Choices. escrita por rpm


Capítulo 14
E tu, como imaginas a tua morte?




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POV. Hermione Granger.

Estava escuro, bastante escuro, e o frio fazia-se sentir de uma maneira devastante. O céu estava negro, como se a chuva não tardasse nada. Olhei à minha volta, eu conhecia aquele lugar, já lá estivera, como poderia eu esquecer-me? A casa do Peter, um lugar acolhedor. Bati à porta mais do que uma vez, ninguém abriu, então decidi entrar. Só sabia que tinha de lá estar dentro, nada mais. Subi as escadas até ao quarto de Peter, mas ele não estava lá. O vento fazia-se ouvir por toda a casa, as portas rangiam, o que tornava aquilo, um cenário de filme de terror, ouvia-se agua a correr, e as janelas faziam um barulho assustador com o vento. Ainda estava no mesmo lugar sem me mexer. Estava realmente assustada. Olhei para dentro do quarto, e tudo estava arrumado, nenhum livro aberto, nenhum lixo no chão e a cama feita.

                -Ó! Hermione!

A voz veio de trás e fez-me guinchar. Peter avançou com toda a naturalidade para a minha frente, tinha o cabelo molhado, e umas calças pretas vestidas de uma maneira que se via um pouco dos boxers. Encontrava-se naquele momento a vestir uma camisola preta, de costas para mim. Observei o que podia, pois aquela imagem não se ia repetir, olhei pelas costas dele a baixo, ele virou-se de frente e com a camisola já praticamente vestida, mas ainda podia ver a sua cintura, e reparei que no canto esquerdo da cintura tinha uma tatuagem, bastante visível até. Era uma palavra, apenas uma palavra, e percebi logo o sentido da mesma. «Amanda». A falecida mãe dele. Ele reparou que eu a vira, pois mal lhe pus os olhos em cima, ele tapou-a com a camisola.

                -Tens uma tatuagem. – Sussurrei apesar de não ser a minha intenção.

                -Ora, parece que sim. – Riu-se.

                -Com o nome da tua mãe.

Ele voltou a olhar-me, mas não sorriu. Não expressou sentimento nenhum, nem sequer no olhar.

                -Com o nome do meu pai não haveria de ser, não é? – Perguntou retoricamente.

Peter fez-me entrar no quarto, e fechou a porta atrás de nós. Vi-o a dirigir-se para uma das suas gavetas e tirar algo, mas não dei importância a isso. Tinha de admitir ele estava super irresistível. O cabelo ainda molhado dava-lhe um ar super atraente.

                -Então o que te trás por cá? – Perguntou sentando-se na cama.

Bem isso, eu não sabia ao certo, acho que era só uma razão de querer estar com ele.

                -Na realidade, não sei, acho que queria passar algum tempo contigo.

Notei no que tinha dito e acrescentei rapidamente:

                -Não, não me interpretes mal!

Ele levantou-se, e sorriu, aproximando-se de mim, e quando finalmente estava perto o suficiente meteu a mão entre os meus cabelos. Estava demasiado perto de mim.

                -Porquê? Tens medo de não resistir?

Ele olhou-me e eu engoli a seco, não sabia a resposta.

                -Atrevo-me a dizer, que te deixares assim, tão desprotegida, nas mãos de um estranho, é perigoso. – Disse num tom provocante.

                -Tu não, me és um estranho.

                -Não? – Disse a passar as mãos no meu cabelo. – Tu julgas que me conheces?

Não sabia ao certo o que responder.

                -Um pouco. – Confessei.

Ele riu um pouco, mas depois baixou-se para mim, como se me fosse beijar.

                -Não o faças.

Ele parou mesmo ali.

                -Diz-me que não o queres. – Pediu.

Não o conseguia, apesar de não saber porque. Senti o coração a bater relativamente mais rápido.

                -Não posso! O Ron…

                -Não poder não significa não querer. – Interrompeu-me.

Era verdade, mas não ia trair novamente o Ron.

