Utopia escrita por dastysama


Capítulo 29
Capítulo 29 - A Chave




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Bill parou o carro com tudo há uns metros de se chocar com a mansão. Sua mente estava totalmente confusa, ele nem conseguia enxergar direito, como se tivesse bebido litros de álcool. Suas mãos seguravam firmemente o volante enquanto um suor frio descia pela sua testa.

– Você não está bem, o que está acontecendo? – Biene perguntou ainda se recuperando do susto.

– Está tudo bem, é sério – Bill disse soltando as mãos do volante e respirando fundo. Uma onda de felicidade bombeava dentro de si, mas também lhe dava náuseas ao mesmo tempo – Eu sei onde está a chave do mausoléu.

– Você sabe? Como?

Mas Bill não disse, não por que não ouvira a pergunta, apenas não sabia como deveria respondê-la. Ele saiu do carro e logo Biene veio atrás, o seguindo até a enorme mansão que estava solitária, sem ninguém dentro além deles. O lugar estava tremendamente escuro, e só depois de muito esforço, Bill conseguiu achar o interruptor.

Sem hesitar nenhum momento, ele subiu as escadas do Hall de entrada e começou a perscrutar pelos corredores até achar o quarto que procurava. Havia tantas portas que por um momento pensou que levaria séculos até ele achar o lugar certo, mas graças às visões, conseguiu se localizar e abriu a porta certa.

Era o quarto onde Johanna e William tiveram sua primeira noite, também era o quarto da mãe de Will antes de ela ter morrido. Aquele lugar fora uma espécie de santuário tanto para os filhos quanto para o pai, talvez por isso que a primeira noite de amor de ambos acontecera naquele lugar.

– Está aqui a chave? – Biene perguntou quando adentrou o quarto.

– Sim – Bill disse atravessando o quarto, indo até a cama gigantesca de dossel, onde acima dela tinha mais um símbolo dos Baumgärtner – Acho que está aqui, talvez os símbolos não são apenas para enfeitar, como também para esconder objetos importantes para a família.

– Não consigo entender como consegue saber de tudo isso – Biene disse pasmada, indo até a ponta da cama, onde podia olhar melhor o símbolo.

– Eu não posso explicar, não ainda – Bill disse tentando retirar o símbolo com todo cuidado, mas este não saia.

Então desceu as escadas rapidamente até chegar à cozinha, onde começou a procurar por alguma faca nas gavetas, por fim acabou achando um canivete enferrujado que poderia ajudar. Voltou para o quarto com o coração palpitando de ansiedade, se ele conseguisse aquela chave e pudesse entrar no mausoléu, que tipo de coisas descobriria?

Por fim, conseguiu arrancar o símbolo redondo com o B dos Baumgärtner, a tampa caiu no chão, girando até parar estatelada no assoalho. Havia um buraco na parede, Bill enfiou sua mão dentro, tateando por algo, até achar um tecido que parecia ser veludo. Ele pegou o pacote avermelhado e cheio de mofo e quando desdobrou aquele emaranhado de tecidos, no meio havia uma chave grande e enferrujada.

– Você conseguiu! – Biene disse olhando abobada para a chave – Não acredito que tudo que eu mais queria está virando realidade, parece até um sonho. Agora vamos poder entrar no Mausoléu.

– Então vamos agora, não podemos perder tempo – Bill disse saindo de cima da cama e pegando a tampa no chão, para poder tampar o buraco que estava na parede.

– Não sei nem como te agradecer, pensei que nunca conseguiria achar a chave e você conseguiu!

– Não foi nada demais – Bill disse pegando a mão de Biene e a levando para fora do quarto, agora o principal objetivo era ir até o Mausoléu e tentar descobrir mais sobre os passados dos Baumgärtner.

Os dois voltaram para o carro, mas não sem antes pegarem duas lanternas que havia em um dos armários da cozinha. Era quase meia-noite e eles precisavam ser os mais rápidos possíveis, além de que iriam precisar pular o muro já que o cemitério estava fechado.

– Será que não há perigo de ter assaltantes de túmulos aqui? – Bill perguntou, olhando para o portão de ferro do cemitério, devidamente trancado com grossas correntes de ferro.

– Acho que não existe mais em Aach, além de que os túmulos não são grande coisa, a maioria é bastante velho e nem tem nada precioso.

– Tudo bem, agora eu quero ver como vamos pular o portão ou o muro.

– Me siga – Biene disse, caminhando para o lado direito que contornava o cemitério – Tem um muro que é tão velho que já está quase totalmente caindo, a igreja está tentando juntar dinheiro para concertá-lo.

O muro estava como Biene dissera, ele praticamente estava despencado em um canto tomado pelo mato crescido, não precisou de muito esforço para passar por ele, logo os dois já estavam dentro do cemitério. Parecia que aquele lugar era mais frio e havia um vento que fazia as folhas farfalharem de um modo bastante sombrio. Em uma parte do cemitério havia apenas lápides, depois que começaram a se construir túmulos.

