaz, entramos para a enorme sala de estar.

                -Foi aqui. – Disse ele.

                -Desculpa?

                -Que eles morreram, Hermione.

Peter sentou-se no sofá e vi a dor nos seus olhos. Sentei-me ao lado dele e agarrei-lhe a mão.

                -Tens saudades deles, não tens?

                -Tenho, tenho mesmo, não sabes como é que ver as duas pessoas que mais amas a morrer mesmo à tua frente. - A mão dele apertou a minha.

Abracei-o rapidamente.

                -Ó Peter!

Senti o perfume dele a percorrer-me de uma maneira louca, não sabia o quanto iria resistir. Sabia que tinha de me afastar mas simplesmente não consegui. Afastei-me dele um pouco e os meus lábios ficaram muito perto dos meus, senti a sua respiração lenta, e o seu hálito doce. Não consegui resistir e fiz com que os nossos lábios se juntassem. Beijamo-nos de uma maneira totalmente diferente do que estava habituada, não se comparava à maneira que Ron me beijava, era mais doce. Ron! O que é que eu estava a fazer? E porque é que me sentia tão nervosa, e tão presa a Peter? Isto não era suposto acontecer, mas não consegui parar. Beijei-o ainda com mais entusiasmo apesar de ter a noção que aquilo me ia custar muito, e ia custar-me o mundo. A minha amizade, o meu namoro, tudo com Ron. Agora, eu criara uma situação que sempre temera, lembro-me perfeitamente de quando vi Ron quando Lavender, e não namorávamos, mas namoramos e eu não só traí Ron como traí a sua confiança. Mas ainda não me conseguia sentir totalmente mal, sentia-me invejável, aquela era Peter, Peter Anderson. Finalmente o nosso beijo parou, e surpreendentemente foi parado por ele.

                -Hermione, e o Ron? – Perguntou.

Sim, Hermione e o Ron?! Onde é que eu estava com a cabeça. Levei as mãos a cabeça.

                -O que está feito está feito. Não há maneira de voltar atrás. – Disse Peter.

                -Não, não há maneira, mas o estranho é que eu não quero voltar atrás! Simplesmente não quero. Não sei porquê. – Confessei.

                -Bem, se calhar sentes algo por mim. Nem que seja só atracção.

Era a única explicação, de facto.

                -Eu sinto algo por ti, mas o Ron…

                -Eu sinto algo por ti Hermione, mas sei perfeitamente que se só pudesses escolher um entre mim e Ron, escolherias Ron. Tu contas-me tudo, e eu sei bem que não há hipótese para mim. Por isso nunca o demonstrei, a tua amizade é demasiado importante, eu nunca tinha confiado assim em ninguém, e quero ter-te. Quero-te minha, nem que seja por um só momento Hermione, e o erro já foi cometido, e não se pode agravar. – Disse agarrando fortemente a minha mão.

Era verdade, Peter agarrou-me e voltou a beijar-me, esqueci de tudo o resto. Só quando voltamos a parar é que o olhei nos olhos.

                -Não quero mesmo que isto mude a nossa amizade, eu não posso sentir nada por ti, desculpa, é teoricamente incorrecto, eu lutei tanto por Ron, mas tu tens algo que me faz esquecer de tudo. – Senti-me fraca.

                -Hermione, isto não vai mudar a nossa amizade. De maneira nenhuma. – Sorriu. – Eu posso sentir algo por ti, mas sempre senti, e somos ou não somos amigos? Nunca quis separar-te de Ron, e quem deu este passo foste tu eu não estava sequer à espera.

                -Eu sei. – Abracei-o. – Levas-me a casa?

                -Levo minha queria.

Voltei a casa de rastos. Peter despediu-se de mim normalmente e abraçou-me mais uma vez antes de partir. Hesitei antes de entrar, mas acabei por faze-lo. Senti-me obrigada, totalmente obrigada a contar a Ron, mas só de pensar… Subi e fui ao quarto dele. Harry abriu-me a porta.

                -Harry dás-me um momento com Ron? – Pedi.

Harry sorriu-me e saiu. Sentei-me em frente a Ron.

                -Então, o que se passa? Porque queres falar comigo?

Senti as lágrimas a vir-me aos olhos. Ouvir a voz de Ron, a simples voz dele magoo-me. Conti-me para não chorar, foi difícil.

                -Só quero que saibas que todos nós cometemos erros, e que mesmo não sabendo do que estou a falar, eu lamento. – Disse começando a chorar.