                -Ele não irá saber, se não lhe contares.

                -Pois. Mas eu não sou dessas, Peter.

Ele ignorou-me e aproximou-se ainda mais. O que mais me revoltava era que eu lá no fundo queria que ele o fizesse. Continuou a aproximar-se, cada vez mais, e finalmente os lábios dele tocaram nos meus, e voltei a sentir, o beijo dele. Um beijo doce, a minha pele quente, chocava contra o seu frio natural. A minha mão permanecia no pescoço dele, e a dele na minha cintura. Beijei-o sem sequer pensar em Ron. O desejo consumira-me, de uma maneira inesperável. Ele continuou a beijar-me e a outra mão dele percorria toda a parte de cima do meu corpo. Ele empurrou-me até à cama onde me sentara por cima dele. Senti as mãos deles a abrir-me os botões da camisa, enquanto eu colocava as minhas mãos na parte de cima do corpo dele, por dentro da camisola. Quando os botões já estavam praticamente todos abertos, perguntei-me onde tinha a cabeça e o que estava a fazer, e imaginei que quem devia estar ali era Ron e não Peter. Levantei-me rapidamente e apertei a camisa, de imediato.

                -O que é que eu estou a fazer? – Perguntei em voz alta.

                -O que realmente queres.

Peter estava agora perto de mim, o que só piorava a situação.

                -Eu não posso. – Disse.

Ele estava mesmo muito perto de mim. Sentia-o a respirar atrás de mim. De repente ele arrastou-me para ele, e colocou-me algo frio encostado ao pescoço. O meu coração perdeu o controlo. Eu sabia que aquilo era uma faca, ou algo do género. Mas porquê? Tinha ele tantas ideias em querer ter-me que me iria torturar? Tentei alcançar a minha varinha no bolso de trás das calças, mas não conseguia fazer sem ele notar.

                -Então ouve-me com muita atenção. – Disse num tom que arrepiava. – Tu a partir de hoje não conheceste alguém com o nome de Joshua, ou Peter Anderson. A quem sabia que me conhecias, dizes que não me falas mais. A quem te perguntar algo, não respondes.

O medo percorria-me por completo, não sabia porquê, mas achava que daquela não me safava, e tal como Harry me dissera em tempos, eu corria perigo.

                -Tu não sabes nada de mim. – Continuou. – Não sabes que cá estou a viver. Esta casa continua vazia após a morte dos Anderson. Tu nunca cá estiveste. E se abres a boca, eu mato-te. Eu mato-te mesmo.

Não disse nada, porque sinceramente acreditei no que ele estava a dizer, finalmente consegui alcançar a minha varinha, então larguei-me dos braços dele, pois agora a faca já não me tocava no pescoço, e rapidamente coloquei-me em frente a ele e apontei-lhe a varinha. Ele riu-se de mim descontraidamente.

                -Se me matares, eu garanto-te, que te não duras muito mais tempo.

Não era verdade, pois eu tinha quase a certeza que ele não tinha aliados, a não ser Draco, e sinceramente o Draco Malfoy, por muito que me odiasse era cobarde de mais sequer para tentar matar-me ou magoar-me, até porque eu teria Harry e Ron do meu lado.

                -Não, eu hei-de durar. E tu, tu és doido rapaz! – Quase gritei. – Tu não podes estar lúcido. – Não baixei a varinha nem por um momento.

Ele olhou-me curioso. Não sabia o que tinha mudado nele, mas o rapaz em que tempos pensei amar – até à cerca de meio minuto atrás – revelou-se alguém muito diferente. Um monstro, um animal sedento pela minha morte, o que era assustador, tremendamente assustador.

                -Ó Hermione, ingénua e querida, Hermione…Eu nunca estive mais lúcido. – Riu-se. – Talvez das outras vezes que estivemos juntos, admito, talvez não estivesse tão bem. – Voltou a rir-se. – Quer dizer, o amor é cego não é?