– Está vendo ali? – Biene perguntou, apontando para uma construção grande ao longe – É lá o Mausoléu, vai ser uma boa caminhada até chegarmos lá.

Sem esperar nem um segundo, eles puseram-se a caminhar o mais rápido possível, já que o local não era nem um pouco agradável. Não havia mais nenhuma pessoa por perto além de criaturas noturnas como gatos, grilos e corujas que soltavam seu pio de arrepiar a espinha. Logo eles chegaram ao Mausoléu, ele era grande o suficiente para abrigar muitos mortos e era feito com muitos detalhes, principalmente o símbolo predominante da família. Mas ele estava bastante velho, muitas partes estavam meio lascadas e ele tinha uma cor cinzenta.

– “Nem que os rios sequem, nem que o sol flamejante se apague, sempre pertenceremos ao nosso lugar” – Biene leu a frase que estava no alto da construção, quase apagada – Incrível, não é mesmo?

– Espero que dentro tenha alguma coisa importante e que não encontremos nada... horripilante – Bill disse engolindo seco – Vamos lá, então.

Bill caminhou até o enorme portão de ferro enferrujado, localizou o buraco da fechadura e introduziu a chave com cuidado, a girando até ouvir um barulho dentro que significava que a porta estava aberta. Um arrepio passou por sua pele, quem sabe que coisas descobririam? O que podia ter de tão importante ali? Talvez agora mesmo ele descobrisse o porquê de tantas visões.

Com ajuda de Biene, ambos empurraram a porta até que ela se abrisse o bastante para que eles conseguissem entrar. Graças aos céus os mortos estavam tão bem enterrados que não havia nenhum cheiro de putrefação. Ligando as lanternas, eles se encontraram em uma câmera enorme, feita de lajotas de pedra com tochas presas as paredes, mas sem chamas. Havia também uma bancada onde se viam diversos artefatos, desde livros, pergaminhos a tapeçarias enormes e pedaços de pele de animal que pareciam ter servido de cobertor em alguma época do passado. Também havia algumas caixas que deviam conter os mais inúmeros objetos.

Os dois correram até a bancada, para ver se havia algo de importante, os livros que havia ali não eram nem antigos, pareciam ser de publicação recente, mas que tinham a ver com a família Baumgärtner. Muita coisa não parecia ser muito velha, como se não fizesse muito tempo que estivesse ali.

– Alguém já entrou antes de nós aqui – Biene disse de repente – Não foi algo que aconteceu esses dias, deve fazer uns vinte anos mais ou menos, por que muita coisa aqui não está velha. Olha esse livro, ele foi publicado em 1987.

– Hey, Biene – Bill disse se aproximando da tapeçaria que estava presa na parede – Acho que essa é a árvore genealógica que procurávamos.

Bill começou a procurar por ela, desesperadamente, o nome de William Baumgärtner. A família era enorme, tinha diversos nomes ali, a maioria pertencia a homens, era raro ele encontrar algum nome feminino que provinha da família mesmo e não das esposas. Então achou o nome de Heinrich Baumgärtner, mas ao seu lado, onde devia haver o nome de William, havia uma parte queimada, como se alguém tivesse tentado tirar aquele nome dali.

– Não tem um nome aqui – Bill disse apontado para a parte queimada – Por que alguém tentaria tirar o nome dele?

– Acho que ele desonrou a família, não foi uma brincadeira, alguém fez de propósito, talvez os pais dele.

Então ele havia conseguido fugir com Johanna? Por isso que o pai havia ficado furioso e tirou o nome dele? E isso explica também por que Meredith Gottwald se casou com Heinrich. Bill então se voltou para os nomes na parede, de todos que estavam enterrados ali, de todos os nomes que viu, não havia nenhum de William.

– Olha só, o último nome da tapeçaria pertence a uma mulher! Talvez conseguíssemos descobrir algo sobre ela. É uma tal de Lisbeth Baumgärtner.

– Acho que esses livros também vão nos ajudar muito – Bill disse decidindo dar uma folheada.

Então uma ventarola começou a fazer várias folhas voarem, e antes que pudessem fazer alguma coisa a porta do Mausoléu se fechou com tudo, fazendo poeira voar por todo o local.

– Oou – Biene disse tossindo – Estamos ferrados agora.

– Como assim? É só abrir a porta novamente.

– Só tem tranca por fora, ou seja, alguém terá que descobrir a gente para passarmos a chave por baixo da porta de ferro.

– Mas se ninguém nos descobrir? – Bill disse em pânico.

– Bem... vamos morrer.


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Notas finais do capítulo

Infelizmente, não sei quando vou voltar a postar capítulos já que minha escola começa amanhã e tenho curso de noite. As tardes que me sobrarem vão ser para estudar, fazer lição e dormir (HSAHUASHUHUAS já que não vou sobreviver só de umas cinco horas de sono). Se der, eu publico alguns durante a semana, se não, só no fim de semana. A fanfic já está quase no final mesmo, e no Word já estou quase a finalizando.