                -Hãn? Está-me a escapar alguma coisa…

                -A sério Ron, eu lamento imenso, nunca mais vais confiar em mim, nunca mais mesmo…Eu e o Peter…

 

POV. Ronald Weasley.

 

Não, eu devia estar a entender tudo mal, claro que estava era impossível. Mas Hermione chorava, e pedia desculpa, e mais desculpa. Ela estava sempre desaparecida nos últimos dias, e não, não era com Krum que ela saia, era com o fulano vestido de preto. Era verdade. ERA VERDADE! Ela traiu-me. Uma dor percorreu-me o copo. Senti nojo. Será que ela já me fazia isto a mais tempo e só agora decidiu confessar?

                -Não…! – Exclamei levando as mãos à cabeça.

Olhei para a cara de Hermione não consegui sentir nada. Não a consegui amar. Só consegui sentir duas coisas: Dor e Nojo.

                -Saí! – Exclamei.

                -Ron eu lamento mesmo muito, eu não queria…

                -SAÍ HERMIONE, SAÍ! – Gritei abrindo-lhe a porta.

A rapariga, a desconhecida desapareceu ainda a chorar. Tranquei a porta e sentei-me a um canto com a cabeça encostada aos joelhos.

Não podia acreditar. Não, ela não era capaz. Queria convencer-me que era mentira, mas infelizmente não era tudo verdade. A mais pura das verdades. Eu passava os meus dias a pensar nela, e em estar com ela, e ela simplesmente andava a divertir-se com outro. Para mim aquilo equivalia à morte.

 

 

Nunca soube o que significava a palavra «fim». Nunca o vivera. Mas agora, agora sabia perfeitamente o que doía. E compreendia perfeitamente a reacção de Ron. Eu não reagiria melhor. Sentia-me no meio de nada, não tinha ninguém. E estava a viver um pesadelo. Eu que dei tudo pelo Ron ia-o perder desta maneira. Mas tal como Peter dissera não havia maneira de voltar atrás. Por muito que quisesse. Ginny já dormia, todos já dormiam. Eram quatro da manhã. Sem fazer barulho lancei um feitiço e toda a minha mala foi arrumada. Peguei numa pena e num pedaço de pergaminho.

 

«Não te preocupes, estou bem.

Não, tão cedo não volto.

Mas eu ficarei bem. Não me procurem.

Não há perigo.

Adeus.

Hermione G.»

 

Pousei-o em cima da minha cama. Peguei nas malas. E limitei-me a desaparecer. Era o melhor a fazer, com muita pena minha, dissera mentalmente adeus a todos. Principalmente a Ron. Voltei para casa dos meus pais. Era já de manhã. Abri a porta com as chaves que me pertenciam. Mal entrei os meus pais abraçaram-me mas estranharam a minha presença.

                -Já cá estas? – Perguntou a minha mãe ajudando-me com as malas. – Passou-se alguma coisa? – Perguntou.

Tentei parecer normal.

                -Disseram para visitar. – Sorri apesar de só querer chorar.

Os dias ali eram aborrecidos, mas eram pacíficos, limitava-me a chorar quando os meus pais saiam, e a parecer animada quando eles voltavam do trabalho. Almoçava e jantava só para lhes fazer o favor, dormia, lia e reli-a livros. Mas algo me perseguia, aparecia sempre algo que me lembrava ou de Peter ou de Ron. Ao fim de um mês tinha cerca de oito cartas de cartas de Peter por ler. Mas não o queria fazer. Queria-o esquecer completamente. Eu amava Ron, e agora ainda tinha mais certezas disso. Mas isso não durou muito, abri uma carta.

 

«Hermione,

Hoje fui à casa dos Weasley.

Uma rapariga ruiva abriu-me a porta e contou-me da tua breve mensagem e que tinhas partido…

A culpa é toda minha não devia ter entrado na tua vida.

Mas somos amigos, e não podes fugir para sempre.

Eu quero ajudar-te. Como sempre fiz.

Não te escondas de mim.

P. Anderson»

 

Passaram meses e nada. Cada vez mais cartas de Peter não abertas mas ao longo das semanas eram menos, até ao ponto de ser apenas uma por mês. Mas um dia acordei com uma coruja, pensei que era de Peter portanto continuei a dormir, quando me levantei, juntei-a ao monte mas olhei para a letra. Era redonda. Bastante redonda. Não. Não podia ser. Sentei-me e abri o envelope violentamente.

