Guilty Love escrita por nicky_swan


Capítulo 23
Capítulo XXIII


Notas iniciais do capítulo

Estou sumida, eu sei!Mas acreditem em mim: VOU terminar essa fic! É.♥

p.s: É o capítulo mais longo escrito até agora!
Mas tem um motivo pra isso. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/81772/chapter/23

» ARIMA POV.¤ «

Acredito que já nos encontrávamos a uma distancia considerável de Berlim, pois já havia amanhecido. Quando abri meus olhos, vi que estava coberta com um casaco masculino, provavelmente o dele. Tom dirigia rápido e olhava o retrovisor a cada meio minuto. Sem seu terno, ele agora usava uma camisa branca por baixo de uma xadrez aberta com a gola levantada e as mangas dobradas até a altura do cotovelo. Uma calça jeans larga no tom azul claro e um tênis vermelho com detalhes em branco completavam o visual. Como acessórios, um relógio preto no pulso esquerdo e óculos escuro. Ele parecia bem à vontade, mas acredito que estaria muito mais se não tivéssemos feito o que fizemos. Dirigia com o braço esquerdo apoiado para cima perto do vidro e segurava o volante com apenas o dedão, deixando o resto da mão completamente fechada. Em outros momentos ele segurava o volante com o dedo indicador e o dedão, mas não era sempre. Ele parecia mais confortável da outra forma. Era uma maneira engraçada de se dirigir. Não havíamos conversado muito durante a noite. A última coisa que me lembro era de sentir muito frio e me encolher no banco. Depois, Tom disse algo, mas logo eu apaguei. Agora a situação não estava diferente. Não estávamos conversando muito, então acabei apenas observando a paisagem ao meu redor, mas isso com certeza não era mais interessantes do que o observar Tom. Fiquei tão obcecada nos detalhes de seus movimentos que às vezes me perdia no tempo, apenas o olhando.

- Arima? Você quer uma bala? Eu tenho literalmente um armazém aqui no carro. – perguntou, não obtendo resposta. – Oi? Arima?


Estava concentrada em sua forma meiga de dirigir quando o ouvi me chamando.


- Arima? O que você me olha tanto, ein? – disse, soltando um risinho.


Num susto, acordei do transe e virei lentamente para ele, meio temerosa. Minha suspeita agora estava confirmada: ele estava mesmo me encarando e sorria de uma forma indescritível.


Virei meu rosto novamente, sem graça, e levei minhas mãos até a cabeça, tocando meu cabelo, como se estivesse o penteando. Eu devia estar horrível!


- Você aceita? – perguntou, esticando um pacote de balas até mim. Eu não posso negar que sentia certa fraqueza. Provavelmente era fome, então aceitei as balas.


- E então?  O que você tanto olhava em mim? – disse, voltando ao assunto.


- Er... Sua forma de dirigir... – disse, colocando uma das balas na boca.


- O que tem de errado com ela? – perguntou curioso.


- É estranho.  – respondi, colocando outra na boca. Eu estava nervosa?


- Você não gosta? – Senti que isso não era algo que devia ter sido dito, e sim apenas pensado.


Naquele momento eu achei sua reação um tanto quanto inesperada. Ele endireitou-se no banco e simplesmente abaixou o braço, passando assim a segurar o volante de uma forma quase conhecida por mim. Seu braço esquerdo agora estava abaixado e ele dirigia daquela outra forma que havia visto: Dedão e indicador.


- Não, eu não quis dizer isso! – disse nervosa, tentando reparar o possível erro. – Eu quis dizer diferente de um jeito bom. É... Bonitinho.  – conclui.


Ok, bonitinho, Arima? Acho que é a primeira vez que uso essa palavra na minha vida inteira. E jamais pensei que a usaria para descrever um rapaz. Porque, veja bem: eu nunca fiquei tão próxima assim de alguém do sexo oposto. E, no caso, meus familiares não contam. É tão surreal.


- Bonitinho? – ele me olhou, arqueando uma sobrancelha. – Pois bem, continue. – mostrou interesse. – O que mais você pensa de mim? - Parecia estar se divertindo com a situação.


O clima agora era outro. A tensão de algumas horas atrás havia sumido e ele sorria com mais frequência. Enquanto eu tentava descrever com meu inglês enferrujado o que aprendera sobre sua linguagem corporal ele ria, concordando, e outras vezes, nem tanto.


- Não! Meu irmão disse que eu não faço esses barulhinhos com freqüência! – ele ria.


- Você faz sim! – respondi, sem medo – Só uma vez que parei pra ouvir, você fez pelo menos isso umas 10 vezes! – respondi, orgulhosa do meu estudo.