Amor? Como se ele alguma vez me tivesse amado, e senti nojo de mim mesma, por já ter sentido, e sentir algo por ele, por mais pequeno que fosse.

                -O amor é cego? – Repeti.

                -Tal como tu. – Afirmou.

Surpreendi-me pela resposta dele.

                -Não Peter, eu não sou cega.

Talvez fosse um pouco.

                -Então porque não vês, o que está à tua frente?

                -O que é que queres dizer?

Se calhar não ia gostar muito de ouvir a resposta àquilo.

                -Que eu sou melhor que ele, que eu te podia dar muito mais do que ele.

                -Não sei onde fostes buscar essa ideia mas estás muito enganado. – Afirmei rapidamente.

                -Convence-te a ti mesma disso, e só depois tenta faze-lo comigo. – Riu-se.

Eu estava convencida. Não estava?! Acho que s… CLARO QUE SIM!

                -De qualquer das maneiras. – Disse ainda com varinha apontada. – Tu nunca me amaste! Se me amasses realmente, e se me quisesses dar algo mais que ele, ameaçavas-me com uma faca, a pedir apenas para esquecer? ÉS UM COBARDE!

Sabia que me ia arrepender do que tinha dito, ele soltou uma gargalhada malévola.

                -Cobarde? – Riu-se da minha cara. – Querida, o cobarde que havia em mim, morreu quando o Joshua morreu. – O rosto dele ficou extremamente sério. – Pois foi, eu estava tão cego de amor, que não percebi que ao contar-te o que contei, corria riscos. Muitos, muitos riscos, uma rapariguinha podia estragar tudo, estragar a minha vidinha toda. – Fez uma pausa. – E agora só te dou duas opções: Ou calas-te. Ou morres.

Calar-me não era má ideia, começava a ficar mesmo com medo da cara e das palavras dele.

                -E quem me mata? Tu? – Ri-me mas no fundo estava cheia de medo.

                -Sim. – Sorriu como se tivesse a aceitar uma prenda.

                -Serás tu, capaz? – Provoquei.

Eu sei que ele era, mas tinha de me mostrar destemida, apesar de saber que uma das minhas respostas o ia levar ao limite.

                -Tu não me conheces mesmo, pois não? – Riu-se outra vez, nunca o tinha visto rir tanto.

Não, não o conhecia. Conhecia alguém amável, alguém simpático, preocupado. Aquilo era um monstro. Peter começou a dar pequenos passos na minha direcção, não esperei e corri para a porta, mas antes que lá chegasse um feitiço atingiu a fechadura. Apontei rapidamente para a fechadura, para faze-la abrir.

                -Expeliarmus!

Então a minha varinha caiu na outra parte do quarto. Entrei em pânico, virei-me rapidamente e Peter estava mesmo atrás de mim, com a sua varinha na mão, uma varinha escura e pequena, ele encostou-me com força contra a mesa.

                -Menina má, Hermione!

A varinha dele estava no meu pescoço e ele estava demasiado próximo de mim. Como me fosse beijar. A única vontade que tive foi de lhe cuspir na cara, de lhe dizer que o odiava, e desaparecer. Ele ria-se loucamente, como se aquilo fosse um jogo. Um jogo com a minha vida. Então, eu ia jogar. As cartas estavam na mesa. Eu ia lutar pela minha vida. Ele falava coisas que não ouvia, enquanto eu tentava pegar com uma das minhas mãos atrás da mesa, em algo que me pudesse ajudar. Peguei em algo frio, senti sem fazer barulho, que era uma tesoura. Abri-a.

                -…Eu sempre pensei que fosses mais inteligente sabes?

Ele estava distraído a falar comigo então, com a tesoura aberta, espetei-lha num dos braços perto do pulso. A voz dele parou de se ouvir, e ele gritou de dor. Mal ele me largou corri e peguei na minha varinha.

                -Sua cabra!