 

«Hermione Granger.

Não, ainda não acredito que isto me aconteceu e já passaram meses.

Estou a morrer, a mim isto compara-se à morte, eu nunca me senti tão mal.

Esperei tanto tempo por ter alguém como tu, alguém perfeito, alguém que me fazia sentir mesmo bem, alguém que me fizesse ficar nervoso, nunca nenhuma rapariga me tinha feito ficar nervoso, nunca nenhuma rapariga me tinha feito deseja-la assim. Lembro-me da primeira noite, e penso que foi uma mentira tão grande. Mas sabes? Eu nunca me tinha sentido tão bem na vida, senti-me estupidamente feliz. Nunca o pensei fazer contigo, mas depois de o ter feito, não o imaginei com outra pessoa. Lembraste da Lavender? Tu odiaste-me tanto por causa dela, tu não me querias ver nem pintado, evitavas-me ao máximo. Eu não sabia bem como te sentias, não percebi que gostavas de mim, mas quando me comecei a aperceber das coisas, decidi que acabar com ela era a solução. Não foi por causa dela, não foi por minha causa, foi por tua causa. Porque vi que te magoava, e porque vi que eras tu quem me interessava não a Brown. A primeira vez que me beijaste ainda fiquei com mais certezas que mexias totalmente comigo. Senti-me como nunca antes. Finalmente julgava-me unido a ti em todas as maneiras possíveis, julgava que sentias o mesmo que eu por ti. Magoou-me tanto quando começaste a falar e quando eu encaixei as peças todas. E logo com Peter, alguém mais interessante do que eu, mais bonito, mais… Senti-me mal com isso, mas senti-me ainda mais quando deixaste aquela mensagem a Ginny. Fugir? Fugir? É essa a tua maneira de reagir à porcaria que fazes? Nunca pensei. Realmente pensei que te conhecia mesmo bem Hermione. As primeiras semanas só senti nojo, principalmente quando o Peter veio cá. Cada dia me doía mais, e mais sem ti. Eu amava-te, sim Hermione eu amava-te. E ainda amo, mas isso não muda nada. Tu acabaste com tudo, e agora sei que te vais sentir culpada. Não me importo, para que é que vou dizer que não é a minha intenção quando é, quero que sintas tudo o que estou a sentir, apesar de ser teoricamente impossível pois tu não me amas, se me amasses não fazias o que fizeste. Que desilusão. Nunca me senti tão mal. Mas agora é-me indiferente se voltas ou não. Só quero seguir em frente, e espero que faças o mesmo.

Amei-te. Amo-te. E vou-te continuar a amar, mas não sei se vou voltar a conseguir a olhar-te nos olhos e confiar em ti ao mesmo tempo. Eu não como, não durmo, não faço nada, e se te fizer feliz, fica a saber, foste a primeira rapariga que me provou que eu sou fraco, que não passo de um fraco que não aguenta uma traição. Pois bem, isso só significa que eu sempre me importei e sempre me vou importar contigo. Acredita que se não fossem Harry e Ginny, se eu estivesse completamente sozinho já tinha feito uma loucura. Já que te falei de quase tudo vou-te dizer… Achas que eu não sei que leste as minhas cartas da Lavender? Claro que sei, devias ter tido mais cuidado com a maneira que eu as tinha, eu sei que as leste, abriste algumas que nem eu tinha lido. Se alguma vez te perguntares se respondi, sim, respondi, mas se visses as minhas respostas ainda te sentias pior pelo que fizeste, eu ignorava-a. E ela também podia ser só uma amiga, como dizias que Peter era, e eu nunca me atrevi sequer a dar-lhe a mínima esperança. Pensas que eu não sei que foste tu que beijaste o Peter? Se não tivesses sido, tinhas-me dito. Não tinhas sequer chorado da maneira que choraste. Se eu penso que estás arrependida? Penso, e penso que ainda deves estar mais agora. Mas pergunta-me se penso que não tens dúvidas do que sentes por mim? Tenho, porque fugistes. Fugistes de mim, se não o tivesses feito, quem sabe se eu já pensava algo diferente de ti, quem sabe se eu já tinha posto em causa a oportunidade de te perdoar. Realmente gostava de te perceber, sei que tens uma mente brilhante, mas nunca me foi assim tão difícil acompanhar-te mas agora? Se já sabias que isto ia acontecer para que é que o fizeste? Perdeste tudo.

Não é carinhosamente, não é atentamente, não é nada,

Ronald Weasley.»


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