Estamos discutindo?


- Espera ai, você contou isso? – Ele parecia cada vez mais surpreso.


Meu Deus! Eu contei!


Devomesmo estar... Apaixonada! Porque só uma pessoa nesse estado repararia em tantos gestos, e até contaria suspiros e resmungos! Isso é normal de apaixonados fazerem, não é?


- Não exatamente... – tentei omitir.


Eu queria tentar me explicar, eu realmente queria. Mas toda vez que olhava seu rosto o meu corava por completo! Sem contar que ele usa esse perfume super forte, que chega até mim e se fixa em meus sentidos, me dando a sensação de que a qualquer momento eu descobriria que estava dependente daquela fragrância. Não conseguia respirar, não conseguia... Pensar direito. Ele me atrapalha, eu perco a linha de tudo que faço quando estou com ele.


- Vamos, Arima! Agora eu quero saber a verdade! Você contou quantas vezes eu “suspirei”? – ele ria, olhando ora pra mim, ora pra a direção. Ele realmente estava se divertindo.


- Eu... Eu...


- Então? – ele forçava.


Concentre-se, Arima! Pense Arima! Ahhh! Allãh, eu não consigo pensar! Essa situação, esse ambiente, essas balas, essa fraqueza, esse cheiro!


- AHHH! VOCÊ PODE DESCER OS VIDROS, POR FAVOR?! – gritei com tudo. Por um momento me confundi e pensei ter dito isso em árabe, mas alguns segundos depois descobri que tinha falado em um inglês muito alto e cristalino.


Ouvi os pneus cantarem. Ele havia freado o carro?


- O que?! – ele me olhou, rindo. Parecia não acreditar na resposta estranha que obteve.


Nós estávamos parados. No meio do nada.


Eu disse que não sou bem... eu quando estou com ele, não disse?! Virei-me, meio suada de tão nervosa que fiquei e senti meu rosto pegar fogo. Ele me olhou ainda sorrindo, sem entender nada.


- Arima...


E sabe o que eu fiz quando disse meu nome?


» TOM POV.¤ «


- Arima... ARIMA! – gritei quando a ouvi bater a porta.


Ela corria rápido demais para alguém com um salto daquele tamanho. Mas esse detalhe parecia não a impedir em momento algum. Logo já estava no meio daquele campo, passando apressadamente por entre as flores amarelas que lhe iam até a altura dos joelhos. Apesar de sua pressa, ela passava as mãos pelas flores, balançando seus caules, dando movimento em tudo ao seu redor. O sol refletia em seu rosto e eu não podia deixar de reparar no contraste perfeito que ela causava entre a paisagem.


- Arima?! POR DEUS, PRA ONDE VOCÊ ESTÁ INDO? – bati a porta do meu lado, dando a volta no carro.

Dejà vú. Eu já vi isso antes. Pena que não contei a ela sobre ter participado de competições de corrida quando pequeno.

Ninguém nunca me venceu.

Comecei a correr atrás dela como se nunca tivesse corrido igual antes. Meus pulmões enchiam-se de ar e a cada pisar no chão eu ia me sentindo cada vez mais vivo. Fazia calor e se não fosse pelos meus óculos escuros, eu estaria cego em meio a tanta luz e flores amarelas.

- ESPERA AI! – gritava, mas ela não parecia que iria parar. Decidi então forçar um pouco mais as minhas pernas e correr mais rápido.  – De novo você faz isso comigo, ein! – gritei, e vi que estava me aproximando, então apressei um pouco mais.

- Não tem jeito, Arima. - Diferente daquela vez, não fiquei parado olhando. - Você não pode fugir de mim. – Essa última frase me fez sentir literalmente um caçador, correndo atrás de sua presa pequena e assustada. Quando ela virou a cabeça para trás, para checar se eu realmente estava tão perto, algo aconteceu. Na verdade, foi tudo tão rápido que não consigo explicar. Ela tropeçou em alguma coisa, acho que uma pedra, e quando percebi que em poucos minutos ela estaria no chão, apressei meus passos para que o seu chão fosse eu.

- AUCHHH! – disse, sentindo minha cabeça bater e meu corpo raspar no chão como uma prancha de esqui na neve.

Eu estava com minha mão direita empurrando a cabeça de Arima contra meu peito. Por ser menor, todo o seu corpo pareceu ter preenchido no meu. Aparentemente ela estava bem.