Abri a porta com um feitiço e corri pelas escadas a baixo. Peter tentava lançar feitiços mas eu desviava-me, então saí a correr para o jardim, não ia pelo portão, ia demorar demasiado a abrir, então saí pelas traseiras, para uma parte que era praticamente apenas mato. Corri por entre as árvores, tropeçando de quando em vez num ranço ou outro, mas corria rapidamente, e lutava arduamente por conseguir ser rápida o suficiente para ter a minha salva. Escondi-me atrás de uma árvore, a minha respiração estava acelerada, descontrolada. Estava tudo silencioso.

                -CRUCIO!

Mal ouvi aquilo reagi.

                -Protego!

Fiquei protegida, antes da maldição me acertar. Corri rapidamente, e ele seguiu-me continuando a tentar acertar-me. Escapei a todas, mas estava tão preocupada com isso que não reparei num tronco e caí no chão. Peter correu então para mim, fiquei deitada e ele por cima de mim. Evitei pensar na dor aguda que me deu nas costas. Ele colocou-me a mão no pescoço. O olhar dele estava repleto de raiva, então aí eu sabia que provavelmente era o meu fim, pois a minha varinha estava também caída. Olhei-a, mas Peter percebeu e pegou-lhe rapidamente. Ele pegou na faca novamente, e fê-la deslizar pelo meu braço. Senti uma dor horrível, então soltei um gritou agudo.

                -Para a próxima, não te atrevas a tentar! – Exclamou. – Espera! – Riu-se. – Não vai haver próxima.

Ele estava completamente maluco, possuído, fora de si. Parecia alguém doente, alguém com problemas mentais, um débil mental. Senti que alguém lhe tinha levado toda a sanidade, toda, não sobrava nada para amostra.

                -Parabéns, o teu pesadelo tornou-se realidade, tornaste-te exactamente como o teu pai.

A mão dele no meu pescoço apertou-me mais, o meu braço ardia tremendamente.

                -Tu não me amarás, de qualquer das maneiras.

Era verdade, a probabilidade de eu ficar com ele, não era alta. Então agora, era nula.

                -Pois não. – Sussurrei.

                -O teu amigo, Ron é o próximo a ir.

Agitei-me com aquela frase, gritei e tentei libertar-me dos braços dele.

                -Estás à vontade para me matar, MAS NÃO O MATES A ELE! POR FAVOR! – Gritei.

Eu agitei-me ainda mais, mas ele pressionou-me ainda mais contra a terra.

                -Tu estás morta. – Disse rapidamente, com um olhar calmo.

Então, com aquela frase vi o fim. Pensei no meu último desejo, que Ron fosse feliz. Pensei nele, em Ginny e em Harry, e de como gostava de ter morrido ou lado deles, ou pelo menos ter-me despedido em condições. Pensei por último na probabilidade de o Ron ser morto por Peter, ou para além de morto, torturado, ou pior ainda, estremeci. Não era assim que eu imaginava a morte, imaginei algo mais calmo, mais fácil.

                -Lá nisso tens razão, Joshua.

Chamei-lhe Joshua, e vi a fúria nos olhos dele, e então ele levantou a mão. Eu gritei mesmo antes de sentir algo. Fechei os olhos para não voltar a abrir. E então ficou tudo escuro.


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Notas finais do capítulo

Será o fim?
Bem tenho umas coisas a dizer :b.
Cheguei aos 50 comentários, finalmente não é?
Agora uma ajudinha para ir mais longe e tal (a).
btw, obrigado a todos.

Obrigada ainda mais especial a AmandaLautner, por divulgar a minha fic, e por todos os elogios, ajuda, etc... Fico mesmo muito contente. [Eu sei que já lhe agradeci vezes sem conta, mas mesmo assim, ainda não me chega :b]

Por fim, quem gostar de Draco&Hermione, que dê uma olhada à minha one-shot, «Wandless Magic.», e que deixe um comentáriozinho (a). http://fanfiction.nyah.com.br/historia/89144/Wandless_Magic.



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