Tal como eu já sabia Justin me esperava sentado no sofá com os braços cruzados e com um olhar bastante serio.

-Oi – disse colocando minha bolsa no sofá enquanto me sentava de frente pra ler.

Contato visual foi sempre meu forte.

-Pode me explicar o que você tem na cabeça para fazer uma coisa daquelas? – indagou ele meio ríspido, na verdade completamente ríspido.

-Tenho motivos – disse seria

-Motivos? – sibilou ele com desdenho – Lily já te falei antes, não se envolva nesse assunto.

-Desculpa mano, você sabe que eu te amo, que aceito quase todos seus pedidos, mas dessa vez não tenho como acatar isso.

-Lily, você não faz idéia de onde está se metendo – disse ele sombrio.

-Por favor, será que custa muito me contarem o que está havendo? – indaguei enfática – Por que se não sacaram não irei largar esse osso agora.

-Muito bem –disse ele dando um forte suspiro – Quer saber duma coisa? Faça o que quiser, se você se machucar depois não venha para os meus braços.

O olhei surpresa.

Quem é este garoto que está na minha frente?

Exijo devolução do meu irmão!

-Justin – o chamei – É tão ruim assim?

-Depende do ponto de vista da pessoa – disse ele seco

-Pense no meu – sugeri

-Então vai ser a coisa mais terrível – disse ele passando a mão no cabelo

Olhei em seus olhos e vi certa escuridão que não havia antes.

Ou será que nunca tinha reparado direito em nada mesmo?

-Justin, preciso de ajuda – disse fitando meus próprios pés.

-Em que, Lily? – perguntou ele preocupado

-Em nada, Justin – respondi pegando minha bolsa – Esqueça o que eu disse.

Subi depressa pro meu quarto.

Ouvi ele conversando com mamãe, pelo tom da voz dela a coisa deveria ser seria.

Ah, raios!

Por que minha vida tinha ficado tão sombria assim?

Quero toda aquela futilidade de volta, quero aqueles olhos cegos que usava de volta.

Não quero ter essa sensação de mistério que ronda aqueles três. Não quero sentir que preciso descobrir o que ele esconde.

Simplesmente quero meu eu de volta.

Beleza, garotos, fofocas e festas.

Quero que minha mente pense apenas nisso, nada mais.

Tirei minha roupa e tomei aquele banho demorado que parecia que precisava.

Peguei um short jeans, uma bata branca florida e uma rasteirinha roxa.

Ouvi as vozes de Rosana e Lise na sala.

Abri a porta e as vi conversando com Justin.

-Meninas – as chamei ao pé da escada

Elas se voltaram para mim. Rosana veio que nem louca na minha direção enquanto Lise chegou mais perto de Justin e murmurou algo que não tive como saber, mas fez com que ele colocasse uma mascara de seriedade que não me era comum ver quando se tratava de Lise.

-Lily – disse Rosana me abraçando fazendo com que fossemos ao chão.

-Ai – gemi quando me cabeça bateu no chão

-Vocês são impossíveis – resmungou Lise

Rosana se voltou pra ela e lhe deu uma rasteira fazendo ela cair de bunda no chão.

-Eu te enforco, Nana – decretou Lise irritada.

Ela ficou atrás de mim enquanto virava a palma da minha mão esquerda para Lise a parando.

-Oie, vocês duas não vão sujar o chão de sangue hoje – disse com um sorriso.

Lise bufou enquanto vi que Rosana me mostrava à língua.

Me levantei e nos encaminhamos para o meu quarto.

-Ah, fazia tempo que não vinha aqui – disse Rosana se sentando na minha cama.

-Realmente uma semana é muito tempo – zombou Lise

-Você é melhor quando estar perto do Hector – disse Rosana

-E por falar no Hector – disse me voltando para Lise - Como está indo com ele?

-Fiz progressos – respondeu ela se sentando ao meu lado da cama – Só que timidez não se perde tão facilmente.

-Tô a concordar – disse Rosana – Mais e você Lily, como anda com o fofo do Oli?

-Preciso da ajuda de vocês – disse seria – Preciso que me ajudem a descobrir o que rolou dois anos atrás, quando ele estudava no primeiro ano. Preciso saber, posso contar com a ajuda de vocês?

Rosana olhou para Lise, com um suspiro se sentou do meu outro lado.

-Somos amigas certo? – indagou ela me olhando – É fato que vamos te ajudar garota.

Sorri pra ela.

-Realmente vocês são meu Karma permanente – resmungou Lise

Apertei suas bochechas. Ela bateu nas minhas mãos. Sorri pra ela acompanhada de Rosana.

-Meninas mais tarde vamos á sorveteria? – convidou Rosana

-Pretende nos engordar? – indagou Lise a olhando com as sobrancelhas estreitas

-Acho que um sorvete não vai matar – disse Rosana fazendo um biquinho – Além do mais depois se perde as calorias.

-Tudo bem, eu topo ir – concordou Lise se levantando – Vai chamar mais alguém não é?

-Pensei em chamar a Miranda, deveria chamar o Hector e você – Rosana se voltou pra mim – Chame o Oli, ele tem que ir também quero ver como ele ficou.

-Vou tentar convencê-lo – disse sincera

-Como se fosse não conseguisse fazer uma coisa dessas – resmungou Lise

A recriminei com o olhar. Ela fingiu não notar.

-Bem, vamos por volta das oito. Sorveteria Flok – disse Rosana saindo do meu quarto – Agora temos que ir, pois precisamos preparar nossos convidados. Beijos meu amor.

Quando sai do quarto elas já saiam de casa.