» ARIMA POV.¤ «

Eu ouvia seu coração batendo forte. Por estar colada em seu corpo, pude sentir sua camisa levemente úmida devido ao suor. Tentei me levantar, mas meu corpo não obedecia. Eu estava aprisionada mais uma vez por aquele maldito perfume.  Aquele que me escravizava que me fazia perder os sentidos. Fechei os olhos por um momento e senti o sol nos banhando com seus raios e calor. Novamente ouvi seu coração batendo mais depressa e aquele perfume entrando e saindo de dentro de mim. Eu estava nervosa, sabia que estava. Fechei meu punho, no que peguei um pouco de sua camisa junto. Vamos, Arima. Isso é pecado. Levante-se!

Mas era em vão.

Senti sua mão quente atrás de minha nuca a tocar com doçura. Nesse momento, uma onda elétrica percorreu todo o meu corpo e agora qualquer chance que eu tinha de me mover havia sumido. Lentamente, ele foi empurrando seu corpo pra frente, mas sem tirar sua mão de trás da minha nuca. Seu outro braço estava mais ou menos na altura da minha cintura e também me envolvia.

- Arima, você está bem? – ele me perguntou, mexendo lentamente o pescoço para a esquerda.

- Eu estou, mas e você? Bateu a cabeça... – disse, levando involuntariamente minha mão direita até atrás de sua cabeça. Ele fechou os olhos e levou sua mão até o encontro da minha, a deslizando juntas até sua face, no que ele beijou a palma da minha mão.


- Que bom que você está bem. – respondeu, no tempo de levantar a outra mão e tirar seu óculos escuro. Parecia que o óculos podia o estar traindo. Ele precisava verificar com os próprios olhos, sem nada estar atrapalhando. Vasculhou meu corpo rapidamente e depois meu rosto, agora de forma mais lenta, e notei quando ele repousou seu olhar em minha boca. Os pressionei com força ao me dar conta disso.

Eu já tinha fantasiado meu primeiro beijo. Seria na minha noite de núpcias, com meu marido arranjado. Depois do ritual, nós iríamos no deitar e aos poucos ele viria até mim, até que nossos lábios se cruzassem. Era perfeito.

Mas, naquele momento, com Tom tão próximo a mim, nem mesmo a fantasia tão perfeita de meus sonhos parecia ser suficiente. Não me dei mais ao trabalho de pensar em nada, me concentrando apenas em sua mão, que deslizava sutilmente por minha face, acariciando lentamente minha bochecha. O formigar que seu contato em minha pele causava me dava uma vontade quase que incontrolável de fechar os olhos, mas eu não queria – eu não podia! – perder nenhum segundo daquele momento.

A outra mão dele estava apoiada ao lado de seu copo e, muito lentamente, ele se erguia, me levando junto, sempre muito próximo. Nossos olhos estavam conectados de uma forma intensa e nem que eu quisesse eu os desviaria. Aos poucos a respiração de Tom, que batia diretamente no meu rosto, foi ficando mais calma, sem vestígios da corrida anterior.

Eu não sabia se era ele ou eu quem se aproximava. Apenas percebia que, quase que em câmera lenta, a distância que nos separava era quebrada, fazendo com que nossas respirações se confundissem. Meu coração estava acelerado, tanto de ansiedade quanto por saber que aquilo não deveria acontecer. Mas eu não queria pensar naquilo. Não agora.

No momento em que nossos lábios se chocaram eu pude ver seus olhos se fechando, ao mesmo tempo em que os meus, aumentando os sentidos, fazendo com que cada parte minha que estava conectada com ele formigasse mais intensamente, me dando a sensação mais perfeita que eu já senti em toda minha vida.

Depois de alguns instantes em um simples toque, senti sua língua tocar levemente meu lábio inferior, deixando que eu aproveitasse um pouco mais de seu gosto – o que só me fez desejar mais intensamente ele. Aos poucos cedi passagem, entreabrindo minha boca, permitindo que sua língua adentrasse minha boca.

Nervosamente encontrei sua língua com a minha, abstraindo o máximo possível de seu sabor. Senti sua mão escorregar até minha nuca, me dando mais coragem e segurança. Meus dedos se apertaram mais sua blusa e eu levei a outra mão ao lado de seu corpo, ficando mais alta que ele, intensificando – apesar do nervoso – nosso contato.

Ele dominava o beijo e eu podia perceber toda a cautela que tinha ao me tocar. Nossas línguas travavam uma batalha silenciosa por contato, explorando a boca um do outro, absorvendo gosto e sentimento naquele beijo, que aos poucos foi quebrado naturalmente, até que ele apenas depositava pequenos selinhos sobre meus lábios de tempo em tempo. 





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O.M.G.! Capítulo também disponível em: http://goo.gl/uby2t